Beautiful and Dangerous escrita por Rory Gilmore


Capítulo 36
35. Condenado


Notas iniciais do capítulo

Toc, toc. Transformação batendo à porta.



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No domingo a tarde, após uma longa manhã Macon a deixou em seu dormitório na universidade e partiu com um último beijo de despedida. Lila Jane estava exausta, só dormira umas poucas horas até Leah acordá-la para o café da manhã.

Ela ficara encantada pela pequena Annabel Duchannes, Leah e ela haviam se oferecido pra cuidar da menininha enquanto Del dormia um pouco e acabaram ficando com a bebê durante quase a madrugada inteira até que Macon começou a insistir que a deixassem com Emmaline e fossem dormir.

A casa de Del e Barc não era grande só haviam três quartos, um que estava ocupado pelo casal, o da bebê e o de hospedes onde ela e Leah descaçaram durante algumas horas. Pela manhã Emmaline e Arelia insistiram que Macon e ela deveriam almoçar com eles em Barbados e apesar de Macon ter tentado recusar o convite acabou sendo convencido a ficar.

Ninguém falou sobre Isabel. Era como se ela nunca tivesse existido, talvez as Duchannes preferissem assim, mas Lila não conseguia deixar de pensar no quanto aquilo era injusto, pois Isabel não era má e, se obtivesse ajuda talvez nunca se tornasse uma pessoa ruim, mesmo que sua natureza dissesse que ela pertencia às Trevas.

Em seu dormitório na faculdade, ela subiu as escadas com uma lentidão preguiçosa e depois finalmente chegou a sua porta, destrancando-a e entrando no pequeno apartamento. Marian estava lendo o jornal de domingo sentada no chão ao lado de uma pilha de livros sobre ortografia e retórica.

– Ainda bem que eu não te esperei acordada. – disse Marian com um risinho escapando por seus lábios – Você sai em um dia e volta no outro. Isso porque quando te conheci você quase não tinha vida social...

Lila fez uma careta e retirou o casaco, jogando-o em cima do sofá e depois sentando-se ao lado da amiga.

– E então, como foi o encontro?

– Ótimo. Magnifico. Incrível. – disse Lila com um sorriso se espandindo por seu rosto.

– Uau! – murmurou Marian enquanto baixava o jornal e o dobrava – Agora me dê algo mais que adjetivos. Quero detalhes!

O rosto de Lila assumiu uma coloração cor-de-rosa no mesmo instante.

– May! Você sabe o que fizemos. Cinema e jantar.

Marian revirou os olhos.

– Isso sim, eu sei, minha cara, mas esses não são detalhes. Vamos me conte, achei que fossemos amigas.

– Nós somos amigas, mas é estranho contar as coisas que acontecem em um encontro, porque para mim elas são como um segredo confidencial.

Marian deu-lhe um olhar impassível, Lila Jane sabia que sua melhor amiga era provavelmente uma das pessoas mais insistentes que já habitaram o planeta Terra. Ela bufou em frustração e levou um momento para conseguir editar a história toda em sua cabeça para que depois pudesse contá-la a ela.

– Tudo bem. – disse Lila finalmente – Depois de sair daqui fomos ao cinema e vimos um drama que você simplesmente precisa assistir, pois o filme é ótimo. Após o cinema fomos até um restaurante italiano.

– Como era o lugar? – perguntou May – Estou tentando visualizar vocês dois em um lugar bem romântico.

Foi a vez de Lila revirar os olhos.

– Bem, o restaurante era ótimo, a estrutura era impecável, um lugar bem estilo Macon. A comida era boa e tinha música clássica ao vivo. Nós dançamos. Depois disso... – a moça mordeu o lábio, relutante em continuar seu relato.

– Depois, o quê?

Ela ainda não havia falado sobre aquilo a não ser por aquela rápida conversa que tivera com Macon antes de irem para Barbados. Uma parte sua não queria mais tocar no assunto a outra queria poder falar, pois já não aguentava mais guardar seus sentimentos para si própria.

– Nós dois voltamos para o carro e começamos a nos beijar. – Lila passou as mãos pelo cabelo e tirou o óculos – Ah, Marian foi um momento tão lindo, mas estava carregado de um desejo que ambos sabíamos ser impossível de saciar.

As sobrancelhas de Marian se franziram.

– Eu não entendo. Se você ama tanto Macon porque motivo relutaria se entregar a ele?

A moça enterrou o rosto nas mãos prensando-o com força por um momento antes de voltar a encarar a amiga.

– Porque eu não posso. – confessou ela – Sobrenaturais e Mortais não podem se relacionar fisicamente sem que haja morte.

– Ah, querida, eu sinto muito.

Marian colocou uma mão sobre seu ombro e a acariciou levemente. Lila balançou a cabeça, dispensando sua pena.

– Não sinta, está tudo bem, pois embora isso me frustre eu sei que serei capaz de me contentar com o que tenho. Macon é o tipo de homem que toda a mulher deseja ter a seu lado, ele é uma pessoa honrada, não tem culpa de ter nascido para ser um demônio. – ela olhou para frente com um ar decisão cercando-a – É por essa razão que não vou desistir das minhas esperanças, nunca desistirei de encontrar um meio pelo qual Sobrenaturais e Mortais possam passar a vida juntos.

– O que você vai fazer? – questionou Marian.

– Farei o que sei fazer de melhor, vou pesquisar, vou estudar tudo o que eu conseguir. – ela baixou os olhos por um instante e depois voltou o olhar para a morena – Talvez eu não tenha tempo de fazer isso por mim mesma, mas farei por aqueles que vierem depois, pois a vida deveria ser feita de nossas próprias escolhas e não das do destino.

– E você está esperando o quê? Vamos para a Lunae Libri.

Ela queria poder aceitar o convite, mas seu cansaço falou mais alto. A noite mal dormida fazia com que seus olhos pesassem e que uma pequena enxaqueca começasse a se instalar em sua cabeça.

– Agora não, preciso dormir um pouco. Fiquei acordada durante boa parte da madrugada.

Suas palavras fizeram com que uma ruguinha aparecesse na testa de Marian quando esta se franziu.

– Eu queria mesmo saber onde você estava até agora. – disse ela.

Lila se lembrou que não havia sequer comentado sobre sua rápida viajem pelos túneis com Macon. Havia tanta coisa em sua mente que ela poderia acabar se perdendo dentro desta.

– Macon e eu fomos a Barbados para conhecer a filha da meia-irmã dele Del, Annabel. Ela é uma garotinha linda, mas que já nasceu condenada a enfrentar a maldição dos Duchannes.

– Pobrezinha. – murmurou Marian – No fundo eu tenho pena dessa família, são todos pessoas tão boas e com destinos tão cruéis.

Ela assentiu e se levantou indo em direção a seu quarto, precisando de um bom cochilo. Lila só conseguia pensar que Marian estava certa, tanto os Ravenwood quanto os Duchannes eram ótimas pessoas, mas eram todos condenados.

O destino era uma droga.

...

Na metade da semana seguinte Macon Ravenwood já quase nem tinha tempo para perceber a passagem dos dias, fossem meses antes ele estaria atento ao calendário pendurado ao lado do fogão na cozinha de seu apartamento em Durham.

Jane estava muito animada com sua pesquisa na Lunae Libri, estava determinada a encontrar respostas para suas perguntas e por vezes os dois passavam as noites em claro junto a Marian na biblioteca Conjuradora.

Não havia sido diferente naquela noite. Após um longo período de estudo Macon finalmente deixou as meninas em seu dormitório e partiu em direção à saída do campus, pretendendo ir diretamente para seu apartamento e passar o restante da madrugada lendo poesia.

Depois de sua visita à Del e Barc em Barbados, Macon se pegara lembrando se sua infância em Ravenwood, aqueles tempos em que sua mãe ainda vivia com eles e seu pai ainda não era completamente um monstro. Era uma visão fragmentada do passado, mas ele pensava, talvez fosse uma lembrança feliz. Talvez eram aqueles momentos que menos se valorizava na vida, os que mais pareciam triviais que fossem os mais importantes.

Ele estivera distraído enquanto caminhava pelas vielas no escuro, tão perdido em seus devaneios que não ouviu os passos que ecoavam atrás de si até que a pessoa se manifestou.

– Como estão as cicatrizes em suas costas? – perguntou Silas Ravenwood.

Macon parou de andar ao ouvir a voz do pai. Não se viam desde o dia em que Silas aparecera em seu apartamento e queimara suas costas nas chamas acenas no tapete. Ele fora a causa de Macon ter se isolado do mundo por semanas, pensando que se tornaria alguém tão cruel quanto o pai até que sua Jane aparecesse e o tirasse de suas próprias Trevas.

Ele cerrou os dentes e se virou para encontrar o Incubus parada bem diante de si. Estampava um sorriso cruel no rosto.

– O que você quer comigo? – questionou Macon.

– Vim ver como anda se saindo, meu filho, já que em menos de três semanas você será como eu.

O coração de Macon deu uma brecada no peito. Ele não tinha percebido quanto o tempo estava passando rápido, agora enquanto fitava o pai, Macon compreendia a frase que Lila Jane lhe dissera dias antes. Ele também odiava o tempo, podia afirmar isso com toda a certeza do mundo.

– Estou bem, obrigado, agora pode me deixar em paz. – rebateu Macon.

– Ainda temos um problema, garoto. Aquela moça ainda está viva e posso lhe garantir que não será por muito tempo.

Ele estreitou os olhos e Silas jeitou a gola da camisa. Estava machada de sangue. Suas roupas sempre refletiam sua violência, sempre carregavam a digital de seus crimes.

– Seja esperto, Macon. – continuou Silas – Aceite o que você é e pare de brincar de ator, no fim, meu filho, o caráter que você diz ter não vai importar. Seus instintos serão mais fortes do que você, eles comandarão suas ações e você se dará conta do que é ser um demônio. Talvez você perceba isso da pior forma, com a mulher que diz amar morta em seus braços.

– Isso nunca vai acontecer! – defendeu-se Macon.

Silas voltou a sorrir.

– Acredite em mim uma vez na vida. No momento em que Lila Jane Evers entrou na sua vida ela assinou o atestado da própria morte e não importa o que você faça para tentar mantê-la a salvo. O destino dessa moça já foi traçado e as consequências virão. Cedo ou tarde.

Houve um zunido e ele se desmaterializou deixando Macon Ravenwood sozinho no meio rua, encarando o nada.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelas visualizações e comentários.
Reconstruir a história de Macon e Lila a partir dos detalhes que nos são dados nos livros não é algo fácil, mas para mim é sempre gratificante terminar um capitulo após fazer minhas pesquisas e espero que vocês estejam gostando e que as coisas estejam fazendo sentido.
Eu gostaria de poder contar todas as histórias dos personagens de "apoio" de Beautiful Creatures, explorar o mundo de Amma, falar sobre o triangulo Silas-Arelia-Emmaline, contar o relacionamento de Sarafine e John e as razões que a levaram a se entregar às Trevas... Enfim eu teria e tenho muito o que escrever, mas são muitas histórias para pouco tempo.
Tenho projetos pessoais que precisam de uma atenção maior do que tenho dado a eles, porém o mundo Conjurador me cativou desde as primeiras linhas de Dezesseis Luas e é por essa razão que quero estender minhas histórias sobre a série.
Eu nunca sei se alguém lerá lago que estou escrevendo, mas de toda forma escrevo puramente por diversão, os leitores vem como um prêmio de loteria. Enfim, estarei publicando ao fim de Beautiful & Dangerous três fanfics ao invés de duas, apenas ainda não me decidi o foco dessa terceira história.
Obrigada novamente a todos.
Seus comentários serão apreciados e respondidos com muito carinho.



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