P.O.V Regina

Minha manhã foi normal como qualquer outra.Acordei,tomei um café no Granny's,liguei pro Henry para saber se ele estava bem enfim,tudo normal.

Eu tinha recebido algumas ligações de Emma,mas a maioria delas eu não atendi e quando fiz isso não dei chance para ela dizer nada somente mandei ela para aquele lugar e disse para não ficar me atormentando o dia inteiro.Agora,eu estava tentando me acalmar um pouco.

Estou no meu escritório na prefeitura,organizando algumas papeladas que faziam semanas que tinham sido deixadas de lado.Eram coisas inúteis,como listas de coisas vendidas em cada estabelecimento e algumas fichas de jogo de um bar que fica no centro da cidade.

Meus pensamentos não estavam nem passando por essas coisas,eu estava pensando em Dean.Sim,eu sei que devo parecer uma boba pensando num cara que conheci não faziam nem dois dias e já estava perdida nele.Ontem depois do episódio na delegacia eu não conseguia parar de pensar nele.Mas ele tinha um jeito encantador,não sei descrever direito...eu devo estar maluca mesmo.

Tento espantar ele da minha cabeça,mas ouço uma batida na porta da minha sala.

–Entre.-digo sem ânimo.Quem seria o próximo a me encher a paciência naquele dia inacabável?

–Com licença,prefeita.-aquela voz forte faz eu me arrepiar e a reconheço antes mesmo de levantar a cabeça e encarar o dono.Era ele,o dono dos meus pensamentos.

–Posso entrar?-Dean me pergunta com um sorriso travesso,como se fosse me trancar naquela sala.

–O que você quer?-pergunto tentando ser curta e grossa mas isso parecia não afetá-lo.Eu fico de pé,encostada na mesa atrás de mim.

–Apenas preciso de um favorzinho.-ele entra sem eu nem ao mesmo responder.Atrás dele,vinha o cara que eu tinha visto dentro do carro dele ontem na porta da delegacia.

O outro era mais alto que ele.Os olhos castanhos eram lindos.Os cabelos castanhos,curtos mal cortados estavam bagunçados como se tivesse pegado um vento forte.Ele é muito bonito.Percebendo que eu encarava o mais alto,Dean deu uma tossida falsa para que eu desviasse minha atenção.

Eu me viro e vejo os dois ali em minha frente.Ficamos em um silênico inquietante por um tempo,mas decido quebrar o gelo que se estabelecia ali.

–Dean.-eu cumprimento ele.-Esse é?...-aponto para outro.

–Sam.Sam Winchester.-ele estende a mão e eu a aperto.-Sou irmão do Dean.

–Muito prazer,Regina.-eu volto a me apoiar na mesa.-No que posso ajudá-los?

Eu percebo que Dean analisava cada pedaço de pele exposta pela minha blusa e saia,então eu me afasto um pouco mais dele só por segurança.

–Precisamos que faça uma ficha nossa,sabe para podermos comprar algumas coisas e andar de carro por aí sem que a polícia nos pare.-Dean explica a mim.

–Pode por favor fazer isso?-Sam me pergunta com um sorriso mais bonito do que ele.

–Claro.-eu retribuo o sorriso e vou até minha mesa.Pego uma caneta e apanho um pedaço de papel em branco.Depois volto para onde estava anteriormente.-Só preciso de algumas informações básicas.

–Tudo bem.-o loiro diz.

–Nome dos seus pais.-faço a primeira pergunta.

–John e Mary Winchester.

–Cidade em que moram.

–Sem lugar fixo.

Eu levanto os olhos e os encaro mas então percebo que estavam falando sério.Volto os olhos para minhas anotações.

–Profissão.

–Caçadores.-Sam responde rapidamente,mas recebe um chute de Dean que não pode passar despercebido.

–Caçadores do quê?-tento ser mais objetiva mas eles estavam me enrolando.

–Ah...animais.-Dean diz mas percebo que ele está mentindo.

Sim não é só a Swan que consegue ver quando os outros mentem.Passei anos atrás da Branca de Neve e as pessoas acham que eu não sei quando elas mentem.Tenho pena delas.

–Escutem eu preciso de informações verdadeiras e...

Antes que eu possa terminar,a janela atrás de mim explode em um estrombo.Eu somente escuto o barulho do vidro se estilhaçando e sinto meu corpo ser puxado ao chão junto com alguém.

Eu estava meio desorientada,tentando assimilar tudo o que estava acontecendo.Olho para meu lado e vejo Dean me segurando no chão junto com ele.

–Escute.-ele grita comigo.-Não saia daqui de jeito nenhum.-ele me empurra para perto da parede.

–Mas...-mas antes que eu termine ele já estava de pé com seu irmão ao seu lado.

Eles olhavam para o alto com olhares cerrados e furiosos.Me inclinei um pouco e vi que eles olhavam algo preto que pairava no canto do escritório.Uma espécie de fumaça negra que parecia um rodamoinho girando descontroladamente.Essa "coisa" começou a ir em direção aos dois com uma certa rapidez.Quando estava próxima o bastante,ela tomou a direção de Sam e de alguma forma,ela começou a força-lo a abrir a boca e colocar a cabeça para trás.Antes que aquilo entrasse nele ,Dean mais rápido que a luz tirou uma pistola de dentro da jaqueta e deu um tiro perfeito na direção da coisa que se dissipou como areia jogada no vento da praia.

Como não sabia o que fazer,fiquei paralisada ali no canto os observando.Sam tinha a respiração alterada e tentava recuperar o fôlego.Dean o ajudava a se apoiar com uma das mãos,enquanto a outra guardava a arma de volta na jaqueta,a escondendo dos olhos dos outros.Depois que garantiu que seu irmão estava bem,ele veio até mim.

Me pus de pé em um pulo e me afastei dele,procurando segurança perto da mesa que agora tinha pedaços de vidro quebrados cobrindo boa parte dos papéis que eu estava mexendo naquela tarde.Percebendo que eu me afastava,ele tentava ficar mais perto.

–Regina eu...-ele tenta me tocar mas dou um tapa em sua mão.

–Não me toque.-digo séria tentando me livrar dele.-O que era aquela coisa? Porque ela quase matou o Sam?

O loiro encara o outro por um momento e percebo que tinham decidido me contar a verdade.

–Aquilo era um demônio.Não ia matar o Sam,ia possuí-lo.Nada demais.-ele diz como se já estivesse acostumado a contar isso para as pessoas.

–Nada demais?-repito o que ele havia dito.-Nada demais?? Porque eu não sei você,mas não estou acostumada a ver demônios e a atirar neles frequentemente me desculpe!-grito irritada por ele achar que sabia de tudo,que nada importava.

–Sim eu estou acostumado.-ele grita comigo agora.-Eu e meu irmão fazemos isso.CAÇAMOS DEMÔNIOS! Salvar pessoas,caçar essas coisas esse é o negócio da nossa família!

–Já chega.-digo desviando o olhar do rosto dele para o chão.-Quero vocês fora da cidade.

–Não vamos embora!-Dean exclama na defensiva.

–Sim vocês vão!-eu corro os olhos por ambos séria.-Não quero que causem problemas para as pessoas que vivem aqui.

Eu estava me segurando para não lançar uma bola de fogo na cara de cada um.

–Deixe-nos pelo menos terminar o trabalho.-Sam fala,tendo uma reação brava de Dean.-Pode haver mais deles por aí,temos que investigar senão pessoas vão morrer ou ser possuídas.Acredite em nós por favor.

–Eu acredito em vocês,mas não queria.-revelo.-Tudo bem podem continuar o serviço.E quando encontrarem esses demônios quero estar presente quando forem executá-los está claro?

Eles balançam a cabeça em concordância e saem do lugar por um sinal de mão meu.

Minha cabeça girava a mil por hora.Como isso foi acontecer? Porque isso sempre é comigo?

Com esses pensamentos saio e vou para minha casa buscando descansar um pouco.Esfriar os meus pensamentos que pareciam correr entre tudo o que tinha acontecido.Chegando em casa,me jogo no sofá e fico lá pensando somente.Em tudo o que eu havia passado não só naqueles dias mas em toda minha vida.O modo como tudo sempre tinha sido arrancado de mim e nunca mais voltou.Talvez isso tenha acontecido com minha felicidade.

A tarde passou lenta, eu não tinha notícias sobre os Winchester somente sabia que tinham saído para investigar a área.Quando a noite finalmente chegou um toque na porta veio junto.

Me levanto,ajeito a saia(que estava toda amarrotada por eu passar horas sentada) e abro a porta.Era ele.Na segunda vez naquele dia.Meu pesadelo loiro estava bem ali na minha frente.

P.O.V Dean

Novamente estava eu na porta esperando para que a morena me desse permissão para entrar.Ela não havia trocado de roupa,o que eu gostei bastante.Aquela saia bem acima dos joelhos estava caindo perfeitamente bem nela.E sobre aquela blusa decotada não havia reclamações a fazer.

Muitos acham que eu sou somente pegador.Sim tenho fama disso.Mas havia algo mais naquela mulher que eu não conseguia decifrar.

–Parece que voltamos ao que aconteceu antes.-dou uma piscadinha pra ela que somente me lança um olhar como se pensasse "inacreditável".

–Jura mesmo? Nem percebi...-ela não pode deixar o sarcasmo de lado e eu não pude deixar de rir com aquilo.-O que foi agora? Encontraram um vampiro?

–Não.Posso entrar?-peço com olhar divertido.

Ela me dá passagem e fecha a porta atrás de mim.A casa dela era aconchegante,haviam algumas luzes ligadas e outras apagadas o que dava impressão de que noite e dia tinham finalmente se encontrado.

Ela segue para até a mesa da sala de estar e eu a sigo sem exitar.Ela me encarava procurando respostas pelo meu rosto.

–Sei que sou bonito não precisa ficar me admirando.-digo e ela desvia o olhar rapidamente.

–Não seja ridículo.-Regina diz.-O que aconteceu? Poque está aqui?

–Porque encontramos rastro de um demônio e você pediu para te avisar.-falo fazendo ela ficar espantada com algo.

Ela se vira de costas para mim e fica olhando o ambiente que se estendia a sua frente.

Eu me aproximo silenciosamente dela por trás,sem emitir ruído nenhum.

–Ótimo.-Regina fala satisfeita.-Vou com vocês.

Eu dou uma leve risada,mas ela não percebe que estou tão próximo assim dela.

–Sabia que diria isso.-digo.

Com um movimento rápido,eu passo meu braço pela sua cintura,prendendo seus braços ao lado de seu corpo.Com a outra mão,pego o pano que estava em meu bolso com um líquido perfeito para meu plano.Eu pressiono o pano contra seu rosto,enquanto o grito dela é abafado pelo tecido.Ela tentava continuar gritando mas era inútil enquanto estava presa a mim.

–Shh...-sussuro no ouvido dela,quando ela perde as forças e desmaia em meus braços.

Eu a carrego até a cadeira mais próxima e a sento.Rapidamente pego uma corda(que estava em meu casaco especialmente para essa situação) e amarro seus braços para trás,no encosto da cadeira.Dou nós eficazes para que Regina não consiga se soltar e já ia indo embora quando penso em mais uma coisa.

E se ela começar a gritar e alguém a ouvir?

Eu me dirijo até ela novamente e pego do meu bolso(eu sei,pareço um guarda treco mas é preciso fazer isso quando se é um caçador.) um pedaço de tecido de tom vermelho escuro,que amarro na boca dela em alguns segundos, a amordaçando.Me afasto um pouco e admiro meu trabalho.

Aquela era uma visão dos deuses.A moça presa pelo vilão e o mocinho tinha que resgatá-la.Mas naquele caso,não foi o vilão que a prendeu.Foi o mocinho safado que queria ela de qualquer maneira,até amarrada se assim fosse mais fácil.Mas se eu tivesse que salvá-la de mim mesmo,isso seria depois que eu resolvesse o que tinha que fazer.

Eu vou até a porta e abro me preparando para ir atrás de um demônio,como eu já havia feito milhares de vezes.

Antes de sair,dou mais uma olhada para trás para ver se aqueles olhos profundos ainda estavam fechados.