Você sempre estará sã e salva. escrita por People are Depressed


Capítulo 1
Capitulo 1 - Sete segundos


Notas iniciais do capítulo

Escrito por M, revisado e postado por D :3



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“ As vezes o seu maior sonho pode se tornar o seu maior pesadelo, mas muitas vezes o seu pior pesadelo pode se tornar a coisa mais essencial deste mundo ...”

Todos os dias uma branca cortina de renda balança na minha janela,o despertador toca, eu me enrolo na coberta e penso em dormir mais, porém por força do habito me levanto, acabo saindo correndo de casa, atrasada para a aula, eu viajo na minha imaginação, enquanto a professora explica a matéria, como sempre nunca falo com ninguém, todos os dias eu volto pra casa, me enrolo na coberta e deito, eu estou cansada de ser assim, estou cansada... Eu queria que algo mudasse, eu queria que algo fosse diferente, mas isso seria meio difícil, certo?

Bem, não sei como começar a escrever um diário, parece ser mais complicado do que imaginei, creio que eu devesse me apresentar.

Me chamo Nancy, tenho quinze anos e estou no primeiro ano do ensino médio, sou uma garota um tanto esquisita e por mais que pareça difícil, eu não tenho amigos e muito menos namorado. Bem, não irei dizer que isso me faça falta, pois creio estar bem. Não foi isso o que a psicóloga disse, não que eu acredite nas palavras dela. É, eu vou a uma psicóloga, pra ser sincera eu estou achando um saco escrever um diário, ela disse que aqui eu poderia “DESABAFAR”, não deve ser tão complicado assim.

Enfim, estou a caminho da escola, estudo em um lugar chamado Chorms VII, uma escola particular, observo o caminho ate lá, é um caminho curto, cheio de folhas caídas no chão de vido a primavera.Depois de andar uns quinze minutos, já consigo avistar a escola, um lugar enorme, não sendo uma escola convencional já que junto dela há uma faculdade de direito e engenharia, entrei e passei minha digital, esse era o novo sistema adotado por lá para entrar na escola, subi as escadas e me sentei em um banco o mesmo que sento todo dia e fiquei esperando o sinal tocar, quando reparei em algo, havia um rapaz, aparentemente mais velho, com seus cabelos pretos e olhos verdes, bem mais alto que eu, sentando no banco que ficava de frente ao “meu”, achei um pouco estranho, já que em todo o tempo que me sentei ali nunca houve ninguém além de mim, provavelmente ele devia ser um estudante novo da faculdade, não sei por que... mas senti que meu rosto estava corando, como sempre não consegui encará-lo o suficiente para que ele pudesse desconfiar que houvesse algum tipo de interesse, provavelmente ele deveria ser anos mais velho do que eu, resolvi dar mais uma olhada de relance, quando ouvi um som atordoante, era o sinal, me levantei um pouco sem graça e segui para minha sala, como sempre entrei sem falar com ninguém, fui até a ultima carteira da fileira do canto e joguei minha mochila em cima dela... A primeira aula era Matemática, que trouxe a ótima noticia que eu faria parte do reforço para alunos com dificuldades, resumindo, alunos burros, não sei por que, afinal eu tinha notas acima da media,mas não me importei muito, afinal, o reforço seria no intervalo, e como eu não fazia nada, além de sentar e dormir em algum lugar, pra mim seria a mesma coisa, porém em uma sala de aula.

As outras duas aulas passaram especialmente rápidas, Português e Literatura, não posso dizer que prestei atenção, pois fiquei ouvindo algumas musicas do Nirvana e do Green Day, a professora não ligava mais pra isso, afinal, além de eu escutar no meu fone eu tinha a maior nota da sala, e talvez da escola na matéria dela, o sinal do intervalo tocou, segui uma turma de alunos da minha sala até as aulas de reforço, eram mais três alunos junto comigo. Chegamos na sala que era perto da coordenação, o professor ainda não havia chegado, então como de costume, me sentei na ultima carteira do canto.
Ia por meus fones de ouvido, quando um vulto entrou pela porta, quando direcionei minha atenção para ver que era, notei que se tratava do mesmo rapaz que eu havia visto sentado sozinho de manhã.

– Olá, meu nome é Petric,o novo professor de reforço de vocês, não pretendo ocupar todos seus intervalos e muito menos todo o seu tempo – Sua voz rouca... Era um tanto bonita e agradável.

Alguns segundos depois notei que ele me encarava. Abaixei meu rosto em direção á mesa, e por algum motivo senti as pontas das minhas orelhas esquentando, momento depois ouvi alguns passos vindo em minha direção, até que eu pude ver uma sombra se formando na minha frente,foi quando meu coração começou a bater mais rápido, algo que não era normal.

– Senhorita, poderia se sentar um pouco mais na frente?

– H-hum! – Sem conseguir olhar em seus olhos diretamente, segui com o rosto abaixado até um local mais próximo da lousa, pra ser mais exata, fui até a primeira carteira da fileira em que eu já estava.
– Agora, como eu já disse, meu nome é Petric, tenho vinte anos, e serei o “ajudante” de vocês em Matemática, não irei pegar no pé nem passar algo que não são capazes de lidar, caso alguém esteja com dificuldades em acompanhar o ritmo dos demais em sala, me procure – Ele dizia isso enquanto se sentava em uma mesa vaga que estava a nossa frente.

Em sua mão havia uma caneta a qual não parava de balançar

– Por hora, eu preciso saber os nomes de vocês. Você ai do canto – Disse apontando para um menino que estava sentado na fileira perto da porta, eu já o conhecia, afinal ele era da minha sala.

– Me chamo Joseph e tenho quinze anos – O professor não demonstrava nenhuma reação, enquanto girava a caneta em sua mão.

Foi assim com os outros dois alunos, Lucas e Daniel. Voltando o olhar para mim.
Ele só fez um sinal com a cabeça, afirmando para que eu me apresentasse.

– N-nancy... me chamo Nancy, quinze anos...

– Por hoje é só, não tem motivo em dar reforço de uma matéria, que vocês já tiveram a algumas horas atrás. – Dizia com sua voz rouca, que dava para notar a falta de entusiasmo.

– Siiimm – os alunos da sala diziam aos gritos.

– Começo a dar a matéria de verdade amanha, podem ir para o intervalo agora – Ao dizer isso todos saíram da sala correndo, animados.

Recolhi minhas coisas e decidi ir para casa, mesmo faltando a ultima aula, mas como era educação física, eu não me daria ao trabalho de participar, me levantei e me dirigi até a porta.

Antes de sair totalmente do meu campo de visão, resolvi dar uma olhada de relance... A única coisa que eu consegui ver foram seus olhos, fixados em mim, um rosto sem muita expressão, um rosto, que não transmitia aquilo em que seu dono estava pensando... Até que a parede, era a única coisa á minha frente. Então continuei andando, até a portaria.
Consegui passar com a simples desculpa “Não estou me sentindo bem, então me liberaram mais cedo”, o caminho de volta para casa era bem vago, como o de ida, resolvi mudar o destino e ir até a “casa doce” mais próxima. Uma casa aonde vende qualquer tipo de besteira doce que se possa imaginar. Como não gosto muito de interagir com os outros, fui o mais rápida possível. Entrando na loja comprei um pote de brigadeiro já pronto, coca cola, e algumas balinhas com sabores variados, então sai da loja.

Como estava com um pouco de pressa para chegar em casa, resolvi pegar o atalho mais próximo, era uma rua um tanto vazia, na verdade quando parei para observar estava completamente vazia.
Andei um pouco, até sentir que estava sendo seguida por algo, acelerei os passos, ouvi os passos atrás de mim acelerando ao mesmo tempo.

Antes que percebesse, meu coração estava acelerado, meu corpo começou a tremer, e minhas pernas estavam um tanto fracas, devido ao desespero que eu comecei a sentir. Numa tentativa de correr, acabei torcendo o tornozelo cambaleando para o lado, foi quando senti uma mão me segurando pelo braço, próximo de mim ouvi alguns risos. Me virei de vagar, com algumas gotas de lágrimas nos olhos , haviam três garotos, encapuzados impossibilitando que eu visse quem era.

Ouvi um dos garotos cochichar com o que estava me segurando pelo braço

– Oque acha de nos divertimos um pouco com ela Henry...?

Ao abrir minha boca, na tentativa de gritar por ajuda... Minha voz... Havia sumido, senti meu corpo ficando pesado, meu peito estava apertando cada vez que eu tentava chamar alguém.

“ Alguém... Por favor, algu...”

O garoto que me segurava, prensou meu corpo contra a parede de um beco que estava próximo, tirando minha blusa a força, eu conseguia sentir sua perna entre meus joelhos.

Aproximando seu rosto do meu ouvido, eu ouvi como num sussurro...

– Que tal a gente brincar um pouco?

Ainda tentando gritar, sem ar e desesperada, meus olhos se encheram de lagrimas.

“ Então é assim que vai acabar...”

Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Resolvi desistir, afinal eu não tinha mais forças nem pra respirar e meus gritos não seriam mais que gemidos baixos, pela falta de ar.

Esse poderia ser o fim que eu tanto quis.

A falta de ar e a adrenalina causada começaram a me deixar tonta, foi quando ouvi uma quarta voz, devido que eu estava quase desmaiando não consegui saber de quem era.
Minha visão já estava bastante embaçada pelas lágrimas que não paravam de cair e antes de perceber, eu apaguei.

“Tive um sonho, em que por um momento, eu sentia que estava flutuando, envolta em um calor reconfortante, que fluía para o meu corpo, alguns momentos antes de pousar em um montante de plumas.”

Acordei às cinco da tarde, um pouco desnorteada. Será que havia sido apenas mais um pesadelo seguido de um ótimo sonho?
Eu estava deitada em minha cama, minha visão estava voltando aos poucos, sim, aquele era meu quarto.

Porém... Uma blusa social preta me cobria, olhei para os lados á procura de seu dono... Não havia ninguém.

Tirei a blusa social, dei uma vasculhada com o olhar, e encontrei deixada em uma cadeira ao lado, minha blusa que estava aos farrapos, infelizmente parece que aquilo não havia sido apenas um pesadelo, o que quer dizer que aquilo também não havia sido apenas um sonho.

Quando percebi me peguei sorrindo, sem saber bem o motivo.

Ao lado da cabeceira da minha cama havia um bilhete.

“ Querida tive que sair às pressas para viajar, desculpe-me não avisar antes, se cuide.
Te amo.
Beijos.
Mamãe.”

Deixei o bilhete aberto bem ao lado da cabeceira e fui até a janela.

Afinal, como diabos eu havia chegado em casa?!


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Notas finais do capítulo

Comentem, a M sempre gostou de comentários u.u Obrigada :3



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