De longe, ela conseguia ver a menina na janela. Não era como se ninguém pudesse ver, não era como se a imagem fosse proibida.

A loira estava sentada em frente à janela, seus olhos em algo à sua frente não muito visível daquele ângulo, todos que olhassem em direção à janela veriam-na. Mesmo assim, se encarasse muito, pessoas suspeitaram de sua presença anormal, por isso se escondeu nas sombras.

Seu corpo, já fora dos padrões chamados de normais, deformou-se um pouco, e, como bolhas de sabão, lentamente suas partes se tornaram mais humanas. Exceto seu sorriso. Seus caninos levemente afiados, sua característica marcante da qual ela nunca conseguia se ver livre, ficavam visíveis quando sorria. E, ali, naquele momento, seus caninos estavam completamente expostos, seus lábios esticados num sorriso agoniante.

Seus olhos castanhos brilharam sem a ajuda de luz externa por apenas um segundo, como olhos de um lobo sedento por sangue no meio da mais pura escuridão. A loira arrepiou-se e virou-se para encarar a escuridão do lado externo do seu apartamento. Ela levantou-se e fechou a janela, voltando a seus afazeres logo em seguida.

A menina no meio da escuridão não conseguiu esconder o sorriso. Estava tão animada, doida para começar o que foi chamada para fazer. Ela passou a língua nos lábios. Aquilo ia ser tão delicioso.