Hope escrita por Amanda Viana


Capítulo 24
Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Oii meus amores, boa tarde!
Aí vai mais um capítulo e espero que gostem!
Boa leitura e até lá embaixo *-*



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—Como assim quem  eu sou, meu amor? Sou o Pedro, seu namorado! –disse Pedro achando que Cecília estava apenas confusa por conta do coma.

—Desculpe, mas meu namorado se chama Miguel. Onde estou? Por que minha cabeça dói tanto? –perguntou um pouco assustada, colocando a mão na cabeça lentamente, fazendo Pedro recuar um passo atrás.

Ele não entendia o que estava acontecendo, porque se fosse, apenas, uma leve confusão causada pelo coma, como Cecília poderia afirmar com tanta certeza que namorava o Miguel? Pedro a olhava estatelado, quando uma enfermeira entrou no quarto e notou que a garota havia acordado, ela se assustou a princípio, mas logo saiu do quarto para chamar o Doutor.

—Cecília, você realmente não lembra de mim? –perguntou Pedro segurando a mão da garota.

—Não. Me desculpe, mas eu realmente não o conheço. O que aconteceu? Você poderia me explicar? –pediu gentilmente, mas quando Pedro ia explicar tudo o que tinha ocorrido, o médico entrou no quarto junto com a tia de Cecília.

—Oulll, meu Deus! Você está de volta! Oull ,minha filha, eu não acredito que quase lhe perdi. –disse Margarida, ao entrar no quarto, abraçando a moça fortemente.

—Oi, tia. Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Esse rapaz está dizendo que é meu namorado, mas eu não lembro dele, tia. –disse Cecília olhando nos olhos da tia.

—O que está sentindo, moçinha? –perguntou o doutor se aproximando da cama.

—Sinto uma dor na cabeça que faz com que ela lateje sem parar, eu já não sei mais o que fazer, também não sei o motivo que me trouxe até aqui, só lembro de estar estudando em casa. –disse rapidamente olhando para o homem grisalho ao seu lado.

—A dor é por causa do coma, querida. Você estava inconsciente a cinco meses desde o acidente. –disse o médico calmamente.

—Acidente? Cinco meses? Eu não lembro de nada, doutor. –disse um pouco exasperada.

—Sofremos um acidente em janeiro, quando estávamos indo para o litoral de Santos, Cecília. –disse Pedro ficando à frente de Cecília na beirada da cama.

—Espera! Estamos em que ano? –perguntou um pouco nervosa.

—Estamos em 2014, meu amor. –disse Margarida olhando os olhos aflitos da sobrinha.

—Ouuull, meu Deus! Não pode ser! Na minha cabeça, ainda estamos em 2010, tia. Por que está tudo tão confuso? –perguntou-se deixando uma lágrima escorrer em seu rosto, fazendo sua cabeça latejar ainda mais forte.

—Cecília, você perdeu parte de sua memória por causa do acidente, porém ela pode voltar com o passar do tempo, mas não force, tente lembrar das coisas naturalmente. –disse o médico rapidamente. –bom, eu vou lhe receitar um analgésico para a dor, e você vai sentir uma leve dormência.

—Tudo bem, pode aplicar! –disse desviando o olhar para Pedro que não parou de encará-la por nenhum momento.

Cecília tomou o analgésico e lentamente a dor foi aliviando, as enfermeiras retiraram os aparelhos que estavam conectados a garota, deixando apenas o tubo de ar. Pedro não saiu do quarto, assim como Margarida que estava ao lado da sobrinha segurando sua mão.

—Tia, ele disse que é meu namorado, mas eu não consigo lembrar dele, e, até então, eu só lembro de estar namorando o Miguel. –disse em voz baixa para a tia.

—Meu amor, você terminou o namoro com o Miguel no início do ano passado, pois ele conseguiu um emprego nos Estados Unidos e foi morar lá, daí você entrou para a faculdade de medicina e estava morando na casa da Olívia que é irmã do Pedro, no centro de São Paulo. Vocês se apaixonaram e começaram a namorar em dezembro de 2013. Ele é seu namorado, e é um ótimo rapaz, Cecília, não deixou de visitar você um dia sequer. –disse Margarida calmamente.

—Nossa! Então eu não namoro mais o Miguel? –perguntou confusa e visivelmente triste.

—Não, meu bem. –respondeu apenas.

—Mas eu acho que ainda amo o Miguel, como posso estar namorando com esse rapaz? Ele é muito bonito e parece gostar de mim, mas isso não é o suficiente, tia. –disse deixando as lágrimas rolarem por seu rosto.

—Calma, meu amor. Dê tempo ao tempo, você irá lembrar de tudo. –disse margarida ternamente beijando o topo da cabeça da sobrinha e se despedindo, alegando que iria buscar um café, porém ela queria deixar os dois a sós.

Pedro viu quando a mulher saiu do quarto rapidamente, deixando Cecília sozinha enxugando suas lágrimas com as costas da mão. Ele levantou e se aproximou da cama da garota, olhando-a nos olhos e falou:

—Não chore, por favor! –pediu segurando uma mão da garota.

—Desculpe, mas isso é muito perturbador. Eu queria muito lembrar de tudo e lembrar de você também, mas eu sinto muito, quanto mais eu tento é pior. –disse com a voz trêmula.

—Não se preocupe, com o tempo você irá lembrar, não precisa ter pressa. Eu estou muito feliz por você ter acordado, minha flor. Você não sabe o quanto esperei por isso. –disse Pedro olhando no fundo dos orbes castanhos de Cecília e sorrindo largamente.

—Seu...seu sorriso, e seus olhos... –disse Cecília com a voz baixa, completamente extasiada olhando para o rosto do moreno à sua frente.

—O que tem eles? –perguntou Pedro, sentindo uma súbita alegria lhe tomar por inteiro.

—Não sei, são bonitos e... me passam, não sei explicar ao certo, mas é como se eu já os tivesse visto antes... –disse completamente confusa.

—Mas é porque você já os viu várias vezes, meu amor. –disse Pedro acariciando o rosto da garota que se endireitou um pouco mais na cama ficando sentada com a ajuda de Pedro.

—Nossa! Bom, eu realmente não sei quem você é, e não quero lhe dar falsas esperanças, eu não lembro de nada, mas acho que podemos ser amigos, se você quiser; eu não quero que você suma da minha vida, e se comecei a namorar com você foi por que realmente o amava. –disse em voz baixa timidamente.

—Sim. Você me amava, assim como eu te amo cada vez mais, e sei que o nosso amor a fará lembrar de nós dois. –disse ainda sorrindo, por um momento a garota se perdeu no belo sorriso de Pedro e sem pensar duas vezes tocou em seu rosto.

Ela não entendia, ao certo, o motivo  que a levou a fazer tal ato, mas algo lhe dizia que aquilo era o certo a se fazer. O rapaz parou de sorrir e fechou os olhos ao sentir o toque da morena, ela observava cada detalhe daquele rosto e acabou por perceber o porquê que, provavelmente, não tinha sido difícil se apaixonar por Pedro, pois ele era, de longe, o homem mais bonito que ela já havia visto em toda sua vida. Cecília retirou a mão do rosto de Pedro e se recostou novamente no travesseiro, Pedro sorriu mais uma vez e olhou em volta, viu que suas coisas estavam ali, junto com algumas outras coisas que ela não sabia de onde haviam surgido. Ela notou, também, seu violão no canto do quarto e sorriu levemente. Pedro acompanhou o olhar da garota e foi em direção ao violão trazendo-o para a garota.

—Eu acho que sei tocar alguma coisa... –disse sorrindo levemente olhando para o violão que estava no colo de Pedro.

—Mas é claro que sabe, se brincar você toca melhor do que eu. –disse sorrindo.

—Você já me ouviu tocar alguma vez? –perguntou curiosa.

—Sim.  Além de tocar, você canta lindamente, Cecília. –disse entregando o violão para a garota. _Toque alguma coisa agora.

—Eu não sei se vou conseguir, não prometo nada! –disse sorrindo timidamente.

Cecília tentou tocar a música que tanto amava chamada All for love da banda Hillsong United, mas sua cabeça começou a latejar com um pouco mais de força, e, logo que posicionou o violão em seu colo, sentiu uma molesa no corpo. Ela ainda estava debilitada para tal coisa.

—Acho que não va dar. É como se não tivesse forças suficientes. Desculpe. -Pedro a olhou nos olhos e pegou o violão do seu colo. Ele sentou-se na beirada da cama e começou a dediolhar outra música da mesma banda, fazendo Cecília sorrir largamente ao lembrar de qual música se tratava. _ Eu amo essa música, Pedro. Você toca bem. É músico profissonal?

—Quem me dera... Eu estudo administração, Cecília. Na verdade, já estou terminando. Meu pai quer que eu assuma o hospital assim que me formar. Mas isso é assunto para uma outra hora.

—Sim. Estou cansada. Acho que vou dormir um pouco. Até outra hora!

—Até. Eu... - Pedro silenciou, pois ainda não era o momento para dizer as três palavras mais lindas que ele havia descoberto ao se relacionar com a moça. _Eu vou ficar por aqui. -disse com um leve sorriso cabisbaixo.

—Tudo bem. -Disse a morena num sussurro. Ela já estava cochilando.

Pedro não foi para casa naquele dia, ele preferiu ficar com sua namorada o resto da noite. Quando os raios de sol inundaram o quarto, Cecília despertou, e ao olhar para seu lado esquerdo viu um belo moreno dormindo no sofá, ele respirava tranquilamente, seu rosto era detalhadamente perfeito, ela começou a pensar no que eles teriam vivido juntos e em como seria tocar seus lábios e andar de mãos dadas pelo parque. Cecília respirou profundamente, e, logo, uma enfermeira entrou, dizendo que Cecília iria tomar seu primeiro banho após muito tempo. Ela se perguntou como teria passado tanto tempo sem tomar banho, mas como se a enfermeira adivinhasse seus pensamentos, explicou-lhe que sua higiene era feita na cama. Ela sorriu e começou a caminhar lentamente segurando nos ombros da jovem enfermeira. Suas pernas formigavam com o impacto de estar andando, chegaram ao banheiro e ela tomou um longo banho. Quando deitou-se na cama vestindo uma camisola rosa clara de alcinhas e de tecido leve que diziam ser dela, sua tia chegou e começou a pentear seus cabelos que estavam enormes na concepção de Cecília.

—Bom dia, meu anjo, como você está? –perguntou margarida preocupada.

—Estou bem, ontem tentei tocar violão, mas não consegui. Agora, estou bem melhor.  –disse sorridente.

—Foi mesmo? Mas já era de se esperar, querida. Você havia acabado de sair de um coma de meses. Perfeitamente normal essa pequena incapacidade.–sorriu a tia largamente.

—Eu sei, a senhora sabe quando terei alta? –perguntou ansiosa.

—Se tudo ocorrer corretamente, você poderá ir para casa no final da semana. –disse calmamente.

—Eu não vejo a hora de sair daqui, tia. Sinto falta da minha casa! –disse olhando nos olhos da tia.

—Meu amor, você não irá para Iguaí. Os pais do Pedro conversaram comigo e irão nos abrigar na casa deles até que você recupere a memória, afinal você irá voltar em breve para a faculdade. –disse Margarida um pouco temorosa pela reação da sobrinha.

—Mas,tia, eu não conheço ninguém dessa casa. Eu quero voltar para minha cidade, eu quero que essa confusão acabe de uma vez por todas. –disse impaciente.

—Você irá abrir mão da sua faculdade de medicina? –perguntou seriamente.

—Minha faculdade... Ouull, meu Deus! Não, tia, eu não vou aguentar! Eu não lembro de absolutamente nada. Como vou conseguir alguma coisa, se não sei nem mesmo o caminho até chegar lá? –Cecília estava visivelmente perturbada, ela não sabia o que fazer.

—Calma, meu anjo, uma coisa de cada vez. Eu já fui à faculdade e me disseram que caso isso acontecesse, você teria um acompanhamento médico durante o tempo em que estaria lá, para que eles lhe exercitassem a memória e assim você pudesse lembrar com mais facilidade. –disse calmamente segurando a mão da sobrinha.

—Eu não sei, não, tia, estou com medo. 4Eu não sei se vou conseguir! –disse sinceramente deixando uma lágrima escapar por seus olhos.

—Calma! Tudo irá acabar bem!

Cecília respirou fundo e calou-se por alguns instantes, depois de algum tempo, Margarida saiu do quarto deixando Cecília na companhia de Pedro mas isso não durou muito tempo, pois em menos de 10 minutos, Olívia entrou exasperadamente no quarto de hospital, com o rosto encharcado de lágrimas e um largo sorriso estampando-o, assustando a morena que observava a garota sem entender coisa alguma.

—Oi, Cecí, meu Deus, você acordou! Como é bom saber que você está conosco de novo. Eu senti tanto a sua falta! –disse se aproximando a passos largos da cama da garota, abraçando-a fortemente.

—Desculpe, mas eu não sei quem é você, eu sinto muito! –disse Cecília olhando para garota que no mesmo instante conteve o sorriso.

—Não se preocupe, ficará tudo bem! Mas, de ante mão, eu me chamo Olívia, sou irmã do Pedro e sua grande amiga de faculdade. –disse calmamente e Pedro estranhou aquela situação, perguntando-se se a irmã já sabia que Cecília iria perder a memória, porém preferiu deixar essa dúvida para depois, resolvendo  se juntar as duas.

—Foi através da Lív que nos conhecemos, Cecí. Sei que é tudo muito confuso, mas com o tempo, tudo irá melhorar e eu sei que você irá lembrar de todos nós. –disse Pedro segurando a mão da garota que a retirou delicadamente.

—Desculpe. Por favor, será que vocês poderiam me deixar um pouco sozinha? –perguntou gentilmente.

—Claro, está tudo bem, qualquer coisa estamos logo aqui. –disse Olívia puxando Pedro pelo punho.

Cecília encarou o teto branco daquele quarto e não aguentou, deixou tudo o que estava dentro dela se acumulando durante aquelas horas em que ela havia acordado sair num choro sôfrego, seu peito ardia e ela sentia sua mão gelar ao pensar que tudo o que ela havia vivido nos últimos anos se perdera naquele acidente. Depois de algum tempo, soluçando, ela começou a se acalmar e com a palma das mãos começou a enxugar as lágrimas.

Pedro entrou no quarto após um pouco mais de 30 minutos, Cecília olhava para o lado da janela como se estivesse procurando alguma coisa, ele entrou devagar e sentou-se ao lado dela na cama.

—Eii, não fique assim, as coisas irão melhorar! Eu estou aqui, você pode contar comigo para o que precisar. –disse calmamente, fazendo a garota virar-se e olhá-lo nos olhos.

—Pedro, eu não sei se vou conseguir lembrar de alguma coisa, e saber disso me assusta muito. Eu experimentei a sensação de entrar na faculdade e não lembro de nada, eu morei em sua casa e não sei nem quem são vocês, eu já beijei você, mas não lembro como é sentir seus lábios nos meus. Eu não aguento! É demais para mim. –disse chorando novamente.

—Calma, por favor, não fique assim. –pediu deixando uma lágrima escapar, abraçando a moça gentilmente.

—Cecília, tem alguém aqui que quer lhe ver. –disse Margarida ao entrar no quarto.

—Pode deixar entrar. –disse Cecília, soltando-se do abraço de Pedro e enxugando as lágrimas rapidamente.

—Oi, eu não acredito que você acordou. Como você está? –Perguntou Miguel ao se aproximar da cama da morena com um pequeno buquê de flores nas mãos e com os olhos visivelmente marejados.

—Oi, Miguel, estou bem. Nossa! São lindas! Muito obrigada. –disse ao pegar as flores. Cecília estava um pouco nervosa com aquele reencontro e seus olhos brilhavam ao encontrar o olhar terno de Miguel. Pedro analisava aquela cena com dor em seu peito e sem conseguir ficar mais nenhum minuto ali, ele avisou que iria deixar os dois a sós e caminhou para fora do quarto.

Pedro andava pelos corredores sem conseguir tirar aquela imagem da cabeça, ele constatara que Cecília ainda amava Miguel e isso lhe corroía a alma. Sem conseguir sentar ou ficar parado, o rapaz continuou caminhando a passos largos, passando a mão exasperadamente nos cabelos.

—Você precisa de alguma coisa? –perguntou uma jovem enfermeira de cabelos castanhos claros e olhos cor de mel.

—Preciso! Preciso que minha namorada lembre-se de mim! –disse rapidamente.

—Ouull, eu sinto muito! Ela está internada aqui? –perguntou calmamente.

—Sim, ela acabou de sair do coma. –respondeu apenas.

—Entendo, mas mantenha a calma, logo, logo ela irá lembrar de tudo novamente, a maioria dos pacientes se lembram. –disse olhando para o rapaz.

—Obrigado! É o que eu espero que aconteça. –disse sorrindo levemente.

—Tudo irá acabar bem, e já que você não perguntou, me chamo Luana. Como é o seu nome? –perguntou curiosa.

—Eu sou o Pedro, prazer Luana, mas agora eu tenho que ir. –disse dando um passo a frente.

—Tudo bem, eu também preciso ir. Sabe como é, isso aqui não para nunca. –disse sorrindo de lado e caminhando na direção oposta.

Pedro acreditava com todas as suas forças no que Luana havia dito, ele sabia que, no fundo, Cecília iria lembrar de tudo, seria apenas uma questão de tempo. Ele chegou próximo a porta do quarto da garota, respirou fundo e entrou. Para seu alivio, Miguel não estava mais lá e Cecília dormia tranquilamente. Ele se aproximou da cama da garota e afastou uma mecha de cabelo, colocando-a atrás da orelha. Aproximando-se ainda mais do rosto da morena ele sussurrou um “Eu sempre vou te amar” e beijou os lábios dela suavemente. Cecília abriu os olhos e o encarou sem conseguir pronunciar palavra alguma.


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Notas finais do capítulo

Poxa viida heim... coitado do Pedro!! E agora?
Bom, se chegaram até aqui por favor deixem seus reviews !
Beijos e fiquem com Deus!