"25/06/2007

Not About Angels

Querido diário,

A vida é uma droga.

Lembra quando eu disse que mamãe estava doente e passava mais tempo no hospital do que em casa? Bem, hoje eu ouvi os médicos dizerem ao papai que tentaram de tudo e que sentiam muito. A vida é uma droga.

Papai ainda não me disse nada sobre o assunto, estou na casa da vovó, em Tallahasse. Vou passar alguns dias aqui. Mas ele apenas disse, com os olhos marejados 'Que tal visitar a vovó?' E então eu perguntei como ficaria as aulas de piano e ele disse que iria dar um jeito. Então cá estou, eu, você,vovó e essa casa velha e com cheiro de mofo onde ela mora.

Trish me ligou, ela disse que a mãe dela contou sobre o acontecido. Mas, se eu não tivesse ouvido a conversa de papai e os médicos, eu ainda estaria totalmente fora do asssunto.

Austin não veio, está no Hawaíí com a família, já que estamos de férias de verão, acho que ainda não sabe de nada.

Bem diário, acho que por hoje é só.

Até, Ally."

Podia sentir as lágrimas quentes correrem pela minha bochecha e se encontrarem em meu queixo. Eu comecei a lembrar daquele dia, vovó me chamou depois de um tempo e explicou. Depois voltamos á Miami e fomos ao seu enterro. Austin e sua família apareceram ali. Ele é um bom amigo. Pelo menos, é o que está parecendo.

E,por um lado, esse dia ajudou a recuperar minha memória, pelo menos um pedacinho dela. Mas qualquer rastro de lembrança ou uma imagem que eu lembre, já é um motivo de esperança muito grande para minha mente desmemoriada.

Papai me ligou ontem á noite, ele perguntou como eu estava e se eu precisava de algo. Ele não tocou no assunto "memória", o que foi bom e meio esquisito ao mesmo tempo, mas acho que ele sabe que não quero falar sobre isso.

Austin e eu continuamos na mesma, nos falamos apenas se necessário e nossos diálogos nos deixam sempre desconfortáveis. Mas eu quero muito que ele fique bem e que possamos ser amigos.

Mas para isso eu preciso descobrir um pouco mais sobre mim, sobre ele, sobre nós.