Dizem que quando algo acabou, você relembra aquilo como se fosse um filme. Ou simboliza um término feliz, ou algo extremamente desagradável. No caso de Emma, ela não sabia bem em qual situação estava. Em sua cabeça, é como se ainda faltasse uma cena... Talvez, fosse ele dizendo que tudo iria ficar bem, e logo após a beijasse.

Não. Seria muito clichê. E isso definitivamente não combinava com ela. Tudo aconteceu tão rápido. Nem ela mesmo sabia como dizer. Apenas um "boom", e pronto. Ela havia cometido um erro gigantesco, que depois, ela não sabia como contornar. Talvez naquele instante, parte dela sabia que se arrependeria depois. Mas sua outra metade "equivocada" como ela mesmo chamava, acabou falando mais alto. Ela só se perguntava o porque. Porque ela havia destruído tudo? Geralmente eram os "ogros" que faziam isso. Porém, dessa vez a culpa era toda dela.

Seria esse seu destino? Sofrer e após estar a beira da felicidade, destruir tudo em uma única noite? Ah, e sem mencionar que era a noite do natal. Natal que inclusive, deixou de ser natal. Sentia como tivesse demorando anos pra pintar a tela perfeita e por conta de um único pingo de tinta, a borrar por completo.

Mesmo concentrada em seus papéis, os flashes voltavam a cada segundo em sua memória. Estava impossível trabalhar naquelas últimas semanas. Seu pai é claro, percebeu.

— Emma, algum problema?— questionou, notando o desconforto da filha

— Não, pai...— negou com a cabeça, finalmente acordando de seus pensamentos— eu só, preciso sair um pouco!— afirmou, se levantando e vestindo sua tão fiel jaqueta que estava na cabeceira da cadeira— você sabe, esfriar a cabeça...— justificou— pode terminar esses relatórios e levar pra Regina, por favor?— pediu, entregando uma pasta com alguns papéis

— Tudo bem, vamos almoçar juntos, ai eu já aproveito e entrego— assentiu— Emma, tem certeza que está tudo bem?— retomou sua pergunta. A expressão dela falava por si, o que ela teimava em esconder.

— Está, pai. Eu estou bem. Só preciso mesmo relaxar!— continuava a negar

— Quer que eu vá buscar o Henry na escola?!— ofereceu

— Não— negou— eu realmente estou bem. Pelo contrário, andar vai me fazer bem. No período da tarde eu volto. Obrigada!— sorriu, e saiu. E de fato, a primeira coisa que fez, assim que colocou os pés pra fora da delegacia, foi respirar fundo. Ela estava realmente precisando esquecer tudo o que lhe havia acontecido. Pôs-se a caminhar sobre a pacata Storybrooke. Não pode deixar de ver os casais andando, sorrindo. Belle e Gold, que estavam noivos, transbordavam alegria. Jefferson e Ruby, trocando beijos do lado de fora do Granny's. Mary Margaret e Whale, aquela relação que na época da maldição não havia fluído, estava dando acerto além do que ela esperava. Regina e David, quem diria que se apaixonariam, e viriam a ser tonar um casal unido. Parece que o problema era realmente só com ela, que havia sido tola o suficiente pra jogar tudo fora. Tentou afastar os pensamentos que teimavam em vir em sua cabeça, até que, caminhando pelas ruas, ela acabou encontrando alguém que não esperava ver. E novamente, sentiu seu coração acelerar só de ver outra vez aqueles tão conhecidos íris azuis.