Hazel: O andar dele era tão cafajeste

quanto o sorriso.

( A Culpa é das Estrelas ).

Thiago...só o nome já me deixou feliz mas também nervosa, foi o primeiro menino que eu já gostei, apesar de ter durado apenas dois meses e nunca termos nos beijado. Cada poesia que ele já me deu me fez gostar cada vez mais dele. Ele tinha saído de BH e se mudado para o Rio, perdemos contato, mas agora... Eu o veria outra vez.

Fernanda percebeu que eu não estava falando nada e sacudiu meu ombro, me fazendo voltar a realidade.

– Nossa não precisa de tanto, se eu tivesse contado o principal tenho certeza que você iria desmaiar!

– Como assim o principal? - Falei apertando seu braço tão forte que ela se afastou.

– Ele vai voltar para a nossa escola daqui a 3 dias.

– E você só me conta agora?!

Cada vez ficava mais nervosa, ele ia se mudar para a nossa escola, ia estar na festa. Será que ele tinha alguma namorada no Rio? Será que ele se esqueceu de mim? E o que eu falaria quando o visse? Minhas mãos começaram a suar e eu comecei a coçar minha mão, como eu sempre fico quando estou nervosa, além de enrolar o cabelo nos dedos esperando uma resposta.

– Achei que se contasse antes você ficaria a noite inteira em casa escrevendo o nome dele em um pedaço de papel umas mil vezes ou relendo as poesias que ele fez para você a noite inteira.

Ela não deixava de estar certa, eu sempre me pegava lendo uma daquelas lindas poesias que ele escreveu para mim.

Duvida da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvida até da verdade,
Mas confia em meu amor.

Foi a primeira poesia que ele me deu, depois dessa começamos a sair e ele continuou me dando poesias, cada uma mais apaixonante que a outra.

– Certo...você tem razão, mas eu não me sinto pronta.

O carro parou em frente ao prédio do Toni e descemos.

No elevador, a Fernanda ficou se olhando no espelho e retocando a maquiagem, como se já soubesse que para ficar com o Toni precisasse entrar na fila, as outras garotas deveriam estar se matando para receber a atenção dele.

Batemos na porta e que atendeu não foi o Antônio e sim o meu primo.

– Oi Leo! O que faz aqui?

O Leo era igualzinho a um personagem de um livro que eu amo, mas eles tinham que ter o mesmo nome?

– Não é apenas você que tem amigos inglesinha. - Depois de falar isso eu dei um empurrão no seu ombro, enquanto ele ria.

Entramos e vimos que o apartamento era enorme, tinha uma sala com uma pista de dança onde encontramos a Nicole conversando com a MC.

Elas eram amigas antes mesmo de nós nos conhecermos. A Nicole era muito simpática, mas também muito pegadora, ela já deve ter namorado uns quatro caras da nossa sala. É o exato oposto da Maria Clara, ela era muito tímida e demorou para que nós virássemos amigas, mas já que ela trabalha na biblioteca ( que é o meu lugar favorito da escola ) nos vemos sempre.

– Oi MC, Oi Nicole! - Falou Fernanda enquanto ia dar um abraço e três beijinhos na bochecha das duas. Nunca entendi esse costume, então nunca cumprimento as pessoas assim.

– Já contou para ela? - Perguntou Nicole para a Fernanda. Sabia que ela se referia ao Thiago, ela asentiu, tentei ignorar indo conversar com a MC.

– Já acabou aquele livro que eu recomendei? - Perguntou

– Claro! É tão bom que eu li todo em um dia. A Paula Pimenta é incrível! Minha vida fora de série primeira temporada é um dos melhores livros que eu já li. O Rodrigo é PER- FEI- TO!

– Tão perfeito quanto o...

– Vocês não se cansam de falar disso?

– A gente e o resto da festa. Todo mundo está falando disso.

Não era só a MC que era tímida, odiava ter todos falando de mim, e ao saber que isso que estava acontecendo senti vontade de vomitar. Não bastava o nervosismo de eu falar com o Tiago depois de tanto tempo, mas eu tenho também de fazer isso sobe a "supervisão" de toda a festa?!

– Bom...Como vão as aulas de piano? - Falei tentando mudar de assunto.

– Muito bem, que pena que você não tem um piano no seu apartamento, mas pode vir tocar na minha casa sempre que quiser.

– Obrigada.

– Tem planos para amanhã? - perguntei

– Provavelmente irei passar o dia inteiro em casa, e você?

– Eu vou sair com o Matheus e com a Mariana, quer ir com a gente?

– Claro! A Mari é super legal, mas sempre que eu estou com ela e com o Matheus eu me sinto meio que "de vela".

Não podia negar, a Mari e o Matheus dizem que são apenas amigos mas sempre tem um clima entre eles dois.

Voltei a conversar com a Nicole enquanto a Fernanda pegava uns refrigerantes para a gente.

– Finalmente você pôde ir a alguma festa com a gente, você sempre diz que sai com amigos que nós não conhecemos, e não está livre em quase nenhum fim de semana. - Disse MC. Percebi que a Nicole não se sentiu confortável com aquela pergunta.

– Eu não tenho só vocês como amigas - Falou com um sorriso amarelo.

A Fernanda chegou, entregando uma Fanta para a MC e para a Nicole e um suco de maracujá para mim sussurrando no meu ouvido.

– Achei melhor te dar um suco para você relaxar.

– Então do que vocês estavam falando? - Ela falou como se não tivesse acabado de me lembrar o motivo de eu estar tão nervosa.

– Bom, eu estava falando com a MC de livros e piano e eu e a MC estávamos falando do porque a senhorita Nicole nunca pode sair com a gente. - Também falei tentando disfarçar.

– Estou mais interessada em quando você vai falar com o Thiago.

– Nós também - Disseram em uníssono.

– Querem saber?! Eu vou agora!

POR QUE EU FUI FALAR ISSO?!

Mas agora eu já havia falado e estava caminhando em direção ao Thiago enquanto as meninas aplaudiam, olhei para elas com um olhar assassino e depois me voltei para o Thiago, ele estava cercado pelos meninos da escola.

Ele não tinha mudado muito, continuava bronzeado e seu cabelo loiro ficava do mesmo jeito bagunçado como da última vez que o vi, estava vestindo uma camiseta verde e calças jeans.

Ao me ver me aproximando dele ele se afastou dos amigos e foi em minha direção, estava sorrindo e me abraçou. Não sabia porque tinha ficado tão nervosa, ele havia voltado do mesmo jeito que partiu, carinhoso como sempre. Me senti tão feliz quanto ele me abraçou, ele ficou um tempo sem falar nada, depois se afastou apenas na distância de eu poder olhar para seus olhos azuis e ouvir ele dizer.

– Senti tanto a sua falta, não parei de pensar em você por um minuto quando estava lá.

– Senti uma lágrima de alegria escorrendo pelo meu rosto e voltamos a nos abraçar.

Olhei pelas costas dele e pude ver as meninas aplaudindo e assobiando, mas foi como todas as pessoas tivessem sumido, e nós estivéssemos completamente sozinhos, preocupados demais em estarmos na companhia um do outro.

Quando paramos de nos abraçar, fomos para perto da janela para conversar.

– Então...Como foi no Rio?

– Digamos que teria sido perfeito se você estivesse lá. Como foi em BH?

– Digamos que teria sido perfeito se você estivesse aqui.

Conversamos a noite inteira sobre a volta dele para a nossa escola e sobre como foi o tempo em que estávamos separados que nem vimos o tempo passar. Já era meia noite e mãe da Fernanda tinha chegado para nos buscar.

Eu me despedi das meninas e do Thiago e fui em direção a porta com o Leo e com a Fernanda.

– Tchau primo, vê se não espanta as outras garotas da festa.

– Tchau inglesinha , vê se não fica acordada a noite inteira pensando no...

– ATÉ VOCÊ?!

– Priminha, não sou cego e muito menos surdo.

Eu e Fernanda saímos da festa e entramos no elevador.

– Não sei porque você falou esse negócio de "espantar" , seu primo é um gatinho.

Fiz cara de nojo. Quando saímos do elevador e entramos no carro, finalmente ela perguntou como se estivesse esperando que ficássemos sozinhas.

– Conta tudo do Thiago!

Não falei nada, apenas fiquei olhando para a janela pensando nele. Não tinha palavras para explicar o que eu sentia. Alívio por ele ter se lembrado de mim durante cinco meses. Alegria porque ele continuava o mesmo menino de antes, ou ânimo porque voltaríamos a estudar juntos.

Me senti tão estupidamente apaixonada. Não sou do tipo que se apaixona facilmente, mas o Thiago sempre foi atencioso comigo e me fazia sentir bem comigo mesma. Depois de todos esses meses que passamos separados, quando nos vimos novamente foi como se todos os sentimentos por ele voltassem.

Quando chegamos, nos despedimos. Subi para o apartamento, provavelmente minha mãe já estava dormindo, deitei na cama com a poesia dele ainda na cabeceira. Abracei ela e fui dormir. Querendo acordar 3 dias depois.