Everlong escrita por Larissa Irassochio


Capítulo 17
Capítulo 17 - Diário de Kyro


Notas iniciais do capítulo

Estamos no finalzinho já :c



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Kyro estava na proa do navio. Seus braços cruzados sobre a ponta e seu rosto encima, encarava o horizonte a sua frente. Conhecia lugares que ninguém nunca tinha visto, povos com costumes diferentes e reinos que nunca imaginou.
O mar tinha a cor de um azul celestial e o céu em tons de laranja. Estava amanhecendo e ele nem tinha ido dormir ainda, tudo a sua volta lembrava a ela.
Talvez, com toda a certeza, ele sentia falta dela. Quase todas as noites ele sonhava, os sonhos eram sempre sobre ela. Ainda lembrava dos olhos grandes e calmos, eram como lírios no meio de espinhos. O cabelo cor de fogo rebelde era o que mais atormentava-o. Mal conseguia dormir com os pesadelos que ele o lembrava: engolido pelas chamas de cachos. Tudo se tornou mais díficil depois que eles se separaram.
Madley tinha se tornado tudo que ele tinha, tudo o que ele queria, mas agora, ele era apenas um poço de vazio. Era apenas o Kyro novamente.
Um Kyro diferente, seu cabelo começava a escurecer. A raíz que antes era branca como a neve agora tinha a tonalidade de uma avelã. Ele não entendia o porque de isso estar acontecendo, talvez, fosse o fato de ele desistir de ser rei. Kyro apenas queria continuar navegando pelos mares, esquecer toda a vida que teve.

* * *

Quando a guerra acabou, tudo o que me sobrou foram o meu reino e Madley.
Meu reino estava destruído assim como meu amor.
Eu não tinha dúvidas que a amava, ela era minha maior fortuna. Ela era minha fonte de felicidade. Era tudo, mas nós não podiamos continuar juntos. Era proibido, extremamente proibido. Estava escrito no livro dos ancestrais: "Nenhum reino poderá se juntar ao outro, o casamento entre os povos deve ser exterminado com morte". Eu nunca suportaria ver ela morrer, sofrer por minha causa.

Madley estava deitada sobre a cama, um fino cobertor a cobria. Seu rosto tinha pequenos machucados, suas mãos também. Ela tinha hematomas por todo o corpo, porém, o seu rosto era calmo.
Por um breve momento, entrei em pânico: e se ela estivesse morta? Mas minha dúvida acabou logo após perceber que seu peito tinha movimento. Ela apenas estava descansando de verdade pela primeira vez em dois anos.
Toquei a bochecha branca dela com meu polegar. Minha outra mão segurava a dela. Seria meus últimos momentos de amor com ela. Eu já estava decidido.
Quando Madley acordou, os poucos empregados que estavam no castelo saíram anunciando para todos que estavam em seus caminhos. Minha maior vontade era de vê-la e abraça-la. Chris exibia um longo sorriso de dentes desalinhados, ele deixava claro para todos que estava tão feliz em ver a rainha acordada que eu já tinha entendido o que ele sentia.
Ela já tinha encontrado alguém que a fazeria se sentir melhor quando eu a deixasse.

Eu passava todas as noites no quarto dela e a observava dormir. Era importante ver ela calma, dormindo em paz. Eu iria sentir falta daquilo, de tudo nela. Era quase impossível negar que eu seria vazio.
Quando Madley apareceu no salão de jantar com um sorriso no rosto, minhas pernas bambearam. Eu já sabia que seria eu que teria que dar a notícia. Ela me seguiu arrastando o vestido, eu podia ver que ela usava botas ao invés de sapatilhas. Sentou-se no sofá e eu sobre o para-peito. Meu estomâgo vazio revirava. Quando terminei de explicar sobre Charlie, tirei o papel do bolso e com as mãos tremendo entreguei para Mad. Ela leu calmamente e me devolveu o papel, seguiu em passos lentos e uma expressão de calmaria até o quarto.
Eu apenas fiquei a observar. Seria errado eu tentar consolar ela. Senti a confusão dentro de mim, corri até a porta da sala de música e travei. A ânsia me subiu a garganta, corri até a janela e nada saiu. As lágrimas caíram como um peso e tudo no meu corpo parecia doer. Sentei no canto da sala e fechei os olhos.
Acordei e percebi que já estava atrasado para o crematório. Mordi os lábios agoniado ao ter que ver Madley, bati o punho com força no piano.

Madley apareceu para o crematório. Os olhos inchados e as vestes pretas não a favoreciam, o olhar que ela pousou sobre mim também não. Ela não aguentou ver o corpo de Charlie queimar e se agarrou em mim com força. Eu queria muito ter abraçado ela, ter dado o devido carinho, mas não pude.

Passado mais alguns dias decidi que Madley não teria pensamentos suicidas, assim, decidi partir para minha viagem. Acordei cedo naquela manhã e deixei todas as minhas coisas em um cavalo, segui para a cabana de Richard e esperei que Madley chegasse. Todos os dias de manhã, sem se importar com o clima ela seguia o mesmo caminho. Ela chegou cedo e não soube reagir ao me ver ali, já esperava isso. Mad fez chá mas eu não conseguia bebe-lo, não conseguia comer nada.
Eu, simplesmente, falei, falei, falei. Quando terminei eu não consegui aguentar, beijei a testa dela mesmo isso fazendo eu me conromper.

A saudade dela é a minha maior dor, não me sinto assim nem com o meu reino. Nem o mais belo mar ou a mais bela nova terra que conhecerei irá suprimir essa tristeza.

Amor é a maior destruição do ser humano.


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