O Vampiro Mora Ao Lado escrita por Karina A de Souza


Capítulo 1
O Vizinho


Notas iniciais do capítulo

Hey, olá!



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Eu achava que era só paranoia, mas aquele cara realmente era assustador, e me encarava como se quisesse me matar. De quem estou falando? Do meu mais novo vizinho, um rapaz chamado Damon Salvatore.
Ele era assustador. Lindo, mas assustador. Todas as garotas da cidade gostavam dele, mas eu não. Ele me dava arrepios, não de um jeito bom! Tinha algo errado com ele.

Eu cuidava do nosso jardim, naquele dia, sentada no chão. Estava divertido, até ele chegar.  Estacionou o carro e desceu. Eu podia senti-lo olhando pra mim, mas disfarcei. Infelizmente, a curiosidade foi maior e eu olhei pra ele.

O olhar era claro: "Ou toma cuidado,ou te mato,garota". Não era coisa da minha cabeça! Ele realmente me olhava assim. Oh, meu Deus, e se ele for um serial killer que está fugindo da polícia? Deus me livre!

Mas qual era a dele, afinal? Eu nunca lhe fiz nada!

Naquela noite, fiquei vendo um filme de terror, porque não conseguia dormir (como se ver aquilo fosse me acalmar!). O filme se chamava A Hora do Espanto. E, droga, aquilo me parecia familiar: um vizinho estranho, coisas estranhas...

Aquele cara é vampiro!

—Ah, meu Deus, meu Deus, meu Deus, meu Deus. -Sussurrei. -Não. É. Possível. Ah, merda! É possível sim!

Mas eu tinha uma dúvida: como raios ele saía no sol? Vampiros não curtem sol... O sol mata vampiros... Tinha que ter alguma coisa que impedia que ele queimasse. Mas o que?

Corri para o quarto, pegando meu Notebook e entrando na Internet.

Eu estava na página de pesquisa, mas esqueci o que tinha ido fazer ali.

—O que eu estava procurando mesmo?-Murmurei, batendo com a mão na cabeça. -Droga,  eu sou uma besta. Ah, tá, tá.

Não lembro as palavras que usei na barra de pesquisa do Google, mas encontrei o resultado pouco tempo: Lápis-Lazúli. Então era isso? Fechei os olhos e tentei me lembrar da tarde em que esbarrei em Damon.

Tinha sido um acidente. Eu estava andando depressa, então esbarrei nele. Me afastei, pedindo desculpas sem parar. Ele apenas sorriu e passou a mão no cabelo. Congelei a imagem mentalmente, ali estava... O anel esquisito.

Oh, okay, ele é um vampiro. E agora?

Me levantei e cheguei perto da janela. Damon tinha chegado, com uma garota ruiva. Eles saíram do carro e começaram a se agarrar ali mesmo.

Logo, eles entraram na casa, mas do meu quarto, eu tinha uma visão mais ou menos boa da sala da casa ao lado. Infelizmente,eles saíram da minha linha de visão, e as luzes apagaram. A garota gritou.

Me afastei da janela, chocada.

—Meu Deus,diga que ela não está morta. -Pedi, abrindo a janela e colocando a cabeça pra fora. -Me diz que ela só gritou, pois viu o que não devia. Ai, senhor... Ele matou ela!?

***

Eu estava sentada na sala, quando começou o jornal local. A primeira notícia foi de uma garota que fora encontrada morta no rio. Parece que deram uma pancada na cabeça dela, então a jogaram lá. A foto dela apareceu na tela. Gritei. Era a ruiva. Damon tinha matado ela! E agora?

Fiquei andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Aquele... Vampiro psicopata!  Peguei minha bicicleta e pedalei até a delegacia. O delegado Shan (um cara de vinte e dois anos, super gatinho) me atendeu.

—Eu soube sobre a garota que encontraram no rio.

—Quer me contar alguma coisa, Amy?-Ele perguntou, se inclinando na minha direção. Me mexi desconfortavelmente na cadeira.

—Hã... Eu... Eu a vi na casa do meu vizinho, na noite da morte dela. Pode não parecer muito, mas eu a escutei gritando.

—Tem certeza de que era ela?

—Tenho. -Ele respirou fundo.

—Tudo bem, eu vou investigar. Obrigado pela colaboração.

Fui pra casa o mais rápido possível, querendo roer as unhas. Passei pela casa de Damon, ele estava do lado de fora, e de novo me lançou aquele olhar ameaçador. Entrei em casa e tranquei a porta.

Não, não moro sozinha. Meu pai morreu faz dois anos e minha mãe é enfermeira, ela passa o dia todo fora de casa, não tenho irmãos e... Nem um cachorro. Se bem que eu queria ter um. Aff, do que estou falando? Meu vizinho é um vampiro psicopata e pode me matar.

Subi até o meu quarto e espiei pela janela, o delegado estava falando com Damon. Não consegui ouvir nada do que eles conversavam, mas acho que no mínimo Shan devia estar perguntando o que Damon fez na noite do assassinato de Milah. Depois que Shan foi embora, o vampiro olhou diretamente na minha direção. Recuei. Ele tinha me visto.

Batidas na porta me fizeram pular de susto. Desci lentamente as escadas e abri a porta. Era  Damon. Gritei e me afastei da porta. Pelo menos ele não podia entrar sem ser convidado, não é?

—Sou só eu, Amy. -Ele disse, sorrindo amigavelmente.

—O-oi. O q-que você quer?-Droga, gaguejei.

—Gostaria que parasse de inventar coisas.

—Que?

—Você acha que me viu com Milah. Mas você se enganou, não foi?-Desviei o olhar, não podia olhá-lo nos olhos.

—Talvez. -Era melhor mentir. -Eu... Devo ter confundido mesmo.

—Isso. Ótimo. Agora pare de me espionar, tudo bem?

—Eu não estava.. Foi sem querer.

—Assim espero. Tenha um bom dia, Amy.

—Obrigada. -Ele se afastou e eu fechei a porta, desesperada.

Acho que ele estava desconfiando que eu sabia sobre o que ele era. Droga, acho que estou encrencada.

Ainda naquela noite, eu estava na janela, esperando qualquer deslize de Damon. Eu tinha que ter certeza absoluta de que ele era um vampiro.

Consegui minha prova meia hora depois.

Dessa vez, Damon estava com uma garota loira. Eu vi quando ele a mordeu, e sabia que ela só não tinha gritado, pois estava com a boca coberta pelo maldito vampiro. Dessa vez, eu gritei.

Damon olhou na direção da minha janela, mas eu me afastei antes.

Okay, agora eu tenho certeza. Mas o que raios que eu vou fazer?

No dia seguinte eu fui até a biblioteca, passei a tarde toda lá, vendo alguns livros velhos de vampiros, com informações que pareciam úteis. Quando fui ver, já passava das nove da noite. Como era sexta feira, minha mãe chegava oito e meia em ponto. Ela já devia ter chegado.

Peguei minha bicicleta e comecei a pedalar, mervosa. Mão queria estar fora de casa naquele horário, estava escuro. Vampiros costumam atacar nessa hora. Se bem que era capaz de eles atacarem em qualquer hora, caso tivessem anéizinhos mágicos. 

Ouvi um barulho e olhei por cima do ombro, era apenas um gato. Suspirei. Que sorte. Olhei pra frente e gritei. Damon agarrou os guidões da bicicleta e olhou pra mim, como se nada estivesse acontecendo.

—O que eu disse sobre me espionar, querida Amy?

—Eu não fiz de propósito. -Menti. -Não fiz.

—Acha que eu sou idiota?-Não, acho que você é um vampiro psicopata, só isso.

—N-n-não.

—Que bom. Saiba que se fizer de novo... Coisas ruins podem acontecer, sabia?

—Tipo o que?

—Não precisa saber se você se comportar. Ouviu?

—S-sim. -Ele sorriu. Me perguntei onde estavam as presas. Mas então percebi que não queria saber.

—Agora vá pra casa, sua adorável mãe deve estar te esperando.

Ele soltou a bicicleta e se afastou. Eu comecei a pedalar o mais rápido possível, morrendo de medo de ser atacada pelas costas. Por sorte, nada aconteceu.

Minha mãe não entendeu porque eu estava pálida e assustada quando cheguei em casa, nem quando eu disse que não estava com fome.

Eu tive pesadelos o resto da semana, com Damon me mordendo. Okay, isso não era nada bom. Eu não devia ter me metido nisso. Mas, tinha que fazer alguma coisa.

No sábado, ele saiu de casa, e aparentemente demoraria pra voltar. Eu aproveitei que naquela noite minha mãe estava na casa de uma amiga, e pulei a cerca baixa que separava a minha casa da de Damon.

Entrei na casa dele por uma janela aberta nos fundos. Liguei a lanterna e me obriguei a procurar algo suspeito. Tinha que fazer alguém acreditar em mim, mas minha experiência (vendo filmes de terror) me dizia que ninguém ia acreditar.

Comecei pelo primeiro andar, porém não encontrei nada. Ia subir as escadas, quando faróis de um carro me assustaram. Dei um pulo e apaguei a lanterna..Correndo, e tentando não fazer barulho, eu pulei a janela e corri pra casa, bem na hora em que Damon entrava na dele.

Faltou bem pouco para eu ser pega.

***

No dia seguinte,eu cheguei da escola morta de fome. Tinha um cheiro ótimo vindo da cozinha, o que indicava que minha mãe estava em casa. Que milagre!

—Mãe, o que você está fazen... -Congelei na porta da cozinha. Eu vou morrer. Como minha mãe pode? Sentado à mesa, como se fosse da família... Damon. Oh. Meu. Deus.

—Ah, oi, Amy. -Mamãe disse. -Cheguei mais cedo e decidi fazer um bolo de milho. Sei que você gosta.

—O que ele está fazendo aqui?

—Damon me ajudou com as sacolas de compras. Eu estava derrubando tudo!-Ela riu. -É um rapaz adorável.

—Ah. -O vampiro estava olhando pra mim. Ele não ia me matar com a minha mãe ali, ia?-Que coisa.

—Já estou de saída. -Damon disse, levantando.

—Já?-Mamãe perguntou. -Por que não fica mais um pouco?-Pera aí, ela tá dando mole pra esse cara?

—Tenho algumas coisas pra fazer.

—Tudo bem. E obrigada de novo pela ajuda.

—Foi um prazer.

—Amy, leve-o até a porta. -Contanto que ele nunca mais volte aqui... Beleza.

Fiz o que ela disse, sendo seguida de perto. Damon passou por mim e se virou pra me olhar.

—Sua mãe é muito gentil.

—O que quer com ela?-Perguntei. -Deixe-a em paz.

—Eu ainda não fiz nada, Amy. Ainda.-Então foi embora. Fechei a porta e voltei pra cozinha.

—Você pirou, mãe?

—O que?-Ela perguntou, confusa.

—Você nem conhece esse cara e está colocando ele pra dentro da nossa casa. -Ela me olhou como se eu tivesse dito que eu a odiava.

—Amy, eu só aceitei a ajuda dele.

—Deixou ele entrar aqui! Ele... É perigoso.

—Perigoso?

—É! Ele... Eu vi ele com aquela garota que encontraram morta no rio.

Alguns dias atrás, disseram que encontraram a loira, que vi com Damon, com o pescoço quebrado. Na TV, deu que foi porque ela caiu da escada na casa dela. Mas eu sabia que não tinha sido isso. Tinha sido aquele psicopata.

—Ah, jura? Eu conversei com ela um dia antes de sua morte. Sou suspeita também?

—Você não acredita em mim!-Gritei. -Ele é perigoso! Acredite em mim!-Ela cruzou os braços e fez cara de séria.

—Damon me contou que você entrou na casa dele.

O que?

—O que deu em você, dona Amy? Eu não te eduquei assim. Está usando drogas?

—Tudo bem, acredite nele. Ouça ele. Mas aquele cara não é confiável. É só o que posso dizer.

***

Estava chovendo muito. Eu estava na sala, lendo um livro (sem vampiros), quando escutei alguma coisa arranhar a porta dos fundos. Me levantei e fui até lá. Abri a porta e suspirei,  aliviada.
 –Ah, é você, Billy.

Billy era um dos noventa e sete gatos da senhora Garnner, uma mulher viúva de setenta e cinco anos. Ela era gentil e legal, e por sorte, Damon não parecia interessado nela.

Coloquei o pobre gatinho branco para dentro e peguei uma tigela com leite, deixando-a no chão.

—Beba, fofinho. Depois pode voltar pra casa.

Me virei e fui pra sala. A luz piscou duas vezes e apagou. Congelei. Conseguia sentir alguém ali, e não era o pobre Billy. Houve um raio, então eu pude ver com clareza que havia alguém na minha frente. Damon.
Gritei e tentei correr pra cozinha, mas ele foi mais rápido, me puxando pra trás.

—Hora do nosso acerto de contas. -Ele sussurrou. Desmaiei.

***
Meu quarto estava todo iluminado por velas. Eu estava tonta e não conseguia levantar, minha cabeça estava pesada. O que tinha acontecido?

Damon saiu das sombras e sorriu.

—Não é uma bela noite para morrer?

—Por favor, vá embora. -Sussurrei. -Por favor.

—Você podia ter escapado. -Ele se abaixou perto da cama. -Se ficasse quieta, eu nunca teria olhado pra você. Mas é uma garotinha curiosa e desconfiada.

—Eu...eu...

—Devia ter ficado fora do meu caminho...

Alguns barulhos na porta principal fizeram Damon calar a boca. Era minha mãe. Ele se levantou e saiu pela janela. Eu podia ouvir minha mãe me chamando, mas não conseguia responder.
 Ele ia me matar. Faltou muito pouco.

—Amy? Amy, querida, você está aí? Amy!?-Saí do quarto, lentamente. -Responda quando eu te chamar,menina.

—Desculpe. -Consegui sussurrar.

—O que você tem?

—Nada. Só me assustei.

—Ah. Eu vim pegar uma muda de roupa. Vou ficar no hospital até amanhã de manhã.

—O que?

—Estou indo. -Ela entrou no quarto, pegou uma bolsa, e saiu.

—Mãe, espera, não me deixa aqui. Mãe!-A porta principal fechou. Eu pude ouvir o carro se afastar.

Eu estava morta.

Me sentei no chão, encostando as costas na parede, chorando. A luz voltou.

—Que mãe exemplar. -Damon zombou, sentando ao meu lado. -E pensar que você quase escapou.

—Por favor,Não... Por favor...

—Você é tão jovem, Amy. Ia fazer dezesseis anos semana que vem. Ia.

—Por favor, Damon, por favor...

—Que pena. Feliz aniversário adiantado. -Beijou meu rosto. Surpresa, eu não consegui me mover. Estava chocada. Então ele sorriu e moveu os lábios pro meu pescoço. Meu choro aumentou.

—Não, não...

Eu não gritei quando as presas perfuraram meu pescoço. Apenas fechei os olhos. Conseguia me lembrar de detalhes aparentemente bobos da minha vida.

Eu não queria morrer, acho que ninguém queria.

Damon me soltou, me deitando no chão, que agora parecia muito frio.

—Não me deixe morrer. -Sussurrei.Damon sorriu ainda mais, o rosto sujo de sangue. Meu sangue. 

—É exatamente o que eu vou fazer, doce Amy.

 

(TERCEIRA PESSOA)

 

Amy foi encontrada morta, pela mãe, no dia seguinte. Angela não conseguia entender o que tinha acontecido, e não parava de se culpar. Se ela não tivesse saído, talvez a filha estivesse viva.

Billy, o gato da senhora Garnner, viu toda a ação, escondido, e parecia estranho. Não deixava ninguém tocar nele. Damon tinha o chutado, quando o gatinho veio pra cima dele.

Ninguém conseguia explicar o que tinha acontecido com Amy. Por que ela estava sem sangue algum no corpo? Era um mistério. O mesmo sobre o sumiço do vizinho dela. Não havia nada na casa, nem sinal de onde ele podia estar.

***

—Vamos, querida, mão deixe nada cair. -A mulher pediu, vendo a filha lutando com as compras.

—Está pesado, mãe!

—Eu ajudo. -Alguém disse, pegando uma das sacolas,antes que caísse no chão. A menina olhou pra cima, vendo um rapaz alto, e muito bonito.

—Obrigada. -A mãe da menina pediu. -Sou Ana.

—Meu nome é Damon. Sou o novo vizinho de vocês.

—Ah, você que se mudou. -Ela sorriu. -É um prazer conhecê-lo. Vamos, Julie, vamos guardar as compras.

Ana pegou a sacola das mãos de Damon, e entrou na casa. Julie olhou pra ele, desconfiada. O vampiro se perguntou se ela seria uma outra Amy, mas a menina sorriu, encantada, então entrou em casa e fechou a porta.

Damon sorriu.

De longe, a fantasma de Amy balançou a cabeça negativamente, mas parecia satisfeita. Enquanto aquela loirinha boba permanecesse daquele jeito, estaria em segurança.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado :) Me digam o que acharam, okay? Bjs! ♥
Edit (07/11/2020): Eu não lembro por que decidi fazer Damon ser tão mal... Oh, talvez por que ele nem sempre tenha sido o mocinho. Acho que faz sentido, afinal. Mas preciso admitir, eu era muito exagerada kkkk



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