Speak escrita por Ster


Capítulo 12
The Potters


Notas iniciais do capítulo

O tãããão prometido capítulo de núcleo familiar!

Espero que gostem.



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11

THE POTTERS

Gina se recordava muito bem de quando James e Alvo eram pequenos. Eram duas lindas pestinhas que bagunçavam a casa. Ela sentia que os amava tanto que chegava a sufocar, mas ela não se esquecia de quando Alvo e James decidiam desafiá-la, falando o mais alto que conseguiam, batendo coisas ou as quebrando, subindo e pulando de coisas, puxando o cabelo da pobre Lily ou enfiando a cara de Alvo dentro de árvores.

Ela se lembra claramente do delírio que teve no dia em que eles estavam insuportáveis, Alvo aumentando e abaixando o som, Lily aos berros, James pendurado na escada, quase a quebrando. E Gina observava aquilo com ânsia de vômito, olhando suas roupas sujas e o desespero gritante em seu peito e em um espasmo, ela se viu quebrando tudo, berrando com eles com todas as suas forças e se matando em seguida.

Ginevra ficou tão apavorada com aquela visão que até mesmo foi ao médico no dia seguinte. Ela não tinha a mesma habilidade da mãe em conseguir controlar todos eles ao mesmo tempo. James era extremamente manipulador e violento, ela sentia e sabia que ele não fazia as coisas inocentemente e sim para ver até que ponto ela suportaria seu joguinho psicológico. Alvo era mais fácil de lidar, porém dava problemas indiretamente quando deixou James grudar mais de dez chicletes em sua cabeça. Já Lily não se deixava abater e conseguia ser pior que os dois juntos, o que levava a pobre Gina a loucura.

Mas Hermione era a deusa da veneração de Gina. Ela fazia o possível para entender como ela conseguia controlar Hugo e Rose, apesar dos dois não serem nem metade dos demônios que que chama de filhos. Harry também havia, junto com ela, perdido o controle de seus filhos, e agora que estavam grandes, o quadro apenas piorou: James virou algo que eles jamais imaginariam, com sérios problemas de raiva, impulsivo e inconsequente, levando toda a família a loucura. Alvo parecia ter se salvado, mas era o típico adolescente dramático, irônico que odeia o mundo e os pais. E Lílian... Bem, Lílian parecia ter herdado a personalidade imbecil do irmão de Gina. Às vezes ela se auto dava um tapa na cara, se reprimindo de pensar aquelas coisas das pessoas que mais ama no mundo, mas a verdade era maior que ela podia fingir.

– Lílian! – repreendeu Gina, arregalando os olhos.

– Foi o James! – o garoto ainda acariciava seu braço socado.

– Você vai acabar em um pornô lésbico, sua caminhoneira! – xingou ele, com lágrimas nos olhos. Alvo começou a rir quando Harry fez um “shhhh” sonoro.

– Parem com isso! James, pare de chamar sua irmã de lésbica!

– E você é tão burro que vai acabar virando um mendigo pois nem tem capacidade de... AI! MÃE, JAMES ME BATEU!

– Parem com isso! – grunhiu Gina, beliscando os dois enquanto Lílian se esforçava para não chorar, tentando socar o irmão. Alvo rolou os olhos, bufando, ansiando para que sua avó o salvasse de sua família abrindo a porra da porta. Harry separou James e Lily quando a porta finalmente fora aberta por tia Hermione.

– Desculpem, está uma barulheira aqui que eu nem ouvi a porta. – desculpou-se ela, abraçando Alvo. Gina abraçou a amiga, já de cara fechada. – O que foi?

– James e Lílian! Não aguento mais! – exclamou ela, levantando a mão para os dois, Harry entrou na frente rapidamente, abraçando Hermione com um suspiro. As crianças abraçaram sua tia e saíram da porta, ainda se fitando ameaçadoramente. A casa estava mais do que lotada, com conversas altas abafando a música já no último volume. Os avós Weasley corriam de um lado para o outro tentando arrumar as coisas enquanto os pais conversavam entre si.

– Hugo, venha aqui e mostre a Harry seu truque! – berrou Rony, apertando o ombro de Harry. – Você precisa ver! Sai água dos ouvidos dele!

No jardim, situava-se a maioria dos adolescentes. Os primos conversavam entre si ou apenas mexiam em seus respectivos celulares, conferindo vídeos e posts interessantes. Já no último andar, no antigo quarto de Gina, ela ouvia toda a história que Hermione parecia ter repetido mil vezes, analisando a frustração na pobre Rose, que apenas roía suas unhas, fitando seus sapatos.

– Estou pensando seriamente em tirar Rose de Hogwarts. – anunciou Hermione. – É um absurdo. A gestão do colégio está deplorável! Não está garantindo uma ótima educação para minha filha e ainda deixa ela ser alvo de ridicularização! No primeiro dia de Janeiro eu vou buscar a transferência dela!

– Mãe! – implorou Rose com os olhos aquosos. – Eu não quero sair da escola!

– Não importa, Rose! – estrilou Hermione, ainda com as mãos na cintura. Gina analisou o conjuto executivo de Hermione, sem nenhum defeito, assim como seu coque muito bem feito, e sentiu arrepios, olhando suas próprias unhas mal feitas. – Hogwarts está falida!!!

– Hermione, como você é insuportável. – começou Gina, girando os olhos. Rose segurou o riso, controlando-se sob o olhar raivoso da mãe, mas levando uma piscadela da tia. – Você sofreu bullying e nem por isso quis sair de Hogwarts. Isso passa. Só te deixou mais forte, não é? Então porque...

– Por que? – indagou Hermione, perdendo o controle. – Por que eu quero proteger a minha filha desse tipo de gente? Deve ser porque eu sei o quão horrível é!

– Rose, o que falaram de você? – questionou Gina.

– SIRIRIQUEIRAAAAAAAAAAAAA! – alguém berrou do jardim a resposta de Rose. Hermione abriu a janela e grudou seus olhos em James Potter, gargalhando com os primos.

– VOCÊ TENHA RESPEITO, JAMES, POIS EU NÃO SOU SEUS PAIS E NÃO VOU PASSAR A MÃO NA SUA CABEÇA CASO ME IRRITE! – retrucou Hermione, fechando a janela tão bruscamente sem seguida que o vidro quase despedaçou-se. Ela fechou os olhos, parecendo estar a ponto de um colapso.

– Rose, nos dê licença. – Pediu tia Gina, indo em direção da amiga que começou a chorar escandalosamente. Rose saiu do quarto das malucas quase as pressas, descendo as escadas da casa de seus avós. Sua mãe era tão exagerada! Deviam reforçar suas doses de calmante. Ela passou pelos convidados em direção do jardim, sentando-se perto de Lucy e sua irmã. Conferiu seu celular e mandou uma mensagem para Lorcan perguntando que horas chegaria.

– Que roupa é essa? – questionou James fechando a porta do antigo quarto de seu tio Jorge. Dominique continuou fuçando no computador, ignorando seu primo. James sentou-se na cama e pegou o pomo de ouro em seu bolso, brincando com ele. – Foi você quem grudou aqueles panfletos, não é?

– Sim. – admitiu ela sem parecer arrependida. James riu.

– Você é uma vaca. – gargalhou ele. – Por que não gosta da balofa?

– Porque eu detesto a mãe dela. – Dominique digitou algo e continuou passeando por páginas, sem realmente estar na conversa. O Potter colocou o pomo em seu bolso, observando as madeixas louras de sua prima.

– Apesar de não ligar, você sabe que foi maldade, certo? – Dominique fechou a internet, virando-se para James.

– Você se mete em uma briga por semana. Discute com professores, quebra regras, xinga seu próprio pai, que por acaso, é Harry Potter, e quer falar de maldade? – debochou Dominique, levantando-se. Ela tirou sua pulseira de ouro e desceu de seus saltos, andando em direção do primo. – Você é nojo.

– Eu sei. – sorriu ele. Dominique sentou-se em seu quadril, de frente para ele, avaliando seu rosto com um sorriso malicioso. – Mas, convenhamos, um lindo nojo, certo?

Eles riram antes de se beijar e a porta soltou um leve ruído. Os dois se separaram afobados mesmo percebendo que a porta continuava fechada. Dominique trancou a porta e respirou fundo, voltando para seu primo e o beijo.

Entretanto, do outro lado da porta, Violet estava de olhos arregalados e ainda com as malas pesadas nas mãos. Não acreditava no que tinha acabado de ver... Dominique era a namorada secreta de James! E ele era o tal “affair” dela! Eles eram um casal! O coração da Longbottom quase saiu pela boca enquanto ela empurrava as malas para um quarto qualquer antes que seu pai fosse perguntar o porque dela estar ali, no topo da escada, fitando a porta que nem uma idiota.

– Você é tão linda!!! – sorria Luna, enchendo a pequena Alice de beijos. Hannah sorria forçado ainda de braços cruzados. Neville sequer atrevia-se a sair do lado dela ou tocar Luna. – Fofa!

– Vai brincar com os outros, Alice! – falou Hannah quase arrancando a garotinha do colo da Scamander. – Luna, como vai seu... O que você faz mesmo?

– Eu e Rolf estamos fazendo uma pesquisa sobre...

– Aham. Ah, senhora Weasley! – sorriu Hannah, indo em direção de Molly. Luna apenas coçou sua cabeça, sorrindo para Neville, que retribuiu. – NEVILLE, VENHA AQUI!

No jardim, a grande atração estava sendo as piadas de Fred II, que roubou a atenção dos primos. Rose tomou mais um gole de seu suco e aspirou paciência, tentando não estrangular sua prima Lucy:

– Sabe Rose, uma vez, no Acampamento do Clube de Xadrez...

– Lucy, de verdade, ninguém quer saber. – cortou Lysander, ajeitando seus óculos. Rose sorriu para ele, sentindo pena da prima, que entrou dentro da casa novamente. Ele apenas riu, arregaçando suas mangas e ouvindo as piadas de Fred.

– Cadê seu irmão? – questionou Rose.

– Sei lá, deve estar com meu pai. – replicou Lysander. Lílian saiu da casa correndo e pulou no colo de Lysander, gritando coisas inteligíveis enquanto Rose analisava as janelas da grande casa, sem perceber e ao menos dar atenção ao terraço. Alvo jogou o cigarro longe assim que a porta fora aberta e segurou o sorriso ao ver Lorcan. O mesmo fechou a porta lentamente, aproximando-se.

– Feliz Natal.

– Feliz Natal. – retribuiu Alvo. Lá embaixo, Rose virou-se de costas para a porta aberta por James Potter, que correu pelo jardim feito um cachorro, animado. Sentou-se no colo de Roxanne e apontou para Rose, mascando seu chiclete.

– Já tocou uma hoje? – e ele simulou se masturbar, fazendo o jardim ficar em silêncio. Rose odiava James com todas as suas forças. Por algum motivo desconhecido, os dois não se davam bem desde que se conhecem. Quando bebês, brigavam por brinquedos, quando crianças, por brincadeiras. E agora, como adolescentes, por qualquer motivo. Rose o achava repugnante, arrogante, prepotente e tirano. James a achava chata, petulante, dramática e irritante. Os dois definitivamente não se gostavam.

– Já repetiu o ano ou ainda falta mais alguém para espancar? – retrucou ela, fazendo os primos vibrarem, observando a discussão. James apertou seus pulsos, não vendo Violet mancar pelo jardim, indo em direção do núcleo.

– Já comeu seu quarto almoço? – riu ele, fazendo os outros rirem também.

– Então você é isso, James? Só usa 50% do seu cérebro não é? Tanto que precisa falar do óbvio para me ofender pois não tem capacidade de pensar em algo melhor. – o jardim soltou um sonoro “uuuuuh”, fazendo James corar.

– Sabe por que você tem que tocar siririca, Rosinha? Porque ninguém quer te comer. Aliás, deve ser o maior sacrifício só pra achar a vagina nesse monte de carne! – gargalhou ele, definitivamente irritando Rose, que levantou-se de supetão. James fez o mesmo, indo em direção da prima. Os dois quase grudaram seus rostos, se fitando ameaçadoramente. – Você é feia, gorda e além de tudo é burra. E realmente quer ser melhor que eu? Um Potter?

Ela odiava quando ele falava seu sobrenome com tanto orgulho, tanto destaque. Rose cuspiu no rosto do primo. O jardim parecia ter entrado em colapso. Nem mesmo o vento se moveu enquanto James limpava seu rosto. Tudo se passou muito rápido quando ele empurrou Rose com tanta força que ela caiu, mas a tempo de segurar os braços de James, que tentavam alcança-la. A gritaria reinou quando os garotos tentavam tirar James de cima de Rose e os adultos corriam para o jardim, não se assustando com mais uma briga de James e Rose.

– JAMES! – gritou Gina. – JAMES, SAI DE CIMA DE ROSE AGORA!

– Chega! Chega dessa palhaçada! – Harry marchou até a confusão e empurrou seus sobrinhos para fora do caminho, agarrando James com toda as suas forças. O filho soltou-se de seu pai, borbulhando de raiva. Os olhos vermelhos, os punhos fechados, a respiração descontrolada e a forma como ele não conseguia ficar quieto. Rose chorava enquanto se levantava, xingando James. – Chega!

– EU ODEIO VOCÊ! – berrou Rose.

– Ele não bateu nela, papai, ele... – começou Lily, tentando falar por cima de todos os primos que relatavam os acontecimentos.

– CALA A BOCA, LÍLIAN! – berrou Gina, indo em direção do filho, entretanto Harry a parou, com as mãos trêmulas.

– Vai me bater, papai? – debochou James. Harry não acreditava no que estava ouvindo. Fitou o rosto do filho, que continuou o provocando. – Anda, educa seu filhinho! Afinal, ele nunca vai nem pisar no chão que você pisou, não é? Ooooh, grande Harry Potter, salvador de tod...

James não conseguiu terminar de falar antes de seu pai enfiar o punho em sua boca. O velho Harry Potter balançou seu punho levemente e ajeitou os óculos, ignorando os olhos aquosos da filha e mulher, caminhando lentamente em direção d’A Toca, passando por seus familiares chocados, e continuou ignorando os berros de James, o xingando. Assim que fechara a porta do banheiro, ele pode ouvir a barulheira do lado de fora do jardim. Harry tocou a pia e fitou-se no espelho, tremendo. Tirou os óculos.

O Menino Que Sobreviveu chorou.

THE SOUNDS OF SILENCE – EMILIANA TORRINI


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Notas finais do capítulo

Outra coisa que eu vejo muito são famílias perfeitas no mundo de Harry Potter.

Onde não há inveja (vamos ignorar o Rony), ciúmes (novamente vamos ignorá-lo) e nem brigas (VAMOS IGNORAR ELE MESMO). Eu acho ridículo, de verdade. CLARO que eu não acredito que as coisas sejam na intensidade que eu escrevo aqui, a ponto em que Harry tem que socar o próprio filho pra ver se ele toma vergonha na cara, mas eu acho que tem brigas sim!

Há sempre aquele filho que por algum motivo simplesmente despreza o pai ou a mãe por eles serem bem sucedidos. Talvez por estar na sombra deles, por não terem um nome e serem apenas "o filho(a) de Harry e Gina Potter". Eu sempre penso em como deve ser a vida de alguém que é filho de um herói. Até parece que o filho vai ser bonzinho e todo bonitinho e tal.

A preocupação obsessiva, sufocante dos pais (Hermione), a descontração deliciosa dos mesmos (Rony), a liberdade (Gina), e a falta de atenção, e as coisas ruins de uma paternidade que nós veremos no capítulo de ano novo, The Malfoys, ai que delicia de nome caraaaaaaaaaaaaa, mal posso esperar!!!

***Ahhhh, e meu projeto inicial de James era uma cópia de Chuck Bass onde ele seria apenas metidinho, gastando belamente a fortuna de seu pai, jogando notas de cem na cara das pessoas e falando "I'm James Potter" HAHAHAHAHAHAHAHA Mas é impossível, eu não consegui copiar, QUE DROGA! Mas é uma boa ideia hein gente.



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