O legado da lua escrita por Diane Cooper


Capítulo 2
I — Desafio




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Rin acordou com Kaede lhe chamando, a garota se surpreendeu ao notar que havia dormido com a mesma roupa que chegara de sua missão. Precisava de um banho!

— Você está acordada? — a velha Kaede perguntou entrando em seu quarto.

— Sim... — a garota sentou-se, coçando os olhos enquanto se acostumava com a claridade, já era dia.

— Você apagou do jeito que chegou... — a mais velha falou — Feliz aniversário. — falou aproximando-se da garota e a abraçando, logo lhe entregando uma caixinha.

— Não precisava disso... — a garota falou sorrindo, logo abrindo a caixinha e vendo um laço para o cabelo, simplesmente muito fofo. — Obrigada. — agradeceu sincera, guardando o laço na caixinha novamente.

— É claro que precisava, agora vamos! Você precisa tomar um banho e se arrumar. Logo as pessoas começarão a chegar aqui! — Kaede falou empolgada, mais enérgica do que sua idade permitia.

— Sim! — a garota falou alegre. Logo ela já estava devidamente vestida com um quimono rosa-claro, os cabelos soltos com apenas duas mechas presas atrás com o laço que Kaede havia lhe dado. Devia estar próximo do meio-dia e a garota andava alegremente pelo vilarejo, recebendo vários “parabéns” e “feliz aniversário”.

— Rin-chan! — ouviu uma voz conhecida lhe chamar, era Kohaku. O rapaz tinha um sorriso no rosto, um belo sorriso no rosto. Kohaku também havia mudado bastante com o tempo, estava alto, os músculos estavam bem definidos — pelo seu trabalho como caçador — havia se tornado um homem realmente atraente. Na verdade por onde passava Kohaku sempre atraía os olhares das moças, e de seus pais. Afinal quem não deseja um talentoso caçador de youkais como genro? — Feliz aniversário. — falou já próximo a garota, lhe estendendo um pequeno embrulho.

— Obrigada. — a garota falou um tanto sem graça, pegando o pacote — Kohaku-kun... Que linda... — murmurou encantada com a pulseira que ganhara, devia ter custado uma fortuna! — Isso realmente não era necessário e...

— Claro que era. — falou, pegando a pulseira da mão da garota e pedindo seu pulso — Pessoas especiais merecem presentes especiais. — completou, colocando a pulseira na menina, que abaixou a cabeça para disfarçar o rubor em seu rosto. Logo se ouviu uma explosão, ambos olharam e viram que vinha do extremo oposto do vilarejo, seus olhares se cruzaram brevemente antes de cada um disparar para sua casa, a fim de pegar suas armas. Kohaku foi o primeiro a chegar ao local, onde os aldeões se dispersavam e alguns lançavam algumas flechas contra o youkai que atacava, porém todas eram inúteis diante do nível do mostro. O caçador lançou sua foice antes que o gigante de um olho só pegasse uma moça, as correntes se enrolaram no pulso do youkai e ele pôde puxá-lo. O monstro perdeu o equilíbrio, quase caindo no chão, mas logo foi contra o caçador que já estava preparado. Com um salto desviou do soco que causou um imenso buraco no chão, e momentos depois estava nas costas do youkai. Porém, antes que pudesse desferir um golpe fatal, fora atingido por algo que não identificou, vendo um youkai em cima de uma árvore. Este parecia um humano comum, a não sei pelos cabelos e a mão em chamas. Não demorou para que o youkai desaparecesse e reaparecesse na sua frente, porém antes que pudesse lhe ferir uma flecha rodeada de energia quase acertou a cabeça do youkai, que desviou dando um longo salto para trás.

— Kohaku-kun! — era Rin, já armada se seu arco e flechas.

— Eu estou bem. — o rapaz se levantou logo o youkai de um olho só caiu no chão jorrando sangue, estava sem o seu braço e um vulto branco voltava na direção de Rin. — Irmã! — Kohaku falou vendo Sango pegar o hiraikotsu, agora sujo com o sangue do youkai.

— Vamos cuidar logo disso, temos um aniversário para comemorar. — Sango falou olhando para Rin com um sorriso, e logo tornando a olhar os youkais seriamente.

— Nada disso é necessário. — o youkai das chamas disse — Vocês não precisam se ferir, nós no queremos a Rin-chan. — falou debochado, com um sorriso nos lábios.

— Como é? — Kohaku perguntou nitidamente irritado, já se posicionando para lutar. Sango aumentou sua guarda — pois estava ao lado de Rin — enquanto Rin preparava uma flecha.

— E eu posso saber o que vocês querem comigo? — a sacerdotisa perguntou firme.

— Apenas deixar aquele maldito príncipe quieto. — o youkai respondeu dando de ombros, Rin surpreendeu-se um pouco. Então o alvo era Sesshoumaru? O youkai avançou para a garota, que armou sua flecha contra ele enquanto Sango lhe lançava o hiraikotsu. Kohaku fez menção de ajuda-las, porém o outro youkai se colocou a sua frente. Rin atirou uma flecha contra o youkai que vinha em sua direção no momento em que ele desviava do hiraikotsu, a flecha atravessou seu ombro e a energia da sacerdotisa queimou o local, provocando um sangramento e uma dor maior do que o youkai imaginava, fazendo-o recuar.

— Tsc. Isso é irritante, garotinha. — ele falou tirando a flecha do ombro, olhando para o lado e tomando uma expressão séria quando notou que Kohaku havia matado o outro youkai e agora estava o cercando junto das garotas. — Eu não tenho tempo para isso. — falou disparando uma coluna de chamas em direção a Kohaku e avançava para Rin, o caçador lhe lançou a foice-corrente que se prendeu em sua perna, o detendo.

— Rin, cuidado! — Kohaku gritou ao ver outro youkai chegar por trás da menina, quantos haviam afinal? Sango lançou-se sobre a garota, derrubando ambas no chão e desviando do youkai.

— Que irritante. — ele falou friamente, sua pele era azulada e seus cabelos roxos, assim como seus olhos, que pareciam distantes. O youkai desferiu um golpe que a caçadora bloqueou com o hiraikotsu, fazendo-o grunhir. — Você é irritante. — falou e com um movimento da mão lançou a caçadora para o lado. — Meu único interesse é em você. — falou para Rin, e em um piscar de olhos estava diante da mesma.

— Bakusaiga! — uma voz ecoou distante, e uma forte energia afastou o youkai azulado, que agora tinha as sobrancelhas franzidas e emitia um baixo rosnado.

— Ora, ora. Veja quem resolveu aparecer. — falou com a voz fria, olhando para o dai youkai que agora se colocava a sua frente. Sesshoumaru olhou ligeiramente para Rin, constatando que ela estava bem.

— Afaste-se. — ele falou, ela ia retrucar, mas resolveu acatar e cuidar de Sango.

— Eu realmente não esperava te ver aqui, mas não tem problema. Levarei a garota na diante de seus olhos. — o youkai de pele azul falou — Eu sou Daiki. Lembre-se desse nome.

— Sesshoumaru-sama não precisa se lembrar do nome de um lixo feito você! — Jaken falou enquanto se soltava do manto de seu mestre, gesticulando com o bastão de duas cabeças para o outro youkai.

— Tsc. Você não falará nada? — ele falou antes de puxar a espada que havia em suas costas e avançar contra Sesshoumaru, que se preparou para defender enquanto Jaken se afastava correndo para não ser atingido. Sesshoumaru lutava sem esforço enquanto o outro youkai parecia se empenhar, o que deixava uma duvida sobre a diferença de poder. Não para Sesshoumaru, que sabia que havia um abismo entre ele e o lixo com quem lutava. Kohaku ainda lutava contra o youkai das chamas enquanto Rin agora estava com Sango, que tinha apenas um pequeno ferimento na cabeça.

— Sango! — Miroku chegou, abaixando-se perto da esposa — Droga. Sabia que estavam demorando demais. Você está bem? — perguntou.

— Estou. — ela respondeu com um sorriso, mas logo pareceu se lembrar de algo — Com quem você deixou as crianças? — perguntou irritada.

— Com a velha Kaede, e agora não é hora para isso. — ele respondeu com uma expressão conformada, sabendo que ela iria falar aquilo. Rin disfarçou uma risada, voltando sua atenção para a luta de Sesshoumaru, sendo acompanhada por Miroku e Sango. Mas voltaram sua atenção para a luta de Kohaku, que parecia ter alguns problemas com o youkai das chamas, pelo mesmo ser muito rápido. Rin levantou-se e correu na direção de ambos, parando a alguns metros de distancia, mirando uma flecha e aguardando, logo acertando bem na perna do youkai, o derrubando e dando a chance perfeita para Kohaku eliminá-lo.

— Belo tiro. — o caçador elogiou, puxando sua foice de volta após o golpe.

— Bela luta. — a garota sorriu, fazendo-o sorrir também.

Sesshoumaru continuava levando a luta, aquele tagarela estava prestes a lhe dar alguma informação sobre o mandante daquele ataque, e confirmar sua suspeita de que o mesmo estava ligado aos problemas relacionados ao seu clã.

— Vamos acabar com isso. — Daiki falou com um sorriso, logo concentrando uma energia negra em torno de si e lançando em direção a Sesshoumaru, que apenas bloqueou com sua bakusaiga. — Parece que está se esquecendo de algo. — Daiki falou com um sorriso, um dos raios ia em direção a Rin, porém o dai youkai sequer moveu seus olhos dourados na direção da garota, avançando contra Daiki e surpreendendo o mesmo.

— Rin!

— Rin-chan! — Sango e Kohaku gritaram ao notar que um dos raios negros estava prestes a acertar a jovem sacerdotisa, que acabou por fechar os olhos aguardando o impacto. Mas tudo que ouviu foi o som de um tapa.

— O que... — a menina murmurou abrindo os olhos, vendo uma mulher a sua frente. Usava um quimono preto que só tinha uma manga — a esquerda — e seus cabelos estavam presos em um elegante coque. Havia um grande laço vermelho em suas costas, cuja fita restante se estendia pelo chão ao redor da moça, e uma espada pendia em sua cintura, no lado esquerdo. Sua mão direita estava estendida para o lado e Rin pode notar que a mesma estava levemente avermelhada. Aquela mulher havia repelido aquele ataque com um tapa? Notou também que havia uma pequena youkai ao lado da mulher, devia ter o tamanho de Shippo, suas orelhinhas eram negras assim como os curtos cabelos e a calda, ela usava um quimono rosa.

— Francamente, dá pra você parar de enrolar e acabar com isso logo ou eu vou ter que ir aí fazer isso? — falou ríspida, olhando para Sesshoumaru.

— Cale a boca. — ele respondeu, olhando-a de canto. Foi a chance que Daiki encontrou para ataca-lo, porém antes que pudesse atingi-lo já estava com a bakusaiga atravessada em seu peito.

— Seu maldito... Estava apenas esperando. — Daiki tossiu — Você e seu miserável clã serão destruídos, meu mestre cuidará disso.

— Então você está mesmo relacionado a isso, hu... — Sesshoumaru resmungou, fazendo Daiki arregalar os olhos e abrir a boca para falar algo, mas antes disso o albino retirou sua espada, destruindo-o e logo dando um corte no ar para que o sangue saísse, embainhando-a logo após.

— Rin, você está bem? — Sango perguntou, aproximando-se junto de Kohaku e Miroku.

— Sim... — ela falou, desviando seus olhos de Sesshoumaru.

— Rin? — a mulher a sua frente perguntou, sua voz era suave — Então você é a protegida de Seshoumaru? — perguntou olhando para trás, chamando a atenção de todos. — Mas que menina fofa! — exclamou levando a mão direita a boca, abafando uma leve risada. Rin sentiu seu rosto arder, estava sendo elogiada por uma estranha, uma estranha incrivelmente linda. — Eu sou Mizura. — a youkai completou, apontando para o próprio rosto enquanto dava uma piscadela.

— Rin. — Sesshoumaru chamou, voltando a atenção de todos para ele. Logo a garota se pôs a correr em sua direção, como sempre.

— Sempre assim... — Kohaku murmurou para Miroku, que riu.

— Ele é como o pai dela... — o monge falou no mesmo tom baixo.

— Ele sequer olhou quando ela foi atacada... — o garoto falou. Então era disso que ele estava com raiva?

— Bem, me pareceu que ele sabia que aquela mulher iria interferir... — Miroku explicou, fazendo Kohaku olhar para a youkai — Eles parecem se conhecer.

— Talvez... — o mais novo resmungou.

— Obrigada! — a garota exclamou feliz enquanto abria o presente, atraindo a atenção de todos. Agora ela colocava um lindo colar com um pingente cristal. — É lindo.

— Quem diria, então foi para isso que você adiou a missão... — Mizura falou balançando a cabeça negativamente enquanto sorria — Quem iria imaginar. — concluiu em tom ligeiramente debochado, recebendo um olhar feio de Sesshoumaru.

— Missão? — Rin murmurou.

— Nada. — Sesshoumaru falou, deixando todos curiosos. Mizura riu.

— Erm.. Bem.. Sesshoumaru-sama... — Rin começou, atraindo a atenção do youkai — Eu pensei, digo, será que não poderia ficar um pouco mais hoje? Farão uma festa pelo meu aniversário...

— Eu vou embora antes da meia-noite. — ele decretou por fim, fazendo a garota festejar enquanto corria em direção aos amigos.

Eles andavam em direção à casa de Rin, Miroku e Sango foram pegar as crianças, então estavam apenas a sacerdotisa, o caçador e os dois dai youkais seguidos de seus servos. Os aldeões já estavam acostumados com a presença de Sesshoumaru, então apenas não o perturbavam. Já Mizura atraia muitos olhares curiosos.

— Vocês são namorados? — uma menininha de uns 6 anos perguntou para o youkai, que a olhou feio fazendo-a recuar dois passos.

— Não. — Jaken falou para a criança, e continuou a seguir seu mestre.

— Vou te contar um segredo... — Mizura falou aproximando-se da garotinha que estava um pouco amedrontada, mas logo a curiosidade falou mais alto e ela já estava perto de Mizura, que abaixara para falar com ela. Kohaku parou perto a youkai, desconfiado — Nenhuma garota quer namorar aquele cara. — ela falou, recebendo um olhar mortal de Sesshoumaru enquanto a garotinha levava às mãos a boca surpresa e saía correndo. Kohaku disfarçou uma risada, ao contrário da pequena Miki que ria, e Rin arregalou os olhos olhando para a youkai — E não me olhe como se eu tivesse medo de você. — a youkai falou para o albino, que grunhiu antes de continuar andando, sendo seguido por ela.

— Esses dois parecem bem íntimos... — Kohaku falou alcançando Rin, que parara para espera-lo.

— É... — ela murmurou. Era estranho ver alguém falar assim com Sesshoumaru, muito estranho. Mas era bom ver que ele não estava mais tão sozinho. Rin deixou Sesshoumaru e Mizura em sua casa, saindo para procurar a velha Kaede, enquanto Jaken era arrastado por Miki pelo vilarejo.

— E então... — Mizura começou, voltando seus orbes azuis para Sesshoumaru — O que você pretende fazer em relação a isso?

— O que você acha? — o youkai falou, olhando pela janela — Vou matar esses malditos por sua audácia.

— Oh, aquela garota é tão importante assim? — perguntou com um sorriso torto, achando engraçado logo ele se preocupar com alguém.

— Não seja tola. — ele falou, voltando os olhos dourados para a mulher — Esses malditos vão morrer por me desafiar. — concluiu, com um sorriso torto — e para quem o conhecia perigoso — nos lábios.

— Claro — a youkai desviou os olhos, ainda sorrindo — Por te desafiar. — murmurou, olhando pela janela.

A festa animava o vilarejo, sempre que era o aniversário de algum dos “heróis da vila” era uma grande festa, e depois de Kagome, Rin era a sacerdotisa mais reconhecida. Rin tentava dar atenção a todos, porém não queria sair de perto de Sesshoumaru, ele lhe visitava tão poucas vezes e por tão pouco tempo, que agora que ele havia aceitado ficar mais do que o de costume ela se sentia obrigada a dar atenção a ele. Este não parecia se importar muito com isto, porém não mencionou nada a respeito de Rin dar atenção aos outros. Kohaku parecia estar em um assunto muito interessante com Mizura, visto que eles já conversavam há quase meia hora; Rin estava levemente incomodada com isso, mas nada fez. Miki corria pelo vilarejo perturbando Jakén junto com outras crianças, que queriam amarrar o “duende verde”. A festa já estava no fim e todos retornavam para suas casas, Rin agora se despedia dos aldeões enquanto Sesshoumaru fora falar com sua “parceira”.

— Rin-chan. — Kohaku chamou, Rin se virou para ele, sorrindo de modo estranho. Ele havia resolvido largar a youkai enfim, hein?

— O que? — ela respondeu simpática, dessa vez com um sorriso mais sereno.

— Foi uma festa e tanto hein... — ele comentou, ela sorriu.

— Sim, o pessoal exagerou dessa vez. — riu-se a menina, fazendo o rapaz rir também. — Eu vi você conversando bastante com a Mizura-san. — comentou a garota, se repreendendo logo em seguida. Por que diabos havia mencionado aquilo? Oras, não era da sua conta! O rapaz pareceu surpreso, mas logo sorriu.

— Sim, ela é bem legal. Mas eu continuo sem confiar muito, youkais são bem... Você sabe. — ele encolheu os ombros, Rin ponderou um pouco. Sesshoumaru era um youkai e era confiável, parecia confiar naquela mulher. Mas ela já conhecera o bastante os youkais para confiar cegamente em qualquer um, então acabou por dar de ombros. Kohaku abriu a boca para falar algo, mas logo parou.

— Há algo que queira me dizer? — Rin perguntou, chamando a atenção do rapaz para si.

— Não, nada. — o rapaz sorriu, ela deu de ombros. Sabia que com Kohaku não adiantava insistir. Os olhos da garota se voltaram para Sesshoumaru, ela franziu as sobrancelhas, fazendo Kohaku olhar também. Ele e Mizura conversavam extremamente sérios. Na verdade, eles pareciam discutir algo, pois constantemente a mulher erguia uma sobrancelha, Sesshoumaru bufava e ela colocava as mãos na cintura. Jakén e Miki permaneciam em um canto, quietos, como se não arriscassem se pronunciar. Aquilo não parecia nada, nada bom. Rin caminhou até eles, curiosa, Kohaku a seguiu.

— Ah claro, uma guerra youkai não é realmente nada demais, ainda mais quando se trata do maior clã de youkais do mundo. — Rin ouviu a mulher falar debochadamente, e logo parou de andar, tanto ela quanto Kohaku estavam surpresos. Não demorou para que os olhos dos youkais se voltassem para os dois, Sesshoumaru não deixou transparecer, mas estava se perguntando se ela ouvira aquilo, Mizura apenas lhe lançou um olhar sereno.

— Guerra? — a menina perguntou, o dai youkai estreitou os olhos.

— Não é nada. — ele falou ríspido.

— Isso tem a ver com aquela missão que você mencionou antes, não é? — ela perguntou para Mizura. Sabia que Sesshoumaru não lhe contaria, mas Mizura não parecia se importar muito com a vontade dele, talvez lhe dissesse algo.

— Sim. — ela respondeu simplesmente, recebendo um olhar mortífero de Sesshoumaru. — Na verdade, estamos tentando impedir uma guerra. — completou, sem se importar com os olhos dourados que a fuzilavam. Oras, ela não tinha motivos para se recusar a responder a menina.

— Deixem-me ir com vocês. — a garota soltou, os olhos azuis de Mizura se arregalaram, mas a youkai sorriu diante da coragem da menina.

— Não!

— O que? — Sesshoumaru e Kohaku disseram em uníssono, Rin permanecia séria. — Rin, o que você está pensando? — Kohaku completou.

— Isso não tem nada a ver com você. — Sesshoumaru falou ríspido, como se essa fosse sua palavra final.

— Uma guerra entre youkais abalaria não somente os clãs youkais, mas também a civilização humana. É claro que isso tem a ver comigo, eu quero ajudar, eu vou com vocês. — ela falou determinada, a dai youkai pareceu ponderar.

— Não. — Sesshoumaru repetiu.

— Eu vou. — ela falou firme.

— Sendo assim, eu vou também. — Kohaku falou. Rin o olhou por cima do ombro, um pouco surpresa, mas nada disse. Sesshoumaru bufou, porém antes que pudesse falar algo uma pequena risada ecoou da garganta da dai youkai de olhos azuis.

— Eu gosto deles. — ela falou. Sesshoumaru a olhou por cima do ombro — Desde que não atrapalhem. — concluiu ela por fim, Rin sorriu. Sesshoumaru franziu o cenho e saiu caminhando.

— Façam o que quiserem vocês dois, mas não esperem que eu os ajude em algo. — falou, adentrando a floresta em passos firmes.

— Sesshoumaru-sama, espere por mim! — Jakén gritou correndo atrás de seu mestre, que sequer olhou para trás.

— Vou lhes dar um aviso. — Mizura falou a eles, e por mais que seu tom fosse manso, ela estava séria — Essa missão é perigosa, e não é só a guerra. O orgulho de nossos clãs está em jogo, vocês sabem o que nosso orgulho significa para nós. Há gente querendo nos matar, nós não teremos tempo para ficar protegendo ninguém. Eu aceitei que fossem, mas vocês estão indo por sua conta e risco. Saibam que assim como eu e ele, vocês podem morrer a qualquer momento. — ela falou, os humanos engoliram seco, mas assentiram determinadamente.

— Não se preocupe, sabemos nos cuidar. — Kohaku falou, Rin assentiu. Mizura suspirou.

— E outra, se vocês nos atrasarem ou qualquer coisa do tipo, quem irá mandá-los para casa será eu. — concluiu a youkai antes de sair caminhando na direção oposta a que Sesshoumaru fora. — Partiremos ao amanhecer. — concluiu, antes de desaparecer na escuridão.

— Vocês vão se arrepender. — Miki falou a eles.

— Não irei. — Rin afirmou. Kohaku manteve-se calado, ele já estava arrependido. Ele não queria ir, mas nunca deixaria Rin entrar em algo tão perigoso sozinha. Nunca.

— Bem, eu acho justo que ao menos saibam o que está acontecendo. — a pequena youkai falou sentando-se no chão, Rin e Kohaku se entreolharam antes de fazerem o mesmo. — Sesshoumaru-sama não gosta de dar explicações e Lady Mizura tem muitas coisas para se preocupar; como o Jakén é um inútil acabou sobrando para mim. — a pequena parecia dizer mais para si mesma do que para eles. Eles permaneceram em silêncio, aguardando que ela falasse. — Os youkais Inu são a maior raça de youkais, não apenas por seu poder, mas por sua variedade e quantidade. Existem quatro clãs de youkais Inu: O Clã da Lua, do Trovão, do Sol e da Flor. Vocês podem reconhecê-los pelas marcas em seu rosto, como vocês devem ter reparado, Sesshoumaru-sama possui a marca da Lua na testa, e Lady Mizura a marca do Trovão. O clã da lua e do trovão tem uma aliança há séculos, e todos os quatro clãs viviam em paz. Porém, o artefato mais valioso do Clã do Sol desapareceu, e eles ameaçaram declarar guerra contra os outros Clãs caso não reapareça. E bem, mesmo se reaparecer eles irão querer alguém para matar em forma de castigo. Como eu disse, os youkais Inu são a maior raça de youkais, uma guerra entre eles abalaria todos os clãs, e logo eles estarão formando alianças com o lado que julgam mais forte, para sair como vencedor. Pois os clãs que perdem uma guerra são devastados. Logicamente os Clãs vencedores em uma guerra serão Trovão e Lua, até porque eles têm uma aliança há séculos e muitos irão querer se aliar a eles. Mesmo assim é importante para os Clãs que uma guerra não aconteça, pois uma das coisas que sustenta o império Inu é o elo entre os quatro clãs, e se esse elo for rompido, nós viveremos guerras constantes até que ele seja reconstituído novamente.

— Isto é terrível! — Rin falou pasma — Quem faria algo como provocar essa guerra? Isso é completamente horrível!

— Essa é a missão. — a pequena falou — Encontrar o causador do distúrbio e eliminá-lo.

— Essa história de guerras constantes entre youkais, eu já ouvi isso em algum lugar... — Kohaku murmurou pensativo.

— É porque isso já aconteceu. — Miki falou — Foi o pai de Sesshoumaru-sama, InuTaishou-sama que conseguiu reestabelecer o elo entre os quatro clãs, quando fez um acordo de paz com o pai de Lady Mizura, Lord Engetsu. — falou, Rin ficou boquiaberta — Agora vocês entendem porque é tão importante que Lady Mizura e Sesshoumaru-sama impeçam essa guerra. Como os herdeiros do Clã Inu do Trovão e do Clã Inu da Lua, eles tem a responsabilidade de manter a paz conquistada por seus pais. — a pequena concluiu, Kohaku assentiu. Aquilo estava além de tudo que ele imaginava, uma guerra dessa proporção, movendo tantos youkais colocaria todos em risco, era perigoso demais, ele não podia deixar aquilo acontecer. E ele não fora o único a ficar mais determinado a ir naquela missão, ele notou ao ver Rin respirar fundo, e as palavras que ela proferiu após tal ato apenas confirmaram sua hipótese:

— Agora mais do que nunca eu quero ir nessa missão.


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Notas finais do capítulo

Depois de deixar todos os meus projetos parados eu finalmente voltei a escrever - dessa vez para não parar. Espero que tenham gostado e bem, se você leu não custa comentar né? Eu gosto de saber a opinião de vocês, fantasminhas são tão



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