O dia estava agradável, o sol fraco e a brisa suave acariciavam o rosto da garota que andava pelo vilarejo, um sorriso sutil estampava seu rosto, alegre como sempre. Seus cabelos castanhos estavam presos em um alto rabo de cavalo e havia uma cesta de flechas pendurada em seu ombro, em sua mão segurava um arco de aproximadamente um metro, pelas roupas não era difícil perceber que ela era uma sacerdotisa.

— Rin! — Sango gritou vendo a jovem sacerdotisa de longe, e a mesma sorriu.

— Sango-san, como está tudo por aqui? — perguntou alegre, aproximando-se da mais velha.

— O de sempre, alguns ataques, mas nada que não déssemos conta. Com a viajem de Kagome e Inuyasha alguns youkais pensaram ser a chance de atacar o vilarejo, mas nós os colocamos em seus lugares — respondeu com um sorriso, enquanto mexia nos cabelos, agora soltos. — Mas e você? Ficamos preocupados, você disse que não demoraria um dia, e passaram-se três. Kohaku estava louco para ir atrás de você. — falou com as mãos na cintura, mas logo as levou a boca, a mais nova se surpreendeu um pouco, o que foi notável pelos olhos ligeiramente arregalados — Não diga a ele que eu contei. — completou a mais velha com um sorriso culpado, como quem falou o que não devia.

— Ah, claro... — Rin murmurou um pouco sem graça, mas no fundo gostava dessa preocupação que Kohaku sentia em relação a ela. Estava no vilarejo havia seis anos, e em um dia ela completaria dezessete anos, quem a viu seis anos atrás não a reconheceria. Primeiro ela começou a tomar aulas com Sango e Kohaku, mas aos treze anos mostrou um grande potencial espiritual para se tornar uma sacerdotisa, passando então a treinar com Kagome e Kaede. Como sempre fora esforçada, tornou-se uma sacerdotisa muito habilidosa. — Bem, eu preciso ir. — falou despedindo-se, e logo caminhava para casa. Ainda morava com a velha Kaede, porém a casa estava um pouco maior, já que além de morarem juntas todo dia havia visitas. Como esperado Kaede lhe aguardava com inúmeras perguntas a respeito da missão, as quais respondeu pacientemente antes de ir para seu quarto, largando o arco e as flechas em um quanto e jogando-se sobre o fúton. Havia apenas ido a um vilarejo próximo eliminar uns youkais, porém sentia-se cansada, já era o terceiro ou quarto desse mês. Nunca imaginou que ser uma sacerdotisa seria fácil, mas não pensou que seria tão cansativo.

— Kagome-san é realmente muito forte... — pensou em voz baixa, Kagome realizava inúmeros trabalhos como aquele e não aparentava nem metade do cansaço que sentia. Virou um a cabeça para o lado, vendo então seu armário que estava entreaberto, olhou para a pilha de quimonos que estava ali, devidamente dobrados e separados de todas as outras roupas. Duas ou três vezes ao ano Sesshoumaru lhe fazia uma breve visita — nunca mais do que dez ou quinze minutos — e lhe deixava um presente. Na maioria das vezes quimonos incrivelmente lindos que ela só usava em festas, pois chamavam bastante à atenção. Às vezes sentia falta de andar com Sesshoumaru e Jaken por aí, mas entendia sua decisão de deixa-la no vilarejo, e lhe era grata por isso. Mas mesmo que longe, ele nunca deixaria de ser como um pai, e mesmo com aquele jeito distante, ela sabia que era igualmente especial para ele. — Será que ele virá amanhã? — murmurou olhando pela janela o céu alaranjado, mostrando que sol estava se pondo, não tardando para que seus olhos fechassem e ela se entregasse ao sono.

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— Do que você está falando? — Sesshoumaru perguntou em um tom sério, as sobrancelhas levemente franzidas, mostrando certa raiva. Uma brisa passou levando seus longos cabelos, que se tornavam ainda mais prateados com a luz do luar. A fortaleza que pairava no céu era coberta por uma fraca névoa, e era ainda mais iluminada pelas infinitas estrelas que se mostravam naquela noite — Eles não ousariam fazer algo como isto.

— Eu pensava o mesmo, mas minhas fontes são confiáveis. — a mulher de longos cabelos brancos falou, apoiando a cabeça sobre a mão enquanto se acomodava melhor em seu trono. A rainha dos youkais cachorros se mostrava fria, porém quem a conhecia sabia que estava nervosa — O nosso clã está sob ameaça. — concluiu com os olhos estreitos, a situação lhe era muito incômoda. Afinal, um grande clã de dai-youkais como aquele ser ameaçado não era algo muito comum, mas era a verdade. — Não só o nosso, se essa guerra realmente ocorrer, o mundo se tornará um completo caos. Mesmo que a aliança com o clã do trovão seja mantida, não temos como saber de que lado os clãs de outros youkais vão se colocar.

— E você espera que eu faça algo em relação a isso. — o dai youkai falou, com a voz dura, o que já sabia que a mãe lhe pediria.

— É claro, afinal você vai liderar esse clã futuramente. Deve zelar pelo orgulho e integridade do mesmo. — concluiu a mais velha, levantando-se e chamando com a mão uma jovem que até agora se mantinha distante.

Os cabelos negros estavam presos em um coque elegante e usava um quimono preto com uma fenda na perna direita; o quimono também não possuía manga deste lado, mostrando as faixas brancas que encobriam seu busto por baixo do mesmo, a cintura era marcada por um tecido branco e uma faixa vermelha, que formava um grande laço nas costas, deixando cair as pontas que eram ainda mais longas que o quimono. Sua pele era branca e seu rosto delicado, em suas bochechas haviam marcas parecidas com as de Satori, porém mais finas e num tom avermelhado. Em sua testa havia um pequeno símbolo de um raio prateado. Os olhos azuis da youkai mostravam seu tédio, os lábios vermelhos faziam um leve bico deixando claro que não gostaria de estar ali.

— Você conhece Mizura, a herdeira do clã do trovão. Ela estará junto com você na missão de descobrir quem está orquestrando esse golpe, e matá-lo. — explicou a rainha.

— Eu faço isso sozinho. — falou olhando de canto para a youkai de cabelos negros, vendo que a mesma arqueava uma sobrancelha.

— Você sabe que isso não se resume a seus desejos pessoais, e por mais que eu reconheça sua força não posso confiar isso apenas a você, pois não temos tempo e tendo ajuda será muito mais rápido. Mizura estará representando o clã do trovão e você o da lua, vocês têm três meses para achar o responsável por esse distúrbio e mata-lo, antes que o pior aconteça. — decretou a rainha, mostrando-se completamente inflexível em sua decisão. Sesshoumaru franziu as sobrancelhas e com um grunhido insatisfeito deu as costas a mãe, caminhando em direção ao grande pátio que daria no fim daquela fortaleza.

— Vossa majestade. — Jaken disse nervoso curvando-se para rainha, logo se pôs a correr atrás de seu mestre que se preparava para ir embora sem ele.

— Vai ser uma longa viagem... — a youkai de cabelos negros murmurou, revelando uma voz tão doce quanto sua aparência.

— Basta ter a paciência que sempre teve. — a rainha albina falou — Afinal não é a primeira vez que trabalha com meu filho, princesa Mizura. — a rainha respondeu com um ar pretencioso que a mais nova preferiu ignorar.

— Lady Mizura — a pequena youkai raposa de pelos negros chamou. Suas orelhinhas balançavam nervosamente — Sesshoumaru-sama está indo embora! — exclamou olhando para cima, já que era bem mais baixa que sua mestra. A princesa olhou na direção em que a raposa apontava, vendo Sesshoumaru tomar um pequeno impulso e Jaken correr para se segurar em seu manto.

— É melhor não ficarmos muito para trás... — murmurou andando lentamente em direção ao pátio — Eu mando notícias — falou olhando para trás, vendo a rainha assentir. Isso ficaria a cargo de Mizura, já que seu filho não se daria a este trabalho. — Vamos, Miki. — falou para a pequena raposa que saltou para seu colo, segurando-a contra o peito a moça deu três passos tomando impulso suficiente para chegar próximo de Sesshoumaru — que já estava bem distante. O dai youkai fingiu não notar a garota aproximar-se de si, mas não demorou para que ela estivesse voando ao seu lado na mesma velocidade dele, os tornando apenas uma linha branca e vermelha passando pelo céu escuro.

— Por onde pretende começar? — a garota perguntou, olhando-o de canto.

— Antes de tudo, preciso passar em um lugar. — ele falou com a voz fria, fazendo Jaken murmurar algo que Mizura não entendeu.

— Por mim tudo bem. — a dai youkai murmurou por fim, com a mesma expressão de tédio. Não pretendia começar a debater sobre locais com ele, não agora.