Quando o mar da história te tragar de novo, esperarei mil anos pela tua volta. Pois, na imensidão do espaço, tudo se locomove. Embora dolorosa a metamorfose, esperarei o quanto necessário.
Hoje eu gritei para o céu, só pra você saber que eu estava com você, o dia foi tão cruel. O sol nasceu estranho e ninguém podia prever.
Manchei o chão com giz, lavei a face nas águas sagradas da sua fonte, pedi perdão por ser tão assim, levado, infame aos olhos da sociedade que não aceita os outros, ainda mais eu, com pensamentos doentios e célebres que me levam a você.
Tento alcançar as nuvens, mas tudo é em vão, penetro seu céu, tiro os parafusos da sua plataforma quebradiça, mexo com seu sistema nervoso a ponto de você gostar de mim.
Não lamente a negritude do céu essa noite, eu estou aqui, olhando para lua junto a você e contemplando o momento que nunca vai voltar mesmo que seja o que eu mais quero nesse mundo, a vida segue, as lembranças deixam a sua marca e remendamos as cicatrizes com o amor e seus espécimes.
Levo a minha mão ao seu corpo, ouço seus suspiros junto a uma vontade louca de cometer loucuras, quando te abraço meu cérebro tenta parar desesperadamente o tempo enquanto tenta negar tudo que está acontecendo.
Meu conceito mudou sobre loucura, amor e diferença, agora não preciso mais me lamentar que ninguém me conhece, que ninguém me aceita, encontrei a chave do processo, o olho do furacão que eu tanto procurava.
Aqui está gelado, minha mãos frias se confundem com a vontade de chorar, sinto-me fraco e ao mesmo tempo imortal, agradeço aos céus tudo que passei contigo e tudo que me aguarda, não tenho o que lamentar, motivos para chorar, entretanto é o meu modo de deixar as emoções se esvaírem no lapso do tempo que eu mesmo criei.
Por que seu veneno é tão bom? Levadiço? Estou a ponto de explodir, tudo parece tão intenso aos meus olhares, seus olhos castanhos são inesquecíveis, sabia?
Não me importo em interromper as histórias para elevar elogios a você, nem sacrificar pensamentos para ver o seu sorriso, não vou te comparar as estrelas nem ao céu, você é muito mais que isso.
Meu desejo de ser poético se confunde com afirmações abstratas, perco-me na chuva interminável do seu destino.
FIM
19/06/13