Fábulas de Sangue escrita por Van Vet


Capítulo 3
Bigby


Notas iniciais do capítulo

Reiterando que se tiver alguém lendo comentar seria super legal pra mim!
Espero que estejam gostando do Bigby, eu adoro ele.
Beijos!



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Bigby ainda controlava a raiva por ser chamado naquela convocação absurda do Príncipe Encantado. Subiu o elevador para seu escritório ruminando sobre o fato, possesso por Branca estar tendo de assistir àquilo. Tentou ver pelo lado positivo de que, ao menos, fora ela quem o defendera no fim, e isso mais o semblante decepcionado do prefeito valeu a pena.

Quando o elevador abriu e a porta pantográfica deslizou, o lobo percebeu que algo errado acontecera. Dali já viu os pés do Garoto Azul para fora do corredor. Correu em alerta, encontrando a porta do seu escritório escancarada e o rapaz atravessado entre ela. Primeiro o xerife agachou-se e verificou os sinais vitais do outro, aliviado por ele estar apenas inconsciente. Então esquadrinhou dentro do local não vendo sinal da Cigarra.

Voltou para o corredor, andando em passos predatórios até o hall do elevador. Tanto no corredor da direita, quanto no seu prolongamento que dava nos apartamentos estavam vazios. Obstinado em não perder aquela suspeita fábula (agora mais suspeita ainda por agredir outro membro da comunidade) tomou o elevador novamente. Desta vez seu destino foi o saguão de entrada.

Deu um tapa no pé de Grimble, o porteiro, sempre a dormir, e perguntou se ele viu alguém passando. O homem respondeu que não. Claro que não, estava babando na recepção, idiota! Sem hesitar deu uma guinada do pátio para os portões de saída, policiando a larga avenida da esquerda para direita.

Então a viu. Magrela e pálida, entrando num táxi amarelo na esquina. Gritou e acenou, mas a fábula apenas o fitou com indiferença e entrou no veículo. Ele tentou correr para detê-la, e engoliu apenas a fumaça cinzenta do escapamento.

— Táxi! — acenou para um automóvel que surgia logo atrás. — Siga aquele outro táxi. — informou após o motorista parar e Bigby se jogar para dentro.

— Não quero confusão, amigo. — disse o motorista num sotaque carregado.

Bigby passou duas notas amassadas de cinquenta dólares pelo vidro. Depois desse incentivo o homem obedeceu-o. O carro acelerado afastando-se da guia e cortou dois veículos em marcha lenta na faixa da esquerda. O semáforo estava quase para fechar e passaram cantando pneu para não ficarem retidos nele.

Foram costurando entre motoristas menos apressados, encostando cada vez mais no táxi perseguido. Cigarra deve ter dado um agrado para seu condutor também, porque ele aumentou a velocidade ao perceber estar sendo seguido.

Alguns carros buzinavam atrás deles e certamente uma multa poderia vir se encontrassem guardas de trânsito no percurso. Os quarteirões iam avançando rapidamente.

Outro cruzamento surgiu e eles chegavam a uma distância muito curta do táxi da suspeita. Bigby estava prestes a mandá-lo emparelhar com o carro afim mandar Cigarra parar, quando uma brecada violenta quase o fez bater a cabeça no vidro. A buzina ensurdecedora de um automóvel encheu seus ouvidos, deixando sua cabeça zunindo. Ele olhou para frente e viu que o sinal tinha fechado e um motorista da outra mão quase batera neles.

O taxista olhou para trás irritado. Bigby teve de passar mais uma nota de cinquenta dólares para seu guia e pedir para continuar a perseguição. Passaram no sinal fechado mesmo, produzindo uma onda de buzinas cheias de protestos, e desembocaram no próximo quarteirão.

Ao ver através do para-brisa o lobo praguejou, havia quatro táxis amarelos misturados ao trânsito.

— Onde estão? — questionou o homem ao volante.

— Não faço ideia, meu chapa. Estava preocupado em não bater meu meio de trabalho ali atrás. O que quer fazer?

Ele pensou. Já estava confuso, perdendo dinheiro e, em breve, a pista daquela fábula esguia.

— Siga esse veículo da direita. — disse sem muita certeza. Daquela distância não dava para ter ideia de quem eram os passageiros dos carros pelo vidro traseiro.

O taxista anuiu, seguindo-o cada vez mais próximo. Alguns quarteirões se estenderam quando o carro virou numa rua menos movimentada.

— Tente aproximar-se de uma das janelas. — pediu Bigby pouco esperançoso e quando ele isso o fez, encontrou apenas um homem num terno impecável no banco de trás.

Frustrado o xerife pegou um cigarro do bolso e acendeu. Encostou-se ao banco e deu ordens para o táxi retornar para o edifício Woodland.

***

De volta ao seu escritório um pequeno cortejo já o esperava. Garoto Azul, agora consciente e sentado na poltrona preta, apertava o topo da cabeça. Branca de Neve, de pé, lhe passava uma bolsa de gelo. Foi ela quem o viu primeiro.

— Estou confusa com essa história que o Garoto Azul está me contando. — colocou a mão na cintura.

— Branca. — ele gostou de vê-la ali. Em qualquer ocasião, ela estando bem zangada ou autoritária, ver a vice-prefeita era uma visão agradável. — Estamos com problemas.

— Cigarra? Ela estava aqui e você não me disse?

— Ai... ai... ai... — Garoto Azul gemia da poltrona.

— Chegou de surpresa, não deu tempo de avisar. Depois tive de ir participar daquele circo armado pelo prefeito e foi a conta dela dar um jeito de escapar.

— Eu tentei segurar. Ai... Ela abriu a porta, bateu com o cinzeiro na minha cabeça e escapou... ai... Foi mal, Bigby. — justificou-se o rapaz.

— Tudo bem, vá descansar Garoto Azul. — acenou o xerife passando por eles e indo sentar-se à mesa. Branca exalava um doce perfume, um que ela escolhia usar durante a semana, ele percebeu. Nada passava ao olfato do lobo, sobretudo as fragrâncias daquela mulher.

Depois que o pobre jovem nocauteado partiu do escritório, Branca sentou na cadeira diante dele.

— O que ela queria aqui?

— Uma história estranha. Disse que viu Cachinhos Dourados na Fazenda.

— Que mentira! Demos um jeito naquela cretina.

— Humrum. Senti a conversa fiada de longe. Ela estava bem esquisita, modos, fala... cheiro. Não conhecia essa fábula, então fiquei somente na desconfiança. Como ela é, afinal?

Branca de Neve refletiu um pouco antes de responder.

— Só a vi umas duas vezes. Numa delas em sua forma original, de cigarra. Me pareceu reservada, não muito comunicativa. Entretanto, não posso afirmar nada. Praticamente não a conhecia também. Como ela passou pela Fazenda?

— Se está me perguntando por que sua irmã deu autorização, não faço a mínima ideia. Seria bom falar com ela, Branca. Especular sobre essa fábula. Quem sabe a Cigarra até volte para lá.

— Vou ligar para Rosa. Te mantenho informado se me manter também.

— Claro. — sorriu com cansaço para a vice-prefeita. — Fizemos uma bela dupla agora pouco no gabinete do nosso querido prefeito. Obrigado por me defender lá.

— Tirar o sarcasmo do rosto do meu ex-marido é sempre um prazer.


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