BioMecha (Versão Alpha) escrita por Guilty Pleasures


Capítulo 2
The Wrecked City


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer à minha amiga Pam Shindou, que me corrige gramaticalmente as fics e me dá opiniões em tudo. Em suma, é uma boa amiga aqui do Nyah!!

Sem mais demoras, o tão ansiado 2º capítulo da fic! E os desenhos dos personagens intervenientes!

NATASHA: http://natasha-hagane.deviantart.com/art/Bionic-Feelings-Natasha-Nathy-Hagane-Mutation-511382529?q=gallery%3ANatasha-Hagane&qo=0

JOSHUA: http://natasha-hagane.deviantart.com/art/Bionic-Feelings-Joshua-511382353?q=gallery%3ANatasha-Hagane&qo=1

DONNIE: http://natasha-hagane.deviantart.com/art/Bionic-Feelings-Daniel-Donnie-Stone-511382145

AMY: http://natasha-hagane.deviantart.com/art/Bionic-Feelings-Amanda-Amy-Grassland-511381876

E agora, a história!!!



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Já devia passar das três da manhã e, ainda assim, Joshua continuava acordado. Estava sentado na sua varanda, que não passava do chão, não tinha grades, sequer. Era apenas um bloco de cimento, com vista para a enorme cidade. Ele encarava o horizonte, com o olhar perdido e distante. Uma perna estava fletida e a outra apoiada no chão da varanda, suspensa.

– Está uma noite linda. – Joshua deu um pulo no lugar e virou-se para trás, apenas para se deparar com Natasha apoiada na janela, olhando para o céu. Ela dirigiu o olhar a Joshua com um leve sorriso. – Assustei-te?
– Não, claro que não! Estava apenas a ver se isto caía! – Respondeu, com sarcasmo. Ele arfava e tinha uma mão no peito, prova de que realmente se tinha assustado.

Ela riu um pouco e sentou-se ao lado dele, com os joelhos dobrados e os braços a prender a camisola. – O que estás a fazer aqui, a estas horas? – Perguntou, sem tirar os olhos do céu.

Ele voltou a olhar para o horizonte. – Pensar. – Respondeu.

Ela deu um meio sorriso. – Pensar muito, leva à depressão.

– Depressão é o que menos me preocupa. – A frase havia saído com um tom duro, estranho a Natasha.

– O que te preocupa, então? – Perguntou, curiosa. Uma brisa noturna fez-se presente e ela arrepiou-se. Joshua pôs-lhe um casaco sobre os ombros. – Obrigada. – Deu um pequeno sorriso.

– De nada. O que me preocupa? Não dá para contar pelos dedos, sabes... – Ele deu um sorriso amarelo.

Ela assentiu. – Deixa estar. Não há problema. – Sorriu um pouco.

Ele riu e deitou-se, com as mãos entrelaçadas no peito. – Olha, Natasha... Qual é o teu poder? – Perguntou, curioso.

– Como assim? É suposto ter só um? – Perguntou de volta, confusa.

Ele pensou um pouco e deu de ombros. – Acho que depende da série a que pertences... Sabes qual é? – Perguntou, intrigado.

– Eu não faço a mínima ideia do que isso é! – Admitiu.

Ele negou com a cabeça. – Podes continuar a não fazer! Não é algo que interesse, de qualquer maneira... Qual é a tua cor? – Voltou a perguntar, mudando de assunto.

– A minha... Cor?

– Sim! A cor da tua marca! A da Amy é cinza, a do Donnie é roxa... Qual é a tua? – Sentou-se novamente, desta vez bem perto dela.

– Bem... A que mais uso é a ciano! E a tua? – Começou a ter interesse no rumo da conversa.

– A minha? É verde... – Respondeu, mais baixo.

Ela olhou para o perfil dele, com as cores escurecidas e azuladas pelo luar. – Porque é que não tiras essa touca, Joshua...? – Aproximou a mão para o fazer, mas Joshua segurou-lhe o pulso, impedindo-a.

– Detesto mostrar o meu cabelo. É esquisito. – Disse, ocultando os olhos debaixo da franja.

Ela sorriu. – Eu gosto de coisas esquisitas. – Afagou-lhe a cabeça por cima da touca.

Ele estremeceu sob o toque. – Não digas que eu não te avisei... – Ele baixou os óculos para o seu pescoço e retirou a touca, mostrando os cabelos que chegavam quase a metade das costas, com as pontas de um azul vivo.

Ela olhou para os cabelos claros e com as pontas de cor diferente e deu um sorriso contente. Esticou a mão novamente e suspendeu-a a meros centímetros dos fios. Voltou o olhar para Joshua. – Qual é o segredo? – Ela perguntou, animada.

Ele ia contrariá-la, mas cerrou os lábios e não o fez. – A parte azul tem nervos. Se me cortarem um fio que seja, dói. Dói muito! Por isso, aconselho-te a não tocares neles. – Avisou, com a voz calma.

Ela ficou com o rosto sereno e aproximou-se mais dele. Levantou a mão e começou a afagar os cabelos, diretamente nas pontas, com um semblante meigo. Passava os dedos por entre os fios lentamente, sentindo a maciez deles, constatando que eram incrivelmente lisos, sem um único nó. Joshua corou levemente e sentiu arrepios na espinha. – Isso... Sabe muito bem... – Admitiu fechando os olhos, não conseguindo impedir um sorriso de se formar nos seus lábios.

– Ronronavas, se fosses um gato? – Perguntou, subitamente, começando a enrolar uma mecha no dedo.

Ele riu, ainda de olhos fechados. – Sem sombra de dúvida! Costuma doer quando me tocam no cabelo, não sei porque é que contigo não dói... Deves ser especial! – Ele sorriu, com os olhos abertos e um brilho misterioso no olhar.

– Eu estou a ter cuidado, é por isso que não dói... – Retirou a mão dos cabelos dele e reparou que ele pareceu não gostar, mesmo não demonstrando. Esticou os braços para cima, espreguiçando-se e depois bocejou. – Estou com sono... Anda, também precisas de dormir! – Pegou-lhe na mão sem esperar por uma resposta e entrou no quarto, fechando a janela. Largou a mão de Joshua e tirou o casaco dos ombros, deitando-se na cama e cobrindo-se. Ele fez o mesmo, colocando os óculos e a touca na mesa-de-cabeceira e bocejou. Ficou com os olhos abertos.

– Joshua? – A voz rouca de Natasha chamou-o e ele emitiu um som afirmativo. – Somos amigos?

Ele sorriu e fechou os olhos. – Claro que sim... Bons sonhos... – Desejou, sentindo o sono apoderar-se do seu corpo.

– Igualmente... Dorme bem... – Adormeceu, tendo o descanso merecido após semanas a fio de viagem.

O dia amanheceu e com ele começou o dia do recém-formado grupo.

– Natasha... Natasha, acorda! Já é de manhã... – Joshua abanava calmamente o ombro da rapariga, que se recusava a acordar.

– Mmn... Só mais três dias... Ou semanas... – Ela balbuciou, pegando na almofada na qual Joshua dormira e pondo-a sobre na cabeça.
Ele colocou as mãos na cintura e suspirou, desistindo. – Foste tu que quiseste assim! – Antes que ela pudesse sequer responder, ele saltou para cima da cama e colocou-se por cima dela, dando início a um ataque de cócegas.

– E-ei! Para! Por favor, para! – Ela ria em meio às palavras e tentava agarrar as mãos dele para o fazer parar, mas mesmo conseguindo isso, não tinha força que chegue para o impedir.

Ao ouvir os risos, logo parou com as cócegas, sorrindo, vitorioso. – Já acordaste? – Perguntou, com um sorriso largo no rosto.

Ela sentou-se e empurrou-o, fazendo-o cair sentado aos seus pés. – Engraçadinho... – Murmurou, esfregando um dos olhos. Espreguiçou-se e bocejou, dando um sorriso. – Bom dia! – Saudou.

– Bom dia! Anda, a Amy e o Donnie estão à nossa espera! – Ele começou a andar em direção à porta.

Ela olhou-o com confusão e curiosidade. – Para quê?

Ele sorriu, feliz. – Para tomar o pequeno-almoço, ora! Anda lá, até a Mayla e o Inu já lá estão! – Pegou-lhe na mão e correu para a cozinha, sentando-a ao seu lado.

A mesa estava repleta de vários tipos de comida: frutas, compotas, pães e doces; comida indiana, francesa, americana, britânica. Um verdadeiro rodízio matinal.

Os olhos da ruiva brilharam. – Uau... Onde é que vocês arranjaram isto tudo? É a primeira vez que vejo tanta comida... – Ela pegou num pão pita e tirou um pedaço, provando. – Mmn... Muito bom... – Murmurou, continuando a comer.

Os dois mais velhos riram um pouco. – Então, Nana, vieste de onde? De muito longe? O teu apelido não é americano, muito menos europeu, o que deve fazer de ti asiática, não é? Ah, eu adoro asiáticas! Têm aquela carinha pequena e fofinha e...! E...! São tão fofas! Então, Nana? – Amanda começou a enchê-la de perguntas, falando a um ritmo rápido, engolindo algumas letras.

A expressão de deleite da mais nova logo se desfez, tornando-se numa melancólica. – Amanda... – A voz estava baixa e um pouco rouca. A cabeça dela estava gacha. – Olha, eu acho muito bom inventares uma alcunha para mim, mas... Tudo menos essa, por favor... – Ela pediu, olhando-a nos olhos. A maior encolheu-se um pouco e levou as mãos ao ar com um sorriso amarelo.

– Tudo bem, está fora de questão... Nathy? – Perguntou, com a voz um pouco mais fina.

O seu rosto iluminou-se de novo e tirou uma maçã de uma cesta cheia de frutas. – Bingo! – Sorriu, trincando a maçã logo a seguir. O ambiente tenso que se tinha formado entre elas amenizou, e a conversa estendeu-se para os rapazes, até então calados.

– Ei! Agora que penso nisso... Nathy, Amy, Donnie... Mas tu és só Joshua! Ainda não ouvi a tua alcunha... – Natasha deu um largo sorriso na direção de Joshua, que imediatamente parou de se mexer ao ouvir o que ela tinha dito. Ela conseguiu vê-lo engolir em seco e lentamente, quase como num filme de terror, levantar a cabeça para olhar para Amanda, e arrependeu-se nesse mesmo momento: ela sorria.

– Oh, Joshua... Não lhe vais dizer qual é a tua lindissíssima alcunha, Jo... – Foi interrompida.

– Se disseres, eu juro que te ponho careca! – Ele apontou-lhe um dedo acusadoramente, com um semblante um pouco assustado. – Estou a falar a sério!
Ela riu e mordeu o croissant com chocolate que tinha no prato. – Oh, não digas isso... Assim partes o coração à Amy, Jojo! – Ela sorriu no final da frase, vendo as bochechas de Joshua adquirirem um tom avermelhado.

Um riso contido pôde ser ouvido e ele imediatamente virou-se para a sua esquerda, vendo Natasha a tapar a boca com as mãos. Fez uma expressão indignada. – Como é que pudeste?! Amy, tu prometeste que não contavas! E tu, não te rias! Não tem piada! – Ele esbracejava, totalmente envergonhado.
Ela olhou para ele e tirou as mãos da frente da boca, ainda contendo o riso, conseguindo parar. – Não me estou a rir de ti! – Justificou-se. – Estou a rir-me do apelido! E... Até é fofo, sabes? Jojo... – Disse, baixinho, sorrindo.

Joshua corou mais e abocanhou a primeira coisa que conseguiu agarrar, sendo isso uma bola de berlim. A consequência foi ficar com o rosto cheio de creme. Todos riram daquilo e ele tentou limpar o rosto com as mãos, mas foi impedido pela ruiva.

– Tonto, só vais fazer pior! Anda cá. – Ela agarrou-lhe os dois lados do rosto e virou-o para si. Molhou um pano e começou a limpar o rosto do rapaz, rindo um pouco pela expressão envergonhada dele. Retirou a mão e o pano do rosto dele. - E pronto! Agora não vás tentar abocanhar a pobre bola de berlim outra vez! – Ele negou levemente com a cabeça e virou-se para a frente, continuando a comer o bolo, mais calmamente e com uma expressão amuada. A ruiva riu e abocanhou um donut simples, sorrindo enquanto comia tudo o que via pela frente. Amy olhou-a com os olhos arregalados.

– Para onde é que vai essa comida toda?! – Perguntou, abismada. Natasha parou de comer após dar uma dentada num pão-de-leite, para lhe responder.

– Para a minha barriga, ora essa! Eu não costumo comer tanto, mas já não como há algum tempo... – Ela admitiu, um pouco encabulada.

A loira riu. – Deixa estar, come à vontade! Vais precisar de energia para o interrogatório! – Ela disse, e o moreno parou de repente, olhando para a ruiva de soslaio, vendo-a fazer o mesmo com uma expressão desconfiada.

– Que interrogatório? – Viu o moreno encolher-se com um sorriso amarelo.

– Aquele que eles vão fazer... Eu também passei por isso, não dói! – Ele desculpou-se, descendo da cadeira e afastando-se lentamente.

– Eu estou-me nas tintas para a dor! Porque é que não me disseste que ia haver um interrogatório?! – Perguntou, levando ambas as mãos à cintura. Ele engoliu em seco e baixou o rosto. Quando o levantou, os seus olhos estavam grandes e brilhantes e tinha um beicinho nos lábios. Ela cruzou os braços, com uma sobrancelha levantada. – A sério? Nós temos o quê, 8 anos? Desfaz esse beicinho adorável e pede desculpa! – Ela ordenou, séria.

O moreno suspirou e desfez o beicinho, mas os seus olhos continuavam com aquele brilho ao qual era impossível resistir. Aquele maldito brilho que faria até o mais duro dos homens sucumbir aos pés do rapaz. – Desculpa... Eu devia ter avisado, mas esqueci-me... Perdoas-me? – A voz estava manhosa, como um menino mimado, e ele fez menção de manter o contacto visual com ela, obrigando-a a olhar nos olhos dela.

A ruiva suspirou e assentiu, com um pequeno sorriso. – Oh, pronto. Está bem. Estás desculpado... – Disse e depois afagou a cabeça do moreno, como quem faz festas a um gato.

Amy foi a primeira a dizer algo depois do “momento-novela” dos mais novos. – Ora bolas! Tínhamos de ficar sem pipocas logo hoje! – Disse, aparentemente dececionada pela falta do seu aperitivo.

O moreno deu-lhe a língua e voltou a sentar-se ao lado da ruiva, e o quarteto comeu o seu pequeno-almoço em paz. Mais tarde, depois de tudo limpo e arrumado, Amy e Donnie levaram Natasha para o laboratório do segundo, sentando-a numa cadeira para lhe fazerem o tal interrogatório do qual fora informada.

– Então, o que é que querem saber? – Ela perguntou, cruzando as pernas.
E seguiu-se uma longa conversa na qual Donnie se manteve calado a apontar as respostas que a ruiva dava às perguntas sem fim da loira. Quando finalmente a mais velha acabou com a sua parafernália, deixou a ruiva sair, apenas para a arrastarem consigo para uma área aberta da cidade, onde Joshua já se encontrava.
A ruiva olhou em volta, vendo a paisagem seca, tal como fora dos muros. Havia árvores ressequidas e queimadas, sem folha alguma. Contrastando com aquele ambiente morto, havia máquinas de alta tecnologia espalhadas pelo campo, e quatro postes a formar um quadrado, cercando o recinto.
Ela então dirigiu o olhar a Joshua, que encarava os três com os braços cruzados e uma expressão de desafio.

– O Sol já vai alto no céu e estamos todos aqui, portanto... Que comece o treino! – No momento em que disse isso, os quatro postes brilharam e deles saíram ondas de pixéis negros, que acabaram por formar paredes e um teto que brilharam com linhas multicoloridas, fornecendo-lhes luz. – Sejam bem-vindos à nova sala de treino! – O moreno anunciou, sentando-se numa poltrona que se materializou atrás de si, mesmo no momento em que se deixou cair. Os outros três olhavam em volta curiosos, não havendo nada além das quatro paredes e do teto.

Daniel foi o primeiro a fazer-se ouvir, caminhando até ao moreno e apoiando-se na poltrona imensamente grande deste. – Olha lá, puto, o que queres que façamos num cubículo sem aparelhos de treino? Andar pelas paredes? – A dúvida e o sarcasmo eram evidentes na voz levemente grossa do mais velho.

O moreno riu levemente e negou com a cabeça. Levantou-se do seu trono, que se desmaterializou atrás de si. – Tudo isto é o nosso equipamento. Esta “sala” aumenta a força da gravidade, da atração da terra, dispara tiros de energia, cria robôs de simulação tudo! É o meu melhor em nanotecnologia! – Sorriu e colocou as mãos nas ancas, orgulhoso.

Natasha deu um pequeno sorriso. – Vamos lá experimentar e ver se esta geringonça sempre funciona! – O canto direito da sua boca subiu, num sorriso sarcástico.

Ele levantou uma sobrancelha. – Oh! Será isso um desafio, Miss Hagane? – Fez menção de colocar um sotaque inglês nas últimas palavras.

– Mas claro que não, meu querido! Apenas a sugestão de um leve entretenimento, menino Jojo! – Sorriu vitoriosa ao ver o rosto de Joshua ganhar cor pela vergonhada da menção do apelido.

Ele encheu as bochechas de ar, fazendo beicinho. – Tu é que pediste, cabeça de fósforo! – Ele disse, com o tom de voz meio nervoso e apontando-lhe o dedo.

Amy e Donnie apenas recuavam lentamente, com medo do que estaria por vir. – E-eu acho-cho que va-vai explodir! – Donnie gaguejou, com os joelhos a tremer e o rosto contorcido numa careta de horror.

Os mais novos olharam para ele. – O que é que vai explodir? – Perguntaram, ao mesmo tempo.

Ele apontou para o lado. – A Am-

– SOCORRO, MEUS DEUSES DO OLIMPO! EU SOU MUITO SOLTEIRA PARA ABANDONAR A EXISTÊNCIA TERRENA! – Amy estava de joelhos no chão, com as mãos entrelaçadas e os braços no ar, abanando-as como se estivesse a implorar aos deuses.

Deuses, no plural, pois ao contrário dos outros três, Amy tinha ascendência Greco-Romana, sendo de uma religião politeísta.

– TEDE PIEDADE DE MIM, Ó DIVENDADES! DANIEL, SALVA-ME! Ou sê meu namorado, já não morro solteira! – O desespero logo desapareceu e transformou-se numa carinha infantil quando ela se levantou e como que por magia, mais rápida até que a velocidade da luz, abraçou Donnie contra si, com um sorriso infantil e os olhos a brilhar com esperança.

Donnie apenas espremeu o braço direito pelas mãos dela, colando a mão à cara dela e empurrando-a, fazendo-a cair comicamente no chão. – Esquece, loirinha. Tens bem mais hipóteses com o Rottweiler Rastafári do que alguma vez terás comigo! – Dito isso encostou as costas à parede e deixou-se deslizar por ela a baixo até encontrar a posição perfeita. Obviamente, Amy abraçou-se ao braço levemente musculado dele, mas este não se importou, deixando-se aconchegar juntamente com ela e pousando a cabeça sobre a dela. Como ele era mais alto e ela estava meia deitada o rabo-de-cavalo não incomodava, à parte de umas leves cócegas no pescoço.

Natasha tinha a mão sob o queixo, encarando o par com curiosidade e uma expressão inocente. Virou-se para Joshua. – Eles são namorados?

A pergunta fez os rapazes gelar e abanar a cabeça e as mãos com furor. – NÃO! NUNCA! JÁ ME CHEGARAM TODOS OS ANOS QUE A ATUREI DENTRO E FORA DE CASA, 24 HORAS POR DIA, NÃO PRECISO DE MAIS! – Donnie disse, corado, mas nervoso. Não era que gostasse de Amy mais do que como uma amiga, apenas a via como uma irmã e não tinha muita experiência no campo amoroso, pelo que não sabia como responder adequadamente à pergunta de Natasha.

Amy fez olhos de cachorrinho, com as mãos levemente cerradas no peito. – Donnie...? Mim não ser gostada por tu...? – A maneira manhosa e chorona como falava provocou o efeito correto em Donnie: culpa e remorso. Ele logo desviou o olhar e a envolver com os seus braços, fazendo-a chiar levemente com um sorriso e abraçá-lo de volta, com um sorriso mais longo do que a própria face, pousando a cabeça no peito coberto pelo tecido axadrezado de Daniel.

Ele suspirou, rendido.

Natasha deu um sorriso verdadeiro, refletindo nos seus olhos a doçura daquele momento. – mas sem dúvida são próximos... É tão fofo! – Ela disse, dando pulinhos inevitáveis no lugar, um comportamento típico de uma adolescente da sua idade.

Joshua riu levemente, escondendo a boca com a mão. – Afinal sempre tens sentimentos, huh? Bom saber! Foi uma bela reação, digna da progesterona presente no teu corpo! Ou serão os estrogénios? Bah, são todas células hormonais, quem se importa? – Abanou a mão, dando de ombros.

Natasha cruzou os braços, com uma expressão zombeteira no rosto. – Digo o mesmo de ti, Joshua! Com esse teu jeitinho já não tenho tanta certeza do que tenhas aí em baixo! – Ela disse, levantando a sobrancelha com uma expressão de superioridade.

O moreno tinha a boca no chão, enquanto ouvia os risos mal contidos de Amy e os quase histéricos de Donnie. Sentia vontade de chorar e fechou a mão num punho fortemente cerrado, que tremia de tamanha força. Os seus olhos antes inocentes e de pupilas largas eram agora linhas finas e afiadas com um brilho perigoso. Os caninos eram agora mais afiados e parecidos a presas. Amy e Donnie notaram a mudança e levantaram-se discretamente, prontos a parar Joshua se preciso. Por enquanto iriam apenas observar a quantidade de controlo que ele tinha sobre si mesmo.

Natasha também notou o comportamento estranho e descruzou os braços. No rosto, uma expressão confusa e ligeiramente precupada. Esticou a mão para lhe tocar. – Joshu-

– CALA A BOCA! – Ele bradou, lançando dito punho em direção ao rosto dela.
A ruiva esquivou-se rapidamente, dando um mortal a grande altitude. Quando aterrou no chão, no entanto, o moreno já a esperava com o olhar agressivo e unhas agora no formato de garras afiadas. Agilmente desviava-se das investidas do moreno, mas um golpe em especial atingiu-a na barriga, fazendo-a cuspir um pouco de sangue e projetando-a a alta velocidade contra a parede adjacente, fazendo fumo e algumas faíscas saírem da parece de nanobots agora dispersos em grandes pixels pelo chão.

Amy e Donnie prontamente desataram a correr na direção deles, não aguentando mais assistir. – Ativar Mutação! – Assim que essas palavras saíram das suas bocas, as suas marcas brilharam, e as suas roupas mudaram totalmente, tornando-se negras com linhas de cores de acordo com as suas marcas: cinza para Amy e violeta para Donnie, brilhantes.

Mas no momento não havia tempo para admirar a sua beleza. As mãos de Amy brilharam intensamente, assim como os seus olhos, que se tinham tonado cinza e logo ela começou a flutuar, levitando devido à telecinesia aplicada nas suas solas e proteção dorsal, de metal. Donnie levantou o braço esquerdo, com a mão transformada no estranho canhão que Natasha vira no dia anterior, mas desta vez com corpos de metal a flutuar em volta, brilhando com uma luz intensa.

Enquanto Amy tentava encontrar Natasha no meio de todo aquele fumo, Donnie travava uma batalha à distância com Joshua. No entanto, antes que o mais velho pudesse preparar outro disparo de energia para Joshua, um rugido tão alto que fez estalar as paredes assustou todos, deixando-os em estado de choque.

– Gh... O que... Aconteceu...? – Joshua pareceu voltar ao seu “eu” de sempre, levando rapidamente uma mão à cabeça, sentindo uma tontura. Teria colidido com o chão se não fossem os reflexos rápidos de Amy – os quais, digam-se de passagem, costumam funcionar melhor depois de serem precisos, e não em situações de perigo extremo como a anterior – que, rápida que nem uma flecha, apanhou-o e sentou-se no chão, deitando o moreno e fazendo-o descansar a cabeça no seu colo, afagando-lhe a face com cuidado. Joshua franziu as sobrancelhas, sentindo outra tontura. – Dói-me a cabeça... Aconteceu outra vez? – Perguntou, abrindo os olhos e mostrando os olhos tristonhos.

Amy suspirou e assentiu, dando um sorriso triste. – Desativar Mutação... – Ela e Donnie suspiraram baixinho, com as marcas apagadas e as roupas normais.

Joshua fungou e sentou-se, sendo prontamente acolhido nos braços de Amy, que lhe afagava os cabelos de maneira lenta e meiga. Sabia que o pequeno moreno precisava de apoio naqueles momentos e este sabia que podia contar com a loira quando mais precisasse.

O fumo dissipou-se e Natasha andou para fora dele, com um buraco na camisola e o casaco com alguns rasgões à parte das meias totalmente rasgadas e da pele arranhada pelo impacto. Andou até Amy e Joshua, ajoelhando-se ao lado deles. A sua expressão era indecifrável até para Donnie, que se limitou a observar desde longe, escondido nas sombras.

– Joshua? – Joshua emitiu um som leve e baixinho, Amy notando que ele tinha ficado mais tenso. – Desculpa. Não tinha razão para te dizer aquilo. Podes gritar comigo o que quiseres, eu vou ouvir-te. – Amy afrouxou o abraço que detinha no moreno ao sentir que este tinha relaxado e deixou-o virar a cabeça ligeiramente, apenas para poder olhar Natasha pela nesga do olho. Fechou os olhos por um segundo, dando-lhe a entender que consentia. Rapidamente voltou a fechá-los e a esconder o rosto no ombro de Amy. A ruiva sorriu e puxou-lhe a touca, assustando-o, mas isso logo passou quando ele sentiu a mão macia dela dançar por entre as terminações nervosas dos seus cabelos. Semicerrou os olhos, gostando do carinho. – Desculpa ter-te feito chorar... Afinal não somos amigos... – Ela disse, com um toque de tristeza no final da frase, enquanto relutantemente tirava a mão dos cabelos de Joshua.

Sentiu braços à sua volta e não pôde evitar a vermelhidão evidente nas suas orelhas e lábios ao reparar que era Joshua quem a abraçara. – Limita-te a abraçar-me, sua louca... – Ela riu do comentário e fez isso mesmo, embrenhando novamente a mão nas pontas azuis dos cabelos de Joshua.

Poucos segundos depois foram obrigados a separar-se pelo chiar constante e irregular de Amy, que tinha as mãos nas bochechas coradas. – São TÃO fofos! Não são, Donny Boy? – Amy fez mensão de chamar Donnie pelo apelido do qual ele não gostava, pelo que este lhe respondeu com uma resposta grosseira. Ela reclamou e foi para o pé dele, fazendo novamente a vozinha manhosa e começando uma nova discussão cómica.

Joshua colocou a sua touca com os cabelos dentro, prendendo-a com os óculos de aviador e sorriu a Natasha, levantando-se. Esticou a sua mão direita e ela sorriu, mostrando os dentes todos, aceitando-a. – Bem, já lutaste contra alguém e partiste alguma coisa, portanto... Considera-te uma cidadã oficial, Nathy! – Ela inclinou a cabeça para o lado e ele riu, estalando os dedos e fazendo as paredes desfazer-se em bits, que logo desapareceram no ar. Natasha olhou em volta, vendo que tinham sido transportados para a varanda de casa. Ela sorriu e correu para o corrimão, segurando-o e admirando o céu que tomava tons de fogo. Joshua juntou-se a ela. – Não digas que não somos amigos Nathy, isso não é verdade.

– Não sejas ultracrepidário, Joshua. – Ela disse, apoiando o braço no ombro dele e fazendo-o de encosto.

Ele riu levemente. – Eu não sou! Mas vivendo nesta cidade, acabei ficando como ela... – Ele disse, com uma leve briza a bagunçar os cabelos dos quatro. Donnie e Amy foram para o lado de cada um. Amy ao lado de Joshua e Donnie ao lado de Natasha.

A loira riu levemente e fechou os olhos. – Não sabemos explicar muito bem, mas... Donnie?

– Natasha Hagane... Bem-vinda à Cidade Quebrada! – Ele disse, sorrindo, encarando-a pela nesga do olho. Ela sorriu e encarou o horizonte com o olhar alegre. Inspirou fundo e gritou para o céu. – Estou em casa!


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e deixem comentários!!!

Favoritos são apreciados e recomendações ainda mais!!!!!!!!!!!

Beijinhos e até ao próximo!



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