Watanabe - Interativa escrita por Cloo Muller


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

OIE....
Faz quase dois anos que havia parado de escrever. Mas agora voltei com tudo com essa história. Espero que gostem.



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A noite estava calma, mantinha uma serenidade quase absoluta se não fosse pelos ruídos feitos por alguns insetos e animais noturnos, os vagalumes brilhavam em vários pontos da floresta e os feixes do luar prata iluminavam o verde gramado límpido.

Mas o que parecia durar pela eternidade, fora interrompido por dois pares de botas correndo em uma velocidade incomum, deixando pegadas profundas na natureza pura. Os animais ao pressentir a presença dos dois homens, fugiram para suas tocas e os pássaros voaram para longe do possível perigo. Então, uma explosão estrondosa surgiu em meio à floresta.

O local se encontrava em estragos, árvores caídas, buracos no chão e algumas partes incendiadas. As chamas se espalhavam lentamente, a fumaça cessava aos poucos revelando duas silhuetas distantes em constante movimento. Se não fosse uma situação difícil, a batalha travada entre eles poderia ser considerada bonita, não pelo estilo da luta e sim pelos shows de luzes com os impactos das magias. Um dos homens trajava uma túnica branca com o símbolo de um raio exposto na costa, este tinha cabelos ruivos grisalhos do mesmo tom que a barba espessa, ele atacava um vulto negro com raios que saiam de duas pedras amarelas presa nos anéis dos dedos indicadores, o outro homem usava uma túnica preta, a touca da mesma dificultava visualizar seu rosto, esse desviava-se dos ataques instantaneamente.

— Esta ficando cansado, professor? – Provocou o homem desconhecido.

— Quem é você, ladrão? – O ruivo não deu ouvidos á provocação, sua aparência deixava claro a exaustão de seu velho corpo, ao contrário do sombrio homem que mantinha-se em uma postura perfeitamente ereta.

— Que pergunta tola. – O homem ergueu a cabeça, deixando que a luz da lua deixasse a mostra um sorriso maquiavélico. – Mas, talvez eu possa responder para você, Guardião dos Raios. – disse serrando os punhos. – Sou filho de Saito Takeru.

— Mentira. – brandou o Guardião. – Ele nunca teve família, sempre foi um homem sombrio e asqueroso que fazia de tudo para quebrar os Noves Selos.

— Esqueceu-se de dizer que ele foi totalmente excluído, sempre o julgavam por não ter habilidades o suficiente para ser um guardião. Vocês o humilharam e eu irei vingar sua morte. – O clima tornou-se tenso, o homem quem dizia ser filho de um dos piores magos da história arregaçou as mangas, e o que em segundos antes eram braços coberto por pele transformou-se em escamas escuras, seu corpo também aumentara de tamanho, quase rasgando a túnica nos ombros, o rosto agora exposto transformou-se em uma forma de crocodilo, sobre a cabeça uma par de chifres de touro. – E você, professor. – o tom de voz era horripilante, mais grave após a transformação horrenda – Irá vivenciar o verdadeiro inferno. –  Por fim ergueu o braço direito para o céu, com um gesto discreto o professor olhou para cima, percebendo vários morcegos barulhentos descendo em sua direção em forma de um tornado.

*

Kaoru… Acorde minha deusa, hoje será um grande dia.— Uma jovem ouvia sussurros de uma voz feminina enquanto andava pelos corredores de uma casa desconhecida, a menina era branca ao contrário de seus olhos que eram tão negros quanto a escuridão, as madeixas continham um tom castanho com várias mechas naturalmente ruivas. As paredes daquela casa eram brancas, assim como os móveis, o chão, ao olhar para fora da janela, percebera que o céu também não tinha cor, nem mesmo o majestoso sol liberava seus raios dourados, somente ela era o destaque em cores. – Acorde, Kaoru. – A voz continuava sussurrando, mas Kaoru não via ninguém além dela mesma naquele lugar que trazia diversos arrepios a cada passo. A voz havia cessado, trazendo um alívio a jovem que continuava andando, até parar em frente de uma porta amarela na qual a chamou muita atenção. Abriu. Desejou nunca ter aberto. Um cristal amarelo irradiava uma luz como o sol, seu brilho era tão intenso que Kaoru mal podia enxergar seu formato, não emitia calor, mas ondas de energia. – É na hora de despertar.

Um balde de água fria fora despejado na jovem que dormia sobre o sofá, o choque da água fez com que Kaoru levantasse rapidamente aos berros.

— Finalmente! – exclamou uma jovem de cabelos negros escorridos, seus olhos castanhos estavam se divertindo ao ver a amiga tremer de frio e molhada da barriga para baixo. – Te chamei várias vezes e você não acordava. Tive que apelar.

— O que está – Um homem descia correndo pela escada para a sala, deparando-se com a irmã caçula encharcada. – acontecendo? – Seus olhos azuis desceram em direção ao calção de Kaoru, observou atentamente, antes de sentir alguém saltar em sua frente depositando-lhe um beijo nos lábios. – Angel? Quanta vez lhe disse para não fazer isso?

— Poxa! Dudu.

— Não me chame de Dudu.

— Duduzinho?

— Kaoru? Dê um jeito nela.

— Angel. – Pela primeira vez Kaoru disse algo no após ter sido acordada de tal maneira. – Por que diabos, você jogou água em mim? – A jovem vociferou.

— Eu já disse. Tentei te acordar várias vezes. Até te chamei de minha deusa. Mas, você dorme feito pedra.

— Deusa? – Kaoru suavizou o tom de voz, voltando seus olhos para os pés descalços. Aquela palavra era nostálgica, a fazia lembrar-se de seu sonho.

Angel e o irmão da jovem se entreolharam, ambos compartilhavam a mesma dúvida.

— Vocês duas, deveriam ir trocar de roupas. – O rapaz interrompeu o silêncio mórbido. – Ou vão se atrasar para a escola.

— Eduardo, você não vai parabenizar a Kaoru? – Angel perguntou ao homem. – Hoje ela completa dezessete anos. Né Ruivinha?

— Claro! Com essa confusão toda acabei me esquecendo. – Eduardo aproximou-se de Kaoru e a abraçou. – Parabéns!

Após parabenizar a irmã, Eduardo subiu para seu quarto, enquanto as meninas se direcionaram para os aposentos de Kaoru, próximo à sala. Ambas, tomaram um banho e arrumaram-se. Kaoru vestiu sua calça preta e uma blusa azul turquesa que destacava sua pele pálida e Angel um vestido vermelho e um suéter branco.

— Vestido de novo? – Kaoru perguntou, tentando lembra um único dia que não vira Angel com um vestido.

— Eu gosto. – A jovem sorriu enquanto calçava uma bota preta.

— Teus gostos são estranhos. – deu de ombros. – Vamos?

Eduardo já estava esperando as duas ao lado do carro, estava usando um óculos de grau, o que para Angel Hill, era muito sensual. Desde que conhecera os irmãos Walker, Angel sentia-se atraída por Eduardo, e uma ligação amigável com Kaoru.

No caminho para o colégio chamado Future Generation – Geração Futura – o silêncio era dominante. Eduardo prestava atenção na movimentação dos outros veículos e nas sinalizações, Kaoru que estava ao lado do irmão, escorando a cabeça na janela lembrando-se do cristal energizado, e Angel se mantinha inquieta atrás dos irmãos Walker, nunca gostara do silêncio, nem mesmo quando se tratava dos exames escolares.

— Eu acho isso uma grande injustiça. – A jovem de cabelos negros protestou. – Por que o irmãozinho da minha amiga é meu professor de biologia? Se Eduardo estivesse ainda na faculdade eu ainda teria chances.

— Essa ideia é perturbante, não poderia guardar estes pensamentos só para você?. – olhando de esguelha para Angel, Eduardo a provocando com um sorriso forçado. – Chegamos. – disse estacionando o carro em frente a um enorme edifício, no qual parecia mais uma universidade ao invés de uma escola para estudantes do Ensino Médio.

As meninas desceram, seguindo em direção ao corredor principal que dava acesso para os corredores secundários de alguns clubes e mais adiante às salas do último período escolar. No caminho, foram barrados por um grupo de seis meninas, lideradas por Lucinda de Tameredu, bela garota de olhos e cabelos castanhos, dona de uma pele bronzeada invejável e herdeira de uma grande fortuna.

— Ora, ora! – A morena exclamou sorrindo. – Vejam quem está aqui. – seus olhos delineados desviam-se de Kaoru para Angel, de Angel para Kaoru. – Se não é a filha deserdada da atriz Walker e a órfã Angel. – A fleuma sorriu para a Angel – Como vai o orfanato, querida? Não acha que aquele mausoléu aos pedaços, já deveria ter sido demolido?

— Sua… – Kaoru tentou segura-la, mas não conseguiu. Angel soltou-se bruscamente e acertou uma tapa no rosto bronzeado de Lucinda, o estalo fora tão alto que a movimentação do corredor parou. – Sua idiota, nunca mais fale assim do meu lar. Pode ser um orfanato, mas ainda é minha casa. – Angel continha as lágrimas, mas não o tom de voz. – Você é repugnante. – urrou por fim.

Lucinda sempre dava um jeito de humilhar as pessoas, somente para vê-las entrar em sofrimento, Angel sempre fora seu alvo predileto. Pobre e sem família.

— O que está acontecendo aqui? – Um homem alto vinha em direção das meninas. – Senhorita Tameredu? Poderia me explicar? – Pediu a Lucinda que tapava o lado do rosto vermelho, seus olhos estavam apavorados, nunca havia recebido nem uma sequer bronca de seus pais. Aquela agressão não poderia ser ignorada. Não seria.

— Não é nada Sr Diretor. Pode ficar tranquilo. – Quando o homem retirou-se, Lucinda sorriu vitoriosa. – Devo agradecê-la menina órfã, você acaba de me dar motivos para te odiar ainda mais. – Virou de costa para Kaoru e Angel, acenando para ambas. – Vai ter volta, e será em dobro. –  retirou-se com as outras garotas, deixando um clima tenso até para os alunos que, tão somente assistiam.

— Angel? – Kaoru segurou a mão da amiga, que recusou em seguida.

— Você é a única pessoa que me faz sentir raiva quando tem pena de mim. – Angel estava séria, não demonstrava nenhum sentimento. – Vou para o clube de fotografia. Sozinha.

Kaoru não pode fazer nada além de observar a amiga saindo e sumindo em um corredor qualquer.

As aulas seguiram tranquilas após o segundo tempo, Angel agia normalmente esboçando o mesmo sorriso de sempre, alegre e divertido, um alivio para Kaoru. Nem mesmo surtara na aula de biologia, quando a amiga ficava jogando indiretas no professor Walker,

Por ser sexta-feira, o horário era integral, os alunos só saiam às sete horas da noite. Para a infelicidade das senhoritas, Walker e Hill, Eduardo haveria de ficar até mais tarde no colégio, e isso obrigava as meninas seguirem a para casa a pé.

No caminho, as duas relembravam do dia com risadas, riram de Jonson que roncava enquanto dormia na sala e de Collins que caíra em cima da professora de línguas ao tentar apanhar o celular de volta. Os risos cessaram ao avistarem a srt Tameredu com os braços cruzados, sentada no capô de um veículo escuro.

— O que quer, Lucinda? – Kaoru perguntou já segurando a mão gélida de Angel.

— Eu disse que teria volta, srt Hill. E se a Walker tentar me impedir receberá a mesma dose. – Lucinda falava com serenidade enquanto observava o céu nublado.

Quatro homens usando uniformes pretos surgiram atrás das meninas, dois deles puxaram Angel para longe de Kaoru, o berro estridente da amiga deixou a jovem paralisada de medo, seu corpo não obedecia a seus comandos, o terceiro homem aproximou-se da menina Hill e a acertou com vários socos, no estômago e no rosto. Finalmente Kaoru recuperou os sentidos e tentou correr em direção de Angel, mas o quarto homem a segurou pelas madeixas a fazendo gemer ao colidir com o chão.

— Pare, por favor, Lucinda. Pare. – Kaoru implorava aos prantos. – Lucinda. Por favor.

— Ela me acertou uma bofetada na frente de vários alunos, essa atitude merece punição. Se você interferir, ganhará o mesmo tratamento.

— Por favor. – Kaoru tentou manter-se em pé, com muito esforço, mas não conseguiu. – Parem... – sua voz saia como sussurros. As poucas luzes da rua começaram a piscar, ninguém percebeu. Kaoru não ouvia nada, não via nada, seus olhos estavam fechados, porém, continuava vendo a tortura que Angel estava sofrendo. A amiga que não desistia de conquistar Eduardo, que nunca desistiu de animar Kaoru quando a Sr Walker disse que não teria uma filha professora, queria uma filha modelo ou atriz como ela. Na escuridão de seus pensamentos, um cristal amarelo brilhou, liberando suas ondas de energias. – Agora.

Neste momento, o veículo onde Lucinda estava sentada, ligou e antes mesmo que ela pudesse sair de cima, explodiu, junto com as lâmpadas dos postes. Os quatros agressores, Angel e Kaoru foram arremessados para longe. A ruiva bateu a cabeça em uma superfície rígida, que não fora capaz de identificar, suas vistas ficaram turvas, mas não sentia dor alguma.

As gotas de água desprenderam-se das nuvens, a chuva descia tranquila, mas ameaçava piorar. A água da chuva limpava um pouco da poeira no rosto da jovem, lavavam calmamente a testa ensanguentada. A jovem Walker tentava entender o acontecido e se morreria naquele dia, daquele jeito.

— Angel… – sussurrou, sua voz quase não saia, a respiração era lenta. O céu estava girando e por um segundo sentiu que iria vomitar, estava prestes a fechas os olhos quando sentiu alguém pega-la no colo, mas pela falta de sentidos, não conseguira identificar antes de desmaiar.


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Notas finais do capítulo

Então. O que acharam? Muito direto? Ficou claro? Gostaram?
Estou feliz por ter retornado com Watanabe.