Contando Estrelas 3 escrita por Letícia Matias


Capítulo 9
Capítulo 9




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Nós fomos recebidos de braços abertos na casa dos avôs de Johnny. Eles eram pessoas muito bem humoradas e simpáticas. Minha mãe já estava lá quando eu cheguei.

– Oi mãe. – eu disse lhe dando um grande abraço.

– Oi querida. Que saudades. – ela sussurrou no meu ouvido. – E então, vocês dois estão bem¿

Franzi o cenho e assenti e então ela sorriu.

– Seu irmão está na piscina.

– Nesse frio¿

– A piscina é aquecida. – Johnny disse dando um abraço na minha mãe.

– Como à senhora está¿

– Estou bem Johnny, obrigada.

Minha mãe foi para a cozinha deixando eu e Johnny na sala com as malas. Estávamos apenas nós. Sorri maliciosamente para ele.

– Então, devíamos saber onde é o nosso quarto. – eu disse mordendo a boca.

Ele riu baixinho e me puxou para um abraço apertado. Ele beijou minha testa.

– Aí estão os pombinhos. – uma velhinha de cabelos brancos, um pouco corcunda entrou na sala. Ela tinha olhos azuis e grandes e era branquinha e pequena.

– Sim, estamos aqui vovó. Como vai¿ - Johnny sorriu e se curvou para abraça-la.

– Muito bem meu filho, muito bem. Seu avô que está um velho surdo e insuportável.

Johnny e eu nos olhamos e eu reprimi um sorriso.

– Não fale assim do vovô Joe, vovó.

Ela riu.

– Venha cá minha querida. – ela disse abrindo os braços para mim.

Eu um pouco constrangida fui até ela e me curvei para abraçá-la. Ela parecia tão frágil.

– É um prazer enorme conhecê-la Sra. Donahue.

– Sem essa de Sra. Donahue, pode me chamar de Alexandra ou vovó já que você já é da família, não é querida¿.

Ela se sentou devagar na poltrona de couro marrom e olhou para mim e para Johnny.

– Ah Johnny querido, ela é linda. Graças a Deus você arranjou uma moça boa, tenho certeza que já estão planejando os bisnetos.

Arregalei os olhos e olhei para Johnny que abaixou a cabeça e sorriu.

– Ainda é um pouco cedo para isso vovó. Mas, a Mary é uma ótima garota.

Ela sorriu.

– Que bonitinhos. – ela disse com a voz rouca. Ela se virou para mim e disse: - Mary quero que se sinta em casa para fazer o que quiser. O quarto de vocês é o último do corredor lá em cima. Fique a vontade.

– Obrigada Sra...

Ela me olhou fazendo bico.

– Alexandra.

Ela sorriu e assentiu.

– Vamos levar as malas lá para cima¿ - perguntei olhando para Johnny.

Ele assentiu e pegou uma mala e eu peguei a minha, que era a mais pesada.

Nós subimos a escada de madeira e nos deparamos com um corredor estreito e grande com várias portas de madeira. No fundo do corredor, havia uma porta com uma plaquinha de madeira escrita “Mary e Johnny”.

Sorri e balancei a cabeça. Johnny riu ao ver e abriu a porta.

O quarto tinha uma janela enorme onde podíamos desfrutar de uma paisagem incrível cheia de montanhas e um grande lago.

Larguei a mala ao meu lado e corri para a janela.

– Que lindo! – sussurrei maravilhada.

– É realmente lindo.

– Você cresceu aqui¿ - perguntei virando-me para ele.

– Eu morei alguns anos aqui, quando eu era criança, mas, foram no máximo uns quatro anos. Era incrível, fazíamos fogueiras nos dias frios, comíamos mashmallow, ouvíamos histórias que o meu avô contava. Era muito bom.

– Que legal. – eu disse.

Ele veio até mim e me deu um beijo na testa e me abraçou.

– Acho que estar com você aqui é melhor ainda.

Sorri e abaixei a cabeça sinceramente um pouco envergonhada. Ele segurou meu queixo e eu olhei para ele.

– Te amo. – ele disse.

– Eu também.

***

Na hora do almoço a família toda estava reunida numa grande sala de jantar em volta de uma mesa grande e quadrada de mogno. Minha mãe estava do meu lado e Johnny do outro lado da mesa de frente para mim. O assunto era sobre empresa e os grandes passos que Johnny estava próximo a fazer junto com Alaric.

– Logo você que sempre odiou conversas sobre trabalho e empresa durante jantar e almoço, olhe só para você! – minha mãe sussurrou para mim.

Ri baixinho e sorri para ela.

– Como sempre, estou suportando. Ainda odeio isso, mas, parece que todos os homens amam se lamentar sobre seus trabalhos difíceis durante as refeições.

Minha mãe riu e apertou meu joelho levemente. Pude ver rugas e pés de galinha se formando em seus olhos enquanto ela sorria. Ela parecia um pouquinho mais velha. Seus cabelos louros estavam enrolados e definidos com babyliss como sempre estiveram.

– Então Mary, nos conte como está a faculdade de fotografia. – o assunto da mesa voltou-se para mim de repente.

Senti minhas bochechas arderem um pouco. Todos na mesa me olhavam curiosos.

– Está boa. – respondi. – Semana que vem teremos que entregar várias fotografias em preto e branco. É um trabalho bem interessante. Temos que fotografar alguém.

– E quem você fotografará¿ - Paul perguntou com um sorriso malicioso levando o garfo até a boca.

Olhei para Johnny e dei um sorriso.

– Ah, mas é claro! – Krystal disse e todos riram.

– Não posso fugir de ser cobaia¿ - Johnny perguntou num tom de súplica.

Revirei os olhos.

– Você sabe que eu tenho que entregar um trabalho bom.

– E para ser bom eu tenho que estar nele¿

– Sim. – respondi. – Mas se você preferir; posso fotografar algum garoto atlético do time de basquete.

– Não. Eu quero ser fotografado, - ele disse e forçou um sorriso.

– Ótimo.

– Hora da sobremesa! – A Sra. Cassie chegou à sala de jantar anunciando com uma travessa de vidro com cheesecake de goiaba na mão.

Paul assoviou.

– Aí sim hein Sra. Cassie.

Ela sorriu satisfeita e colocou a travessa no centro da mesa.

– Esperem que não é só isso. Tenho um especial para a Mary.

Arregalei os olhos surpresa.

– Como assim¿ - balbuciei.

Ela sorriu e se retirou. Segundos depois apareceu segurando uma torta de blueberry.

– Especial para a Mary!

Ri sem graça.

– Ah... Sra. Cassie, não precisava. Mas, muito obrigada.

Ela riu e colocou a torta ao lado do cheesecake.

– Aproveitem. – ela disse e se retirou.

– Que fofa! – sussurrei para Johnny.

Ele riu e balançou a cabeça.

– Fofa¿ Você por acaso lembra-se do que ela fez no meu apartamento¿ - ele se inclinou para frente para que eu pudesse ouvi-lo melhor.

Ri baixinho e respondi:

– Não fale assim. Só porque ela revelou alguns de seus podres¿

Ele revirou os olhos e tornou-se a sentar-se ereto na cadeira.

Nós começamos a nos servir devorando as duas sobremesas.

O avô de Johnny, o Sr. Donahue – que gostava de ser chamado de vovô ou Joe – quebrou o silêncio enquanto todos saboreavam as delícias da Sra. Cassie.

– Então queridinhos, nos contem a data do casamento.

Parei de mastigar automaticamente na hora em que ouvi a palavra casamento. Olhei para Johnny que também parou de mastigar e me olhou. Todos na mesa olhavam para nós parecendo esperar uma resposta.

Engoli em seco e esperei Johnny dizer algo.

– Bem... – Johnny por fim disse – Ainda é um pouco cedo vovô Joe...

– Cedo¿ - o vovô Joe parecia incrédulo – Você tem quase 29 anos rapaz!

– Vovô! – Phoebe o repreendeu.

– Eu quero bisnetos! – vovô disse batendo o punho na mesa com força fazendo-me saltar um pouco da cadeira.

Arregalei os olhos e os baixei para a minha torta.

– Pare de envergonhá-los Joe! – a vovó disse – Seu velho rabugento.

Reprimi um sorriso.

– Olhe para a pobrezinha da Mary. – ela continuou. – Está envergonhada.

– Está tudo bem. – eu disse. – Só achamos um pouco precoce essa ideia.

– Sim. – Krystal disse me dando apoio – Bem, vamos todos comer, sim¿

O silêncio voltou e o vovô Joe se levantou da cadeira e saiu da sala de jantar deixando-nos na mesa resmungando algo baixinho.

Peguei no garfo e vi o anel em meu dedo. Meu anel de compromisso. Mordi o lábio. Eu sabia que Johnny muito em breve iria querer colocar uma aliança ali. Eu podia senti-lo me olhando, mas não ousei olhar para ele. Tornei a comer minha torta sem olhar para nenhuma direção.

Depois do almoço constrangedor, subi para o meu quarto e de Johnny para tomar um banho. Estava muito frio.

Entrei no banheiro. Era enorme com armários e prateleiras de madeira escura e um piso de porcelana antigo.

Prendi meu cabelo num coque e tirei minha roupa jogando-a num cesto branco ao lado da pia. Olhei meu reflexo no espelho. O vapor da água estava cobrindo o banheiro. A luz amarelada e fraca tornava minha pele um pouco amarela. Eu estava com vestígios de noites mal dormidas debaixo dos olhos. Eu parecia... Mais velha.

A porta do banheiro se abriu e vi Johnny parado na porta me olhando. Eu sei que é estúpido porque somos namorados e moramos juntos e dormimos na mesma cama, mas eu estava muito aliviada de estar ainda vestindo calcinha e sutiã.

Ele sorriu e eu sorri para ele. Ele entrou no banheiro e trancou a porta.

– Você fugiu da mesa. – ele disse beijando meu ombro direito.

Sorri e fechei os olhos.

– Não fugi não. – olhei para ele e depois olhei para minhas mãos. – Só queria tomar um banho.

Ele sorriu.

– E nem me chamou.

– Acho essa banheira um pouco pequena para nós dois. – respondi apontando para a banheira quase cheia.

Ele assentiu.

– Você está incomodada.

Franzi o cenho e nossos olhos se encontraram no espelho.

– Como assim¿ - perguntei.

– Depois de o vovô Joe nos encurralar com aquela conversa lá embaixo, você ficou tensa e ficou olhando para esse anel. – ele disse colocando a mão no anel em minha mão.

– Não estou incomodada.

– Está sim. E está tudo bem Mary. Eu entendo. Você é nova ainda e não quer filhos e casamento agora.

– Não é esse o problema. – eu disse virando-me para olhá-lo nos olhos. – O problema é que ele tem razão. Ele tem razão em querer bisnetos, tem razão sobre você. Você já está na idade de casar e começar uma família e eu sei que você quer isso e você sabe que isso nunca fez parte de nenhum plano meu.

Ele suspirou alto.

– Mary, eu nunca planejei conhecê-la, nunca planejei me apaixonar por alguém mais novo, simplesmente aconteceu. A vida nem sempre corre do jeito em que planejamos. Eu não me importo de esperar. – ele deu de ombros.

– Não Johnny, você ainda não entendeu. – retruquei. – Não é algo que eu queria. Eu não quero, nunca quis e acho pouco provável que eu vá querer. Casar sim, mas, filhos não. Eu realmente sou muito nova e quando eu estiver na idade de pensar nisso, você já estará muito mais velho.

Ele fechou os olhos e inspirou fundo. Fiquei olhando para ele. Ele abriu os olhos e disse olhando para o teto:

– Eu não me importo de abrir mão dessas coisas.

– Mas eu não quero que você abra mão de ser feliz, casar, ter filhos... Não quero que abra mão de ser feliz!

– Eu não vou ser feliz sem você! – ele disse alto colocando as mãos no meu rosto.

Senti-me paralisada com suas palavras. Não disse nada.

– Eu abro mão de qualquer coisa, desde que eu fique com você! Abro mão.

– Mas isso seria egoísmo meu. – retruquei ainda paralisada.

Ele bufou e deu um passo para trás tirando as mãos do meu rosto e me olhou.

– Apenas esqueça isso. – ele disse cansado. – Vamos pensar num futuro mais próximo: Na nossa viagem. O futuro é só um detalhe. Podemos fazer isso¿

Sorri murchamente.

– Sim.

Ele se aproximou e me deu um beijo na testa.

– Vou deixar você tomar banho. Vou sair com Paul e meu pai.

– Aonde vocês vão¿ - perguntei.

– Vamos... Sair só os homens.

– Não vão a um clube de striptease, certo¿

Ele riu.

– Não, não iremos.

– Ótimo. Divirtam-se. Eu te amo.

– Eu também te amo. Afinal, eu já disse que essa calcinha e esse sutiã ficaram muito bem em você¿

Dei um sorriso malicioso.

– Me deixe tomar banho. Divirtam-se e tomem cuidado.

Ele sorriu e saiu do banheiro.

Olhei novamente para meu reflexo no espelho.

Não sei, talvez eu consiga ser esposa desse cara. – pensei.

A ideia era apavorante, mas eu gostava dela.


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