Contando Estrelas 3 escrita por Letícia Matias


Capítulo 6
Capítulo 6




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Acordo sonolenta com uma voz de mulher falando alto.

– Quem você pensa que é para fazer uma coisa dessas com ela¿ Ela está mal, muito mal Johnny! Está vomitando as tripas e você estava aonde¿ Andando por aí com raiva dela porque enfiou na cabeça que o Sr. Dawson está dando em cima dela! Isso é ridículo e está agindo como um moleque. Olhe aqui, ela sofreu por uma semana enquanto vocês tinham terminado. E agora vocês estão morando juntos, não vou admitir você fazer isso com ela e...

Não ouço a resposta de Johnny.

– Não, não mande em me acalmar, Johnny! Eu tenho que ir embora, mas se eu pudesse ficaria aqui cuidando dela já que você não é homem o suficiente para cuidar da namorada. Então, trate ela bem, está me entendendo¿ Acho bom você comprar uma floricultura inteira e fazer milhares de coisas para ela te perdoar.

Novamente, não ouço a resposta de Johnny.

– Se precisar de mim, pode me ligar. Eu preciso ir. Fale para ela que mandei um beijo e venho vê-la amanhã.

– Tudo bem, obrigada Katie.

Durmo novamente derrotada pelo cansaço.

***

Quando acordo novamente, vejo uma luz fraca iluminar o quarto. Remexo-me embaixo das cobertas e olho para o outro lado do quarto.

Johnny está parado em frente à porta do quarto me olhando com os olhos ansiosos e com a mão no queixo.

Engulo em seco e minha garganta está seca.

Ele vem até a cama e senta-se no pé dela olhando para mim. Ele suspira e baixa a cabeça. Depois olha para mim.

– Me desculpe. – ele diz. – Por favor Mary, me desculpe. Você... Não merecia isso.

Não digo nada porque não sei o que falar. Prefiro não dizer nada por ora.

– Eu fui um idiota, paranoico, você não tinha que ter ouvido aquelas coisas da minha boca e você tinha razão. Eu sou um idiota. E mais idiota ainda por tê-la deixado num momento que estava precisando de mim.

Meu estômago revira e eu fecho os olhos engolindo em seco.

Ah meu Deus, por favor, não quero vomitar novamente!

– Eu... Sinto muito! – ele diz.

Sinto uma ânsia crescendo na boca do estômago e subindo até minha garganta. Levanto-me cambaleando e disparo para o banheiro repetindo aquela cena que já tinha acontecido inúmeras vezes hoje.

Johnny segura meu cabelo num rabo de cavalo alto e se agacha do meu lado.

Espero de olhos fechados por uns dez minutos, mas não torno a vomitar. Abro meus olhos e olho para ele.

Ele me olha com os olhos culpados e ansiosos.

– Me desculpe! – ele me toma em seus braços num abraço não muito forte para não apertar minha barriga e eu fico de olhos fechados ali em seu colo com a cabeça apoiada em seu ombro.

– Me perdoe, Mary.

Eu não tenho forças para dar um sermão nele, por mais que eu queira lhe dar uns bons tapas e gritar com ele. Ele parece extremamente arrependido. Talvez a gritaria de Katie com ele tenha sido muito eficaz. Apenas digo:

– Da próxima vez que arrumar uma confusão dessas comigo, você vai dormir no elevador.

Ele olha para mim e eu olho para ele me sentindo com o corpo cansado. Ele sorri e cola sua testa na minha. Fecho meus olhos e dou um sorriso murcho.

– Eu sinto muito.

– Eu sei. É que... Agora não tenho forças para lhe dar um sermão. Deixarei para depois. – respondi com a voz rouca.

Nossos olhos se encontram novamente e eu fico feliz de ver seus olhos acinzentados e verdes atenciosos a cada movimento meu. Coloco as duas mãos em seu rosto e o seguro em minhas mãos olhando sua boca, seu nariz reto, sua barba e seus olhos.

– Porque está se sentindo mal desse jeito¿ - ele pergunta.

– Não sei. – digo baixinho e então tenho um momento de tensão e pânico.

Olho para ele com os olhos arregalados e depois de um tempo ele arregala os olhos tanto quanto eu.

– Não... – eu disse balançando a cabeça quase imperceptivelmente.

Ele morde o lábio.

– Isso não pode acontecer, não tem como acontecer. – ele diz.

Coloco as mãos no rosto e fico desesperada.

– Oh meu Deus! Não, isso não pode estar acontecendo. Não pode ser verdade. – estou histérica.

– Ei, fique calma. Olhe para mim. – ele disse levantando meu queixo para olhá-lo. – Escute, vou à farmácia, comprarei cinco testes e... Vamos ver. Fique calma, deitada na cama, entendeu¿.

Faço que sim lentamente.

Ele se levanta e ele me ajuda a levantar colocando-me na cama novamente.

– Eu já volto. – ele diz olhando pra mim na porta do quarto.

Assenti e ficamos os dois olhando um para o outro em choque, ambos apavorados com o mesmo pensamento. Por fim, ele sai do quarto e segundos depois, ouço a porta bater.

Estou sentada com as costas apoiada em dois travesseiros. Puxo o edredom até o queixo olhando para meus pés.

Isso não pode acontecer. Nós sempre nos cuidamos... E então comecei a tentar pensar se alguma vez esse cuidado passou despercebido. Eu não consegui lembrar e só esperava que eu não estivesse grávida!

– Meu Deus! – sussurrei fechando os olhos. – Isso não é uma coisa da qual eu precise agora.

Johnny volta dez minutos depois com cinco testes de gravidez. Eu sigo as instruções e espero sentada no chão do banheiro junto com Johnny. Nem eu nem ele falamos nada, apenas seguramos a mão um do outro, forte. Nossas mãos estão suando frio. Medo, pânico, euforia... Não dá para descrever ao certo o que eu estava sentindo, muito menos o que ele estava sentindo.

Quinze minutos depois nós dividimos os testes. Dois para cada e um ficou na pia.

– Ok, olhe um primeiro. – eu disse.

Ele assente e respira fundo. Estamos de frente um para o outro, olhando um para o outro, ansiosos e apavorados.

Ele olha e depois olha para mim com olhos arregalados:

– Um palitinho. O que significa um palitinho¿

– Não! – eu digo.

– Você está grávida¿

Não!

Me sinto mais aliviada, mas, ainda faltam quatro testes.

– Sua vez. – ele diz jogando o teste do lixo.

Respiro fundo e olho. Um palitinho vermelho.

Sorrio e olho para ele.

– Não. – jogo no lixo.

Ele olha o outro em sua mão e depois olha para mim. Balança a cabeça negativamente. Olho o que está em minha mão. Palitinho vermelho. Apenas um.

– Negativo. – jogo no lixo.

– Falta um. – ele diz.

Assenti mordendo o lábio.

– Vemos juntos¿ - pergunto.

Ele assente.

Fecho seus olhos e ele fecha os meus com sua mão. Nos agachamos em frente a pia.

– Um, dois... Três! – tiramos nossas mãos da cara do outro e olhamos fixamente para o teste encima da pia.

Suspiro e olho para ele que me olha. Ambos com expressão aliviada.

Sorrio murchamente e jogo o teste no lixo. Nos abraçamos e ficamos encostados na parede do banheiro, abraçados.

– Não sei se fico triste ou aliviado.

Franzo minha testa e olho para ele.

– Como assim¿

Ele dá de ombros.

– Seria... Uma grande novidade. Seríamos pais.

Olho confusa para ele.

– Sim. Seríamos pais! Isso não te enlouquece até o último fio de cabelo¿ Somos muito novos pa...

Ele balança a cabeça.

Você pode ser muito nova, eu tenho quase vinte e nove anos.

Mordo o lábio e olho para baixo.

Ele abaixa a tampa do vaso sanitário e senta-se.

– Você não pensa nisso¿ - ele pergunta.

Suspiro e olho para ele.

– Não acho sensato ter essa conversa agora. – respondo.

Ele me encara por um momento e eu me sinto desconfortável com seus olhos verdes acinzentados em mim.

– Vamos ao médico. – ele disse. – Acho melhor, assim já realmente confirmamos se está grávida ou não e vemos o que você tem.

Assenti e saí depressa do banheiro. Fui em direção ao guarda-roupa.

Que merda foi essa¿ - pensei. – Não acredito que ele queria que eu estivesse grávida. Ele parecia... Aliviado, porém, parecia chateado ao mesmo tempo, o que era loucura. Só esperava que este assunto não virasse mais um motivo de discussão entre nós.

Vesti uma calça jeans, meu all-star preto e um suéter vermelho. Eu não estava me importando muito com a roupa que ia usar agora.

***

Eu estava deitada na maca em uma sala verde clara com cortinas brancas dos dois lados da cama. Me sentia mal com aquele cheiro horrível de hospital. Estava deitada tomando soro na veia, e Johnny sentado na poltrona do meu lado. Estávamos esperando a médica.

Olho para ele que tem seu queixo apoiado em sua mão, seu braço está apoiado em sua perna. Ele está pensativo, olhando para um lugar distante.

– O que foi¿ - pergunto.

Ele não diz nada por um momento, e depois responde:

– Nunca vou me perdoar por ter deixado você hoje. Isso foi horrível! – ele sussurra.

Não digo nada, então ele continua falando olhando pro nada:

– Foi atitude de moleque. Tenho quase vinte nove anos e agi como um moleque com você. Você deveria me bater e berrar comigo. – ele disse olhando para mim.

Rio baixinho e depois olho para dentro de seus olhos:

– Por mais que pareça que sou capaz, não sou capaz de discutir a relação em lugar público, muito menos no hospital desse jeito que estou agora. Mas, relaxe, teremos tempo.

Nem com o tom de piada ele não melhora sua cara. Ainda está sério. Eu realmente não fico me importando com isso, é até bom que ele se incomode e se envergonhe de sua atitude de moleque – como ele disse – realmente foi uma atitude imatura que eu não esperava dele.

A médica chega com dois papeis na mão.

– Srta. Anne, estou aqui com seus exames. Bem, pode ficar aliviada, ou triste. Bem, você não está grávida, como confirmou os cinco testes de gravidez de farmácia que você fez. E, o exame de sangue também confirmou que você não está grávida.

Fecho os olhos.

Obrigada meu Deus! – penso.

Olho para Johnny que me olha e me dá um sorriso murcho. Novamente, não sei se ele está aliviado ou triste com a notícia. Porém, não digo nada por ora.

– E o que eu tenho¿ - pergunto voltando-me á doutora.

– Bem, constou uma virose e vejo também que está com o começo de uma gripe forte. A senhorita pegou alguma chuva recentemente¿

Sorrio murchamente me lembrando do por que eu tinha pegado chuva.

– Sim. – digo por fim.

– Bem, então sugiro que fique em casa por dois dias e depois volte para a faculdade.

– Você ficará bem, Srta. Anne. Quando terminar de tomar o soro na veia, poderá ir para a casa. Tome bastante suco natural, coma coisas leves como sopa e descanse. Se sentirá melhor amanhã ou depois de amanhã.

– Obrigada doutora. – digo sorrindo.

Ela sorri.

– Afinal, é muito bonito ver uma amizade de irmãos assim. – ela diz apontando para mim e para Johnny. – Ajudá-la no teste de gravidez... – ela faz uma cara de quem está impressionada.

Cubro minha boca para não rir na cara dela. Johnny está olhando para ela sem dizer nada.

– Boa noite aos dois. – ela se retira.

Johnny olha para mim e eu começo a gargalhar. Ele balança a cabeça e começa a rir.

– Se ela soubesse o que esse amor de irmãos já nos fez fazer... – eu disse.

Ele olha pra mim e sorri


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