Alzheimer. escrita por Venus Saiph


Capítulo 2
Encontrando o que procurava.


Notas iniciais do capítulo

Oizinhoooo! Vim dar uma atualizadinha bem rápida aqui, hihi. Espero que gostem, beijos!



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Amai deu passagem às três garotas que entraram. O primeiro ambiente daquele local era um pátio com vários bancos embaixo de árvores, os caminhos de pedra cobertos por folhas e uma fonte branca ao meio desse. Podia se ouvir o canto dos pássaros, um clima monótono. Hailey ficou entediada quase instantaneamente, mas ao se achar uma pessoa ruim voltou a prestar uma relativa atenção ao que Amai dizia, ainda observando o resto do local.

Haviam vários chalés com deques e bancos, pintados de várias cores diferentes e fortes. Os mais próximos eram os únicos que continham cores neutras e também eram os maiores. O primeiro de cor cinza, Hailey logo reconheceu como o da administração, pois foi para lá que a Amai as levou. Ao entrarem no mesmo a Shirubako foi em direção a um rapaz de costas para a entrada procurando alguma coisa num caderno que folheava compulsivamente.

— Daisuke! As visitantes da faculdade chegaram. — a azulada disse sorrindo gentilmente. O rapaz virou o rosto e ajeitou o óculos quadrado que cobria os olhos azuis, dando uma olhada um tanto demorada - entediada, na verdade - nas quatro que invadiram seu espaço de trabalho.

— Ótimo. — respondeu num tom baixo e rouco quase inaudível, mas naquele espaço qualquer mínimo ruído seria ouvido. Haruhi ficou com uma certa dúvida se ele falava sério ou estava sendo sarcástico.

O rapaz deixou o caderno em cima do balcão e suspirou, ajeitando os cabelos negros e curtos levemente, depois passando a mão pela barba negra que deixara por fazer, fechando os olhos azuis turquesa e os abrindo. A pele extremamente pálida pareceu ganhar uma certa cor nas bochechas e o rapaz relativamente alto - maior que todas que estavam ali, com 1,82 - pegou o caderno e se aproximou das três. Quase o jogando na mesa à frente delas.

— Eu preciso que vocês assinem aqui, por favor. — falou com a expressão séria, fazendo três x em cada linha. Virou-se para Amai logo depois. — Midorima acabou de chegar também e pediu as fichas dos pacientes de hoje, eu estava pegando e falei que você ia levar. — sorriu amarelo, enquanto dizia tudo extremamente rápido para azulada que sorriu doce, dando cinco fichas para ela, que segurou. Respirou fundo por fim e coçou a nuca. — Alexia está atrasada, de novo. — a Shirubako riu com tal afirmação e virou-se para as três estudantes.

— Depois que vocês assinarem aqui, vou ter que deixá-las no prédio da enfermaria até a Alexia chegar. Desculpem-me pelo imprevisto. — Amai falou enquanto Kirara assentia e curvava levemente o corpo e assinava.

— Não se preocupe com isso. Temos o dia livre. — Haruhi falou gentil, mesmo que ostentasse uma expressão séria. Hailey soltou um muxoxo baixo atrás da garota e ficou um tanto inquieta, mas fingiu que não era por causa daquilo e ignorou, assinando logo depois da Yoshida e se colocando ereta ao lado de Kirara.

— Que bom ouvir isso! — a Shirubako sorriu largamente e virou-se para o moreno. — Nee, Daisuke, eu vou ter que ficar aqui procurando algumas coisas para a Alexia, leve as três pro consultório e as fichas do Midorima-chan. Se ele reclamar — o olhar de Amai se tornou mais sombrio e o Sora sorriu inseguro, pegando as pastas da garota e se afastando lentamente, empurrando Haruhi de leve com o cotovelo, ela se deu ao trabalho de cutucar as outras duas e eles foram saindo de fininho.

— Eu falo com ele, Shirubako, não tem problema! — saiu por último, depois de Haruhi que arrumara o rabo de cavalo enquanto o rapaz falava. Passou pelas três e rumou até o prédio à frente. No caminho, ele olhou de soslaio para trás, olhando a ruiva que não conhecia. — A próposito, me chamo Daisuke Sora, Hailey. — voltou a falar no mesmo tom baixo de quando elas chegaram, coçando de leve a barba.

Hailey ficou levemente confusa, mas ignorou respodendo apenas com um leve sorriso de canto que sinalizava que tinha entendido. Estava sonolenta demais então só seguiu os outros, entrou no prédio branco e sentou-se numa das poltronas de espera. Daisuke chamou o tal de Midorima e continuou em pé com uma expressão entediada. A ruiva encarava o teto, mas pôde ouvir passos, provavelmente o cara indo até ali. Não se deu ao trabalho de olhar para baixo até escutá-lo. A voz era levemente familiar.

— Quer dizer que vou ter que ser babá? — a voz grave, rouca e sonora ecoou e no mesmo segundo Hailey olhou para baixo. Um sorriso involuntário encheu seus lábios vermelhos e arregalou de leve os olhos, cutucando Kirara discretamente com o cotovelo. A amiga nem precisou pensar muito. O verdinho era o médico da hora que tinham chegado.

— Não reclame, é só até a Zenari chegar. — Daisuke entregou as pastas pretas para Midorima com um sorriso de canto. — Hoje são só os piores, boa sorte. Aliás, eu não sou a Amai, então se apresentem, eu tenho o que fazer no escritório. — e com isso, o moreno deu passos fortes e rápidos para fora do consultório e saiu.

Os quatro que restaram no escritório se entreolharam e o esverdeado soltou um suspiro, até que percebeu a ruiva ali. Demorou o olhar na estrangeira, não se importando de encará-la de modo que até ela mesma sentiu-se constrangida. Haruhi pigarreou discretamente tentando chamar a atenção do rapaz que não desviou o olhar mesmo assim. Hailey tocou de leve a própria nuca, corando um pouco pelo olhar intimidador e invasivo que parecia ainda pior agora. Se levantou e estendeu a mão livre para o maior.

— Hailey Faith La Freour. — se apresentou num tom relativamente baixo, olhando para cima por conta da diferença de alturas. A Imayoshi lhe olhou, não confusa, mas só descrente. Não era do feitio da francesa agir daquele modo.

— Midorima Shintarou. — o de óculos respondeu, estendendo a sua própria mão e segurando a dela sem colocar força por apenas alguns segundos, mas que serviam para que o calor da garota emanasse para ele. Logo o maior recolheu a própria mão e olhou as outras duas.

— Yoshida Haruhi. — a menina respondeu com a expressão serena olhando o rapaz por apenas alguns segundos, logo fitando a cara de boboca que Hailey estava e sorrindo de canto.

— Kirara Imayoshi. — a baixinha falou sem importância, sorrindo totalmente forçado e franzindo a testa. Pegou o celular no bolso e começou a mexer no mesmo.

Hailey continuou encarando Midorima relativamente sem querer. Ele usava jaleco, mas não parecia ter idade para estar formado. Ela também fazia medicina, porém nunca o havia visto e a única faculdade que disponibilizava desse curso na cidade era a que fazia. A ruiva

A ruiva quebrava a cabeça enquanto tentava descobrir se já o tinha visto. O celular vibrou no bolso da jaqueta de couro e ela o pegou, vendo a mensagem de Kirara.


Para de babar, para de encarar, para com essa cara de idiota.

Um sorriso irônico tomou os lábios carnudos e ela balançou a cabeça negativamente enquanto a amiga disfarçava e escrevia outra mensagem, não para si dessa vez. Guardou o celular sem respondê-la, afinal, não era necessário. A face de Midorima mostrava que ele desconfiara de algo, mas ignorou, levando a mão com os dedos enfaixados até os óculos, ajeitando-os.

— Hm, então... — Haruhi pigarreou levemente. Achava aquele silêncio excessivo constrangedor então quis acabar com o mesmo. Por sorte, existem perguntas que todo jornalista faz e não era diferente com a Yoshida. Hailey a agradece. — Faz tempo que você trabalha aqui?

— Sou estagiário há três meses. — o esverdeado respondeu, guiando seus olhos lentamente a quem lhe fez a pergunta. Seu tom de voz era entediado e monótono, e ele cruzou os braços em frente ao largo peitoral.

— Ah, ainda faz faculdade... Qual semestre de medicina? Ou é enfermagem? - a Yoshida disparou olhando o mais alto, enquanto Hailey tentava não encara-lo demais ou se intrometer na conversa. Kirara ignorava o mundo naquele momento.

— Terceiro. Vocês realmente são jornalistas. — Midorima comentou arqueando uma das sobrancelhas com a quantidade de questões que a acastanhada havia levantado. Hailey sorriu de canto.

— Nem todas. Também faço medicina, quinto semestre. — a ruiva falou e atraiu o olhar esmeralda com isso fazendo seu sorriso se alargar. Mas não tiveram tempo de continuar a conversa, alguém invadiu - realmente - o consultório.

— Bom diiia! — a mulher que invadira a sala desejou sorrindo amarelo, terminando de arrumar o jaleco branco que usava e então o fazendo com os cabelos loiros e compridos e os óculos vermelhos que cobriam as iris esverdeadas. Vagarosamente o olhar de Shintarou foi até ela.

— Está atrasada, Zenari. — foi a única coisa que o rapaz disse sem se mover um centímetro e a outra apenas abanou a mão no ar, como se não houvesse importância.

— Eu sei. Aliás, estou bem, obrigada por perguntar. — era nitidamente irônica e o esverdeado revirou os olhos com isso, soltando um muxoxo baixo. A mulher virou-se para as três. — A companhia agradável chegou, podemos ir! — falou sorrindo largamente. Kirara e Haruhi fizeram menção de segui-la, mas Hailey hesitou xingando mentalmente. — Tenha um dia maravilhooooso de trabalho, Shin! — provocou o rapaz com sarcasmo, mas mal pode ver sua reação pois já passava a porta do local. A italiana esperou que as outras três saíssem, as guiando pelo caminho de pedras do lugar. — A propósito, me chamo Alexia Zenari, estagiária de psiquiatria, ruiva. — se apresentou para uma Hailey lerda e débil que encarava fortemente a porta do prédio médico até Kirara a cutucar. Alexia gargalhou.

— Hailey Faith La Freour. — retribuiu a apresentação ainda no modo automático, nem prestando atenção no que falava. Ao perceber, corou um pouco e fitou o chão.

— Lindo, não? — a Zenari perguntou com um sorriso de canto malicioso, andando devagar para chegar ao lado de Hailey e a cutucar. Essa arqueou uma das sobrancelhas confusa, querendo saber se tinha ouvido o que achava que tinha. — Mas um mala, algo como um tipo tsundere, Daisuke diz. Gosta de estrangeiras e mulheres um ano mais velhas. Nunca me importei em saber o resto, não faz meu tipo. — Alexia sacudiu os ombros não dando a mínima importância às suas palavras falando-as um pouco rápido, o que fez a ruiva prestar uma atenção que não sabia que tinha na fala da loura pouco centímetros mais baixa que si.

— Por que acha que me interessei...? — a francesa perguntou e Kirara bateu uma mão na testa, balançando a cabeça. Alexia riu alto e até mesmo Haruhi soltou uma risada discreta.
— Só seria mais óbvio se anunciado num outdoor, porque na sua testa já tá. — a Imayoshi falou irônica com um sorriso igual, sendo praticamente fuzilada pelo olhar vermelho da amiga.

— Não precisa nem ser psiquiatra para entender certas coisas. — piscou o olho direito para uma Hailey corada e irritada pelas provocações, mas que ignorou e fitou o nada. Tudo bem que ele era gato, mas mal haviam passado cinco minutos juntos! ... Mas ele era muito gato.

Alexia sentou-se num dos cantos de um dos bancos de madeira em um dos deques que havia por ali - o primeiro que tinham chegado. Haruhi sentou ao seu lado e as outras duas no banco de madeira da frente.

A La Freour olhou em volta. Só havia um idoso ali, lendo o jornal do dia com uma expressão enfezada. Tinha os olhos escarlates e os cabelos também, mas estes já eram marcados pela idade e fios brancos dominavam-os. Alexia riu, Kirara ignorou e Haruhi sorriu de canto, já sabendo quem era. Mas o sorriso da italiana se tornou malicioso aos poucos.

— Hm, Hailey, aposto o telefone do Midorima que você não consegue uma conversa decente de cinco minutos com o Senhor Akashi. — Alexia falou e conseguiu prender a atenção de Kirara que sorriu de canto maldosa. Hailey arqueou uma das sobrancelhas.

— Você tinha que dizer aposto?! — Kirara provocou irônica, provocando a amiga, a qual sabia não recusar várias coisas e principalmente apostas.

— Mal precisa me dar o prêmio.

Hailey já estava em pé, andando até o homem. Ele estava sentado no banco mais afastado do jardim, onde só havia uma sakura sem flores que recaía sobre o assento. Olhava o jornal com atenção, mas sua expressão não era nada feliz. A ruiva soltou um riso baixo e pretencioso, sentando-se ao lado do idoso, tentando parecer o mais amigável possível. Virou o corpp na direção do homem e o encarou por alguns segundos sem saber o que fazer. Ele lhe olhou rapidamente de soslaio e bufou, revirando os olhos. A ruiva estranhou aquilo, mas ignorou e colocou uma das mãos no ombro do senhor o apertando delicadamente.

— Me chamo Hailey La Freour, senhor Akashi. Como está? — sorria de uma forma gentil totalmente incomum e falava num tom um tanto alto, de um modo pausado para que lhe ele entendesse corretamente. O homem lhe olhou com indiferença e ajeitou o óculos de lentes grossas. Alexia e Kirara haviam parado de falar para prestar atenção na conversa e a loura segurar o celular em mãos para cronometrar quanto tempo a francesa aguentaria.

— Estava bem até agora. Estou velho, não sou surdo. — sua resposta não era nada mais que uma junção de murmurios, mas que ressoaram clara e perfeitamente no ouvido da mulher. O mundo ao redor dela se escureceu e trovejou, enquanto uma enorme gota descia por sua testa. Olha que velho filho da

Se recompôs sorrindo forçado e deu uma leve olhada para trás, vendo o rosto da Zenari e da Imayoshi contorcidos numa careta divertida enquanto seguravam o riso - afinal, não podiam rir ainda. Até mesmo Haruhi esboçou um leve sorriso. Respirou fundo e resolveu tentarde novo.

— O que o senhor está lendo? — perguntou ainda com o tom forçadamente gentil. O velho bufou novamente e jogou o jornal no canto vazio do banco, ao seu lado.

— Você está sendo legal comigo. Porque você está sendo legal comigo?! Ninguém é legal comigo! — o Akashi resmungou novamente e Hailey bateu a mão na testa ao ouvir a alta risada de Alexia.

Realmente, por que?!

~Flashback~

Hailey ficou observando-o dar as costas e ir até o Jaguar cinzento, parado próximo ao seu carro. Não pôde resistir em deixar o olhar cair e encarar um pouco a bunda redonda e firme do estranho, o que lhe fez sorrir maliciosa, mas ruborizou ao perceber o que estava fazendo.

~Flashback~

A imagem do esverdeado que veio na sua cabeça fora tão forte a ponto de desnorteá-la. Hailey começou a gesticular tentando demonstrar como a bunda do rapaz seria.

— É que ele... Era muito bonita, aquela bund... — percebeu finalmente o que estava dizendo e arregalou os olhos, vendo que agora o maldito velho lhe olhava. Pensou bem no que ia dizer enquanto fingia tossir. Ah, claro, mentir era a opção mais plausível.

— Eu o vi aqui sozinho e... Não gosto de ver as pessoas sozinhas.

— Mas eu gosto de ficar sozinho. Por que você não me deixa sozinho? — perguntou novamente com a carranca ampliada. A La Freour quase levantou. Quase.

Merda, você consegue Hailey!

Quase mandou Alexia e Kirara para os quintos dos infernos. Aquela desgraçadas riam, muito alto. Droga! Respirou fundo e soltou o ar num suspiro, se controlando.

– Por que você gosta de ficar sozinho? Não é bom conversar um pouco às vezes? - oh, aquela seria sua última tentativa com certeza. Jurou ter visto um sorriso malicioso nos lábios finos do velho e se arrependeu do que havia falado no mesmo segundo.

— Porque quando eu estou sozinho não existem pirralhos irritantes aos quais eu não gosto tentando puxar assunto. — o Akashi falou e com isso, pegou de volta seu jornal e voltou sua atenção à ele, ignorando uma Hailey boquiaberta e inconformada.

— Eu tenho vinte e dois anos! — se levantou revoltada, batendo as mãos na mesa e o fitando de cima agora. O homem apenas a olhou de soslaio.

— Eu tenho setenta e dois. Quem ganha? —

— QUER SABER? FODA-SE, desisto! Vai pro inferno velho filho da... — Hailey bufou novamente, xingando enquanto saia andando de encontro as amigas. Nessa altura, até Haruhi ria de sua cara.

O senhor Akashi deixado para trás abriu um leve sorriso divertido. Oh, aquilo havia lhe intretido e havia gostado do jeito da ruiva. Ela trazia o rosto de alguém em sua mente, mas não conseguia lembrar de quem.

— O metro quadrado de vocês no inferno já tá com nome! — a La Freour resmungou trincando os dentes raivosa para as três que riram ainda mais.

— Só o nosso né? Você que mandou um velhinho doente pro inferno, tsc, Hailey. — Kirara balançou a cabeça negativamente, falsamente decepcionada e Alexia riu alto com isso.

— O sujo falando do mal lavado. — Haruhi comentou com um largo sorriso brincalhão.

— Ah, VAI TOMAR NO... — antes que terminasse sua exclamação de revolta

— Hailey-chan! — Amai lhe cutucou sorridente e a mulher o olhou com as sobrancelhas juntas no mesmo segundo, murmurando um palavrão pelo susto. — Midorima-chan disse ao Daisuke-chan que você também faz medicina e ele contou para mim. Hoje o dia está meio cheio, não se importaria de ajudar o Midorima-chan no consultório, não é? Eu disse para ele que tinha certeza que você iria!

Oh, ao menos uma notícia boa!

Hailey pensou sorrindo.

Mas é claro que sim, Amai.

~x~

— Eu já disse que não preciso de ajuda, Shirubako! — o esverdeado falou, virando o rosto ara o lado e fechando os olhos, ajeitando os óculos com uma das mãos que tinha o dedos enfaixados.

— Chega de ser orgulhoso, Midorima-chan! Precisa sim e a Hailey-chan ainda está um ano na sua frente na faculdade, ela pode te ensinar algumas coisas, vai ser ótimo! — a Shirubako ditou, não aceitando qualquer argumento e indo direto buscar a ruiva do lado de fora do prédio - essa estava totalmente avulsa a tudo que acontecia. Shintarou bufou, mas não falou mais nada, apenas andou até sua poltrona de courino preta e praticamente se jogou na mesma, fazendo-a até mesmo ir um pouco para trás.

— Eu espero que vocês se divirtam juntoos! — Amai desejou, encostando a porta atrás de si enquanto saia sorrindente a cantar. Hailey corou enquanto o rapaz continuava parado do mesmo modo.

Algum tempo passou assim, com os dois apenas se encarando, até que Hailey começou a achar aquilo desconfortável.

— Então — a ruiva andou até a frente da mesa do homem sem graça e observou todos os papéis e arquivos organizados meticulosamente em cima da mesa de trabalho. Ele apenas a olhou para que terminasse de falar. — perguntou num tom baixo, um tanto hesitante.

— Se eu falar em nada, fará que você saia? — Midorima perguntou suspirando contrariado e olhando as fichas dos pacientes do dia. O riso que ouviu e o sorriso que viu, ambos sarcásticos, já sinalizavam a resposta.

— Mas é claro que não. — Hailey respondeu num tom debochado, cruzando os braços em frente aos seios e sentando na segunda cadeira da sala. Sorria de canto do mesmo modo debochado e ele lhe fitou por apenas alguns segundos, revirando os olhos verdes nas órbitas logo depois. Deixou o silêncio recair por algum tempo.

—... Então tome. — murmurou erguendo duas fichas para ela, segurando-as na direção da mais velha que sorriu. Mal sabia que ele estava lhe deixando com os piores pacientes.

O rapaz de cabelos verdes não falou mais nada, apenas se levantou e foi até a sala de recepção onde Daisuke esperava com os dois primeiros pacientes. Respirou fundo. O dia ia realmente começar agora. E o diferencial que havia nele lhe deixava interna e discretamente empolgado, apesar de não entender porque, afinal, era só Hailey Mesmo que parecesse que seria divertido.

A ruiva agora sozinha na sala abriu as fichas que ele lhe dera. A primeira era de uma senhora chamada Akemi Suzuki, que já estava no estágio avançado da doença. O resto de sua saúde porém parecia estar sempre ótimo, então provavelmente não teria problemas.

A segunda ficha, ao abrir quase caiu para trás. Senhor Yoshio Akashi, o velho filho da puta de há pouco! Xingou baixo, infelizmente não teve tempo de ler mais nada pois Midorima já voltava, guiando uma senhora até a cadeira enquanto o segundo paciente andava lentamente até a outra cadeira vazia. A senhora Akemi não estava ali, e sim aquele velho que parecia sorrir sarcástico para si. Por tal coisa quase voou em seu pescoço, mas respirou fundo enquanto Yoshio se sentava na cadeira à sua frente.

— Senhor Akashi. Eu cuidarei do senhor hoje, me chamo Hailey. — foi a única coisa que falou, duvidava que depois de cinco minutos ele ainda lembrasse seu nome. O de cabelos grisalhos apenas fez um movimento com a mão, de tanto faz e ela trincou os dentes.

— Só faz logo o que tem que fazer e me deixa em paz. — resmungou sem nem abrir a boca direito e até mesmo Shintarou riu internamente com isso, curioso para saber a reação de Hailey.

— Eu não falaria assim com quem mede as doses dos meus remédios, Yoshio. — respondeu pegando o aparelho de pressão no canto do local. O velho riu irônico e rolou os olhos amarelos nas órbitas. Midorima arqueou as sobrancelhas.

— Me faria um favor. — foi só o que o senhor respondeu. Hailey esperava um esporro por tê-lo chamado pelo primeiro nome, mas não! Estranhou, mas continuou a consulta com um discreto sorriso nos lábios, o que não passou despercebido pelo rapaz de cabelos verdes que lhe observava.

A consulta fora menos desagradável do que pensara pelo mero fato de Yoshio não ter aberto a boca mais. Quando terminou, Amai veio buscar o Akashi com um largo sorriso e trouxe consigo sua segunda paciente.

Akemi Suzuki podia nem lembrar que era esse seu nome, mas lembrava-se de como sorrir e o fazia muito bem. Mas o que Hailey estranhoi foi que ela entrou acompanhada de um outro senhor na sala.

Quem era ele?

Se perguntou. Não tinha aparência para ser filho, pois também já parecia ser de idade. Auxiliou Akemi a se sentar e logo após viu que ela usava aliança. Deveria ser uma lembrança do ex marido, não que adiantasse.

Conforme a consulta passara a conversar com o senhor, já que Akemi infelizmente não conseguia falar direito. Yamato Suzuki acabou lhe contando que era esposo de Akemi e não irmão, como muitos costumavam achar.

— A-Anh?! Vocês são casados? — perguntou surpresa e ele assentiu sorrindo.

— Há cinquenta e seis anos. Eu tinha vinte e cinco, e ela finte e três. — o homem respondeu normalmente enquanto fitava a esposa.

— Nossa, isso é muito tempo Muito mesmo. — Hailey murmurou se lembrando de que ela era uma paciente com Alzheimer. Abriu a boca para perguntar, mas Yamato fora mais rápido.

— Eu a amo, ela é a mulher da minha vida. Não importa se ela lembra ou não, eu prometi na saúde e na doença. — foi o que o senhor falou. A consulta estava finalizada e ele saiu, auxiliando Akemi que se apoiava nele.

A La Freour por sua vez arregalou os olhos e deixou a boca entreaberta. Engoliu o choro - maldita TPM! - e coçou os olhos com as costas das mãos, saindo correndo do consultório. Largou um Midorima confuso e com uma sobrancelha arqueada nesse. Hailey correu um pouco, até que finalmente achou quem queria.

— Kira! Haru! Eu achei um tema pra vocês!


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Notas finais do capítulo

Isso é tudo, pessoal! AUHAUHA Sobre os NG shuu, eu estou planejando coisas legais, kufufu. Mas, pra logo. Um beijo, espero que tenham gostado da leitura



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