Hate that i love you escrita por Thay Oliveira


Capítulo 23
Ano novo


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui! Perdoem a demora, de verdade.
Estamos chegando na reta final da fic. Preparem-se, próximos episódios vai ter " eita atrás de eita"!
Encontro vocês lá em baixo ;)



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 Quinn fitava a carta dentro da imensidão de emoções que sentia. Queria saber o conteúdo, saber o que Rachel havia escrito a ela. Queria mais ainda que Rachel tivesse dito e tivesse sido a Rachel que ela esperava que ela fosse.. Mas nada disso aconteceu. Rachel estava diferente como ela também estava. A carta só lhe trazia incógnitas e isso a tirava de prumo, assustando-a de forma que não sabia se era positiva ou negativa.

— Abre logo e acaba com esse suspense!

 

— Eu não consigo — Quinn levantou e se distanciou da carta sem deixar de fitá-la. —, não estou preparada pra isso.

 

Santana revirou os olhos e decretou:

 

— Se você não abrir, eu abro!

 

Quinn que começara a andar de um lado para o outro, parou e retrucou:

 

— Você não faria isso. — Santana arqueou a sobrancelha para Quinn — Você faria isso. Deveria ter contado à Britt, ela saberia o que dizer.

 

Santana franziu o cenho ofendida com o comentário, porém logo suavizou o semblante.

 — Você tem razão, Britt te escutaria e diria para você abrir no seu tempo e blá blá blá! Mas aí é que está, você me contou justamente por saber que eu teria uma reação diferente da dela. — Quinn voltou a se sentar e olhou para carta de novo. — Já tem quatro dias que você recebeu essa carta e tudo que você fez nesses quatro dias foi olhar para essa carta. Isso não é saudável, parece aqueles filmes dramáticos que a pessoa só abre a carta depois de trinta anos. Acaba logo com isso, loira. Seja o que tiver aí, não vale sua sanidade.

Santana levantou, deixou um beijo no topo da cabeça de Quinn e sussurrou:

 

— Não conte a ninguém que eu fiz isso.

 

Quinn escutou o barulho da porta se fechando a deixando sozinha com a carta novamente. Santana estava certa e no fundo ela sabia. Sem pensar muito, ela tomou a carta em suas mãos e a abriu.

 

[...]

 

O óculos escuro redondo cobria o olhar tedioso da morena. Ela observava as pessoas atravessarem os portões e logo em seguida abraçarem seus familiares. Humor dela estava péssimo e todo aquele clima nostálgico estava lhe causando náuseas.

Quando viu um par de olhos verdes vibrantes, abaixou seu óculos e trocou olhares com o mesmo. Observou eles virem em sua direção e sentiu os longos braços lhe envolverem.

 — Sabia que é errado olhar para os meus seios estando comprometida, nariguda? — Vivian sussurrou perto da orelha de Rachel, fazendo seus pelos eriçarem.

 — Eu não estou comprometida e eu não olhei para os seus seios.

 — Tem certeza? — Vivian apertou o nariz de Rachel e riu do revirar de olhos da morena. — Espera, como assim não está comprometida?

 Rachel colocou o óculos no rosto novamente e começou a andar em direção a saída do aeroporto. Não demorou muito para Vivian apertar o passo e chegar até a morena.

 — O que aconteceu dessa vez? — Vivian perguntou num tom mais delicado.

 — É complicado..

 — Me conte uma coisa sobre você que não seja.

 Rachel lançou-lhe um olhar de reprovação, fazendo Vivian se calar até elas chegarem no carro.

 Vivian reparou na Ferrari de Rachel, mas nada comentou, sabia da riqueza da família da morena. Esperou Rachel sentar-se e soltou:

 — Eu sei que você não quer falar sobre, mas eu tô realmente curiosa pra saber o que aconteceu. A última vez que eu te vi, você estava radiante e eufórica para encontrar a tal de Quinn.

 Rachel soltou o ar. Ela não queria falar sobre aquilo, não queria lembrar de Quinn e nem do episódio fatídico que as separaram. Ela recebeu a mensagem de Vivian comentando que estaria na cidade para o ano novo, achou que seria bom estar novamente com a ruiva, mas também sabia que Vivian ainda continuava Vivian.

 A morena tirou a mão da chave e meio que cuspiu tudo o que acontecera.

 — Que merda, hein. Mas se ela disse que foi um mal entendido, pq não acreditou nela?

 O carro começou a se movimentar, Rachel manobrou e saiu do estacionamento e só depois disso respondeu:

 — Se você visse o que eu vi, não acreditaria também. — Ela parou no sinal e continuou — Eu.. eu acho que acredito agora, mandei até uma carta pra ela  falando sobre nós — Sorriu descrente da ação — um nós que não existe mais, só tenho o silêncio da parte dela.

 — Meu Deus, Rachel! Uma carta? — Riu não acreditando do que ouvira — Você entende que isso soa como algo inacreditável?

 — Mais do que ninguém! Eu realmente não sei mais o que fazer. —

Rachel parou em frente ao hotel que Vivian iria se hospedar e sugeriu:

 — Quer ir lá pra casa?

 Vivian olhou para o hotel e depois para Rachel.

 — Acho que sua vida está bagunçada demais e por mais que você seja, você sabe, você, não é legal ser o step de alguém.

 Rachel franziu o cenho em desentendimento.

 — Do que você está falando? Eu te chamei porque, pasme, seria bom ter uma companhia. Kurt tá ocupado com os parentes e tem..

 — Que vergonha! — Vivian cobriu o rosto — Eu pensei que você estava me chamando para.. você sabe.

 — Você é gostosa, mas não faz o meu tipo.

 Rachel sentiu um tapa em seu braço e chiou. Vivian era todo esse turbilhão de mulher: linda, inteligente, sedutora, carismática.. Rachel tinha suas ressalvas, porém não podia negar que gostava da presença de Vivian.

 

Os dedos de Quinn deslizavam sobre a carta que Rachel havia escrito. Os olhos permaneciam fechados numa tentativa de obter uma calma que nos últimos dias não se fazia presente. Muitas coisas iriam mudar depois que ela lesse a carta, por isso estava adiando o máximo o ato. Nunca foi tão difícil fazer um movimento tão simples.

 Ela soltou o ar, apertou os olhos, os abriu novamente e leu o que havia adiando nos últimos dias.

 

 Querida Quinn

 

 Acho que é assim que se começa a escrever uma carta.. Eu não sei, o mais próximo que cheguei disso foi um diário no qual eu escrevia coisas aleatórias: memórias, versos, planos para salvar o mundo, mas isso não vem ao caso.

 Vou tentar escrever o que eu não consigo ainda verbalizar, não que eu seja melhor, você sabe, escrevendo, mas foi a única opção que eu enxerguei.

 Enxergar..

 Quando nos esbarramos pela primeira vez, eu enxerguei no seu olhar algo diferente. Clichê, eu sei! Mas era algo tão puro, tão encantador, tão você que eu fugi dele. Me assustava algo tão diferente de mim, algo que me desafiava apenas pelo fato de existir. Eu criei um monte de barreiras para não me permitir viver isso, você mais do que ninguém sabe, mas no final, lá estava eu rendida a ele.

 Me rendi não só ao seu olhar, mas ao seu temperamento, sua personalidade forte, sua ingenuidade, sua doçura.. me rendi a você. Por mais que eu lutasse contra, meu corpo era atraído para onde o seu estivesse.

 A verdade é que eu sinto medo de não me sentir assim de novo. Com você eu entendi a liberdade por inteiro. Era como se antes eu estivesse presa num corredor e a única direção que eu tinha era o retrocesso. Diversas possibilidades de caminhos se abrem quando estou perto de você. Eu enxergo mais amplamente, consigo ser quem eu realmente sempre quis ser. Ao seu lado eu me sentia feliz como nunca fui.

 Como nunca fui, Quinn..

 Eu sei que os nossos caminhos não estão na mesma direção, que há diversas paredes que nos impede de simplesmente estar lado a lado, mas se não for pedir muito, me promete algo? Continue assim. Diferente, ingênua, determinada e inegavelmente linda! O mundo é seu, não deixe que ninguém te diga o contrário.

 Não era pra ter esse clima de despedida, mas se for, nem que eu diga pela última vez, ou melhor, escreva: eu te amo com todo o meu coração.

 

                                Com amor, Rachel.

 

 Uma lágrima caiu em cima da carta fazendo a tinta da caneta borrar o papel claro. Havia muitos sentimentos para uma pessoa só naquele momento. Preferiu chorá-los, não queria mais senti-los. Acabou adormecendo vencida pela insistência da ausência.

 

 [..]

 

 Quinn observava a grande bola alçada no topo de um prédio, às 00:00hrs, ela desceria dando início a um novo ano.

 — Eu não tô acreditando que eu vou estar no mesmo lugar que a lady Gaga! Eu tô surtando desde agora.

 Quinn e Santana riram do comentário de Brittany.

 — Acho que ela deveria surtar por estar no mesmo lugar que você.

 Brittany se inclinou e beijou Santana levemente.

 — Te amo, Sant.

 — Também te amo, Britt.

 — alguém trouxe insulina? — Brittany e Santana se olharam não entendendo o comentário de Quinn. — É que eu tô ficando diabética com toda essa melação.

 Quinn tentava brincar e se distrair com as meninas. Não queria que suas amigas soubessem do seu real estado. Estava mal, mas optou por não demonstrar. Afinal, era dia de ter esperança em tempos melhores, era nesse sentimento que ela se agarrava.

 Mas apesar da relatividade do tempo, Santana conhecia Quinn. Talvez melhor que qualquer outra pessoa.

 — Você não me engana, apesar de estar disfarçando muito bem.

 Quinn que estampava uma feição neutra, voltou sua atenção para Santana.

 — Eu não estou tentando enganar ninguém, só estou tentando passar a virada do ano de bom humor.

 Brittany que tinha ido comprar refrigerantes, notou o clima da conversa. Ela nada disse, entregou os refrigerantes para as meninas e as puxou para mais perto do show.

 O barulho era ensurdecedor. Quinn tentava acompanhar Brittany na dança, mas acompanhar Brittany não era uma uma tarefa fácil. A atendente se movia com maestria, enquanto Santana e Quinn pareciam iniciantes perto dela.

 O show da lady Gaga foi evoluindo e as meninas se divertiam com a performance da cantora. Por um momento, Quinn esqueceu dos problemas que a afligia e se permitiu viver uma noite ao lado de suas amigas.

 Ela estava rindo de Santana que tentava reproduzir a coreografia que Brittany fazia, quando sentiu mãos cobrirem seus olhos. Seu interior se alegrou na possibilidade de ser Rachel. Tudo era possível na noite de ano novo, foi o que pensou naqueles milésimos de segundos.

 Quinn girou em seu eixo para ver de quem era as mãos e se surpreendeu quando viu a pessoa à sua frente. Não era Rachel, era Marley. E a expressão em seu rosto espelhava decepção.

 — Tudo bem? — Perguntou Marley.

 — Tudo, só girei rápido demais.

 Santana se aproximou de Quinn e sussurrou no ouvido dela.

 — Ela é gostosa! Parabéns, loira.

 Quinn ruborizou e saiu de perto de Santana ou acabaria entregando o que estava acontecendo.

 O barulho parecia ter aumentado. Elas só conseguiam falar umas com as outras perto do ouvido.

 — Você está sozinha? — Quinn perguntou a Marley.

 — Hã?

 Quinn chegou mais perto e tentou novamente:

 — Perguntei se você está sozinha.

 — Não, não, eu vim com a minha família. Vim comprar um refrigerante e encontrei a pessoa que eu queria encontrar.

 Quinn ficou sem graça. Se questionou internamente onde estava a timidez de Marley.

 — Eu não sei o que responder.

 — Não responde, às vezes o silêncio ajuda. Não que esteja silêncio aqui. — As duas riram.

 Quinn apresentou Marley às meninas. Elas foram super simpáticas e logo Marley estava rindo com Santana.

 — Eu estou perdida. — Brittany falou perto do ouvido de Quinn.

 — Se eu te disser que eu estou mais, você acredita?

 Brittany fingiu fazer um passo e puxou Quinn para um lugar que Marley não as escutasse.

 — A Marley é simpática e parece ser gente boa, mas e a Rachel? — Brittany viu que Quinn mudou a expressão quando escutou o nome de Rachel e se prontificou a suavizar seu comentário. —  Não precisa falar se não quiser.

 — Não é isso. É que eu estou me sentindo perdida. Totalmente perdida! Rachel me magoou de diversas formas, porém eu ainda a amo e não consigo tirá-la da cabeça. Eu adoro a companhia de Marley. Ela é uma garota incrível e não é justo essa situação confusa. – Quinn fechou os olhos — Está tudo errado!

 O plano de passar uma noite tranquila de ano novo não deu certo. Santana e Britt conversavam por olhares, tentando, de alguma forma, reverter aquela situação. Mas quando algo tem que acontecer, não tem jeito, acontece.

 — Não olha agora. — Quinn não entendeu o comentário de Brittany. Ela olhou exatamente para onde Brittany não queria que ela olhasse. Um pouco mais a frente, estavam Rachel e Vivian viradas para o palco. Quinn fechou os olhos. — Eu disse para você não olhar.

 — Isso não está acontecendo. —Sussurrou para si mesma.

 Bastou apenas uma troca de olhares para Santana entender que aquilo não ia acabar bem. Brittany pegou na mão de Quinn, que estava paralisada, e começou a andar na direção oposta seguida por Santana e Marley que não estava entendendo muita coisa.

 — Quinn!

 Marley, Brittany e Santana viraram ao escutar o som da voz de Rachel com as mais variadas expressões. Quinn permaneceu de olhos fechados e estática. Passaram segundos intermináveis até Quinn voltar sua atenção para a dona da voz.

 — Oi, Rachel. — Quinn disse tentando passar segurança na voz.

 Rachel não estava muita animada para a noite de ano novo. Passou o dia inteiro exercitando a voz. Seus pais estavam dando uma grande festa, o que só fazia piorar seu humor. Queria ficar em casa fingindo que esse feriado não existia. Contudo, ela convidou Vivian para sua casa e Vivian estava mais do que animada para a noite de ano novo. Quando viu, estava no centro da Time Square vendo o show de lady Gaga.

 Ela esperava encontrar qualquer pessoa do mundo, menos Quinn. Podia sentir seu coração martelando contra seu peito. Ela a queria tanto! Naquele instante, não existia outro lugar do mundo que ela queria estar. Não importava o que tinha acontecido, ela só queria que as coisas voltassem para o seu lugar, porém sabia que sua relação com Quinn nunca mais seria a mesma.

 O ar gelado entrou em suas narinas quando deu três passos a frente e abraçou a pessoa que tinha o poder de mudar seu humor da água pro vinho.

 — Eu prefiro quando você me chama de Rach.

 Os olhos de Quinn se fecharam e seus braços preencheram o entorno de Rachel. Ela a abraçava forte, de corpo aberto e coração também. Foi um abraço diferente daquele da noite de natal. Esse não havia pressa e muito menos barreiras invisíveis que as distanciavam. Havia saudade naquele abraço e, acima de tudo, respeito.

 Por um momento, as milhares de pessoas sumiram. Não havia barulho ou interferência externa, apenas a síntese da relação das duas.

 Que esse abraço durasse para sempre, pensaram.

 Santana tossiu fazendo as duas se apressarem em desfazer o contato. Marley olhava para situação um pouco confusa. Tinha entendido que Rachel era mais que uma pessoa que ela encontrou por querer do destino.

 As duas ficaram se olhando pedindo inconscientemente que todas as pessoas em volta delas desaparecessem.

 — Está gostando do show? — Quinn perguntou a primeira coisa que veio a sua cabeça. Queria manter o máximo de contato com Rachel, mesmo que isso implicasse em possíveis arrependimentos futuros.

 Rachel sorriu leve e respondeu:

 — Eu cheguei ainda agora. Ela já cantou bad romance?

 — Já, foi uma das primeiras.

 — Droga! Minha música preferida. Qual é a sua?

 Quinn desviou o olhar para o chão e respondeu tímida:

 — You and i.

 Por coincidência ou destino, a voz de Gaga entoava os primeiros versos da música you and i.

 Estavam no meio da Time Square tendo uma conversa trivial, esquecendo das presenças de todos ali. Parecia que estavam de novo no apartamento de Quinn.

 — Acho que isso é um sinal. Rachel comentou depois de escutar a música que estava tocando.

 Quinn fitou Rachel por alguns longos segundos. Deu atenção aos olhos, o nariz, a franja que ela achava que caía muito bem em Rachel, a boca carnuda, os olhos de coloração castanha..

 — Eu li sua carta. — afirmou rápido para que Rachel não reparasse em seus olhares.

 Dava pra ver o peito de Rachel subir e descer. Por mais que tentasse disfarçar, seu corpo revelava o que sentia.

 Rachel riu sem humor.

 — Eu pensei que não tinha lido.

 — Por que?

 — Porque eu tive o silêncio como resposta.

 — Eu ia res...

Vivian se apoiou no ombro de Rachel fazendo Quinn interromper sua fala. Marley aproveitou a deixa da ruiva e chegou mais próximo de Quinn.

 — Você deve ser a Quinn. Eu sou Vivian, muito prazer.

 Quinn não entendia até esse momento a expressão o santo não bateu. Nunca teve uma experiência de não gostar da pessoa de cara. Achava que era uma desculpa das pessoas para se afastar de outras pessoas. — Teve Rachel, porém com a morena era algo dúbio que mexia com sua rotina sentimental. —  Mas agora, diante de Vivian, ela entendia muito bem.

 Vivian esticou o braço e esperou Quinn apertar sua mão. Quinn olhou para mão e depois para Rachel e, só depois disso, apertou a mão de Vivian em cumprimento.

 — Sou eu mesma. Prazer é meu.

 A última frase ela disse por educação.

 Então toda a atenção, que até então estava em Quinn, foi para Marley. Ela se apresentou as meninas e invadiu o espaço de Quinn, fazendo Rachel olhar para o braço dela que encostava no de Quinn.

 Um silêncio da parte delas em meio ao barulho do local, trouxe uma atmosfera densa para conversa. Elas não falavam, porém muita coisa era dita nesse silêncio.

 — Gente, vai começar a contagem! — Brittany alertou animada.

 Santana abraçou Brittany animada.

 — 10! 9! — Brittany e Santana entoavam junto com a multidão.

  Marley sorriu para Quinn a incentivando a fazer a contagem também. Rachel não tirava os olhos de Quinn. Ela sabia que Marley estava interessada nela pela forma que Marley olhava Quinn. Era a mesma forma de olhar quando ela a via.

 — 5! 4!

 Os olhares se mantiveram vidrados um no outro. Elas sabiam que a vida de ambas poderia seguir sem a vida da outra. Não sabiam como isso refletiria em suas vidas ou como se sentiriam nessa condição. Ambas estavam confusas e sentindo muito naquele momento. Queriam se abraçar e nunca mais sair daquele abraço.

 — 3! 2!

 Marley abraçou Quinn que aceitou o abraço meio sem jeito. Em meio a euforia da multidão, viu Vivian abraçar Rachel.

 — 1!

 Marley a fitou e ela sabia o que viria a seguir, por isso virou o rosto. Antes não tivesse virado. Acompanhou com o olhar Vivian surpreender Rachel com um beijo.

Rachel rapidamente se desvencilhou e buscou Quinn com olhar. Quando encontrou, viu que a mesma se perdia dentre a multidão, deixando Marley sem saber o que fazer.

 — Por que fez isso? — Rachel perguntou a Vivian com irritação na voz.

 — A menina ia beijar ela, então te beijei porque não queria te ver por baixo. Não sabia que ela ia sair correndo.

 — Merda, Vivian! Não era pra você ter feito isso, ela deve estar entendendo tudo errado!

 Vivian tentou retrucar, mas a morena tinha se enfiado na multidão.

 Sabia que na teoria não tinha mais nenhum compromisso com Rachel e que na prática a teoria ía pro espaço. Ver Rachel beijando outra pessoa mexeu com ela de uma forma que ela não estava esperando. Como um ato tão simples poderia machucar tanto? Essa questão permanecia em sua cabeça enquanto ia esbarrando em pessoas.

 Uma senhora perguntou se ela estava  bem, quando ela parou sem fôlego distante  do aglomerado de pessoas. Sentiu as lágrimas escorrerem, as limpou e fez que sim com a cabeça. Voltou a andar sem rumo. Queria que aquela imagem de Vivian beijando Rachel saísse de sua cabeça, não queria mais pensar em nada, sentir nada.

 O letreiro verde chamou-lhe atenção. Entrou no pub, sentou de frente para o balcão e chamou o barman.

 Precisava entorpecer a dor que estava sentindo. Nem que fosse se arrepender quando o efeito acabasse.

 



 





 

 

 

 

 

 

 



 

 


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Notas finais do capítulo

Me deixem saber se vocês gostaram. Estou escrevendo o próximo e ele não deve demorar.
Grande beijo!
Até o próximo 0/