For My Demons escrita por Jess


Capítulo 25
Capítulo 25 - Eterno Retorno I




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Não foi preciso muito tempo para a chegada dos dois no que pareceu ser o fim da estrada, dali em diante não havia nada além de arvores gigantescas, com copas que mal deixavam o sol infiltrar-se.

Veronica olhou pela janela e não acreditou no que via, nunca tinha ouvido falar que aquela estrada existisse. Observou o demônio ao seu ado desligar o carro e abrir a porta, ela não sabia se devia sair dali, mas vendo que ele sabia o que estava fazendo, acabou acompanhando-o.

Saiu do carro e olhou para onde deveria haver uma estrada, a estrada na qual chegaram naquele lugar, mas não tinha nada ali além de arvores, ela se viu dentro de uma clareira no meio da mata; estava boquiaberta.

Belphegor observou a expressão da Veronica, mas não se preocupou em explicar o que estava acontecendo, sabia que ela descobriria sozinha. Ele começou a caminhar entre as arvores sendo seguido pela bruxa.

_ O que está acontecendo e quem é essa bruxa que você falou?_ Veronica perguntou quando se sentiu recuperada do choque, mas sua voz ainda tinha um tom de desespero.

_É uma floresta “ilusória” você só consegue enxerga-la porque estou aqui e a bruxa é a Maeve._ Ele respondeu brevemente.

Veronica continuou tentando acompanhar os passos do demônio, e tomando cuidado para não escorregar no chão úmido cheio de folhas, musgo, galhos e raízes proeminentes. Tudo atrapalhava sua caminhada e ver que o demônio a sua frente andava sem nenhuma dificuldade a irritava.

_Maeve mora muito longe daqui?_ Perguntou quando já estava ofegante, e já nem sentia o vento frio que soprava desde quando saiu do carro.

_Ela mora no centro da floresta, deve estar nos ouvindo nesse momento._ Ele disse calmamente, e ela não pode impedir que um calafrio fizesse seu corpo tremer.

Tudo naquele lugar lhe parecia péssimo, não só por detestar aquele tipo de ambiente cheio de vegetação, mas por estar se sentindo observada e por tudo parecer calculado, tudo ali parecia ter sido colocado naquele lugar.

Seguiu Belphegor tentando inutilmente manter seus olhos atentos a qualquer movimento, mesmo que fosse das plantas por causa do vento. Seu coração estava um pouco fora do ritmo, não sabia se pela tensão ou pelos passos rápidos.

_Quando chegarmos darei algumas instruções para Maeve e voltarei para Desidia Circum Primus._ Ele avisou, não precisava avisar, afinal de contas era o rei do primeiro circulo, mas sentiu que era melhor deixar claro o que aconteceria para que ela se preparasse para ficar a sós com Maeve.

Veronica já entendia o que Belphegor queria dizer com “Desidia Circum Primus”, a primeira coisa que pensava era na imagem de um inferno mais clichê possível, com direito a lava e tridentes. Ela parou de andar franzindo o cenho em quanto olhava o demônio de costas, distanciando-se.

Belphegor parou de andar ao não ouvir os passos de Veronica.

_O que foi?_ Perguntou ríspido, sabendo que ela começaria uma discussão.

_Você acha que pode me deixar com uma bruxa e partir?! Quem me garante que não vai me largar nesse lugar e me deixar para morrer aqui? _Ela perguntou exasperada.

Parecia que Veronica não passava mais de três horas sem ter um ataque ou sem desconfiar do que estava acontecendo, mas talvez isso mostrasse que ela ainda não tinha perdido o senso, sabia com quem estava lidando, sabia que não podia relaxar e deixar que ele tomasse as rédeas da situação.

_Aquele maldito livro te garante isso, ele vem garantindo sua vida._ O demônio vociferou entre dentes.

O tom ameaçador não passou despercebido pela humana, mas ela decidiu não revidar e se prender no que interessava.

_O que você fará lá?_ Perguntou referindo-se á Desidia Circum Primus.

_Preciso saber o que Lilith quer, se quer o seu livro ou você e também saber sobre Moloch..._Falou mantendo a postura e concluiu_ Alef teve tempo o bastante para descobrir alguma coisa.

_Porque eles se interessariam tanto pelo livro?..._ Ela disse para si.

Belphegor sorriu com escarnio ao ouvir as auto indagações de Veronica.

_Pelo simples motivo de alguém como você, com um misero conhecimento sobre feitiçaria ter conseguido invocar o Rei do Circum primus a partir daquele livro... Sabem-se lá quais são os outros feitiços daquele livro, o que pode haver nele._ O demônio dizia irritado, em quanto virava-se para voltar a andar em direção á cabana de Maeve.

Veronica começou a caminhar novamente, agora com um olhar preocupado pensando se o esconderijo do livro foi tão bom, pensando no que poderia acontecer caso alguém o encontrasse, mesmo sem ser um demônio, anjo ou bruxa, essa pessoa poderia fazer algo muito ruim... Ela sabia disso e sabia que acabaria sentindo-se muito culpada, não tinha como esconder esse fato de si.

“Talvez devesse contar a ele...” ela cogitou mordendo o lábio inferior.

“Ele é o “Rei do Circum primus”, como adora repetir com tanto orgulho; poderá manter o livro em segurança... Mas também pode me matar, com o livro em suas mãos não terei nada para impedi-lo, para mantê-lo sob controle.

Por outro lado, entregar o livro pouparia algumas pessoas e ele deve saber fazer melhor uso desse maldito livro, em quanto eu consegui fazer um feitiço por acidente depois de algumas tentativas. Mesmo com tudo isso ainda tenho o privilegio de poder decidir: morrer e polpar algumas pessoas ou adiar minha morte e arriscar a vida de algumas pessoas... Bem, não sou um mártir e as pessoas podem morrer mesmo que entregue o livro ao Belphegor, então tentarei ficar viva o máximo de tempo que eu conseguir.” Veronica pensou respirando fundo.

O demônio pensou em perguntar pela milésima vez onde estava o livro, mas sabia que ela ainda se negaria a dizer.

“Talvez o mais sensato a se fazer nesse momento seja manter esse livro escondido, se algum demônio estiver atrás dele imaginará que estamos com ele e virá até nós; o que será muito mais fácil para mim. “ ele pensava andando por entre as arvores.

Veronica se obrigou a recuperar sua voz, mesmo sentindo que ele não estava disposto a conversar. As oscilações de humor entre os dois era algo constante, e não tinha como eles esconderem isso, mesmo que tentassem.

_Por quanto tempo ficará lá?_ Perguntou referindo-se ao inferno, mais uma tolice dela, insistir em manter o receio a respeito do inferno.

Como demônio que sou, não entendo o motivo do receio dela, para alguém que estava no caminho de se tornar uma bruxa, alguém que tinha alguma noção do que estava acontecendo e que sabia que em pouco tempo poderia se tornar uma bruxa de verdade ou morrer tentando já que não tinha como voltar para sua vida “normal”, alias, ela já não sabia o que era uma vida normal desde quando invocara Belphegor, e não havia com quem se queixar pois tudo isso era culpa dela, só dela.

_O tempo que for necessário._ Respondeu prontamente.

Eles caminharam por mais algum tempo, Veronica não sabia se já tinha anoitecido ou se o céu ainda estava claro por trás das copas das arvores, mas sentia o sangue quente circulando rapidamente em suas veias e seus pés doloridos.


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Notas finais do capítulo

Se houver algum erro, avise.