_Que bom que já esta pronta, precisamos ir._ O demônio falou sem nenhum ânimo.

Veronica não esperava ouvir aquilo, na verdade ela nem sabia o que esperar. Não sabia se queria um café da manha na cama, acordar com beijos no pescoço ou se preferia ignorar tudo o que acontecera noite passada.

_Vai me levar para casa?_ Ela perguntou um pouco atordoada.

Belphegor a observou atentamente pela primeira vez naquele dia, ele já via algumas diferenças nela, não eram físicas, ela parecia mais leve e mais forte do que antes.

_Não. No caminho eu te falo, agora vamos logo..._ Ele disse saindo da cabana.

Verionica ficou ali, parada por alguns instantes, inerte no choque de ter um tratamento seco depois da noite calorosa...

Mesmo passando pela primeira transição ela ainda era só uma humana tola simulando ser uma bruxa poderosa.

Depois de respirar profundamente ela seguiu para fora da cabana.

Eu nunca fui assim, nunca quis afagos e beijos; não será agora que me tornarei alguém sensível, agora tenho que ser mais dura do que fui em toda a minha vida... Não tenho tempo para sentimentalismo barato, Veronica pensava em quanto fechava a porta do carro.

Ficaram em silencio por algum tempo até que Veronica parou de olhar para a paisagem e perguntou:

_Aonde estamos indo?

_Você vai conhecer uma bruxa e tentar aprender algumas coisas._ Belphegor respondeu sem desviar o olhar da estrada.

Veronica pensou nas consequências de tudo que fizesse daquele dia em diante, mas já não servia para nada pensar nisso, ela só tinha que seguir tentando não estragar qualquer plano que pudesse ter ou qualquer tipo de plano que Belphegor tivesse.

_Eu tenho que assinar algum tipo de contrato?_ Ela perguntou com uma expressão seria e até um pouco receosa.

Belphegor sorriu de lado, um riso sem alegria, era apenas para zombar da humana. Ele sabia que ela estava se referindo a sua nova condição espiritual , a sua transformação em bruxa.

Essa conversa de que bruxas fazem pactos para ter poder, de que selam acordos com sangue e coisas assim, elas não deixam de ter um fundo de verdade, mas assinar contrato?... Ordeno que poupem-me de tanta mediocridade.

_Já temos um acordo, não precisamos de um papel para provar isso, já foi selado._ O demônio respondeu satisfeito ao perceber o olhar irritado da Veronica.

_Que tipo de acordo?

_Você quis tornar-se uma bruxa, eu te tornei tal; sendo assim, você é uma bruxa da Desidia Circum Primus (Primeiro Circulo) , é uma bruxa do meu reino... Tudo que está no meu reino é meu._ Ele explicou com um pequeno sorriso que carregava toda a arrogância que um rei poderia ter.

_Como você me tornou uma bruxa?_ Ela perguntou olhando atentamente o rosto de perfil do demônio.

_Essa não é a pergunta que você realmente quer fazer._ Ele comentou e ela sentiu a raiva que sempre sentia ao ouvir aquela frase que ele insistia em repetir com aquele tom de quem sabe de tudo,_ Pergunte o que quer saber._ Concluiu.

Um longo suspiro, três segundos e um piscar de olhos.

_Você transou comigo só para me tornar uma bruxa?_ Veronica perguntou falando rapidamente, se Belphegor não soubesse o que ela queria perguntar não teria entendido.

_Transar, onde está o fazer amor? _ Ele perguntou erguendo uma sobrancelha e sorrindo, mas ao ver que a expressão da humana continuava a mesma, ele continuou_ Tecnicamente não.

_Como tecnicamente? É uma pergunta simples é só responder sim u não, não tem tecnicamente!_ Ela rebateu quase gritando e gesticulando muito.

Belphegor não encomodou-se com o pequeno descontrole de Veronica, se pôs a explicar o que havia acontecido.

_Veronica, o sangue do anjo foi para que você não sentisse tanta dor ao ser marcada e para que se recuperasse rapidamente. Eu não precisava ter passado a noite com você, mas sei que se fosse por um sigil em alguma parte do seu corpo você acabaria atrapalhando-me, reclamando ou fazendo qualquer outra coisa irritante, por isso te mantive ocupada._ Ele disse dando um sorriso malicioso, e continuou_ Mas foi porque eu quis, não foi como uma obrigação, eu quis ter você.

O demônio tinha um semblante seria ao dizer aquelas palavras e Veronica podia ver isso, podia ver que aquelas palavras eram verdadeiras, mesmo vindas de um demônio, mas isso não a deixava totalmente satisfeita, ela não queria ouvir um eu quis ter você, isso a fazia sentir...Usada.

Mas o que se pode esperar de um demônio? Flores e declarações de amor?... Não, um eu quis ter você pode ter sido o mais próximo de uma declaração romântica e ela deveria ficar grata por isso, mas Veronica nunca está contente, nunca está satisfeita...

A humana tola não percebe que tem o privilegio de ser uma bruxa da Desidia Circum Primus, uma bruxa do reino de Belphegor, a única maldita bruxa do primeiro circulo, tanto poder desperdiçado numa humana...

_________________________________________________________________

Não foi preciso muito tempo para a chegada dos dois no que pareceu ser o fim da estrada, dali em diante não havia nada além de árvores gigantescas com copas que não deixavam o sol infiltrar-se.

Veronica olhou pela janela e não acreditou no que via, nunca tinha ouvido falar que aquela estrada existisse. Observou o demônio ao seu ado desligar o carro e abrir a porta, ela não sabia se devia sair dali, mas vendo que ele sabia o que estava fazendo, acabou acompanhando-o.

Saiu do carro e olhou para onde deveria haver uma estrada, a estrada na qual chegaram naquele lugar, mas não tinha nada ali além de árvores, ela se viu dentro de uma clareira no meio da mata; estava boquiaberta.

Belphegor observou a expressão da Veronica, mas não se preocupou em explicar o que estava acontecendo, sabia que ela descobriria sozinha. Ele começou a caminhar entre as árvores sendo seguido pela bruxa.

_ O que está acontecendo e quem é essa bruxa que você falou?_ Veronica perguntou quando se sentiu recuperada do choque.

_Logo tudo será explicado... Por enquanto aproveite o ar fresco da floresta._ O demônio respondeu calmamente sem dar muita atenção as perguntas feitas pela bruxa.