It's you. escrita por Carina Everllark


Capítulo 17
Capítulo 17.


Notas iniciais do capítulo

Hey genteeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee! Vocês vão amar esse capítulo, por razões que vocês descobrem aí em baixo hu3hu3hu3hu3.
Espero que gostem e quero muitos comentários em, obrigada amores, até as notas finais!



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POV PEETA

– Vem cá, Fox – virei o copo de cerveja e joguei-me na cama de Foxface.

Tudo não fazia sentido. O corpo dela não estava atraindo-me, nem mesmo a cama dela. Eu não queria estar aqui, mas eu me forcei a ficar.

Eu precisava distrair-me, precisava esquecer Katniss.

Faz exatamente sete horas que ela voltou para o hotel com as amigas dela e eu não parei de pensar nela. Nos momentos com ela, nos lábios cheios dela, no quanto ela era linda.

Eu queria ela. Queria pelo menos que ela me chamasse de lindo, que desse qualquer chance para mim.

Isso era patético. Eu estava patético.

Foxface se jogou em cima de mim e começou a mordiscar o lóbulo de minha orelha.

– Hum, quer que eu fique aqui com você, é? – sussurrou ela, com voz sedutora. – Quer a ruivinha por algumas horinhas, quer?

A voz dela me deu nojo.

Foxface era linda, tinha um dos corpos mais esbeltos de Miami, era muito popular e rica, mas faltava alguma coisa nela. Ela tem dezenove anos, mas ainda vai fazer o terceiro ano do ensino médio. Ela simplesmente não se importa com os estudos.

Sempre fiquei com ela e com Glimmer, sempre foram o suficiente para mim, além de todas as outras que eu ficava.

Não mais.

Ela e todas as outras são basicamente iguais, ficam dando em cima, tentando seduzir, rebolando enquanto andam em minha frente, se esfregando em mim e todas as outras “regras para se seduzir”.

Katniss não. Ela era diferente, ela era melhor que as outras sendo ela mesma.

Eu sentia minha vida virando de ponta cabeça. Só pensava nela, só via o rosto dela, quando isso começou? Eu nem percebi.

Talvez quando a abracei pela primeira vez, talvez quando a vi na pastelaria da praia, talvez quando a ensinei a nadar, talvez quando fomos procurar Clove, talvez quando a salvei da areia movediça, ou hoje mesmo.

Eu odiava sentir-me assim. Nem sabia que esse sentimento realmente existia.

Droga.

De uma hora para a outra, como se eu fosse encharcado por um balde de água fria enquanto estou em uma sauna, eu me apaixonei por ela.

Me apaixonei. Essas duas palavras rodeiam minha cabeça desde que a vi dormindo hoje.

Sou um idiota. Eu não estava apaixonado por ela. Claro que não. Da onde tirei essa ideia?

– Ah, você quer minha companhia é? – Fox se jogou em cima de mim e começou a chupar meu pescoço.

– Quero, linda – respondi.

Eu não queria. Queria fechar-me em um canto até esse sentimento sair de dentro de mim.

“Você precisa se distrair, Peeta” minha consciência dizia.

Foxface começou a tirar a roupa e eu senti-me enjoado. Eu não queria aquilo.

– Fox, Fox, para. Eu... Não estou bem, preciso ir – gaguejei. Levantei, vesti minha camisa e saí correndo da casa dela.

Sentia vontade de vomitar. Tropecei nas várias garrafas de cerveja quebradas pela escada da casa dela e caí no último degrau. Um vidro cortou a palma da minha mão e eu urrei.

Abri a porta de entrada da sala e saí correndo porta à fora.

– Peeta?! – gritou Foxface, da faixada do seu quarto. – O que aconteceu?

Ignorei e continuei a correr. Nem tinha percebido a tempestade que estava caindo. A chuva estava muito forte e eu já estava encharcado. Minha mão ardia com a água entrando dentro do corte.

A casa dela era a quatro quarteirões da minha casa, mas eu tinha vindo de moto.

POV KATNISS

– Para, David! – gritei, rindo. Ele estava fazendo cócegas em mim havia tempo. – Eu... não... vou... aguentar... – falei entre as risadas.

Ele tinha me convidado para ir andar à beira do mar, e eu aceitei. Aceitei não por vontade de verdade, mas por querer distrair-me. Esquecer.

Esquecer Peeta.

Saí correndo do alcance de David e ele veio atrás de mim. A risada dele ecoava em meus ouvidos e o cheiro de perfume amargo impregnando em minhas narinas.

Eu gostava de David, ele era um cara legal. Ficava vermelha sempre que ele chegava perto, por causa do beijo que demos, mas de fora, eu sentia-me bem com ele.

– Peguei você! – gritou ele, agarrando-me por trás.

Meu sorriso tinha ido embora.

Peeta também correu atrás de mim, também me agarrou por trás, do mesmo jeito.

Só que melhor.

Eu realmente estava ficando louca. Por que todos esses sentimentos estranhos? Por que essa coisa ruim e esses pensamentos sobre Peeta?

Eu não podia estar apaixonando-me por ele, eu simplesmente não podia.

– Katniss? Tá tudo bem? – David tirou-me de meus devaneios.

– Sim, sim... Desculpa, eu só viajei... Vamos continuar andando? – soltei-me dos braços dele.

Ele concordou com a cabeça, mas percebi que ele ficou bolado. Droga, eu tinha sido grossa.

Continuamos andando, mas o clima ficou tenso entre nós. A chuva, que antes era apenas uma garoa fraca, tinha ficado bem mais forte e eu já estava encharcada.

– Melhor nós irmos embora – falei, cobrindo a cabeça com as mãos.

David concordou e saímos correndo da praia. Eu, sinceramente, odiava a areia grudando em meu pé quando molhada e dificultando a minha corrida. Era um saco.

Quando chegamos à rua, vi uma moto vindo em velocidade na nossa direção. Levei um susto tremendo ao quase ser atropelada.

A moto freou cantando o pneu e parou em cima de mim. A parte de trás da moto levantou e o motorista ficou de cara para mim. Os olhos dele estavam arregalados e as pupilas dilatadas de adrenalina.

Eu conhecia aqueles olhos azuis.

Fiquei encarando-os sem fazer nada. Queria ajudar mas não conseguia mexer um músculo. Estava paralisada de medo e adrenalina.

Num piscar de olhos, David empurrou-me para o lado e segurou os guidões da moto. Fiquei impressionada com a força dele. Ele conseguiu segurar o peso da moto e do motorista apenas com os braços, e o salvou de capotar. David colocou a moto no chão e segurou o motorista, que teria caído.

Eu estava paralisada. O motorista estava com as mãos ensanguentadas e dava para ver os cortes enormes em suas palmas.

Ele tirou o capacete e eu tive certeza que era quem eu tinha desconfiado pelos olhos azuis. Era Peeta.

– Peeta?! Ah, meu Deus! O que aconteceu com as suas mãos? – voei em cima dele. Falei tudo tão rápido que ele ficou me olhando tentando entender. – Aonde você se machucou?

– É... Ah... Eu... – ele não conseguiu concluir.

– Precisamos cuidar das suas mãos – falou David e colocou o capacete de Peeta. – Eu levo vocês para a sua casa, Peeta.

Ele concordou confuso e colocou o outro capacete. Peeta sentou atrás de David e eu atrás dele, tive de ir sem capacete.

Eu estava aflita, queria cuidar logo das mãos ensanguentadas dele, queria saber por que ele estava tão confuso e amedrontado. Onde ele esteve? Nunca o vi desse jeito. Peeta estava indefeso, diferente do metidinho que eu sempre vejo. Seu cabelo, que sempre está em topete, estava liso na cabeça, chegando à sua testa.

Agarrei suas costas no mesmo momento que sentei em sua moto. Não senti vergonha ao encostar minha cabeça em suas gostas e acariciar sua barriga dessa vez. Era estranho, mas eu queria fazer isso, queria abraça-lo.

Droga.

Peeta estava tão frágil que sua cabeça pendia nas costas de David, que corria para a casa dele. Os olhos dele se fechavam e abriam o tempo todo, ele tentava se manter acordado. Devia estar bêbado.

A chuva estava mais forte e eu percebi que tremia de frio. Estava com um short de cintura alta e uma regata branca simples apenas.

Em dez minutos estávamos na casa dos Mellark e David carregou Peeta para dentro da mansão. Entrei esfregando os braços de frio e corri com David para o quarto de Peeta.

David o depositou em sua cama e eu peguei algodões e água no banheiro. Achei também Mertiolate spray e gaze em seu armário.

Eu sempre conversava com a enfermeira do meu colégio e observava-a cuidar das crianças. Tinha aprendido como cuidar de feridas com ela. Chamava-se Greasy Sae, era a funcionária que eu mais amava da escola. Greasy teve que ir para Nova Iorque por causa de sua neta que precisava de tratamento e seu lugar foi substituído por um homem hostil.

Peeta já dormia em sua cama quando eu cheguei do banheiro. Tirei o lençol que estava abaixo dele, a fim de não manchar de sangue, e coloquei uma toalha no lugar. Segurei suas mãos e comecei o trabalho. Ele estava trêmulo, e só assim lembrei que estávamos todos molhados e com frio.

Eu tinha me esquecido totalmente de mim. Simplesmente tinha a necessidade de cuidar das mãos dele primeiro.

– Precisamos aquecê-lo, liga a banheira – disse para David e ele logo o fez.

– Peeta, preciso que você se levante rapidinho – sussurrei em seu ouvido, como se ele fosse uma criança com sono que não quisesse ir para a escola. – Preciso que você vá até o banheiro.

Ele gemeu e continuou dormindo.

– Por favor – afastei os cabelos loiros molhados de seu rosto.

– Katniss? – sussurrou ele, a voz com tom de dor.

– Sim, sou eu. Vem aqui, rapidinho – o puxei pela mão e ele levantou-se com dificuldade. Andou gemendo até o banheiro e eu encostei-o na parede.

– O.k... Você tira as roupas dele e o coloca aí dentro que eu vou buscar roupas pra ele – respondi constrangida. Era constrangedor ter que tirar as roupas de um homem, minha sorte era que David estava aqui.

Fui ao guarda-roupa de Peeta e fiquei perdida no tamanho e na quantidade de coisas ali dentro. Peguei uma camiseta simples da Hollister e uma bermuda jeans branca.

– Já posso entrar? – perguntei por trás da porta.

– Pode – ouvi David dizer.

Abri a porta devagarinho e fechei imediatamente. Peeta estava nu, de costas, entrando na banheira.

– Eu vou te matar, David! – gritei. Ouvi-o rindo dentro do banheiro e a água do banheiro movimentando-se.

Minhas bochechas pegavam fogo. Peeta não tinha me visto, mas eu sentia como se tivesse.

Sentei na cama de Peeta e esperei até que pudesse entrar.

Depois de vinte e cinco minutos, David saiu carregando Peeta pelo braço do banheiro. Ele já estava vestido, mas a blusa estava do avesso e seu cabelo pingando. David o colocou na cama e eu sentei ao seu lado.

Peguei os algodões e fiquei secando o sangue e pressionando para parar o fluxo. Peeta dormia e resmungava algumas coisas de vez em quando. Ele parecia um anjo quando dormia. Imaginei-me dormindo nos braços dele sem querer. Balancei a cabeça tentando afastar esses pensamentos e concentrei-me em suas mãos.

Seus lábios também sangravam, mas pouco. Apenas os limpei e rapidamente o fluxo de sangue cessou. Espirrei o Mertiolate em suas palmas e coloquei a gaze por cima, bem presa. Ele gemeu de dor e acordou quando espirrei o Mertiolate, balançando suas mãos.

– Shhhh, calma, tá tudo bem – sussurrei e segurei seus pulsos, assoprando-os, como se eu tratasse uma criança.

Os cortes de suas mãos eram grandes, não muito fundos, mas o suficiente para sangrar por um bom tempo.

– Katniss? O que aconteceu? – perguntou ele, ofegante.

– Nada, você só cortou suas mãos, só isso... Por onde andou, Peeta? – não consegui conter-me.

– Eu... Eu... – gaguejou.

– Shhh, descanse, depois você me conta – respondi e empurrei o peito dele para a cama.

Peeta deitou-se e adormeceu em segundos. Ele estava acabado.

– Katniss, você precisa trocar de roupa – sussurrou David.

Concordei com a cabeça e fui procurar alguma roupa no armário de Peeta. Peguei um moletom preto com um símbolo de algum colégio e um short curto de mulher que eu encontrei. Deve ser da meia-irmã dele. Fui para o banheiro e tomei um banho fervendo.

O banheiro da suíte de Peeta era simplesmente sensacional. A banheira era enorme e sua cor era um amarelo fraco, deixando o ambiente com jeito de paz. A cor da pia e do armário pequeno que se encontrava acima dela tinham a mesma cor. Um espelho se localizava entre o armário da pia e a parede. Tinha um box além da banheira, que eu preferi usar, pois não sabia como usar uma banheira direito.

No armário da pia tinha uma toalha branca seca e que parecia não usada, peguei-a e usei a mesma. Vesti o short e o moletom de Peeta, que ficou enorme e cobria minhas coxas até o joelho.

Quando saí do banheiro David estava sentado no chão mexendo em seu celular.

– Kat, eu vou embora, você vem? – perguntou ele, se levantando.

– Não... Eu... Vou ficar para ver se ele está bem – apontei para Peeta.

David ficou quieto, não parecia ter concordado com a ideia, mas concordou e veio me abraçar. Ele envolveu minha cintura e depois depositou um beijo em minha testa.

– Tchau – sussurrou e foi embora.

Sentei ao lado da cama de Peeta e encostei a cabeça no criado-mudo que tinha ao lado dela. Deixei o sono vir e em minutos estava dormindo.

*

– Katniss? É o Haymitch, tudo bem?

– Tudo sim, e aí? – fui para o quarto de hóspedes da casa dos Mellark.

– Talvez. Tenho novidades – ele suspirou. – Sua mãe já fez a cirurgia, como você deve saber, e retirou um dos rins. Foi tudo bem na cirurgia, mas o outro rim dela também está ruim. Ela tem que tomar três remédios por dia e mesmo assim sente muita dor e dificuldade para se mexer.

– E o que vai acontecer com ela? – minha voz estava embargada por lágrimas que eu tentava segurar.

– Não sei – ele suspirou. – Qualquer coisa eu te ligo.

– E Prim? Como ela está?

– Não sai do quarto faz um dia. Ela deixa a música no último volume e não saiu nem para comer, estou preocupado. Estamos pensando em derrubar a porta – ele deu um riso fraco. – Não se preocupe, aproveita a viagem, vou cuidar das duas pra você – ele desligou.

As lágrimas vieram involuntariamente. Joguei-me na cama desarrumada do quarto e enfiei a cara no travesseiro. Ia chorar até desidratar nesse quarto.

Era demais para mim. Até Prim estava mal. Minha pequena irmãzinha estava praticamente depressiva. Ela só tem dez anos e já é obrigada a encarar essa merda de realidade.

Eu estava muito magoada com minha mãe ainda. Ela tinha mentido para mim. Nunca contou para mim que tinha problema nos rins. Nunca nem deu sinal disso. E agora ela pode até morrer.

E eu aqui, na casa dos Mellark, enquanto poderia estar lá com elas. Ajudando-as.

Sou uma idiota.

Passei os outros trinta minutos chorando como se alguém tivesse morto quando a porta foi aberta.

– Katniss? – disse Finnick. Eu realmente não estava com cabeça para ele.

– Sai daqui, Finnick.

– O que aconteceu? – ele se agachou ao lado da cama. – Pode me contar, sei que pode achar que somos todos idiotas, mas não somos – ele riu.

– Não estou a fim, obrigada.

– Quer que eu chame seu namoradinho? – ele riu. – A propósito, por que tá com as roupas dele?

Não respondi. Não estava com saco para brincadeirinhas ou para explicar o ocorrido.

– O.k, se não quer falar tudo bem, mas eu vou chamar Peeta – ele se levantou.

– Falando de mim? – ouvi a voz sonolenta de Peeta entrar no quarto. – Katniss?

– Sua namoradinha tá triste, vai ver quer seus beijos – Finnick riu.

– Cala a boca, porra! – joguei o travesseiro nele e escondi meu rosto na fronha da cama. Não conseguia parar de pensar na minha família, não conseguia tirar esse sofrimento de mim.

– Katniss? O que aconteceu? – senti as mãos de Peeta em minhas costas. – O que foi?!

– Cara, por que suas mãos estão enfaixadas? – perguntou Finnick.

– Também não sei... – respondeu Peeta, mas senti a incerteza em suas palavras. – Me deixa sozinho com ela.

Ouvi a porta fechar e Peeta acariciou meus cabelos.

– Kat... Contar às vezes ajuda, o que aconteceu? – ele tentou me levantar, mas eu não deixei. – E alguma coisa com sua mãe?

Um grunhido saiu de minha boca e imagino que ele tenha entendido o que aconteceu.

– A cirurgia já aconteceu? – perguntou ele.

Assenti com a cabeça. Não havia porque esconder as coisas dele. E eu queria um conforto, alguém com quem desabafar, alguém para abraçar, para encostar a cabeça no ombro. Esse alguém podia ser Peeta.

Vem cá – sussurrou ele e puxou meu corpo. Dessa vez eu não recusei. Sentei na cama e ele me abraçou.

Justamente o que eu precisava.

Peeta me pegou no colo e deitou-me em cima de suas pernas, mas não parou de me abraçar em momento algum. Meus braços ficaram em seu pescoço e os seus em minhas costas e barriga. Ele me segurava como se eu fosse um bebê indefeso.

Meu coração acelerava quando eu estava nos braços dele. Minha respiração ofegava e eu me sentia entregue.

Droga.

– Katniss?

– Sim?

– Por que você está usando meu moletom? – ele sorriu.

– Ah, longa história... A mesma das suas mãos – tentei permitir-me um sorriso.

Contei o que tinha acontecido e ele mal se lembrava de nada.

– Aonde você cortou suas mãos? – segurei as mãos dele com cuidado, por causa dos curativos.

Ele ficou quieto.

– Me conta – comecei a apertar as palmas das mãos dele.

– Ei! Isso dói – ele riu e eu também. – Eu estava na casa da Foxface. A ruiva, sabe?

Um sentimento estranho correu por minhas veias. O que ele estava fazendo na casa dela?

Logicamente o que não queria nem imaginar.

Droga. Eu estava com ciúme. Como posso ter ciúmes de alguém que nem é meu? Que nunca terá nem chance de ser? Sou uma idiota.

Os pensamentos sobre Prim e minha mãe ainda estavam grudados na minha mente fazendo-me chorar mais. A regata de Peeta já estava molhada por minhas lágrimas.

– Tá tudo bem, esquentadinha – ele acariciou meu rosto.

– Seu idiota – bati no ombro dele. – Você me assustou naquela moto.

– Ah é? – ele franziu o cenho. – Quer dizer que se importa comigo então?

Sim.

– Vai se ferrar – bati nele de novo e me permiti um sorriso.

– Vem – ele se levantou e puxou-me pela mão. Sequei as lágrimas que continuavam a cair e o segui.

Descemos as escadas e Cato estava jogado no sofá, dormindo e roncando. Seguimos até a cozinha e Peeta fez que eu esperasse de costas. Ouvi a geladeira se abrindo e fechando e senti alguma coisa gelada em meu pescoço.

– Peeta! – gritei. Ele tinha jogado uma bola enorme de sorvete no meu pescoço. – Seu idiota crianção você vai ver!

Ele já tinha corrido para fora da cozinha e eu fui atrás dele. A chuva já tinha passado e um pequeno arco-íris se formava acima de nossas cabeças. Ele estava do outro lado da piscina, se empanturrando de sorvete de chocolate e menta. Saí correndo atrás dele e ele ria tanto que não conseguiu correr. O prensei na parede e joguei quase a metade do pote na cabeça dele. Peeta gritou de frio e continuou a rir, assim como eu.

– Agora me dá – peguei o pote de sorvete das mãos dele e saí correndo em direção ao jardim.

Meu Deus, parecíamos duas crianças de quatro anos disputando o sorvete.

Eu estava ficando louca. A algumas horas atrás tinha resolvido afastar-me desse menino e agora eu estava aqui, com ele, de novo. Eu precisava me afastar dele. Precisava desesperadamente.

Mas eu não conseguia.

Continuei correndo até chegar no chafariz do jardim dele. A água refletindo as cores do chafariz era simplesmente incrível. Fiquei observando a cena e quase esqueci-me que Peeta estava vindo atrás de mim. Já era tarde demais.

Peeta se jogou em cima de mim por trás e eu quase caí, mas ele virou-me de frente para ele e me segurou. Meu coração falhou uma batida.

O nariz dele estava roçando no meu, assim como sua testa suja de sorvete, seus olhos estavam grudados em minha boca e eu estava inebriada por tudo aquilo. Eu não ia conseguir me afastar dele. Isso era fato.

Eu estava gostando dele.

Eu estava muito ferrada. Já passei por isso, sei o que acontece depois, sei da dor, sei de tudo, e mesmo assim me deixei levar.

As mãos dele pousaram minhas costas, segurando-me mais forte. Eu sabia o que vinha depois. Não era nada bom para mim. Mas eu não conseguia parar. Simplesmente não conseguia. Ele me seduzia demais com aquela língua nos lábios, os olhos azuis pregados em minha boca e o cabelo loiro desarrumado na testa.

Eu não ia aguentar.

Meus olhos grudaram-se em sua boca e não saíram mais de lá. Ela estava de aproximando... e se aproximando mais... e mais... e...

Seus lábios se colidiram com os meus. Um arrepio correu minha espinha. Seu beijo era agitado, mas doce. Sua língua percorreu todas as extremidades dos meus lábios e pediu passagem. Eu tive de ceder. Minhas mãos desarrumavam mais ainda seus cabelos enquanto as dele estavam me trazendo cada vez para mais perto.

Nossas línguas estavam em uma briga sem vencedor, apenas as duas se confrontando, explorando cada canto, cada extremidade, tudo o que tinha. O gosto de sorvete de nossas bocas só deixava a coisa melhor.

O ar fez falta e tivemos que nos separar. Peeta suspirou e abriu seus olhos. Ele estava perfeito. Seus lábios finos estavam inchados e vermelhos pelo beijo, seu cabelo desarrumado e seus olhos me hipnotizavam. Estavam diferentes, era um olhar doce, meio apaixonado e meio safado.

É, eu definitivamente não ia conseguir afastar-me dele.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? :3
Eu sei que demorou muuuito pra esse beijo acontecer, me desculpem, atrasei a fanfic e nem percebi! :(



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