...Ei Soul, agora podemos conversar?

Soul olhava fixamente para a parceira, enquanto acenava com a cabeça e ambos dirigiam-se para a sala.

– O que você quer falar?

– Bem, eu queria te agradecer.

– Agradecer? Por quê? – ele pergunta, enquanto ela cora profundamente.

– Por ter me ajudado ontem à noite. – ela fala de cabeça baixa.

– Maka – ela levanta a cabeça e olha o parceiro corado – não importam suas escolhas, eu sempre vou estar ao seu lado te protegendo! – ele fala sério.

Eles ficam um tempo se encarando, ele esperando ela dizer algo, e ela absorvendo a seriedade das palavras dele.

– Obrigada Soul – ela fala com um sorriso – sei que sempre poderei contar com você! Mas não entendi uma coisa.

– O que você não entendeu tábua? – ele fala com aquele sorriso cínico para disfarçar e quebrar o “clima estranho” em que eles estavam.

– Humf! Não me chame assim! Maka-chop!

– Aiaiai, tá bom, era brincadeira... Afinal, já percebi que não é mais tão tábua assim. – ele fala a última frase baixinho para ela não ouvir.

– O que você disse? – ela pergunta confusa.

– N-nada não! Então, o que não entendeu?

– Ontem, bem, antes de você me defender, ahn, parecia que você ia sair e me deixar ali... Isso me deixou com mais medo ainda... – ela fala baixo, mas em um tom que ele conseguisse ouví-la.

– Maka, depois te ver tantas vezes com aquele cara, pensei que vocês estavam... bem, mesmo não indo com a cara dele eu não queria atrapalhar nada e...

– Como assim “atrapalhar”? Você realmente achou que eu estaria com ele ali por vontade própria?

– Eu vi vocês na praia depois do luau... E vi onde ele estava com as mãos... – nesta parte ele cora – achei que você estava gostando dele. – ele conclui com o semblante entristecido.

– Você entendeu errado Soul. No dia do luau você viu que ele me puxou, no dia seguinte, ele me segurou e quando eu finalmente consegui sair, estava morrendo de vergonha e fui direto para casa... A Lizz foi lá falar comigo depois. – ela falava olhando nos profundos olhos vermelhos do parceiro, não dando chance para fraquejar.

– Sério mesmo?! Por que não me contou? Eu teria quebrado a cara daquele mané a muito mais tempo! E não teria deixado ele encostar mais nenhum dedo em você! Afinal... – ele se cala percebendo que já estava falando demais.

– Afinal o que Soul? – Maka também fica corada, imaginando que o parceiro poderia estar com ciúmes.

– Ahn, afinal... bem, isso não é algo decente de uma pessoa fazer não é? Mas vamos parar de falar dele, que tal vermos um filme? – ele pergunta com um sorriso convidativo, que fez o coração da artesã bater mais rápido.

– C-claro, acho uma ótima ideia.

Eles então resolvem assistir filmes de comédia para manter o clima mais descontraído e riem a cada cena engraçada. Ao meio dia resolveram pedir comida para não pararem a seção de filmes.

No meio da tarde...

– Ei Soul, podemos ver alguns romances? – ela pergunta de um jeito dengoso, não dando chance para Soul dizer não.

– Fazer o que né? – ele fala com um sorriso de canto.

– Hihihi.

Assim eles começam a assistir filmes mais românticos e comer pipoca e ao entardecer...

– Huuum. – Maka se espreguiça – Acho que vou tomar um banho antes de fazer o jantar.

– Vamos fazer assim: você lava a louça que sujamos agora a tarde enquanto eu tomo banho e enquanto você toma eu faço o jantar, o que acha?

– Adorei! Já estou indo então.

Enquanto Maka lava a louça, Soul está no banho pensando...

“Fiquei muito contente por ter entendido o que houve na praia, e ao mesmo tempo me sentindo um idiota por ter pensado isso dela. Daqui pra frente vou tentar ficar mais com ela, um dia eu me declaro... Só queria saber se ela sente algo por mim além da parceria, isso sim, seria perfeito.

Pensando bem... Vou criar coragem e começar a investir nela antes que eu realmente a perca para outro cara, e isso vai começar hoje mesmo! Já perdi muito tempo”.

Devido ao calor, Soul sai do banheiro apenas de calção e se dirige para a cozinha a fim de preparar o jantar.

– Já pode ir Maka. – ele fala enquanto passa pela sala, fazendo-a levantar a cabeça do livro que estava lendo.

– C-certo, estou indo. – ela fala corada novamente.

“Impressão minha ou ela estava corada?” – Soul se pergunta com um sorriso no rosto.

Devido ao súbito constrangimento, Maka entra diretamente no banheiro ligando o chuveiro o mais frio que conseguia aguentar.

“Eu passei um mês com eles na praia, eu via o Soul sem camisa todos os dias, por que agora eu fico assim? Isso vai ser um problema se ele pegar essa mania aqui em casa... Ahn, o que eu faço? Vou ter que aprender a me controlar mais...”.

Depois que terminou o banho, ela secou um pouco o cabelo e o penteou deixando-o solto, quando ia se vestir, percebeu que esquecera de pegar suas roupas no quarto e teria que sair apenas de toalha. Só com esse pensamento, já ficou da cor de um tomate.

– A Maka está demorando, vou avisar que o jantar está pronto... – ele fala indo bater na porta do banheiro, mas nesse momento, Maka, apenas de toalha e muito vermelha abre a porta, fazendo-o parar.

– S-soul! – ela conseguiu ficar mais vermelha ainda.

– M-maka... – ele fala enquanto olha de baixo a cima o corpo esguio da artesã, desviando o olhar ao chegar aos seios. – O-o jantar está pronto... – ele fala virando de costas para ela, pois já sentia um sangramento nasal se aproximando.

– C-certo, só vou me vestir...

– Tá, te espero na cozinha.

Soul vai para a cozinha e tenta se acalmar até Maka voltar, enquanto isso no quarto:

“Que vergonha!! Quase morri agora a pouco...”

Após escolher um vestido verde claro com a saia rodada que ia até a metade de suas coxas (que ela comprou na praia), ela começa a se vestir e continua com o pensamento no acontecimento anterior.

“Foi impressão minha, ou ele ficou me olhando dos pés à cabeça? Será que o Soul ficaria interessado em mim? Como eu gostaria de ser confiante o suficiente para falar com ele...”.

– Que cheiro bom Soul! – ela fala ao entrar na cozinha.

– Espere até sentir o sabor! – ele fala já mais calmo, mas mesmo assim sente o coração disparar ao ver como ela está linda.

– Então vamos comer!

Depois do jantar, eles comem sorvete de chocolate e conversam mais um pouco...

– Que bom que nossos amigos se entenderam nas férias não é? – Maka comenta.

– Sim, já não era sem tempo. – fala Soul, deixando Maka com um ar confuso. – Dava pra ver de longe que eles se gostavam, você não acha?

– Sim, mas talvez só quem estivesse de fora conseguisse ver isso, e eles não. Bem, acho que devemos ir dormir, amanhã temos aula.

– Você tem razão, hum, estou desacostumado com isso... Será que o Stein ainda quer dissecar todo mundo? – ele fala dando risadas.

– Hihihi, deve estar, afinal você está falando do professor Stein.

Quando Maka chega perto de seu quarto e vira-se para dar boa noite para Soul ela o vê muito perto...

– B-boa noite, Soul...

– Boa noite, só queria te dizer mais uma coisa. – ele fala baixando um pouco o olhar.

– O que foi?

– Esse vestido combina com seus olhos. – ele fala extremamente corado.

– Ahn, m-muito obrigada... – ela agradece sem jeito.

– Maka, eu... – ele fala chegando mais perto dela e encostando-a na parede – eu...

– O-o que? – ela fala num sussurro.

– Queria te dar uma coisa. – ele fala com mais segurança.

Sem dar tempo para ela responder, ou sequer pensar em responder, ele coloca a mão na nuca dela puxando-a de encontro a seus lábios em um beijo delicado e apaixonado.

Antes que ficassem sem ar, eles param o beijo e vendo-a com os olhos brilhantes e o rosto corado ele se declara:

– Desculpe por fazer isso depois de tudo o que você passou, mas, só queria dizer que eu te amo, Maka.