Entre dois Mundos escrita por Pedro H Zaia


Capítulo 7
Meu novo lar


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas, tudo bem com vcs? :D
Eu resolvi postar o capítulo dessa semana hoje por motivos de... Não tem justificativa, foi por que eu quis mesmo XD
Enfim, ainda pretendo postar um esse fim de semana caso eu chegue à metade do capítulo 11 o/
Boa leitura, espero que gostem:



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Quando acordei ainda não havia amanhecido, mas meu corpo já estava mais que descansado. Resolvi sair para tomar um pouco de ar e ver o sol nascer. Sombra também acordou e me seguiu. Antes de chegar à porta, percebi um objeto em cima de um balcão. Uma flauta rústica esculpida em madeira... Ótimo, ia ser legal tocar vendo o sol nascer... Merida sempre brincava comigo, me enchendo por eu gostar das aulas de música que ela achava uma chatice sem fim. Eu simplesmente continuava tocando, fosse flauta ou violino. No fundo, sabia que ela gostava.

Fui até um local um pouco mais alto, me sentei na grama e levei a flauta aos lábios enquanto via os primeiros raios de sol tomar conta do céu ao leste. A coloração alaranjada das nuvens finas as fazia parecer com pequenos rios flamejantes pairando quilômetros acima do mar...

Eu soprava uma música suave enquanto via o sol deslizar suavemente céu acima. Pela cara de Sombra, ele estava gostando. Eu estava sentado olhando o mar e as pedras, sentindo o ar da manhã tomar conta de meus pulmões e não notei Astrid se aproximar.

– Música legal - Disse ela, sentando ao meu lado. - Bonito, não é?

– Lindo... - Realmente, todos aqueles detalhes e cores davam um ar místico ao lugar. Estranhamente, não me senti tímido ao falar com Astrid, como sempre acontecera quando eu falava com desconhecidos... Talvez tivesse a ver com o fato de eu finalmente ter encontrado minhas origens. Olhando aquele sol enorme nascendo no horizonte não pude deixar de pensar em...

– Quem é Merida? - Perguntou Astrid, curiosa.

– Hã, eu... Como sabe dela? - Perguntei, confuso e um pouco encabulado.

– Você sussurrou o nome dela agora, olhando o sol.

Olhei para baixo, esperando que a cor laranjada do sol ajudasse a esconder a vermelhidão de meu rosto. Astrid riu e me deu um soco no braço, exatamente como Merida faria.

– Ai! Você ia se dar bem com ela... - Falei, ainda um tanto envergonhado.

– Levanta. Vamos pra arena. Os outros logo vão para lá.

Não perguntei quem eram os outros. Presumi que fossem aqueles adolescentes que derrubei quando cheguei em Berk.

No caminho para a tal Arena fomos conversando; eu falava sobre as travessuras que fazia quando menor, do orgulho que sentia de meu pai adotivo e do meu desejo de seguir os passos dele e me tornar um guarda de elite especializado em luta com adagas. Ela me contava dos dias em que os dragões eram caçados em Berk, e como Soluço abateu um Fúria da Noite e o deixou viver. Contou com brilho nos olhos do primeiro voo que ela havia feito em Banguela, e não pude deixar de sentir uma pontada de... Ciúmes?

– Pelo jeito você gosta mesmo dessa Merida - Disse ela, me deixando um pouco mais envergonhado. - Toda vez que fala nela... Seus olhos brilham.

– E você parece gostar mesmo do Soluço. - Eu disse, um pouco na defensiva. Ela sorriu, um pouco corada.

– Não vou negar... Mas se disser isso pra ele...

– Já sei, já sei... Você corta minha língua fora com o machado.

– Garoto esperto. - Ela deu um soco de leve em meu ombro.

Quando chegamos à arena, o grandalhão, os gêmeos e o gordinho com nome estranho estavam lá, junto com Soluço, estudando um pergaminho. Bom, na verdade, apenas Soluço e o gordinho estudavam; os gêmeos estavam ocupados demais olhando algumas formigas andando no chão e o grandalhão estava sentado resmungando que tinha coisas mais importantes para fazer.

– Eeei, esse é o gêmeo divertido do soluço!

– É... Faz aquele negócio do ombro de novo?

Soluço suspirou.

– Cabeças, eu já expliquei que ele não é meu irmão. É meu primo.

– Dãaa, ele é mais parecido com você do que eu com Cabeça Dura. - Disse a menina

– É! E nem garota ele é! Espera... - O menino olhou abobalhado para o nada... Franzi a testa, realmente não entendendo qual era a daqueles dois.

– Esse aí é o covarde que me derrubou pelas costas... - Disse o grandalhão, se levantando e batendo o punho fechado na outra mão.

– Uh... Foi muito mal mesmo... - Disse eu, um pouco receoso. Realmente não queria brigas.

– Ninguém meche com o Melequento aqui! - Ele tentou me empurrar, mas desviei com facilidade. Ele arrumou a postura e me encarou. - Só pra deixar bem claro. - Ele disse, como se estivesse no comando da situação. - Vamos, Dente de Anzol! - Um Pesadelo Monstruoso no canto da arena olhou preguiçosamente para ele e voltou à posição de descanso.

– Ah, qual é? - Ele foi até o dragão para tentar fazê-lo levantar.

– Não liga não, ele é sempre assim. - Disse Soluço.

– E o que vocês tão vendo aí? - Perguntei, curioso.

– É um mapa das novas ilhas, se me permite explicar. Meu nome é Perna de Peixe. Você deve ser o Dmitrei que Soluço nos falou. - O gordinho me cumprimentou.

Eu me desculpei mais uma vez pelo tumulto do dia anterior, e passamos um tempo conversando antes de voarmos nos dragões. Eu e soluço fizemos mais uma corrida, desta vez justa, mas ele ganhou outra vez.

– Ok, você é melhor - Admiti. Ele riu.

– Não tem a ver com competir. É mais pra diversão, não acha Dmitrei?

– Ele não gosta de competições... - Explicou Astrid.

– Bom, mas eu até que concordo com ele. E podem me chamar de Dimi, é bem mais fácil. - Era a primeira vez que eu dizia para alguém me chamar pelo apelido. Merida o tinha feito sem ao menos me consultar, mas com ela eu não havia me importado. Soluço estalou os dedos, como se lembrasse de algo.

– Vem comigo, esqueci de te entregar uma coisa.

Ele me levou até uma barraca que servia como forja. Lá dentro, um homem enorme lixava o dente de um Gronckle

– Bom dia, Soluço. - Disse ele ao nos ouvir entrar. - Seu pai estava te procurando. Disse que... - Ele parou de falar quando me viu.

– Hehe, oi Bocão... Esse é Dmitrei... Longa história.

Bocão sacudiu a cabeça.

– Então ele está vivo... E igualzinho ao Soluço! Por isso Stoico queria chamar para uma reunião no Grande Salão. Me diga, garoto, o continente tem mesmo canibais como dizem? Essa cicatriz em baixo do queixo diz muita coisa!

– Bocão... Eu sou o Soluço. - Disse ele, afastando o gancho de Bocão do rosto.

– É claro que é... - O homem abanou a única mão e virou-se para mim com os olhos curiosos. - Então...

– Não - Respondi - O continente é... Normal, como aqui. - Concluí antes que ele fizesse mais perguntas. Bocão fez uma cara de leve decepção.

– Mas você deve ter umas boas histórias pra contar, não?

Antes que eu pudesse responder, Soluço voltou para onde estávamos. Eu nem o tinha visto ir para os fundos da cabana.

– Acho que sim. Imagino que ele seja um bom arqueiro, pelo arco que carregava quando chegou aqui. - Ele me estendeu um arco e uma aljava novinhos, muito parecidos com o que eu ganhara de meu pai. - Eu esculpi quando você... Descansava. - Explicou ele. Eu não sabia como agradecer. Era simplesmente perfeito para meu tamanho, certamente feito a partir de medidas que Soluço tirara dele próprio. Sem dizer nada eu armei com uma flecha, também produzida com maestria por Soluço, e mirei uma barraca do outro lado da praça central da vila. Acalmei a respiração e senti o peso do arco, a força que ele exercia para voltar à posição de repouso... Prestei atenção na ondulação da grama para checar a velocidade e a direção do vento e só então atirei... A flecha zuniu pelo ar e acertou o estreito vão entre duas tábuas da porta da casa, um pouco à direita de onde eu havia mirado. Mesmo assim, os dois me olharam boquiabertos.

– Uh, obrigado Soluço... É realmente muito bom.

– Sabe, essa não é exatamente uma arma viking, mas seria uma boa pro Soluço aqui. Ele mal consegue levantar uma espada! - Disse Bocão. Eu ri, pois também sofria do mal da pouca força física, pelo qual Merida sempre tirava sarro de mim por conta disso.

No fim, a sugestão dele foi útil. Naquele mesmo dia, fui para a Arena com Soluço, e comecei a ensiná-lo a usar adagas. Sua mira era boa, mas a postura para o combate próximo era um pouquinho errada. Meu pai pegava bastante no meu pé quanto a isso; afinal, ele era especialista no uso dessa arma.

– Segure um pouco mais longe da lâmina... Fica um pouco mais fácil de ser desarmado, mas dá mais versatilidade para mudar a ponta de lado... Assim. - Arrumei o punho dele na posição correta. Quando simulei um ataque, ele me imobilizou com muito mais facilidade.

– Muito bom. - Comentei. - Quando tiver alguém nessa posição, acerte o ombro dele bem aqui - Me desvencilhei de Soluço e massageei fracamente o ponto sensível entre o ombro e o pescoço, fazendo suas pernas fraquejarem.

– Como você sabe tão bem essa parte técnica? - Perguntou ele.

– Ah, meu pai é um guarda da elite, especializado na luta com adagas e minha mãe é curandeira. Eu simplesmente juntei o que os dois me ensinaram.

– Lá vocês ensinam as crianças a lutar assim como aqui em Berk ensinam a fundir metal? - Brincou ele, mas eu o olhei alarmado.

– Você sabe fundir metal?

– Sim, sou aprendiz de Bocão desde que eu era... Bem menor.

É claro. As pontas das flechas eram de aço, como quaisquer outras, dã.

– Atirar com o arco é mais fácil ou mais difícil? - Perguntou ele.

– Uh, não sei... É diferente, mas como o arco é para atirar mais longe mirar é mais complicado. Tente uma vez.

Dei a ele o arco e a aljava. Quando ele se preparou para lançar a flecha, notei que sua postura estava toda errada. Arrumei a posição de seu cotovelo e pedi que ele endireitasse as costas antes de atirar. Ele acertou a borda do alvo

– Já é alguma coisa... - Disse ele.

– Alguma coisa, tá brincando? Demorei tipo um mês pra acertar um alvo dessa distância! - Encorajei. E sim, era verdade. No começo eu era uma toupeira.

– Dimi, Soluço! - Astrid nos chamou do portão da Arena. - Stoico quer que todos vão ao Grande Salão. Acho que já sabem por que...

Quando chegamos ao tal salão, vimos que todos os habitantes da aldeia estavam lá para ouvir o que Stoico queria falar. Ele fez um pronunciamento explicando como eu havia desaparecido ainda bebê e reaparecido misteriosamente montado em um Fúria da Noite. Chamou uma atenção que eu não queria, mas ainda assim... Era legal ver como aquele era um povo unido. Depois do discurso ele chamou a mim e Soluço para um canto mais reservado.

– Filho, espero que não se importe em dividir o quarto com seu primo...

– Não tem problema nenhum. - Respondeu ele.

– Colocamos outra cama no quarto hoje mais cedo. Espero que esteja gostando de seu novo lar. - Ele me deu uns tapinhas no ombro e saiu para conversar com os outros.

Eu fiquei um tanto atônito... Meu novo lar? Pois é... Eu queria realmente continuar ali, mas também queria voltar para Dumbroch, ver meus pais, realizar o sonho de ser da elite da guarda real ao lado de meu pai... Ver Merida...

Pensar nisso me dava dor de cabeça, então resolvi apenas aproveitar alguns dias ali em Berk.

Aproveitando o clima festivo, Astrid chamou Soluço para uma dança animada, me tirando de meus pensamentos. Novamente eu senti algo se revolvendo dentro de mim, mas resolvi fingir que nada havia acontecido.

À noite, eu e Soluço fomos com Banguela e Sombra para o topo de uma grande rocha observar a lua e as constelações. Eu gostava disso, me fazia entender o quanto eu era pequeno... Levei aquela flauta que havia encontrado na casa de soluço comigo e toquei uma canção calma, mas... Pensativa.

– Legal... - Comentou Soluço. - Eu acho que sei tocar um pouquinho... Já estudei antes.

Parei de tocar e joguei a flauta para ele.

– Então mostra o pouquinho que sabe... Sempre quis alguém que tocasse comigo. - Disse eu, sinceramente. Merida até gostava de ouvir e cantarolar um pouquinho, mas tocar qualquer instrumento que fosse realmente não era sua coisa favorita.

Ele me olhou com dúvida e levou a flauta aos lábios. Soltou uma harmônica e animada sequência de notas, e eu me sentei, olhando boquiaberto para ele.

– Preciso de um violino para tocar com você... Pensei que tinha dito "achar saber um pouquinho"!

Soluço deu um sorriso torto.

– Não é pra tanto... - Mas ele sabia que era. Ele mesmo estava impressionado por ainda se lembrar daquela sequencia, pelo jeito. - E quantos instrumentos você sabe tocar, senhor músico arqueiro?

– Alguns, ô do dragão. - Brinquei. - Mas gosto mesmo de flauta e violino. Flauta por ser o primeiro que Rainha Elinor nos ensinou...

– Rainha? Mas esse não era o nome da mãe de Merida? - Ele me olhou com confusão.

– Ah, sim... A Merida é meio que a princesa do Reino...

Soluço riu.

– Legal... Pelo jeito você tem bem mais coisa pra contar que eu imaginava...

– Pois é... - Eu disse, olhando para as estrelas e, lentamente, adormecendo ao som do vento e do mar castigando as rochas lá em baixo.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso por hoje, hehe.
Espero que tenham gostado :-) E uma coisa: A faculdade e minha fic original tem me tomado um bom tempo, então não liguem se uma semaninha ou outra eu não postar, ok? Prometo tentar não falhar :P
Ah sim, começando a mendigar aqui: Como alguns sabem, esta é minha segunda fic o/
Quem estiver gostando de minha maneira de escrever e tal, deem uma olhadinha lá na minha primeira fic, O Conto dos Dois Irmãos:
http://fanfiction.com.br/historia/476819/O_Conto_dos_Dois_Irmaos/ (e nessa vcs nem ão ter que esperar por novos capítulos! :D)
Foi uma história realmente emocionante de se escrever, minha antiga prof. de Português gostou, sinal q não tá ruim :3 Conto com o apoio de vcs, ia me deixar muito feliz :D
Enfim, chau pra vcs, boa sexta, bom fim de semana e um ótimo 7 de Setembro o/ (Embora caia num domingo, hehe... Ah sim, e um bom feriado para algum(a) curitibano(a) que esteja lendo huhaha)