Entre dois Mundos escrita por Pedro H Zaia


Capítulo 5
Vikings.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D
103 visualizações 'u' Sei q n deve ser muito pra alguns, mas pra mim é um recorde XD
Ainda não consegui terminar o capítulo 9, mas já q to adiantado, resolvi não atrasar esse ;-)
Espero que gostem...



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Quando acordei, pensei que estaria em uma prisão fedida e sem luz esperando por um julgamento injusto que me levaria a ser executado em praça pública. Nunca imaginei que estaria deitado em uma cama relativamente confortável e com um emplastro de ervas em um pano gelado sobre meu ombro. O cheiro era exatamente o mesmo das ervas que eu e minha mãe usávamos para dor e inchaço. Pela janela, podia ver um bonito fim de tarde na pequena vila viking. O garoto da perna de pau estava sentado ao meu lado, fazendo mais um desenho entre tantos que se espalhavam por ali. Em cima da mesa também estavam minhas adagas, meu arco quebrado e minha aljava, mas não dei importância. Agora eu queria entender o que estava acontecendo.

O primeiro a notar que eu havia acordado foi o dragão. Ele me olhou com os grandes olhos esmeralda que, estranhamente, não me pareceram ameaçadores, embora fossem também muito parecidos com os amarelos do que me atacara pela manhã. Logo em seguida, o dragão fez um barulho para chamar a atenção do garoto da perna de pau.

– O que foi garoto?... Ah, ele acordou. Ótimo, assim não preciso explicar sozinho o que aconteceu para o meu pai...

Ele largou os desenhos e se aproximou. Eu me sentei na cama, ajeitando o emplastro de ervas no ombro para que ele não caísse. Ainda estava dolorido, mas bem pouco. Ele me olhava com interesse, analisando o meu rosto como se eu fosse algum tipo de fantasma, mas não era pra menos. Nossa semelhança era assombrosa.

– Desculpe por isso... - Disse ele, se referindo ao meu ombro deslocado. - Astrid exagera às vezes.

Astrid. Esse era o nome da garota que havia me deslocado o ombro? Engraçado, pensei. Mas não achei a atitude dela exagerada. Acho que faria algo assim se alguém descesse do céu montado num dragão e começasse a atacar meus amigos de repente.

– Tudo bem... - Eu disse. - A dor passa em mais algumas horas...

Comecei a questionar se tudo o que falavam sobre os vikings era verdade. Muito fortes e carregavam machados de aparência mortal, além de capacetes com chifres? Confere, pelo menos na maioria dos casos. Assassinos sanguinários que matavam sem pensar duas vezes? Definitivamente não. Na verdade, eles foram até bem indolentes comigo. Afinal, era eu que havia invadido a ilha e começado a atacar sem pensar direito.

– E pelo jeito você não sabe mesmo montar dragões né? Mesmo assim, parece que esse gostou de você. - Disse meu sósia, divertido, me tirando de meus pensamentos.

– Ãn, o que? Ah! - O dragão que eu havia montado estava na janela, olhando para dentro. Ele era muito parecido com o dragão negro de... Ele se chamava Espirro? Algo assim... Enfim, ele era muito parecido com o dragão dele, mas ligeiramente mais... Azul.

– Me dá a sua mão. - Disse o menino, segurando meu braço bom pelo pulso. Ele começou a aproximar a minha mão ao nariz do dragão na janela. Eu hesitei.

– Hã, acho que eu prefiro evitar contato com esse bicho,... - Como raios era o nome dele? - Arroto.

O garoto riu.

– Esse é o dragão do Cabeça-Dura. Meu nome é Soluço. - Ele olhou nos meus olhos, como eu só faria com alguém que conhecia de verdade. Mesmo assim, me senti à vontade, como se aquele menino fosse um irmão que nunca tive (O que poderia bem ser verdade) - Confie em mim. Confie em seu dragão.

Eu respirei fundo. Queria dizer que aquele dragão não era meu e que queria continuar com duas mãos, obrigado. Mas algo me fez confiar nos dois. Talvez confiasse em Soluço por causa da nossa semelhança física e a curiosidade que isso me despertava... E o jeito como aquele dragão havia tentado me proteger... Era mais que simplesmente um animal ciumento com um brinquedo, como eu havia pensado anteriormente. Mesmo assim eu virei o rosto. Sentia a respiração quente do dragão em minha mão. E então, o toque das escamas, surpreendentemente quentes e macias, ao contrário de que se esperaria de um réptil. Soluço soltou meu braço e eu não recuei. Abri meus olhos, que encontraram os do dragão. Não havia mais medo, sabíamos que podíamos confiar um no outro... Aquela teria sido uma cena linda se o dragão de Soluço não tivesse pulado em cima do meu e o levado junto para rolar na grama.

– Ah, desculpe Banguela... Esse é o primeiro Fúria da Noite que vemos em Berk além dele... - Ele parecia estar com uma mistura de decepção e admiração. Caímos num silêncio constrangedor por alguns momentos. Afinal, eu podia ser extremamente parecido com ele, mas não nos conhecíamos o suficiente para conversar sobre qualquer coisa que fosse. Estava pensando em algo para dizer quando percebi uma coisa.

– Espera, como disse que esse lugar se chama? - Perguntei, um tanto alarmado

– Berk, por quê?

Senti um arrepio na espinha. Era ali. Era dali que eu tinha vindo... Não pude deixar de sorrir.

– Tá tudo bem com você?

– Tudo ótimo, Soluço! - Disse, me levantando da cama e tirando aquele emplastro do ombro. Eu pulei pela janela e rolei na grama. Estava um pouco frio, mas eu não me importava, queria sentir aquele ar fresco tocando minha pele. Os dragões ainda estavam ao lado, provavelmente competindo quem morderia o rabo do outro antes. Eu ri com a cena. Vinte e quatro horas antes eu estava apenas planejando atravessar uma amedrontadora floresta mal assombrada à procura de algum vestígio de minhas origens, pensava que vikings eram seres deploráveis e definitivamente não acreditava em dragões. Agora eu sabia que descendia de vikings e que eles não eram tão maus quanto eu pensava. Além de ter, com a ajuda de uma criatura que eu pensava não existir, encontrado o lugar que havia vivido o primeiro ano de minha vida.

– Pensei que tinha dito que a dor passaria em horas... - Soluço sentou ao meu lado na grama e me deu minha camiseta. - Não em minutos. Agora, pode me dizer o que foi tudo isso?

Eu não respondi. Ao invés disso, peguei o livro que meus pais me deram de presente no bolso da calça.

– Nossa... Eu nunca tinha visto um desses... Deve ser relíquia de algum mercador. - Comentou. Seus olhos se arregalaram quando viu a nota de meus pais na primeira página. - Então... Você é algum tipo de parente perdido. - Ele sorriu... - Só não entendi por que eles acharam que seria um risco saberem que você descendia de vikings. Tá, alguns não gostam muito de tomar banho, além de termos um mal de teimosia crônica, mas fora isso não somos tão maus assim...

– Pois é, então... É que lá em Dumbroch vocês meio que tem uma fama ruim... Parece que um grupo Viking tentou invadir as terras dos Quatro Clãs alguns anos atrás... E acaba que o meu povo meio que guarda rancor até hoje.

– Pois é, deu pra ver hoje quando você chegou...

– É, hehe... Desculpe por aquilo. - Disse, meio sem graça.

– Sem problemas, o Melequento tava merecendo mesmo. E se eu bem conheço, os gêmeos vão te pedir pra fazer de novo. Astrid ficou um pouco desconcertada por se parecer tanto comigo, mas tá tudo bem... Ela tava enrolando o meu pai, criando problemas com as ovelhas enquanto... Bem, enquanto eu arrumava uma boa desculpa pra ter dois de mim no meu quarto.

Concordei com a cabeça. Não sabia quem era o pai dele, mas achava que qualquer um piraria ao ver uma duplicata de seu filho desacordada e sendo cuidada por seu filho. Ok, isso ficou confuso até pra mim agora.

– Por que será que somos tão parecidos? - Pensei alto.

– Não faço ideia. Acho que eu saberia se tivesse um irmão perdido ou algo do tipo. Mesmo assim, sinto que já te vi antes...

No tempo em que conversávamos havia terminado de escurecer. Banguela havia se aproximado do dono, e o olhava como se quisesse alguma coisa.

– Tá na hora do nosso voo noturno. - Explicou Soluço. - Falando nisso, você ainda não deu nome pro seu dragão.

– É verdade... Mas cadê ele? - Me assustei ao ouvi-lo bufando atrás de mim. - O Sombra. - Decidi. Soluço riu. Ele pegou uma corda dentro de casa e me deu.

– Não vai querer cair do dragão, né?

Olhei assustado para ele.

– Eu não vou querer montar um dragão. Isso é... - Soluço subiu em Banguela. Só então eu prestei atenção na cela. Eu já a tinha visto, mas não tinha parado pra pensar. - Loucura... - Notei que Banguela não tinha um pedaço da cauda, que fora substituído por um feito de pano e metal que se mexia conforme um pequeno pedal que Soluço controlava. Aqueles dois tinham uma história complicadinha, pelo visto...

Sombra esfregou a cabeça em mim, ronronando.

– Tá bem calminho pra quem queria me matar hoje mais cedo, não? Ai! - Ele me deu uma orelhada. Ótimo. Agora além de Merida o dragão também me batia.

Soluço olhou para trás.

– Não vem?

Eu suspirei. "Por que não?" me atrevi a pensar. Afinal, já havia feito bastante maluquices aquele dia. Uma delas fora, inclusive, montar num dragão precariamente antes de conseguir sua confiança. Agora seria diferente. Confiávamos um no outro.

Amarrei a corda em mim e no pescoço de Sombra antes de montar. Ficamos um pouco atrás de Soluço e Banguela.

– Vamos lá garoto, com calma. - Sussurrou Soluço.

Logo antes de os dragões levantarem voo percebi que sentia algo novo... Pela primeira vez na vida, senti que pertencia a um lugar.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? XD
Espero terminar o cap q estou até semana q vem antes de postar o outro, mas isso depende muito dos profs. da facul hauhaha
Até mais, boa semana a todxs :D
P.S: Sim, eu mudei o indicação pra "+13". Por q sei lá, a maioria é +13 huhaha



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