Perdida no Escuro escrita por Jess-k


Capítulo 6
Agradável Distração




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O sol se mostrou calmo nesta manhã, nem barulho vindo da quadra que ficava a lado da janela da nossa classe conseguiu vencer os da classe à frente,eu conseguia apenas ouvir as vozes altas de lá conversando e os chutes brutais jogando futebol. Aquela manha continuava igual a todos os dias normais de aula e nada parecia diferente.

A aula de história foi chata e em certo ponto, produtiva. Eu encontrava as respostas falcimente para responder as questões e consegui terminar tudo numa agilidade e ânimo incomum, uma hora e quarenta minutos passaram voando enquanto isso...A aula de história acabou do mesmo jeito que começou, todo quietos, contudo, eu estava contente porque estava bastante interessada em começar a aula de português, ultimamente, tem sido uma a minha matéria preferida, e eu acho que parte disso se devia a nova professora que tornava a aula muito mais descontraída.

Logo quando bateu o sinal, a professora chegou na sala, colocou sua bolsa sobre a mesa e começou a escrever na lousa o dia em que ocorreriam as provas bimestrais (acho que ela pretendia assustar todo mundo logo de cara!), depois, ela se sentou e começou a falar das baixas notas da classe inconformada e claro, começou a falar dos bons exemplos na classe, como a Emily (para preservar a integridade das pessoas envolvidas e manter os bisbilhoteiros longe da vida alheia, aviso que todos os nomes usados neste blog são trocados, e assim, sem envolver diretamente pessoas externas ou expondo elas a situações desagradáveis [sempre quis dizer isso]) que não por acaso ficou com dez na média de português, e isso me irritava demais, ah, como me provocava ódio...E a professora prosseguiu me incluindo nisso, “quem ficou com boa nota também foi o nº12, tirou oito”, eu senti vontade de ser uma das alunas anônimas naquele momento, pois eu queria ter tirado uma nota bem mais alta naquele bimestre, eu me esforcei pra isso,minhas notas nas provas tinham sido 9,5/8/10, mas eu sabia exatamente o que tinha estragado tudo: o maldito trabalho em grupo em que o Paulo e o Leandro foram os únicos que fizeram a parte escrita - já que eles decidiram fazer a parte escrita direto sem avisar ao restante do grupo sobre dividir as tarefas no trabalho -, escreveram e fizeram a parte direto e até grampearam, na mesma semana já me apresentaram aquilo mesmo depois de eu ter falado no dia em que a professora passou o trabalho “eu vou fazer o cartaz e cuidar de uma parte da escrita no trabalho” (nerds são surdos e egoístas, por isso ficam tanto tempo sozinhos jogados num canto da sala, no meu caso, é porque eu tenho nojo da falsidade das meninas da minha classe, e parece que a “falsidade” também não me suporta, argh!). Com tanta desorganização, as coisas só podiam acabar em dor de cabeça: eu fiquei com cinco por ter apresentado o trabalho e perdi os outros cinco pontos por não ter feito nada na parte escrita, será por que não deixaram espaço para mais ninguém?Dane-se, eles ficaram felizes com a altíssima nota deles enquanto eu queria estourar-lhes os miolos, não havia mais nada a ser feito, só ver minha nota se degradando com aquilo e se tornando um miserável oito de sempre...

Recorri a Derry para expressar a minha frustração, eu sabia que ele me deixaria melhor de um jeito ou de outro com toda a desenvoltura dele ao se posicionar perto de mim e começar a criar motivos para eu me achar especial.

No recreio, eu olhei o céu, ele não estava muito límpido mas, eu via o brilho esplendoroso do sol refletindo sobre Derry ao caminhar dele para se aproximar.

- Está meio triste? – Ele percebeu mais rápido do que eu previa, s olhos dele eram como leitores da alma ou um filtro de sentimentos, qualquer pequeno fragmento que existisse chamava a atenção dele e o fazia me interrogar automaticamente.

- Não, é só uma bobagem, você sabe, desapontamento. – Eu estava tentando disfarçar e ao mesmo tendo, fazer um mini draminha para atiçá-lo.

- O que foi?

- Por mais que eu tente, eu não chego aonde as minhas expectativas esperam...Sempre tem algo que estraga!E sempre tem outro alguém que consegue se superar, ou melhor, me superar, porque o céu é o limite pra ela...- Tá, eu estava tendo ataques de inveja de novo, isso não é comum, acalme-se antes de parecer uma fracassada, além de ser uma.

- Hum, nem precisa falar mais nada, eu estava de camarote vendo a professora falando e lhe observando, eu vi que não estava muito contente em ser a segunda aluna a ser citada...É, devo admitir que você se esforçou para ter alguma surpresa neste último bimestre, só que deu no nosso querido e invariável oito. – Era melhor não esperar mais consolo dele, para que? Eu tinha coisas melhores a fazer além de me lamentar, e ele fazia o oito parecer tão...Normal,simples e aceitável. – Better lucky in next time (mais sorte na próxima vez)

- I don’t need lucky anymore, I’ve found you, it’s the best thing that could happened. (eu não preciso mais de sorte, eu te encontrei, essa é a melhor coisa que poderia ter acontececido) – Eu acabei tentando impressioná-lo com o meu inglês fraco e ainda dei uma ótima sugestão para acabar com dor de cotovelo: fazer outra coisa que ninguém pode, falar com o cara mais inteligente e simpático do mundo. - How about talk to me all morning today? (o que acha de conversar comigo a manhã inteira?)

- Well, I think that is a great idea, but...not today, okay? (bem, eu acho que essa é uma boa idéia, mas...hoje não, ok?)  – Eu juro que pensava que ele ia concordar quando deu um sorriso solene e olhou para o céu dando seus passos para perto do portão, ele sabia mesmo como me fazer acreditar nele até o último segundo e pufff, estragar tudo de um jeito que eu não consiga questionar.

- Why? (Porque?) – Acho q ele até sabia que eu ia fazer essa pergunta, sou tão previsível...

- Chega de inglês por hoje...O recreio acabou e nós não queremos distrações durante a aula, não é? – Maldito sinal de recreio, sempre estragava tudo na melhor parte!

- Nós quem, cara pálida? Vamos, mais alguns minutos, o que você pode perder com isso? – Eu sempre fazia papel de ridícula tentando arrumar meios de convencê-lo, e era sempre um fracasso antes mesmo dele responder, infelizmente, eu não fiz o mesmo curso persuasivo e manipulador do Derry e era impossível driblar as regras estúpidas dele.

- Eu não perco nada, agora você pode perder a noção do tempo, pode perder o visto, pode enlouquecer e começar a ter delírios frequentes... – O riso dele após tudo não demonstrava só o exagero como o tom irônico dele, o pior é que ele me fazia rir junto e acabava que dava tempo dele fugir enquanto eu ficava sem palavras pra fazer ele voltar. – Já deu, tchau.

- Te vejo de tarde? – Eu estava sempre correndo atrás, perceberam?

- Claro, logo depois que fizer a lição de casa  – Ele riu de novo, ufa, ainda bem que ele estava brincando porque eu não ia fazer nem que ele me obrigasse.

Eu estava com os fones de ouvido no máximo e acabei não ouvindo o sinal, só o que vi foram as pessoas voltando para classe e depois de Derry ir embora só me restava fazer o mesmo, nos meus dias, as partes boas começam quando eu encontro ele e terminam quando ele vai embora, isso era tudo por hoje.


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