De acordo com a realidade... escrita por maddiesmt


Capítulo 27
cap 25 - parte 1: O curso.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora minhas lindas...mas é q o congresso demorou mais tempo do que eu previa...mas ja estou d volta as terras tupiniquins e pretendo encher a paciência de vcs com notificações de atualização da fic!uhauhauhahu!!Espero q gostem...=)



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Ferdinando despertou mais cedo do que gostaria. Tentou se mover delicadamente para não acordar a namorada que dormia tranquilamente em seus braços...foi então que sentiu uma fisgada em algum músculo entre seu pescoço e suas costas e arfou de dor.

A moça acordou assustada com a reação do namorado e antes de lhe perguntar qualquer coisa também sentiu o corpo dolorido revelar o motivo das reclamações.

–Ai frangotinho...que eu acho que a gente pegou pesado ontem...- Gina verificava a quantidade de pontos roxos no corpo e agradecia aos céus por ser inverno.

–Devo admitir que passamos um pouco dos limites menininha...mas...valeu muito a pena...- ele voltou com o sorriso malicioso de sempre e a abraçou delicadamente ja que nem ele e nem ela suportariam carinhos mais pesados no momento.

O rapaz acariciou o rosto da namorada de forma lenta e suave. Ainda não entendia como havia chegado a esse ponto...ao ponto de que não conseguiria viver sem ela. A olhou nos olhos e encontrou ali a lembrança guardada do primeiro encontro deles depois que ele retornou do exterior.

FLASHBACK

Ferdinando havia acabado de chegar na cidade e andava despreocupadamente na rua em direção ao restaurante italiano que tanto sentira falta. Não havia programado nada e nem sequer lembrava que a antiga inimiga de infância morava a poucas quadras dali porém o destino não tinha os mesmos planos e os colocou no mesmo cenário.

Ele a olhou e despiu sua alma em uma breve troca de ar. Os pensamentos dela ganharam asas que ela loucamente queria queimar.

Um suspiro...e toda a calma que persistira em seus sonhos se esvaia em batidas aceleradas. E cada músculo relaxado tornava-se rígido e cada pelo ralo eriçava-se como se a eletricidade suspensa no ar só afetasse o seu sistema.

Ele sentia se mergulhar nos olhos castanhos dela, via montanhas tão altas que seu desejo de escala-las e o medo de perde-las confundiam-se e misturavam-se em uma atração inexplicável como a servidão do girassol ao comando do sol.

E naquele momento, no segundo dos olhos dela ele jurou fazer de tudo para que aquilo não entrasse em seu mundo.

Sim...ele tinha medo das montanhas...ele tinha medo de altura.

Não demonstraram nada naquele breve minuto, cumprimentaram-se e seguiram caminhos opostos. Ela com a certeza do esquecimento e ele com medo da lembrança.

FIM DO FLASHBACK

Gina viu uma lágrima se desprender dos olhos dele e imediatamente a secou com seus lábios. Ele sorriu e entendeu que ela também tinha viajado no passado...nunca saberia para onde havia ido...mas compreendia que qualquer que fosse a memória visitada o carinho que ela o brindava no presente denunciava perdão e amor.

Ele a abraçou com mais intensidade e a sentiu tremer em seus braços. Definitivamente teriam que se controlar em suas carícias.

–A gente ainda tem alguns minutinhos antes de ter que levantar pra ir por trabalho...- Ferdinando dizia entre beijos leves e afagos.

–Ai frangotinho...eu to que nem me aguento...- ela fazia uma cara de dor imaginária.

–Mas a gente podia ficar aqui assim...so se curtindo – ele ja tinha alcançado o ouvido da moça e sussurrava elogios e declarações.

A ruiva fechou os olhos e deixou – se levar pelos carinhos do namorado até sentir uma pontada forte no estomago lembra-la de que o jantar da noite anterior havia sido esquecido.

–Nando...- ela falava calma e docemente

–Hm...- ele ainda trabalhava um caminho curioso entre os ombros e o colo da namorada.

–Você ainda me deve um jantar...

Ele parou os carinhos e observou rir e abrir os olhos lentamente. Ele também não conteve o riso e ambos acabaram concordando em levantar e preparar um banquete necessário para repor as energias perdidas na noite anterior.

Olharam em volta em busca das roupas e acabaram reparando que existiam peças do vestuário espalhadas do abajur do lado da cama ao ventilador preso ao teto...definitivamente descobririam peças escondidas até o natal.

Ferdinando resolveu que, como era o responsável pelo jantar que não aconteceu, seria então o chefe de cozinha daquela manhã.

Ele a conduziu em meio a beijos até o banheiro e ouviu um não doloroso quando pediu para se juntar a ela. Não podia negar que o argumento de “vamos nos atrasar” junto com a ameaça de “eu estou morrendo de fome Ferdinando Napoleão!” da namorada faziam muito sentido.

Gina encarava o espelho cuidadosamente...a imagem refletida ali era diferente da imagem do dia anterior e não era por causa dos hematomas evidentes...mas pela intensidade que emanava dela.

Percorreu cada ponto escuro do corpo com um sorriso nostálgico nos lábios. Ainda conseguia sentir os movimentos que originaram cada uma das marcas...nunca pensaria que se deliciariam tanto se machucando.

Deixou que a água morna relaxasse os músculos doloridos e permitiu que as recordações do dia anterior voltassem a lhe arrancar sorrisos satisfeitos.

Porém a única lembrança que não queria ter era a que mais ameaçava voltar. Hoje era sexta e domingo chegaria de forma maldosa e rápida. Apesar de saber que seria difícil tentaria tirar a ideia insana de Ferdinando de leva-la a essa tortura que ele chamava de almoço....e conhecia apenas uma pessoa que saberia como ajuda-la.

*

Juliana tomava seu café sozinha enquanto conferia os e-mails no computador. Não gostava da ideia de ter que ficar só em casa ou de acordar sem o calor do corpo do namorado...mas sabia que ele não se sentia confortável em atrapalhar a privacidade da outra moradora da casa. A saída apressada na noite anterior foi em vão ja que a moça em questão resolveu passar a noite na casa do namorado.

A professora podia jurar que, apesar de existir esse contratempo na relação deles, Zelão estava sendo mais cuidadoso em voltar para a casa do que antigamente. Lembrou da semana de casados que passaram e desconfiou que algo estava muito errado...começou então a maquinar suspeitas e desculpas para o cuidado exagerado do namorado até que a atenção foi retirada devido a um email de uma amiga da faculdade. Achou o conteúdo curioso e resolveu que merecia uma estrelinha de sinalização....leria com mais cuidado quando voltasse da aula.

O resto do dia transcorreu normalmente e o clima parecia ter melhorado para desagrado da ruiva.

–O filha pra que esse casaco todo e esse lenço no pescoço? Esse deposito ta um inferno de quente sô!- ele ainda trazia o sotaque que conhecia desde que nasceu...e ela resolveu que teria que ser muito cuidadosa ao se desviar das perguntas do pai.

–Ta não pai...eu to bem...eu vou la fora ver como andam as coisas.- Ela optou pela evasão...sabia que o pai não era o tipo de homem de desconfianças exageradas.

Enquanto isso no escritório, Nando fazia o possível para conseguir respirar em meio ao calor em que se afundava. As camadas de roupa cobriam perfeitamente as marcas da noite anterior porém o condenavam a desidratação por suor.

Viu o chefe entrar no escritório e logo retomou o semblante concentrado porém tranquilo, como se nada o estivesse incomodando.

–O amigo Ferdinando...não carece de ficar com isso tudo rapaz. Aqui não tá nevando não.

Ferdinando o olhou e desejou sinceramente concordar com o pai da namorada...mas duvidava que o senhor continuasse com a mesma aparência brincalhona se visse os sinais do resultado do namoro aprovado por ele mesmo.

–Não ...que isso Seu Pedro...a gente não pode se descuidar com esse tempo maluco que tem feito...melhor prevenir.

–Ta certo...o amigo sabe o que faz. E me diga...como andam as coisas com o vosso pai?

Ferdinando mordeu os lábios e procurou respostas em algum canto do escritório. A encontrou nos números presentes na papelada da última colheita do chefe e resolveu navegar por mares conhecidos.

–Eu sei que ele continua o mesmo turrão de sempre. Não me deixa encostar na plantação e nem opinar sobre seus meios de cultivo. –O rapaz demonstrava frustração no tom de voz e pareceu convencer o futuro sogro de que esse era o maior de seus problemas.

–A não me digue isso filho...que ele não sabe que ta perdendo...- Seu Pedro fez questão de enfatizar as palavras que vieram a seguir.- um filho engenheiro gronômo tão talentoso que nem ocê.

Ferdinando riu da cara sonhadora do sogro e teve uma ideia que tratou de guardar na memória.

–Minha nossa que eu nunca que tinha visto uma plantação tão bonita e rendosa que nem aquela.- os risos do homem mais velho eram contagiantes e o engenheiro, por um minuto, esqueceu toda a novela mexicana em que sua vida tinha se tornado por causa do bendito pai.

*

Zelão ainda se lembrava das palavras magoadas da mãe. Ele tentava fazer tudo perfeito na semana que se seguia para que ela aceitasse de bom grado a presença da namorada em sua casa. Mas ela parecia estar mais atenta e via falhas onde o certo e o errado não existiam.

A discussão da noite anterior nem devia ter acontecido. Nunca teve limites e horários para chegar em casa, afinal, ja era um homem e não mais o menino que a mãe fazia questão de lembrar em momentos saudosos porém as palavras proferidas pela matriarca ainda ecoavam em sua mente fazendo com que uma culpa sem fundamento brotasse em seu peito.

*

Juliana ouviu o barulho da porta e estranhou a música que vinha junto com a pessoa que acabara de chegar. Resolveu conferir com os próprios olhos e encontrou a amiga arrumando algumas coisas na dispensa enquanto cantarolava a música que estava ouvindo.

–Hm...acho que alguém viu um passarinho...? ou deveria dizer um engenheiro agrônomo ? – Juliana não podia perder a oportunidade de deixar a amiga sem graça...era um de seus esportes preferidos.

–Ahh Juliana...pode para de bestagem...- A ruiva não conseguia esconder o largo sorriso que surgiu com a menção do namorado e com isso Juliana decretou vitória.

Gina terminou o que estava fazendo e seguiu com a professora para sala em meio a conversas aleatórias que poderiam se seguir por horas não fosse a retirada da atenção da professora para os pontos escuros que a ruiva agora revelava com o inocente ato de tirar a jaqueta e o lenço que a cobriam.

–Gina! Mais o que é isso??! –Juliana arregalou os olhos e apontou para as marcas que variavam de roxo forte a tons mais amenos.

–A...isso...foi...hmm..foi..- Gina queria encontrar a desculpa perfeita mas conhecendo Juliana como conhecia...sabia que seria em vão.

–Quer dizer que a noite também foi boa em?

–O que?- A ruiva estava atordoada não sabia como a amiga pode chegar a uma conclusão dessas apenas observando hematomas.

–A Gina por favor né...?! sou eu!! Até parece que eu não reconheceria essas marcas...

E como se fosse impossível a moça ficou mais rubra que os próprios cabelos. Já que havia sido descoberta sabia que não tinha escolha a não ser contar o motivo de tantas variações de cor em sua pele.

Ao final da estória a professora parecia ter perdido o poder da fala e a olhava com olhos espantados porém mais brilhantes do que o normal.

–Aiii meu deus!!

–E não é? Nunca pensei que o pai do Ferdinando desgostasse tanto assim de mim...

–Gina...eu não estou falando disso...

–Mas eu estou...

Juliana entendeu que, se continuasse a conversa pelos caminhos que desejava, so iria irritar a ruiva então resolveu expressar sua opnião sobre o pai do amigo.

–Minha amiga...você sabe que ele está completamente enganado certo? Ele está cego por uma briga do passado e essas coisas são complicadas mesmos mas fique sabendo que qualquer escolha a ser tomada cabe a você e ao Ferdinando decidir e a mais ninguém. Além do mais não tem cabimento você duvidar do amor dele depois de tudo o que aconteceu...vocês se amam e não devem satisfação a ninguém.

Gina gravou as palavras da amiga para que se lembrasse de cada uma no próximo momento de insegurança.

–Mas Gina...eu preciso lhe perguntar uma coisa...

–Diga...

–Você e o Ferdinando...vocês estão se protegendo ...né?

–Protegendo? Do pai dele? Mas por que? Você acha que ele pode tentar alguma coisa? Olha que se ele tenta...vou fazer valer minhas aulas de tiro....

Juliana fechou os olhos e respirou fundo...as vezes a ingenuidade de Gina irritava.

–Não Gina!!esquece o Seu Epaminondas....eu to falando de outra coisa...! So quero saber se você e o Ferdinando estão se cuidando...você sabe...na hora que vocês fizeram tudo isso...- Juliana apontava novamente para os indícios da noite passada.

–Ora essa Juliana...você pensa que eu sou besta é? – Ela tirou o celular da bolsa e mostrou para a amiga o aplicativo que a salvava todos os dias.

–Esse negocinho aqui me lembra das minhas obrigações e toca todos os dias no mesmo horário para que eu não tenha nenhuma surpresa mais tarde.- Gina parecia orgulhosa ao explicar a maneira que o aplicativo funcionava....como se ela mesma o tivesse criado.

–Ora essa minha amiga agora você me surpreendeu...

–Eu te disse que era curiosa...e cá pra nós...essas coisas não tem como se descuidar ne?

–Você ta certa minha amiga. – Juliana sempre foi a mais cuidadosa e a mais experiente no assunto mas em quesito de curiosidade e preparação ela teria que admitir que Gina conseguia se sair bem melhor que ela.

A conversa foi interrompida pela campainha e as duas voltaram para a sala com a esperança de ser um dos namorados a visita-las de surpresa.

–Oh filha olha o que a mãe fez e veio trazer pra vocês...- Dona tê trazia um prato grande nas mãos e o cheiro de roça que Gina tanto gostava...

–CURAL!- A ruiva sentiu- se salivar com a ideia da sobremesa preferida estar ali na sua frente.

–Mas você ainda lembra do cheiro filha! Então tome espero que vocês gostem.

–A com certeza deve estar uma delícia Dona Tê. – Juliana pontuou delicadamente.

–Ah...professora que isso...gentileza sua- dona tê iria continuar com os agradecimentos mas reparou nos machucados da filha que agora voltava sorridente para a entrada da casa.

–Gina Falcão! Mas o que são esses roxos no seu corpo minha filha?!

Juliana sentiu que a conversa precisava de intimidade, pediu licença e se retirou sem ser notada pela matriarca que não tirava os olhos dos hematomas e do corte nos lábios da filha.

–A mãe...isso não foi nada...

–Gina ...fale comigo...isso n deve de ter sido boa coisa...vamos fale para a sua mãe...por um acaso aquele um botou as mãos em ocê filha? Por que se for o caso nós vamos agora mesmo la na delegacia e entrar com aquele negocio de maria da penha...teve um caso que o padre santo falou um dia desses na missa...

Gina estava perplexa com a ideia descabida da mãe.

–Mãe ...para!!o Nando não fez nada...!Ele não faz outra coisa a não ser me amar... me dar carinho...ele seria incapaz de tentar alguma coisa comigo...até por que você sabe mãe...que comigo não tem essas conversas....eu prego fogo...

–Ai eu sabia que não era pra ter te deixado fazer aquelas aulas de tiro...mas o Pedro ficou tão orgulhoso...

–Você agora vai querer falar das minhas aulas de tiro? Já não bastou ter insinuado coisas horríveis do meu namorado?

–Não filha eu so vim lhe trazer o cural e...

–E isso mesmo veio trazer o cural...ja trouxe...muito obrigada agora pode ir que eu to ocupada.

–Aii filha viu como você ta falando comigo...so pode ser influência daquele doutorzinho... isso não tem cabimento não filha....onde ja se viu falar assim com a mãe.

Gina revirou os olhos e pensou em uma forma de se desculpar...mas as acusações sem sentido da matriarca ainda estavam frescas na memória e o desejo de que a pobre senhora apenas sumisse da sua frente se intensificava a cada acusação fora do contexto.

Antes que qualquer outro pensamento fosse formado e muito antes da orgulho lhe dobrar e a obrigar a se desculpar Gina viu os olhos da mãe que antes estavam chorosos e ofendidos mudarem a expressão para revoltosos e acusadores. Dona Tê não disse nada apenas encarou a filha uma ultima vez como se dando chance para a ruiva se desculpar e com o tempo esgotado retirou-se com passos firmes...nesse momento a ruiva sabia...a mãe seria para Ferdinando o que Epaminondas era para ela....uma verdadeira assombração.

*

Zelão queria se redimir com a mãe...portanto resolveu que para começar deveria voltar com pequenos hábitos a muito esquecidos...que era o de acompanhar a mãe de volta pra casa depois de um dia no hospital.

Mãe Benta era enfermeira chefe de um dos maiores hospitais da cidade. Ela era julgada a melhor da área de obstetrícia...e era reconhecida por ajudar nos partos mais complicados.

Zelão parou a moto e esperou a senhora de cabelos grisalhos sair. Não demorou muito o riso inconfundível da mãe invadiu o local demonstrando sua aproximação.

–Tudo bem doutor Renato eu vejo a ficha da mocinha...

–Obrigado Dona Benta. Creio que precisaremos fazer uma reposição de ácido fólico já que este se apresentou deficiente nos últimos exames.

Zelão via a interação entre o ex namorado de sua atual namorada e sua própria mãe...e enxergou ali o provável motivo de tanto desgosto que a senhora sentia...talvez não fosse puro ciúme materno ou trauma passado...talvez a explicação fosse mais complicada do que pensava...

*

Gina estava com medo de enlouquecer...não bastasse as insanidades do pai do namorado agora teria que lidar com os dramas da mãe...e tudo isso vinha acompanhado de um temeroso almoço no dia depois do próximo...lembrou-se da ideia que teve mais cedo e buscou a ajuda da pessoa mais escorregadia que conhecia.

–Juliana...eu posso falar com você?

–Claro minha amiga ...entre...

A ruiva entrou no quarto da amiga enquanto a mesma não tirava os olhos do computador....lia os e-mails que tinha deixado de lado pela manhã.

–Conseguiu escapar da sua mãe?

–Sabe que eu não sei direito...bom saber o que realmente aconteceu ela não sabe...mas que ela me pareceu bem chateada isso eu não tenho dúvidas.

–É eu acho melhor você e o Ferdinando se cuidarem mais da próxima vez...

Gina deixou uma risada fraca escapar dos lábios porém manteve os olhos baixos.

–Mas me diga o que realmente lhe aflinge minha amiga...

–Aiii Juliana...eu não to preparada....não quero encarar o Seu Epaminondas...e a madame Catarina..? eu nem sei me portar em eventos assim...ela vai acabar rindo de mim...

–Gina Falcão com medo de um simples almoço...- Juliana ria por fora mas sentia o mesmo drama alcança-la com focos diferentes.

–Você me entendeu que eu sei....

–Sim minha amiga eu entendo mais não vejo outra forma senão encarar esse problema...e no mais você sabe sim se portar...é so comer como sempre comeu aqui em casa ou no restaurante do seu Giaco.

–Mas e se ela me aparecer com aquele bando de talheres diferentes e pratos exóticos...eu nem sei se gosto de comida exótica!

–Se acalme minha amiga que pelo que eu bem conheço aquela família eles são o tipo de gente que paga de granfino mais adora um arroz com feijão.- Juliana simplificou o pensamento que tinha a algum tempo desde que começou a dar aulas particulares para a pequena Pituca e então conheceu a verdadeira família Napoleão.

Gina riu fracamente e suspirou fundo enquanto a professora voltava a atenção para os e-mails.

–Eu só queria que houvesse uma maneira de escapar desse almoço...ou pelo menos adiá-lo por mais uma semana.

Juliana deixou um largo sorriso lhe enfeitar o rosto e os olhos brilharem com a expectativa do novo.

–Pois eu acho que arranjei a solução para os nossos problemas minha amiga...é claro...se você realmente quiser adiar esse encontro inevitável...

–E qual é?

–O que você vai fazer amanhã o dia todo?

–Nada...não tenho nada em mente e eu e Ferdinando ainda não combinamos coisa alguma.

–Então...venha ler esse email que a minha amiga da faculdade me mandou...acho que ele pode ser a resposta que precisávamos.

Gina colou os olhos na tela do computador e sentiu o queixo cair.

*

–Nada ainda Catarina? –Ferdinando falava com a madrasta ao telefone...tentava de todas as formas convencer o pai de receber a namorada.

–Ai meu querido a situação por aqui não está das melhores...devo dizer que em outros tempos eu até conseguiria dobrar esse seu pai mais você sabe que época de eleição é tudo mais complicado...as memórias voltam e o estresse aumenta.

–Entendo...mas como vamos fazer no domingo? Custava ele abandonar por algumas horas o orgulho e as eleições para me ver feliz?

–Você sabe Ferdinando que, para o se pai, não existe coisa mais importante que a felicidade da família e ganhar as eleições....porém no momento sinto dizer mas a ultima constatação está ganhando com a ajuda de dois pontos percentuais...

–Como assim Catarina?

–Você não sabe?

–Do que está falando?

–O senador amigo do seu Pedro e inimigo do seu pai se candidatou...e está ganhando do seu pai nas pesquisas do ibope por 2 pontos percentuais.

Naquele momento Ferdinando sabia...o almoço estava cancelado por tempo indeterminado.

O Sábado chegou com raios de um sol tímido. O engenheiro rolou na cama e sentiu os braços abraçarem o nada... abriu os olhos e constatou que a ausência da ruiva não poderia mais existir em seu cotidiano.

Conferiu o horário e refletiu sobre quantas coisas a namorada ja deveria ter feito aquela hora...ela sempre acordava cedo e ele...era adepto dos horários mais tardes...dormiria até mais se ela não o acordasse sempre com carinhos, palavras doces e reclamações sobre o quanto estava faminta. Por causa dela ele começou a acordar mais cedo quando dormia só...por causa dela ele começou a estranhar as manhãs silenciosas.

O rapaz pegou o celular e refletiu antes de ligar...pensou nas possibilidades novamente e concluiu que deveria falar que não haveria mais almoço...pelo menos por enquanto...foi quando viu uma mensagem da moça com a qual sonhava todas as noites.

“Bom dia Frangotinho! To passando so pra lhe avisar que hoje eu vou ter que sair com a Juliana e devo passar o resto do dia com ela...vamos fazer um curso que uma amiga da faculdade dela está oferecendo portanto não poderemos atender. Quando acabar tudo eu mando uma mensagem para saber como foi seu dia. Espero que ele seja ótimo! Um beijo da sua menininha.”

Ferdinando sorriu ao ler as palavras da namorada porém ao perceber que isso significava que passaria o dia todo longe dela não pode deixar de sentir um aperto no coração. Resolveu então responder a mensagem e decidiu que só trataria do assunto do almoço quando estivessem se falando pessoalmente ...queria evitar confusões e mal entendidos.

*

Após comprarem tudo o que iriam precisar Juliana e Gina chegaram ao local do curso.

–Juliana...você tem certeza?

–Claro...vamos Gina vai ser divertido!

–Aii...não sei...

–Gina...minha amiga...você não quer se livrar desse almoço de amanhã?

–Quero!

–Então ...que ideia você tem?

–Nenhuma

–Pois então aproveite que eu tive uma e não reclame! Você vai gostar! Tenho certeza! Vamos logo..- Juliana saiu puxando a ruiva que corava só de imaginar como seria o tal curso que lhe tomaria a tarde inteira.


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