I'm with you escrita por Elide Blackbeak


Capítulo 9
Capítulo 9 - Not too Bad.




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Se passaram alguns dias após a festa. Sophie via Gabriel apenas de longe, sem ir puxar assunto. Decidiu focar na escola, na pintura e no seu próprio mundo – nada de Gabriel. Ou Gabe, como começou a chamá-lo mentalmente. Ela estava sem paciência para relacionamentos, porém algo a dizia que ela não pensaria duas vezes se Gabriel a chamasse. Mas isso ela não admitiria nunca. Questão de orgulho.
Fechou o caderno e o guardou na mochila assim que o sinal da ultima aula tocou. Alice tinha ido embora mais cedo, dizendo não estar se sentindo muito bem – não era para menos, no dia anterior ela comeu, sozinha, uma pizza inteira. Para aonde ia toda aquela comida, ainda é desconhecido. Annie veio em sua direção, sorridente como sempre.
— Então, me conte tudo, nos mínimos detalhes. Quando começou a pegar um gato daquele antes de mim?
Soph apenas a olhou, confusa. Uma brincadeira, talvez? Annie sempre fazia brincadeiras daquele tipo, mas não com ela.
— Como? Não tenho nenhum gato, minha mãe é alérgica.
Annie gargalhou, revirando os olhos.
— Você me entendeu. Qual é o lance entre você e o Gabriel?
— Nenhum. Por que teria alguma coisa rolando entre a gente?
— Tá, ele vem fala comigo, você surta. Você vai embora, e ele vai atrás. Se vocês não estão ficando, eu sou a fada sininho.
— Oh, jura? Como vai o Peter Pan? — E levou um tapinha no braço, com direito a outra revirada dos olhos de Annie. Sorriu brevemente, pensando no que ela tinha dito sobre ele ter ido atrás dela. — Sério, não tem nada rolando. Eu falei com ele poucas vezes. E ele não veio atrás de mim, pelo menos eu não vi.
—... Se você diz. Lerda.
E se levantou, deixando Sophie confusa pelo ‘elogio’. Limitou-se a suspirar e sair da sala, indo para a casa. Assim que passou pelo portão de entrada, viu Gabriel. Encostado no mudo, o uniforme desleixado, com fones de ouvidos e o olhar longe. Até que a viu. Se aproximou, começando a acompanhá-la, apenas alguns passos atrás dela.
— Demorou. O que estava fazendo?
— O que é isso? Um interrogatório?
— É. Você é suspeita de assassinato. Tsc, responde.
— Não estava fazendo nada demais. Por que está me seguindo?
— Nicholas não veio hoje, e a Alice foi dispensada, você sabe.
— E...?
Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Então ele estava esperando por ela? Sophie o olhou brevemente por cima do ombro. Ele olhava para a rua e, daquele ângulo, ele parecia estar corado.
— Algum tarado pode te perseguir na rua. E tal.
— Tipo, igual você está fazendo?
— Não ‘to perseguindo, eu ‘to escoltando. Mas tudo bem, se quiser, eu te deixo ir sozinha. — E ela parou, dando meio passo para trás para olhá-lo. Ele a olhava, colocando as mãos nos bolsos da calça. — Arrependida?
— Humpf.
Ela se virou, voltando a andar para casa. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, a única coisa que a dava certeza de que ele ainda estava ali era o som dos passos.
— Espera aí. — Ele puxou levemente a manga da blusa dela e se afastou. Sophie ficou parada, encostada na parede de uma casa enquanto o esperava. Alguns minutos depois, ele voltou, segurando dois picolés. Entregou um para ela, com um sorriso completamente inocente no rosto – o que o deixava com um ar completamente diferente, quase como se fosse inofensivo.
— Valeu. Morango é o meu favorito mesmo. — Ele apenas balançou a cabeça. — Espera, ainda fabricam esse sorvete? Sempre gostei dessa marca.
Ele a olhava, ainda sorrindo. Mas tinha algo diferente no olhar dele. Gabe balançou a cabeça, indicando com um aceno para continuarem. E continuaram, mas agora, lado a lado.

A conversa no caminho até a casa foi agradável, tinha de admitir. Comentaram sobre passatempos, gostos musicais e de filmes e fizeram questão de frisar as diferenças. Mas pareciam ter bastante em comum. Segundo Gabe, ele tinha chegado na cidade para morar perto dos tios – vulgos pais de Nicholas -, já que os próprios pais estava sempre viajando e não queriam deixá-lo jogado aos cantos. Algo que ele fez o favor de esclarecer: tomaram a decisão tarde demais. Mas ele disse não ter raiva dos pais. O assunto sobre a família dele se encerrou ai.
Eles viraram a esquina, finalmente chegando na casa de Sophie.
— Foi cômico. Ele caiu, tipo, umas duas vezes seguidas. A desculpa era que estava bêbado, mas todo mundo sabia que ele só tinha tomado Fanta uva.
A garota riu, se divertindo com as histórias que ele contava. Ele também ria, continuando a história entre o riso.
— Ei, ta sujo. — Ele indicou o rosto dela. Ela passou a mão rapidamente. — Ainda tá. — De novo. — Ainda tá sujo.
Mais uma vez, ela tentou limpar. Ótimo, era o que precisava: se sujar feito uma criança na frente de um garoto. Ele revirou os olhos, se aproximando dela.
— Francamente. Ainda tá sujo. Aqui.
E aproximou o rosto do dela, lentamente. Ele estava tão perto, que ela conseguia sentir a respiração dele, o hálito com aroma de morango. Por algum motivo, ela não queria recuar. E não recuou. Estava pronta para retribuir o beijo quando sentiu algo gelado na sua bochecha. Era o sorvete dele, e ele a estava sujando.
— O que, achou que eu fosse te beijar? Há, iludida.
E se afastou, com aquele sorriso convencido no canto dos lábios. Sophie sentia o rosto queimar, mas não sabia se era por vergonha ou raiva. Limpou o rosto com a mão, xingando-o mentalmente.
— Idiota.
Ela se sentia estranha. Não sabia se estava com raiva por ele ter brincado com ela ou se sentia assim por gostar da ideia de ser beijada por ele. Ah, Deus sabe como ela tinha gostado da ideia. E ela já estava começando a se acostumar com aquilo. A presença de Gabriel a fazia ficar entre a felicidade e o desespero. Ele tinha aquela mania – completamente irritante – de manipula-la, com seu jeito infantil, irritante e, por que não, sexy.
Pararam em frente a casa dela, ele ainda com aquele ar risonho por ter brincado com ela.
— Agora é sério. Foi mancada minha o que aconteceu na festa. Posso me desculpar apropriadamente?
— O que você quer dizer com o apropriadamente?
— Um cinema, minha atenção vai ser só sua e eu prometo não flertar com todo mundo na sessão.
— Hum, eu posso pensar.
— Certo. Eu te ligo depois?
— Não. Eu não te dei o meu número.
Ele parecia estar prestes a retrucar, até que se ouviu um barulho alto de vidro sendo quebrado e um grito feminino. Vinha da casa de Sophie. E ela reconhecia aquela voz.
—... Mãe!


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Notas finais do capítulo

Me desculpem pela demora em postar, aconteceram várias coisas e só consegui aparecer e ter pique pra escrever por agora. Espero que gostem do que há por vir. ;3



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