O Mal se levanta novamente escrita por O Patriarca do Santuário


Capítulo 11
O Assalto - primeira parte


Notas iniciais do capítulo

Meus caros,

Forçosamente devo pedir desculpas pela demora em postar novos capítulos.

Este é um arco grande e já está praticamente todo redigido. Devo dividir o arco em seis ou sete partes. Portanto, pelas próximas semanas postarei as diversas partes, com um pequeno intervalo entre elas

Aos que ainda acompanham e aos que se dispuserem a ler a partir de agora, espero que gostem.

Um grande abraço.



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A jovem caminha pela Sorcere’s Avenue, na direção da Praça Julius IV, absorta em seus pensamentos. O dia está um pouco nublado e alguns montículos de neve se acumulam aqui e ali, produtos da precipitação durante a noite.

Da varanda de um prédio próximo, uma senhora, que varre o assoalho, a interpela: —_Bom dia, Suzy. Não me diga que vai trabalhar no Die Eru...

—_Oh, bom dia Senhora Phebbles... na verdade só vou concluir alguns lançamentos bancários, a agência não abrirá para o público.

—_Entendo... Responde a senhora. __Será que eu conseguiria conversar com você amanhã pela manhã, na agência? Eu estava precisando de um pequeno empréstimo... para umas reformas aqui em casa...

—_Mas é claro, Senhora Phebbles. Terei prazer em recebê-la. Procure-me na agência amanhã e conversaremos. Verei no que posso ajudá-la...

—_Obrigada, querida. Eu a procurarei amanhã, então.

Após despedir-se, Suzy continua seu trajeto até alcançar a pequena e bela pracinha, ao lado de onde se situa a agência e filial do Banco de Venore, em Thais. Nota, mas sem que isso lhe chame muito a atenção, quatro cavalos amarrados a um poste da praça, com homens montados em dois dos animais.

A bancária segura uma chave metálica, presa a um molho ligado a seu cinto. Assim que abre a porta, sente que uma mão aperta fortemente seu braço e o fio frio e afiado de uma adaga encosta em seu pescoço.

—_Fique calma, não chame a atenção das pessoas ao redor e entre normalmente... Um homem, usando um chapéu de abas largas e um lenço sobre a boca, empurra Suzy, discretamente, para dentro da agência.

Outro homem, também com o rosto encoberto por um lenço, próximo ao casal, entra em seguida, carregando quatro mochilas vazias e dobradas, olhando ao redor para se certificar que a cena não chamara a atenção de transeuntes eventuais. Nos chamados Die Eru, as ruas de Thais estão mais vazias, normalmente. O homem fecha a porta da agência.

Suzy começa a tremer, surpresa e apavorada: —_M-mas o que é isso? O –o que está acontecendo?

O homem que porta a adaga pega as mochilas que o outro carrega e estende uma das mãos, instando Suzy a pegá-las: —_Rápido, moça, abra o cofre mais a esquerda, atrás do balcão e encha essas mochilas com moedas de cristal. Não tente me enganar ou enrolar, eu estudei sua rotina e as características dessa agência, sei o que cada cofre contém. Vamos, rápido!

Mas Suzy, apavorada e tremendo, sequer consegue se mover: —_C-céus... isto n-não pode estar acontecendo...

—_Merda! Vamos logo, moça! O homem da adaga grita impaciente.

O outro homem tenta acalmar Suzy: —_Calma, moça, nós não vamos lhe fazer mal. Apenas abra o cofre e encha as mochilas.

Mas Suzy permanece estática, em uma espécie de choque e não consegue esboçar reação.

O homem que pedira a Suzy que se acalmasse, ao constatar que dificilmente ela conseguiria fazer o que lhe estava sendo pedido, toma das mãos dela as mochilas e diz: —_Apenas me dê o molho de chaves e diga qual é a chave correta. Eu abrirei o cofre e pegarei o dinheiro.

Suzi, tremendo muito, pega o molho de chaves que estava preso a seu cinto, mas, nervosa, o deixa cair no chão.

O homem se agacha e pega o molho: —_Me mostre a chave correta, moça.

Suzy, ainda tremendo muito, indica uma chave metálica de cor avermelhada.

O homem pula o balcão, abre um dos cofres e começa a jogar moedas e mais moedas de cristal nas mochilas.

No lado de fora, Tomazzo e Pierre, os homens montados em dois dos quatro cavalos amarrados ao poste, na praça ao lado, descem de suas montarias e se postam ao lado da porta da agência.

Nisso, uma senhora baixa e gorda vem caminhando pela pracinha, na direção da agência. Ao ver Tomazzo e Pierre parados ao lado da porta, indaga: —_Sabem me dizer se a Suzy está aí dentro? Precisava conversar com ela...

—_A agência está fechada, senhora. Responde Pierre.

Mas a senhora ouve alguns ruídos vindos de dentro da agência. —_Mas tem alguém aí dentro.

Tomazzo se destempera: —_Cai fora, gorducha. Não ouviu? A agência está fechada!

Pierre fica perplexo com o que Tomazzo diz e reage: —_Que isso, Tomazzo? Calma...

Antes que Pierre consiga se dirigir à senhora para tentar consertar o que Tomazzo acabara de fazer, a assustada thaiana sai correndo pela praça gritando: —_Socorro!!! Ladrões!!! Estão assaltando o banco!!!

Tomazzo olha a mulher com raiva e coloca a mão em seu alforje na intenção de pegar uma runa.

Mas Pierre o segura: —_O que há com você, cara? Ficou louco?

Das janelas ao redor várias pessoas observam o que acontece e logo algumas começam a ecoar e a reverberar o pedido de socorro da senhora: __Guardas!!!... Guardas!!!... Socorro!!!... Assalto!!!...

Diante da situação, Pierre abre a porta da agência e grita para os dois comparsas que ainda estavam dentro do banco: —_ Vamos!!! Rápido!!! Deram o alarme e os guardas vão chegar logo!!!

O homem que segura a adaga no interior do banco diz ao que enche as mochilas com moedas: __Vamos logo com isso, Willborn!!!

Willborn, ainda enchendo a última mochila, resmunga para si: —_O idiota pronuncia o meu nome diante da funcionária...

Em seguida, constatando que a última mochila já está suficientemente carregada de moedas, Willborn pula o balcão e, seguindo Cardomius, sai apressado da agência.

Suzy permanece parada, em choque, em pé ao lado do balcão e apenas observa os dois guildanos fugirem.

Já na praça, os quatro assaltantes se dirigem rápido para suas montarias, desamarram-nas e sobem nas celas.

Willborn joga uma mochila para cada um dos parceiros, retendo a sua.

Subitamente, objetos tais como panelas, pratos e rolos de massas são arremessados contra os cavaleiros, vindos das janelas ao redor, seguidos de imprecações proferidas pelos moradores das casas: —_Ladrões!... Safados!... Guardas!!!... Guardas!!!

Os quatro guildanos defendem seus rostos contra os objetos lançados, com os braços, e conseguem se desviar de vários deles.

Cardomius diz, se dirigindo a Willborn e a Pierre: —_Vamos nos separar! Eu e Tomazzo tentaremos fugir pelo Portão Sul, vocês tentam pelo Portão Norte! Se não pudermos nos encontrar nas imediações da cidade, esperamos vocês na taverna do Snake!

Após dizer isso, Cardomius, seguido por Tomazzo, sai em disparada em seu cavalo.

Pierre diz, nervoso, a Willborn: —_Portão Norte??? Mas que Filho de uma @#*$!!! O Portão Norte está apinhado de soldados, pela proximidade do Palácio Real e devido à presença das delegações estrangeiras!

Os dois guildanos notam que grupos de guardas se aproximam rápido da praça, uns vindos pela Sorcerer´s desde o Portão Oeste, outros pela rua que conduz à praia próxima à região do Cais.

—_Vamos tentar o Portão Leste!!! Grita Willborn, que, em seguida, insta seu cavalo, com uma das mãos e as pernas, a sair em disparada. —_Iááááááá´!!!

Pierre o segue: —_Iááááá´!!!

Cardomius e Tomazzo entram em disparada na Harbour e tomam o sentido sul.

Segundos depois, Pierre e Willborn também alcançam a esquina da Sorcerer’s com a Harbour e seguem rumo ao norte.

Quando se aproximam do Portão Sul, Cardomius e Tomazzo se deparam com uma aglomeração de carroças. Uma caravana de comerciantes é fiscalizada e revistada pelos guardas da guarnição.

Os guardas que se situam no nível do solo e os que estão em cima da murada têm sua atenção chamada pelos dois cavaleiros que se aproximam em disparada, na direção do portão. Atrás dos guildanos, os guardas percebem grupos de cidadãos correndo e gesticulando para a guarnição, como a pedir aos soldados que detenham os homens em fuga.

O Capitão Walter, de cima da murada, grita aos soldados no nível do solo, ordenando que invistam contra os dois cavaleiros. Os soldados, cerca de dez, com suas lanças em riste, partem na direção dos guildanos.

As pessoas que viajam na caravana e aguardam a revista e liberação por parte dos guardas se assustam com o tumulto.

Ao ver os soldados investindo contra ele e contra Tomazzo, Cardomius puxa com força as rédeas de seu cavalo.

Tomazzo faz o mesmo.

—_Vamos tentar o Portão Leste!!! Não vamos conseguir passar por aqui!!! Grita Cardomius.

Fugindo dos soldados, a dupla vira bruscamente à esquerda, passando diante da Torre de Observação de Thais e imprimindo mais velocidade aos cavalos.

Diante da Torre de Observação, os visitantes em fila se assustam e correm para o interior da torre, no andar térreo, procurando se proteger do tumulto.

Alguns arqueiros postados em cima da murada apontam suas flechas contra os dois guildanos, mas o Capitão Walter, também em cima da murada, ordena aos arqueiros que não disparem, temendo pela segurança das pessoas que estavam na fila. O Capitão grita para dois soldados no nível do solo, apontando para dois cavalos da Guarda presos junto ao Portão Sul: —_Vão atrás deles!!!

Cardomius e Tomazzo penetram em um beco ao lado da torre, que conduz à Lower Swamp Lane.

Os dois soldados que, ao comando do Capitão Walter, montaram nos dois cavalos da Guarda junto ao portão, vão em perseguição aos guildanos, penetrando em disparada no beco.

Atrás deles, vários lanceiros a pé, da guarnição do Portão Sul, partem também no encalço dos dois fugitivos, através do beco.

Cardomius e Tomazzo saem do beco e ganham a Lower Swamp Lane cavalgando em grande velocidade, assustando os transeuntes, que saem rápidos da frente dos cavalos, temendo ser atropelados e gritando imprecações contra os dois fugitivos.

Logo em seguida entram na Lower, também vindos do beco, os dois cavalos montados pelos soldados da guarnição do Portão Sul, seguidos pelos lanceiros a pé, mas estes últimos logo vão ficando mais para trás.

Os dois guildanos alcançam a curva da Lower, que direciona a rua para norte, para a esquina com a Upper Swamp Lane.

Por sua vez, Pierre e Willborn, simultaneamente, cavalgam rápidos pela Harbour na direção da esquina com a Main Street, também assustando os transeuntes que pulam e se desviam como podem dos cavalos.

Um grupo de mais de dez guardas somados a mais de vinte cidadãos vem subindo correndo a Harbour no encalço de Willborn e de Pierre, mas vão ficando muito para trás por não poderem competir com os cavalos. Então gritam e gesticulam para as pessoas que se encontram na esquina no sentido de que tentem deter os dois cavaleiros.

 Por ser Die Eru o Depot se encontra fechado, razão pela qual não há tantas pessoas circulando na esquina, como de costume. Mas várias pessoas tentam se aproximar dos cavalos para segurá-los ou derrubar os cavaleiros. Willborn e Pierre jogam as montarias contra os transeuntes mais ousados, derrubando-os ou fazendo-os se afastarem.

Os dois conseguem se desvencilhar das pessoas na esquina e ganham a Main, galopando na direção da esquina com a Temple. Atrás deles, uma multidão composta de cidadãos e guardas.

Cardomius e Tomazzo, por seu turno, entram em veloz galope na Upper Swamp Lane, causando tumulto na rua, com as pessoas saindo da frente, assustadas.

Os dois guardas montados do Portão Sul, que vem no encalço dos dois guildanos, também entram velozes na Upper e ameaçam se aproximar perigosamente dos fugitivos.

Os lanceiros a pé e alguns cidadãos que se puseram em perseguição aos fugitivos, vão ficando muito para trás, ainda na Lower.

Na altura da esquina com a Farm Lane, Tomazzo retira de seu alforje uma runa de cor vermelha, com quatro pontos cavados em sua face, e a arremessa para trás. A runa, ao atingir o pavimento da rua, se desintegra e em seu lugar surgem nove pequenas mas potentes explosões de fogo.

Os dois guardas a cavalo que vem no encalço e em veloz galope são surpreendidos com as explosões. Não tem tempo de frear os cavalos e penetram nas chamas.

Um deles tem sua capa tomada pelo fogo e se desespera. Ao tentar apagar as chamas acaba caindo de sua montaria.

O outro soldado tem as mangas de sua camisa chamuscadas mas o deslocamento do cavalo faz com que o vento acabe por apagar as chamas. O soldado continua em perseguição aos guildanos.

Os lanceiros e cidadãos que perseguem os assaltantes a pé procuram contornar as chamas. Alguns deles tentam ajudar o soldado que caira do cavalo.

Cardomius e Tomazzo prosseguem em rápido galope na direção da esquina com a The City Wall, na esperança de saírem de Thais pelo Portão Leste.

No Portão Leste, cujo comando da guarnição está nas mãos de um jovem tenente, que substitui o Capitão Tim, temporariamente, enquanto Tim assessora o Rei e seus auxiliares nas conversações com os soberanos estrangeiros, os soldados ouvem, ao longe, as explosões causadas pela runa de Tomazzo e observam a fumaça que se ergue sobre a Upper.

Um soldado adentra a sala de comando e diz ao tenente: —_ Tenente, algo está acontecendo na Upper Swamp Lane.

O tenente ergue os olhos da papelada que lia, franze a testa e responde: —_ Ora, as duplas de ronda podem resolver isso. Se fosse aqui diante do Portão...

—_Mas foram explosões bem fortes, senhor. Retruca o soldado.

—_Aff... O tenente dá um supiro, se levanta e se dirige à parte externa da Murada. Chega a tempo de ver uma coluna de fumaça se erguendo, mas perdendo força. —_Bem, se é um incêndio a Brigada Contra Incêndios tem que ser acionada. O tenente se dirige a um soldado postado diante do Portão, mas no nível da rua. —_ Olaf... vá até a esquina com a Upper e tente ver o que está acontecendo por lá.

—_Sim, tenente. Responde o guarda, se dirigindo rápido na direção da esquina da The City Wall com a Upper Swamp Lane, para o Sul.

Quando o soldado consegue se aproximar da esquina, é surpreendido por dois cavaleiros em veloz galope, dobrando a mesma esquina, vindos da Upper. O soldado se atira para o lado para não ser atropelado.

Da Murada alguns soldados observam, de longe, a cena. Chamam a atenção do tenente.

O oficial fica surpreso ao ver os dois cavaleiros vindos rápidos para o Portão Leste, através da The City Wall. Quando o soldado que vem em perseguição aos dois dobra a esquina, o tenente compreende finalmente o que ocorre.  Grita para o interior da Murada, no andar de baixo: —_Baixem as grades!!! Baixem as grades!!!

Cinco soldados, atendendo as ordens do oficial, passam a mover a enorme polia que movimenta as grades. Lentamente, o pesado obstáculo de metal começa a descer.

Cardomius e Tomazzo, à medida que se aproximam do Portão Leste, observam que se encontra tão ou mais congestionado do que o Portão Sul. Há também carroças sendo fiscalizadas, vários soldados no nível do solo e mesmo vários cavalos da Guarda amarrados um pouco além do portão, mais para o norte.

O tenente que comanda a guarnição chama os arqueiros do destacamento e ordena: —_Arqueiros! Em formação! Abatam aqueles cavaleiros! Em seguida grita para os soldados que estão no nível do solo: —_Detenham aqueles dois da maneira que puderem!

Os soldados que estão no nível do solo, partem em direção aos dois cavaleiros.

Naquele momento, os soldados e transeuntes que perseguem a pé os guildanos, começam a dobrar a esquina da Upper e a entrar na The City Wall.

Tomazzo grita para Cardomius: __Eu vou arremessar mais runas. Jogue o cavalo na direção daquela carroça mais à direita, a menor. Pule a carroça e tente atravessar o Portão antes que a grade baixe demais!

Cardomius faz um sinal com a cabeça, concordando.

Tomazzo, então, apanha mais três runas de seu alforje e as arremessa com força na direção do Portão Leste, em relação ao qual ele e Cardomius se aproximam velozmente.

O que acontece em seguida é um verdadeiro pandemônio, diante do Portão. Várias explosões de fogo irrompem do solo. Alguns dos soldados que vinham contra os dois fugitivos são tomados pelas chamas e gritam desesperados. Os arqueiros que, em cima da Murada, se preparavam para disparar suas flechas contra os dois guildanos, ficam confusos, pois todos, fugitivos e soldados, desaparecem em meio ao fogo. Os comerciantes e condutores das carroças, assustados, saem correndo na direção norte, tentando fugir das explosões incandescentes que fazem tremer o solo e mesmo a Muralha Leste. Alguns cavalos que puxam as carroças saem em disparada pela The City Wall, fazendo com que os respectivos carregamentos caiam sobre o pavimento.

Cardomius e Tomazzo, de maneira audaciosa, entram com seus cavalos dentro das chamas e mesmo com a visibilidade prejudicada, saltam por sobre a carroça indicada por Tomazzo momentos antes. Após os saltos, procuram atravessar o Portão antes que as grades estejam baixadas demasiadamente, a ponto de impedi-los. Inclinado-se sobre os respectivos cavalos o máximo que conseguem, os dois guildanos passam por debaixo das grades, ainda que sejam atingidos de raspão nas costas pelas pontas metálicas da parte inferior dos obstáculos que baixavam em direção ao solo.

O tenente, em cima da Murada, fica desnorteado com a confusão causada pelas explosões das runas e pelas chamas decorrentes das mesmas explosões. Procura enxergar o que de fato acontece, tentando ver se os dois fugitivos foram impedidos de atravessar o Portão Leste, para fora da cidade.

Um dos arqueiros chama a atenção do oficial, apontando para o lado de fora do Grande Muro: —_Tenente! Eles conseguiram passar! Estão fugindo!

Os soldados da guarnição que ficam postados do lado de fora do Portão, cerca de sete homens, naquele momento, ficam surpresos quando veem os dois cavaleiros passarem por debaixo da grade e em seguida ganharem velocidade sobre suas montarias. Depois de uns segundos de hesitação arremessam suas lanças contra os dois guildanos. As lanças passam de raspão entre os dois cavaleiros e nos lados esquerdo e direito da dupla, mas não os acertam.

O Tenente se desespera ao ver os dois guildanos se afastando rápido da cidade, livres e ilesos: —_Arqueiros!!! Acertem-nos!!! Disparem!!!

Os arqueiros posicionados acima da Murada disparam uma grande quantidade de flechas, mas Cardomius e Tomazzo, galopando muito rapidamente, já se encontram a uma distância segura e fora do alcance dos paladinos reais. Algumas flechas passam zunindo por suas cabeças e ao lado dos cavalos mas acabam por se cravarem no solo.

Na fazenda e nos estábulos de Palomino, não muito longe dos portões, vários súditos que ali compram, vendem ou alugam montarias, se surpreendem e se assustam com as explosões causadas por Tomazzo, próximas ao Portão. E mais ainda com o surgimento dos dois cavaleiros vindo rápidos a partir do mesmo Portão, escapando das lanças e das flechas disparadas pela guarnição. Todos procuram sair do caminho e entram rápido na propriedade de Palomino, fugindo com medo e procurando se abrigar.

Cardomius e Tomazzo passam em grande velocidade diante dos estábulos de Palomino.

O próprio Palomino que, diferentemente de seus fregueses, permaneceu parado diante de sua propriedade, aparentemente sem medo algum, após ver os dois guildanos passarem rápido por ele, diz para si mesmo: —_Mas que belos cavalos... se aqueles dois quisessem vendê-los, eu pagaria um bom preço...

No Portão Leste, o tenente, ainda beirando o desespero por não ter conseguido deter os fugitivos, grita, descontrolado, para os soldados da guarnição na parte interior: —_Montem em seus cavalos!!! Vão em perseguição àqueles dois!!!

Um sargento e mais seis soldados montam nos sete cavalos da Guarda amarrados próximos ao Portão. Os animais ainda estão assustados devido às explosões e a toda confusão gerada.

O tenente olha desesperado para os dois guildanos se afastando dos muros da cidade. Então percebe que os cavaleiros da guarnição ainda não estão galopando no encalço dos dois. Nesse momento ouve vozes chamando-o a partir da rua, da parte interna do Portão.

—_Tenente!!! As grades!!! Suspenda as grades!!! Gritam os cavaleiros da Guarda.

O tenente mais uma vez assume uma expressão de desespero: —_Merda!!! As grades, eu mandei que fossem baixadas... Então grita para os soldados que movimentam a polia e as roldanas responsáveis pelo deslocamento das grades: —_Subam as grades!!! Subam as grades!!!

Por angustiantes minutos, as grades são vagarosamente levantadas. Finalmente, após isso, os cavaleiros do Exército saem em disparada no encalço de Cardomius e de Tomazzo. O cavaleiro que vinha perseguindo os assaltantes desde o Portão Sul, junta-se ao grupo, composto agora por oito militares montados.

Os soldados e transeuntes a pé que vinham perseguindo Cardomus e Tomazzo, também desde o Portão Sul, procuram acudir e ajudar os soldados da guarnição leste vitimados pelas explosões e as chamas. Alguns estão feridos com gravidade.

Os dois guildanos, após terem passado pelos estábulos de Palomino, tomam o rumo norte, através da verde planície que domina o lado leste de Thais, e já vão longe.

Os fregueses de Palomino, mais uma vez buscam abrigo dentro da propriedade do fazendeiro, desta vez para dar passagem ao grupo de soldados que vai no encalço dos assaltantes.

Palomino, após a passagem destes últimos, diz, novamente para si mesmo: —_ Não vão pegá-los. Aqueles dois cavalos são diferenciados. Conheço campeões quando os vejo...

No alto do Muro, o tenente toca a testa contra uma das defesas da Muralha, fechando os olhos e lamentando: —_Droga, se aqueles dois escaparem o Alto Comando vai me crucificar...

Um dos arqueiros procura consolar o oficial, dando uns tapinhas em suas costas: —_Calma, tenente, os cavaleiros pegarão aqueles dois...

Um pouco distantes do tenente, dois arqueiros conversam e um deles diz ao outro, discretamente, para que o tenente não o escute: —_Se o Capitão Tim estivesse aqui, aqueles dois não teriam escapado...

O outro arqueiro concorda, fazendo um movimento com a cabeça.

Momentos antes, Pierre e Willborn, após adentrarem na Main Street, vindos da esquina com a Harbour e sendo perseguidos por soldados a pé e por cidadãos thaianos, observam que, diante da alameda que leva ao Grande Templo, na Temple, há uma grande concentração de pessoas, provavelmente devido ao fato de ser Die Eru e consequentemente haver celebração de cultos e outras cerimônias de natureza religiosa.

Mesmo após a esquina com a Temple, há muitas pessoas na rua, na altura da Arena dos Cavaleiros.

Pierre e Willborn cavalgam até a esquina com a Temple e, a um comando de Willborn, a dupla entra na mesma Temple Street, seguindo rápido rumo ao norte.

As pessoas aglomeradas diante da alameda que leva ao Templo se assustam com o galope apressado dos dois guildanos. Alguns entram na alameda, com medo. Outros, ao perceberem a posterior aproximação dos soldados e cidadãos, vindos da esquina com a Harbour e em perseguição aos assaltantes, entendem o que acontece e se juntam àqueles, no encalço dos cavaleiros, ainda que, do mesmo modo, a pé.

Minutos antes de tudo isso começar, no Grande Templo, o Monge Quentin terminava a última prédica do primeiro culto dentre os vários que ocorrem no Die Eru, a chamada Liturgia da Aurora. O Templo, como de costume, estava lotado no dia de descanso e sagrado para os thaianos.

—_Lembrem-se filhos de Banor, o que colhemos advém do que plantamos. Querem que ao redor floresça um ambiente de compaixão e misericórdia? Plantem compaixão e misericórdia. Antes de exigirem amor e compreensão, amem e compreendam. A colheita depende da semeadura. Vão em paz, caríssimos, que as Benções de Eru, o único, caiam sobre vocês como chuva benfazeja, e os favores dos Valar Fardos e Uman, como também dos demais Valar benevolentes, os acompanhem no dia a dia. Conclui o monge.

—_Assim Seja!!! Responde a multidão, em uníssono.

As pessoas vão se dirigindo aos poucos e devagar para a saída do Templo. Muitos permanecem conversando em pequenos grupos. Alguns dos fiéis se aglomeram em torno do Monge Quentin, para se despedirem ou conversar um pouco com o sacerdote.

 

Continua...


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