Redenção escrita por Ingrid Renê


Capítulo 7
Hora de encarar a realidade.




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Estava no carro indo pro colégio, Noulan mal me dirigiu a palavra desde ontem, acho que ele precisa de um tempo para digerir tudo, Mel estava no banco de trás brincando com sua boneca. Quando chegamos Nou beijou-me a testa e desejou um bom dia, a pequena fez o mesmo. Apanhei minha mochila, como meu cabelo estava bagunçado por ter acabado de lavar fiz um coque alto e desci, a primeira aula seria de literatura a minha favorita, então quis logo chegar na sala para pegar um bom lugar. Antes de subir aqueles longos dez degraus percebi que o Miguel estava no topo, então baixei a cabeça e continuei, com sorte ele não iria me chamar. Passei por ele, normalmente, segui meu caminho mas antes de chegar a porta ele segurou meu pulso.

– Pode me largar ?

– Bom dia. - Ele me largou. - Preciso conversar com você.

– Estou indo para aula, não posso.

– Qual sua aula ?

– Literatura.

– Então posso lhe acompanhar, pois também é a minha...

– Ok.

Eu percebi que quanto mais tento me afastar sempre vem átona, é impossível fazer isso. Não queria voltar, mas tive que voltar; Não queria vê o Anthony, mas ele insiste em me procurar e ainda tem o Miguel... Mas dele preciso, ainda tenho medo do que o Carter pode fazer e claro todas as lembranças, minha vida poderia ser menos complicada, sorri desesperadamente.

– Faz tempo que não lhe vejo sorrir, mesmo que seja assim estranhamente. - Gabor afirmou.

– O que você quer afinal ? - Fui rude.

– Respostas. - respondeu no mesmo tom.

Antes de tentar pensar em algo uma garota veio e abraçou o Miguel, era uma garota realmente bonita, depositou um beijo em seus lábios e me olhou.

– Oi amor, essa aqui é a Olga Lewis e Olga está e a minha namorada Elyza.

– Olá. - Disse sorridente como se não fosse nada de mais, a verdade é que aquilo me afetou e sabia que todas as chances possíveis de termo algo foram extintas, pensando bem quem iria namorar com uma assassina, eu gosto muito dele, contudo sei que o Gabor merece algo bem melhor. - Vou para sala depois nos falamos.

– Tudo bem. - O castanho respondeu desconcertado.

O professor já havia iniciado a roda de estudo sobre literatura contemporânea quando Miguel entrou na sala, parecia perdido como se procurasse por algo, logo seus olhos fitavam os meus, não desviei, por questões de segundos percebi que ele queria me falar algo, porém não sabia como dizer, quem sabe se explicar... Incomodado o docente o convidou a sentar, o único lugar vazio era ao meu lado.

O resto da aula seguimos calados, como meros estranhos, era melhor assim. Ao findar a aula ele arrumou suas coisas e eu fiquei arrumando minha mochila, melhor dizendo enrolando para dar tempo do Gabor ir embora.

– Qual é sua próxima aula?

– Química... - Sussurrei.

– Você pode me acompanhar, precisamos conversar depois lhe ajudo nesta matéria.

– Melhor não, não temos assunto algum.

O rapaz aproximou-se do meu corpo e ficou ali parado, podia sentir sua respiração.

– Melhor não ficar assim tão perto o que vão pensar se nos verem assim.

– Vão pensar o que quiserem, não devo nada para ninguém. - Retrucou secamente.

– O que você quer afinal ?

– Estou cansado disso, vamos lá para trás do colégio conversar.

– Tudo bem. - Seguimos um ao lado do outro, em um silêncio desconfortável.

Sentamos na arquibancada, ficamos observando alguns alunos jogarem basquete até que o Castanho tomou iniciativa.

– O que você quer afinal, eu não entendo. Lewis quando você entrou naquele carro, sumiu do mapa, desapareceu, esqueceu de mim, abriu mão de tudo e agora fica assim, querendo retomar algo que não existe mais. - Ele gesticulava demasiadamente. - Eu segui, tive que seguir.

A cada palavra que o Miguel proferia eu sentia algo partir dentro de mim, palavras letais era o que tudo se resumia. Ele seguiu em frente então era a hora ideal para que eu fizesse o mesmo.

– Tudo bem eu não preciso de explicações, eu realmente fiz tudo isso, é tarde, o que era para ser foi. - Pensei que minha voz sairia embargada, porém saiu tão fria que eu até mesmo me senti mal.

Eu gostaria de falar tudo, tudo... Se eu lhe contar a verdade você iria embora, me rejeitaria? Mesmo se tivesse feito mal a tantas pessoas? Eu tentei me ver livre do monstro que habitava em mim, foi você que me deu forças.... Como dizer que sou a causa de um sentimento doentio, ele me deseja, não sei se viva para me flagelar com meus pecados ou aniquilada por causa da minha imperfeição. Era isso e mais um pouco que gostaria de falar, contudo já estava feito, acabado e não podia alterar;

– Engraçado como você continuar querendo ser uma muralha intransponível, eu sei que nunca tive a oportunidade de lhe conhecer muito bem, apenas os nuances dos seus sentimentos, mas isso bastou para saber que é forte e determinada, não demonstra o que pensa;

Palavras eram desnecessárias naquele momento, o rapaz tocou minha mão, elevou a altura dos seus lábios e beijou o dorso.

– Quero ser seu amigo ou se preferir apenas seu professor;

– Tudo bem. - Sorri fracamente. - Nos vemos amanhã então ?

– Está morando no mesmo endereço? - Apenas assenti e dei tchau.

Desci apressadamente a escada de casa, coloquei meu celular na bolsa, peguei as chaves do carro, me despedi e sai, em pouco tempo cheguei ao colégio estacionei em uma vaga próxima ao prédio B, sai correndo, pois estava um pouco atrasada, ficava no 3º andar, passei pela sala 10, 11 e enfim cheguei na sala 12. Olhei meu reflexo no vidro da porta, não queria causar má impressão. Bati na porta um toque ritmado e esperei algum sinal, repeti o toque e olhei em volta as paredes pintadas de bege e um mural de avisos próximos, fiquei com medo de ter chegado atrasada, bati ansiosamente o meu pé e tentei uma 3º vez.

Um homem desajeitado e com os cabelos loiros e bagunçados abriu a porta ele era familiar.

– Você deve ser a senhorita Lewis. - Ele me observou e abriu um largo sorriso. - É muito bom lhe encontrar de novo.

– Olá. - Foi apenas o que consegui dizer, o rapaz de cabelos desgrenhados era Chris O'donnel, o conheci outro dia na praça quando levei Mel para brincar.

– Entre, entre. Você estava batendo a muito tempo na porta ?

– Um pouco.

– Desculpa, é que estava na sala acústica e não pude escutar. Então vamos conversar um pouco... Sua situação foi repassada, todos seus dados pessoais, vamos pular esta parte. Conte-me que instrumento você toca, quando começou, como aprendeu e que ritmo musical é o de sua preferência...

Ele sentou em uma mesa e me entregou alguns papeis a sala era pouco arejada, mas com uma boa iluminação artificial, paredes brancas com notas musicais pintadas, instrumentos por toda parte. Eu sentei em sua frente e comecei a dizer:

– Toco violino e violão, aprendi com aulas particulares quando tinha nove anos. - Ainda observava a sala.

– Qual é o ritmo musical que você prefere ?

– Não tenho preferências, toco de tudo um pouco. - Respondi.

– Então toque algo agora pode ser ?

Assenti e me levantei, fui de encontro a um banco lateralizado da sala e o professor levou-me os instrumentos, demorei um pouco a tocar, pois estava sem pratica, toquei varias musicas, confesso que me perdi no tempo até o telefone fixo de sua mesa tocar e o professor ir atender.

– Tudo bem, eu não irei demorar, chego em uma hora só preciso ir em casa buscar algumas planilhas. - Ele desligou

– Preciso ir para uma reunião, então nos vemos toda segunda, quarta e quinta as 14hrs ?

– Sim, então já vou indo. - Fui em sua direção para apertar sua mão.

– Eu também, aceita uma carona?

– Ah, não obrigada estou de carro.

– Deixa para próxima então, me espere um pouco para lhe acompanhar até o estacionamento?

– Tudo bem, e como esta a Sam? - Nesse momento já estava uma situação estranha.

– Hoje mesmo perguntou quando a sua irmã iria passar o dia em casa ela não tem muitas amigas, ela fica muito solitária. - Disse enquanto saiamos da sala, Chris carregava dois trompetes. - Você poderia trancar a sala?

– Sim obrigada.

– Não acredito, deixei a chave na minha escrivaninha, pode ir buscar, está na primeira gaveta. - Fui em passos largos.

Quando cheguei passei para trás da mesa e abri a gaveta, peguei a chave, percebi que havia vários porta-retratos, do Chris, uma mulher de cabelos e dourados e Samantha, outra estava apenas a moça, ela era alta, com cabelos que lhe caiam belamente, um frio percorreu todo meu corpo, eu a reconheci.

Fiquei tão nervosa que tropecei na cadeira que estava ao meu lado, logo o rapaz veio ao meu encontro.

– Você está bem?

– Es-está sim, apenas me senti mal.

– Essa mulher era a mãe da Sam?

– Sim... - Respondeu meio infeliz.

– Por que ?

– Por nada, apenas a achei muito bonita. - Porquê eu a matei, essa era a verdade. - Preciso ir, agora tchau.

Quando cheguei à porta, corri até o estacionamento, queria correr até meus pulmões explodirem, eu fiz uma menina crescer sem mãe e um marido achar que a mulher fugiu. Que bela pessoa eu sou.

Cheguei ao estacionamento, entrei, coloquei o cinto e antes de dar partida uma voz murmurou.

– Vamos para cabana, me leva agora Olga sem brincadeiras, por favor.

Não precisei olhar, eu sabia que a voz era do Antony.


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Notas finais do capítulo

Tem alguém ai ?????????
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