Azalea Lewis e a 68ª edição dos Jogos Vorazes escrita por Yas


Capítulo 6
Ataque!


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos à Lyra Black Lestrenge Riddle, que comentou no capítulo passado, obrigada! LEIAM AS NOTAS FINAIS!



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Azalea's point of view.

Acordo um pouco antes que o normal. O céu está em um tom dourado que aparece quando o Sol está nascendo ou se pondo. Isso faz lembrar-me dos dias em que eu acordava cedo e tomava uma xícara de café com meu pai na varanda de trás da minha casa. Era uma das melhores horas do dia. Eu, uma pessoa especial e o silêncio da floresta à nossa frente. Normalmente, no distrito três, as pessoas não dão muito valor à floresta, todos estão muito ocupados com os produtos tecnológicos que a Capital os permitem ter. Esse é um dos motivos pelo qual a maioria da população do meu distrito se concentra próximo às fábricas onde os trabalhadores usam sua mente aguçada para criar infinidades de coisas e o local onde eu moro é praticamente desabitado. Outra razão é que, normalmente, quem mora naquela área são as pessoas mais bem estabilizadas. Não que não existissem pessoas muito pobres morando próximo à minha casa, mas não é muito comum. Meu pai tem um bom emprego na fábrica de tecnológicos. Ele trabalha em um ramo mais complexo que a maioria. Robótica. Isso fez com que eu não precisasse pegar as tésseras, consequentemente, aos treze anos eu só tinha meu nome na Colheita duas vezes, que é a menor quantidade possível que se pode ter com a minha idade. As tésseras! Mais um modo de nos fazer submissos. As tésseras são uma pequena porção de grãos e óleo que os tributos podem ter em troca de colocar seu nome mais vezes na Colheita. Por exemplo, eu se eu houvesse pegado as tésseras aos doze e aos treze anos, esse ano, meu nome estaria na Colheita quatro vezes. Duas, porque é acumulativo, a cada ano seu nome é colocado em uma vez a mais. E mais duas de cada téssera. Felizmente nunca precisei disso.

A árvore em que eu me encontro não é muito confortável. E adquiri alguns espinhos na hora de arrumar a bolsa. Tirei a calça ali mesmo para poder arrancar os espinhos. Eu estava com o casaco completamente fechado como se fosse um vestido e que batia no meio das minhas coxas, então não me importei.

Depois de alguns minutos observando o nascer do sol eu finalmente desci da árvore. Iria vestir a calça lá em baixo, seria mais fácil do que vestir aqui em cima. Mal pisei no chão e comecei a ouvir passos rápidos que não eram meus. Abaixei-me em uma moita qualquer. Aquela seria a primeira vez que eu iria me aproximar de um tributo aqui dentro e não sabia se estava preparada.

Então uma garota de cabelos loiros passou correndo bem próximo de onde eu estava. Ela parecia desarmada e carregava apenas um peixe cru na mão. Fiquei atenta. Ainda abaixada esperei que quem a estava perseguindo passasse também. Mas não veio ninguém. Levantei-me e continuei olhando sorrateiramente em todas as direções. Então, na direção em que Lavine, que eu achava ser do distrito cinco, veio correndo, eu vi uma massa preta flutuando no ar em minha direção.

Demorei alguns segundos até perceber o que era aquilo. Mosquitos. Eram muitos e pareciam ir atrás dela. Abaixei-me novamente, ansiando para que eles não tivessem percebido minha presença. Não tive tanta sorte a respeito disso. Boa parte do bando veio em minha direção. Assim eu pude perceber que eles eram umas dez vezes maiores do que um mosquito normal. Bestantes! Corri em uma direção qualquer deixando todas as minhas coisas para trás. Bestante são animais geneticamente alterados pela Capital. São letais. Mesmo correndo o mais rápido que posso, não sou rápida o bastante e logo posso sentir uma dor lancinante quando alguns me picam. Estar em movimento não faz nenhuma diferença para eles. Maldita hora em que eu tirei a calça, agora minhas pernas também estão disponíveis para eles. Depois de mais algumas picadas, vejo um rio corrente enorme, provavelmente vem de uma cachoeira próxima, já que a correnteza está muito forte vista de fora. Não sei nadar! Mas em pouco mais de um segundo terei todos aqueles mosquitos me picando até que eu descubra o que eles realmente causam. Sei que não pode ser coisa boa, já que foram criados pela Capital. Decido rapidamente meu destino. Rezando para que o rio não seja muito fundo e as águas não estejam tão violentas quanto parece daqui de fora, pulo. Sou atingida em cheio pela água. Começo a me debater enquanto o curso da água me leva para longe. Não consigo passar muitos segundos com a cabeça para fora da água, tanto que respirar é uma ação muito difícil nesse momento. Engulo água e não meio de todo desespero me pego agradecendo por ser uma água cristalina. Continuo me debatendo por alguns minutos até visualizar brevemente um tronco à minha frente, caído horizontalmente dentro da água. Não o via mais até colidir com ele. O segurei forte. Depois de parar de ser levada pela correnteza e conseguir respirar direito, comecei a me arrastar para a borda enquanto tossia, colocando para fora a água que eu havia engolido, sempre segurando o tronco como se minha vida dependesse daquilo — e realmente dependia.

Quando finalmente consegui chegar à borda, agarrei alguns matos e pedras que estavam ali e usando um pouco mais de esforço consegui sair me arrastando da água. Observei que eu tinha alguns caroços nos braços, nas pernas e senti alguns no meu pescoço. Fiquei ali sentada por algumas horas. Se afogar é uma das piores sensações que existem. Olhei para o céu depois de algumas horas. O Sol já estava quase em cima da minha cabeça, então está próximo ao meio-dia. Não sei onde estou. Nunca havia vindo aqui antes, mas eu sabia que tinha que seguir em direção por enquanto, e mais tarde ele estaria às minhas costas. Uma hora ou outra eu chegaria perto de onde eu estava.

Eu andava à quase uma hora. Eu sentia meu corpo esquentando e aos poucos eu sentia uma ardência onde os mosquitos haviam me picado. Quando finalmente encontrei minhas coisas jogadas no chão, me sentei próximo à árvore para descansar. A cada segundo que passam, os caroços ardiam mais e mais e mais. Aos poucos ele começou a soltar um muco verde-claro e mal cheiroso. A esse ponto eu estava com a boca muito seca. Abri minha mochila e bebi um pouco de água, mas nem isso deu jeito.

Levantei-me, peguei minhas coisas e andei um pouco sem saber para onde ia exatamente. Depois de algum tempo eu encontrei uma laranjeira que, por sorte, tinha algumas frutas. Arranquei uma das laranja, descasquei-a com o punhal e espremi seu suco na minha boca. Eu não conseguiria ir até a fonte pegar algum peixe. Ao longe, vi uma massa escura no céu. Estava chovendo forte em algum lugar da arena. Eu desejei que chovesse ali também já que eu tava suando muito mais que o normal e meu corpo estava completamente quente. Febril.

O dia foi passando e a única coisa que eu pude fazer foi ficar sentada em baixo da laranjeira. Eu estou ofegante, mas estou sentada há horas. Meus membros estão doloridos e os caroços ainda escorrem o muco mal cheiroso, porém estão ardendo muito mais. Quase insuportavelmente. Penso que se algum tributo aparecer aqui agora, não terá problema nenhum, pois mal consigo me mover. Então, eu deitei, estava esperando ansiosamente o momento em que a queimação seria tão forte que me faria perder os sentidos. Esperava que tudo estivesse passado quando eu acordasse, mas tinha medo que eu não acordasse mais.

O Sol já estava quase totalmente se posto. O céu estava no tom alaranjado suave. Eu estava quase cedendo á dor quando escutei uma melodia suave. Por um momento pensei ser coisa da minha cabeça, mas abandonei essa hipótese quando vi uma caixinha de metal presa em um pára-quedas caindo a alguns metros.

Com o resto de forças que havia no meu corpo, me arrastei até lá e abri o pequeno compartimento. Dentro dele havia um pontinho médio e um bilhete.

“Esprema e passe! — B.”

Abri o potinho com a esperança de achar algum tipo de fruto que pudesse espremer curar esses caroços, mas achei apenas uma pasta gosmenta preta. O terror assumiu meu corpo quando percebi que o que eu devo espremer são os caroços.

— Ótimo! — Falei com a voz falha. — Mais um pouco de dor não vai fazer muita diferença. — Fiz um esforço e consegui sentar-me. Analisei meus machucados, apreensiva. — Vamos! Coragem, Azalea!

Depois de reunir coragem suficiente, apertei os dedões, um em direção ao outro com o caroço entre eles, começando pela perna. Gritei! Nunca senti tanta dor na minha vida. Pelo menos não havia muitos caroços. Quatro nas pernas, sete nos braços e dois no pescoço. Não pude evitar que algumas lágrimas escorressem. Era uma dor lancinante. Insuportável. Quando terminei tudo, peguei um pouco da pasta nos dedos com as mãos tremulas e apliquei na ferida de uma das pernas. Imediatamente sinto uma ardência, só que refrescante, dessa vez. Toda a dor anterior foi quase esquecida por mim. Depois de saborear aquela ardência refrescante por mais alguns segundos, passei no resto das feridas. Não usei toda a gosma, poderia precisar futuramente.

— Obrigada. — Falei com um pouco mais de força. Eu não sabia a quem estava agradecendo e sabia que eu ainda odeio as pessoas da Capital, mas se eles mandaram isso pra mim, então eu iria agradecê-los por isso. A verdade é que eu estava um tanto assustada por ter patrocinadores. Isso era surreal, porém ótimo.

Arrastei-me novamente para a árvore e fiquei ali até cair no sono. Eu sabia as conseqüências que isso poderia me trazer, mas eu não tinha a mínima condição de subir em uma árvore. Eu não tinha escolha. Agora era esperar que depois de todo o azar que eu tive hoje, a sorte ficasse à meu favor e não aparecesse ninguém ali.

Nos momentos antes de dormir eu só conseguia pensar que, se eu saísse da arena viva, eu iria aprender a nadar o mais rápido possível.

LEIAM AS NOTAS FINAIS!


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo pode demorar um pouco pra sair porque eu decidi alterar algumas coisas na parte da história que ainda não foi postada. Então, é possível que eu tenha que mudar apenas um trecho, como também é possível que eu tenha que reescrever o capítulo inteiro. Consequentemente haverá alguns outros detalhes para ajustar e ainda tenho uma pilha de tarefas da escola. Então, pode ser que eu demore um pouquinho.
PS: NO PRÓXIMO CAPÍTULO HAVERÁ O PRIMEIRO ENCONTRO DA AZALEA COM OUTROS TRIBUTOS, TIPO, CARA A CARA.
APOSTAS DE QUEM PODEM SER ESSES "OUTROS TRIBUTOS"???
Para quem não sacou, o "B" no bilhete é de Beetee, o mentor.
Até breve, beijos!



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