Alice's Key escrita por My Dark Side
Vocês se dividirão em equipes
E buscarão pela nova Alice
Terão até o festival para trazê-la
A primeira a entrar, será a primeira a ficar.
Abaixar e pegar as estrelas do mar, para jogá-las ao céu. Saltar como gazelas e mover os braços como um leve bater de asas. Cada movimento seria delicado como uma borboleta e gracioso como o cair da neve.
E cansativo como escalar o Everest.
Saltava como um coelho atrasado. Batia as pontas dos pés, movimentando o corpo anunciando a hora do chá. Mudava o rumo eufórica como a lebre louca. Girava como a rainha durante um baile, e corria fugindo da sentença carmesim. Tão flexível quanto o gato invisível, tão apaixonada quanto a menina de azul. E finalizando, tirava o chapéu para a plateia mais bela.
Ouvi palmas, e isto era uma surpresa, meus olhos desviaram do chão para a porta e encontrei o olhar dos meus primos.
— O que estão fazendo aqui, senhores? — a professora perguntou para eles, sua postura ereta e seu ar ameaçador não os intimidou.
— Viemos buscar a nossa pequena. — respondeu um deles olhando diretamente para mim.
O sangue subiu para o meu rosto, e ouvi as risadas e alguns comentários.
— Você os conhece? — a senhora me encarava com um olhar desaprovador.
Antes que pudesse responder, o sinal tocou anunciando o fim da aula. Meus lábios se curvaram num sorriso, assenti e fui na direção da minha família.
— Eu já disse para vocês não virem me buscar! — os repreendi enquanto saia — Amo estas surpresas, mas não no balé! Isso é quase imperdoável. — terminei, tirando a presilha que prendia minha franja.
— Desculpe, Allya.
— Não foi a nossa intenção. — essa voz... um pouco fina...
— Vocês não viriam semana que vem? — perguntei me virando, e parei.
O garoto da voz fina, ele definitivamente não era meu primo. Seus olhos não tinham uma cor definida, verdes, amarelos e laranjas, as três cores misturadas, e sua pupilas eram fendas.
— Não vamos fazer nada com você. — disse outra voz desconhecida, no corpo de meu primo, mas sua imagem pareceu derreter, dando lugar a um estranho.
— Quem...
Ele colocou os dedos nos lábios pedindo silêncio, e sorriu gentilmente. O outro veio e entrelaçou nossos braços.
— Apenas nos acompanhe. — falou mostrando caninos afiados — E se não cooperar, levaremos a força.
— Só temos uma pergunta. — o outro começou com a voz macia — Gosta de Alice? — no momento seguinte ele já estava a frente nos guiando pelas ruas, e não demorou muito para chegarmos ao parque.
— Conhece este lugar? — perguntou o garoto subindo os degraus que levavam ao centro do lugar.
Brinquei ali por muito tempo, desvendando todos os locais
— A toca do coelho é perto. — murmurei.
— Definitivamente... É ela. — o rapaz de olhos de gato falou. — Mostre-nos onde é.
Ele me soltou, cogitei a ideia de fugir, mas o outro tinha os olhos cravados em minhas costas. E eu sabia que não conseguiria, meus movimentos eram analisados cautelosamente.
— Por aqui. — segui entre as árvores sem hesitar, e demoraram poucos minutos para chegar a árvore anciã.
— Bons sonhos. — eles me empurraram dentro do buraco negro, e não pude conter a exclamação de surpresa.
Um grito na verdade, gritei até perceber que aquela não era uma queda comum.
Se eu soubesse que realmente era A toca do coelho, teria vindo antes.
— O caminho é longo, então teremos tempo de conversar. — o garoto falou, descendo suavemente.
— Vai responder as minhas perguntas? — ele fez um movimento com a mão fazendo um bule e uma xícara aparecerem em suas mãos.
— Gosta de chá? — perguntou me oferecendo. — Não se preocupe, Kit já está nos esperando. Ele não precisa da queda.
— Você precisa? — peguei a bebida de sua mão e dei um gole.
— Não, só estou aqui para te acompanhar.
Seus olhos azuis confirmavam a verdades daquelas palavras, a gentileza não era uma ilusão.
— Por que estou aqui?
— Se não fosse a primeira vez poderíamos ser mais rápidos. Não acha?
— Primeira vez de que?
— Está gostando da viagem? — revirei os olhos.
— Qual o seu nome?
— Três segundos. — ele terminou de beber o chá e largou as louças no ar. — Cinco, nove... Chegamos! — gritou, fazendo com que fechasse os olhos pronta para o impacto.
Que não veio.
Quando abri novamente estávamos em um jardim, sentados dentro de uma fonte.
— Achei que meus netos nasceriam antes de vocês chegarem!
O menino estranho de antes estava na nossa frente, e ajudava o amigo a sair de dentro d'água.
— Majestade. — estendeu a mão para mim, segurei-a com firmeza, aceitando a ajuda.
Observei melhor o local, era agradável. Tinham quatro caminhos que seguiam para a fonte, e entre eles, árvores. Muito melhor que os parques da minha cidade.
— Agora, podem me responder... — os olhos de ambos estavam terrivelmente melancólicos, e me assustaram.
Eles olharam para mim e baixaram os olhos.
— Ela nem notou o presente...
— Achamos que ela gostaria...
— Baseado no verdadeiro...
— Tão bonito...
Eu sabia do meu baixo nível de sanidade, porém, nem assim consegui entender o que diziam.
Até que percebi a peça de roupa em suas mãos.
— É para mim? — indaguei como uma criança.
— Óbvio! Por que não seria?
— Tal peça só pode ser usada pela legítima herdeira!
O vestido era diferente dos desenhos que vira da Alice, mas era tão bonito quanto. Na verdade, muito mais. Azul com fitas pretas no centro, como um espartilho, a saia se dividia em dois, e o tecido que ligava estas duas partes era cinza.
— Eu posso experimentar?
Nunca ficara tão animada para tirar a roupa do balé.
O vestido se desfez nas mãos do garoto, então senti a saia roçando nos meus joelhos.
— Que demais! — bati palmas. — Se vestiu sozinho!
— Ainda falta um detalhe. — mais um aceno e senti um xale em meus ombros, preto com babados, era tão lindo.
— Amei! Obrigada!
— Não. Há. De. Que. — falaram ao mesmo tempo pausadamente e inclinando a cabeça no final.
— Quem são vocês?
As expressões inocentes se transformaram em outras completamente diferentes, e verdadeiramente insanas, com sorrisos gigantescos loucos, o brilho em seus olhos era o mais assustador.
O ser de olhos de gato se inclinou para perto.
— Sou Chess. — os olhos azuis encontraram os meus em seguida.
— E eu, Hatter.
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