Nerveland Terror escrita por Baby doll


Capítulo 4
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estava cheia de coisas pra fazer. Mas agora vai haha
O travessão das falas infelizmente não está aparecendo nesse capitulo, pois ocorreu um ligeiro problema com meu teclado. Espero que entendam e aproveitem ;)



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Wendy foi arremessada para dentro do quarto. Suas costas atingiram o chão com um baque que fizeram o ar escapar de seus pulmões por alguns segundos. O quarto já não era mais estranho. Era a última porta do terceiro andar de um corredor escuro e sem vida. Ninguém subia ali, a não ser que precisassem ir ao sótão que ficava na porta logo ao lado. Mas para a garota, estar ali era um dos seus piores pesadelos. Ela se levantou com dor e olhou para a figura temida que entrava em seu quarto.

Você pode me entender, quando me dirijo a você? – ele perguntou. Ela afirmou com a cabeça. – Ótimo, então por quê quando eu digo pra você não contar estórias, você me desobedece? Hein?

São crianças, precisam de estórias. – ela respondeu com a voz fraca.

Ah, não precisam. Eu já fui criança e acredite, estórias só causam problemas.

Não, estórias causam sonhos e esperança. Tudo o que você parece não ter.

Sr. Trenton se aproximou da menina olhando em seus olhos que pareciam ter mais vida e fé do que ele jamais teve ou teria em toda sua vida. Levantou sua mão e esbofeteou o rosto da garota, que caiu de volta no chão.

Ele agachou e sussurrou em seu ouvido.

Não, minha querida. Tudo isso te fere e te atrai apenas para o chão.

Ele se levantou e se dirigiu a porta.

Ah, e não se esqueça, amanhã é seu aniversário. Dezesseis anos é uma data muito importante aqui no orfanato. Seja bem vinda ao maravilhoso mundo dos escravos do orfanato. Parabéns, querida. – e fechou a porta.

Wendy se recolheu abraçando seus joelhos e permitindo que apenas uma lágrima brotasse de toda aquela tristeza. Ela se perguntava como coisas como aquelas podiam acontecer com pessoas boas. O tapa ainda ardia em seu rosto. Só não ardia mais do que a tristeza que ela sentia em seu interior. O que ela mais queria, era uma vida normal. Não precisava ser perfeita, apenas ter alguém que a entendesse e que estivesse sempre ao seu lado. Ela se levantou e olhou ao seu redor. O quarto tinha um tapete esfarrapado jogado ao lado de uma estante que tinha apenas uma vela e uma caixa de fósforos como hospedeiros. Um banheiro com a fechadura enferrujada também tinha presença ali. Mas no entanto, a janela a sua frente foi o lugar mais acolhedor que ela encontrou no momento. Ela não era pequena, na verdade, era bem grande. O vidro estava trincado em algumas partes, como se alguém antes dela já houvesse tentado escapar dali. Só que para a sua sorte, o trinco estava quebrado. Ela abriu a janela e uma brisa gelada entrou. A primeira coisa que a fez se sentir melhor até aquele momento. Seus olhos vagaram pelo manto escuro que era o céu. As estrelas pareciam se compadecer dela. Foi então que uma ideia lhe veio a mente. Talvez fosse bobagem, uma coisa muito infantil para alguém com a sua idade. Mas sua situação era critica. Qualquer coisa para qual ela apelasse, seria uma boa ideia. Fixou seu olhar em duas estrelas, as duas mais brilhantes do céu. Ela respirou fundo e sentiu como se tivesse oito anos novamente.

Estrela, não sei se pode me ouvir. Mas, eu tenho um pedido a ser feito e preciso de uma resposta, você pode me ajudar?

A estrela continuou brilhando. Então a realidade bateu em seu rosto como outro tapa. Ela percebeu que estava sendo uma boba em fazer aquilo. Desejos realizados só aconteciam em suas estórias. Talvez João estivesse certo e ela devesse abandonar esse seu lado que ainda cria em sonhos. Suspirou e virou de costas para a janela. Mas então ela escutou algo que fez os pelos de seu corpo se eriçarem.

“Se a senhorita virar de costas como poderei lhe atender?”

A voz era doce e calma, como a de um anjo. Primeiramente, ela achou que fosse uma resposta de sua imaginação abalada. A voz deveria ter vindo de sua cabeça. Mas então ela ouviu novamente.

“Então, não vai mesmo querer a minha ajuda?”

Ela se virou e voltou para a janela, olhou para o céu.

Estrela?

“Sim.”

Não acredito. – ela tapou sua boca com as mãos. No mesmo instante escutou um riso. Ela se afastou para trás e esbarrou em algo duro. Quando se virou, duas mãos abafaram seu grito.

Seus olhos estavam arregalados, não podia crer no que estava bem a sua frente. Era um menino. Mais alto que ela. Não conseguia ver seus olhos, apenas suas roupas e um cabelo meio bagunçado. Seu primeiro pensamento foi: “ Tem um estranho no meu quarto!” Em legitima defesa a garota avançou pra cima do menino o surrando e esbofeteando.

Ei, ei! Calma esquentadinha! – o menino dizia enquanto ria.

Quem é você e o que está fazendo aqui? – gritava o empurrando cada vez mais pra trás. Ela sentiu um vulto levantar os seus cabelos e puxa-los com força. Wendy soltou o menino e se virou. Um ponto de luz parecia estar furiosa com ela. A menina apertou seus olhos e achou que estivesse ficando louca. Aquilo era uma mulher pequena e com asas. Ou melhor, era uma fada. Voltou sua atenção novamente para o estranho que estava rindo.

O que é tão engraçado? – exclamou furiosa.

Você.

Eu? Você vai me achar ainda mais engraçada se não me responder quem você é! – ela tomou uma das madeiras que estavam caídas ao lado da janela.

Simples minha cara. – o menino levitou no ar como se não existisse gravidade. – Eu sou a solução para todos os seus problemas.

Ah meu Deus! O que...Como... Ah não.

O menino se aproximou dela e encostou seu dedo indicador na boca de Wendy.

Nunca diga, não. Essa é apenas uma das portas para evitar enormes aventuras. – a luz do luar permitiu que Wendy visse apenas a boca do estranho, que no momento formou um sorriso encantador. A menina seguiu os movimentos dele com os olhos e viu quando se sentou no ar.

Mas você é...

Sim, o cara mais lindo que você já viu? Conte outra, já estou cansado dessa. – falou em um jeito totalmente irritante para Wendy.

Na verdade, o mais convencido que já vi.

Pode ser. Tenho tantas qualidades, que mau cabem em mim. – sorriu totalmente confiante em si mesmo.

Ora, mas vê se não é...

Perfeito? Lindo? Charmoso? – ele voava ao seu redor.

O menino parou e a olhou bem nos olhos.

Posso até ser, mas não tanto quanto você que estava falando com uma estrela que como todos bem sabemos, são astros e não podem falar.

Mas você pode voar, por quê ela não poderia falar?

Porque como eu disse são astros. Voar é totalmente normal. Agora um monte de pó e gases falar, isso sim seria fantástico.

Mas me diga, então você é mesmo Peter Pan? – Ela perguntou o encarando. O menino riu e se elevou mais alto no ar.

Ninguém nunca me perguntou isso antes. Mas, a Cinderela é que não sou.

É, você é um idiota.

∞ ∞ ∞

No piso abaixo de onde se encontrava Wendy, João havia convocado Miguel que ainda um pouco relutante e magoado ouvia seu irmão. A verdade era que João já estava cansado de ver sua irmã ser presa por Trenton. Ele iria dar um basta nisso. Resolveu colocar mais um de seus planos em prática. Não chamaria ninguém para ajudar, pois os outros só atrapalhariam, afinal, ele não precisava da ajuda de ninguém. Jogou um mapa antigo da planta do orfanato sobre sua cama. Miguel olhava tudo com muita atenção, escutando cada palavra de seu irmão, pois também queria resgatar Wendy. O plano era o seguinte: Esperariam dar meia noite e verificariam se todos estariam dormindo, inclusive Sr. Trenton. Miguel sendo menor, entraria no quarto do Diretor e roubaria o molho de chaves que ficava pendurado em um mural logo acima de sua cômoda. Se tudo corresse bem, eles se encontrariam ao pé da escada para o sótão. Ao contrario, gritariam por ajuda, isso no caso de Miguel ser pego. João não pediria ajuda.

∞ ∞ ∞

Você já falou muito, mas não me disse o que está fazendo aqui. – Wendy perguntou com os braços cruzados. Apesar do garoto estar ali a mais de quinze minutos, ela ainda não conseguira ver seu rosto. A luz do quarto estava escassa, pois não tinha uma lâmpada se quer. Sua única luz, era a da lua. O que não era o suficiente.

Pensei que seria bem óbvio o porque da minha presença. Mas me esqueci de que você não pensa muito. – soltou uma leve risada – Estou aqui unicamente pelas estórias.

Minhas estórias? – exclamou surpresa, mas confusa.

Acho que sim. Você é Wendy Darling, não é? Por que se não for, acho que errei de endereço.

Claro que sou eu. Mas o que eu quero saber é por que as minhas estórias o trouxeram aqui.

Simples, você conta sobre mim. – ele flutuava deitado no ar.

E isso o trás todas as noites aqui? – Algo veio á mente de Wendy.

Mas você parou de contar elas a algumas noites e eu fiquei curioso para saber o motivo.

Ah, não foi por nada. Nada de mais.

Ótimo, assim poderá voltar a falar sobre mim. – sentou no ar com pernas de índio.

Wendy olhou para a figura curiosa e deu um sorriso malicioso pela ideia que teve.

Oh, bem que eu gostaria. Mas não vou poder. – disse em uma voz dramática e virou de costas para o menino. Tudo ficou em silêncio.

E por quê não poderia? – Ela sentiu o tom curioso na voz do garoto.

Ah meu caro, Peter. Amanhã completo dezesseis anos. Não terei mais acesso as crianças do orfanato. – ela escutou quando Peter pela primeira vez pisou no chão do quarto - Serei, como eles dizem mesmo? Ah sim, uma pré-adulta. Sem crianças, sem publico, sem estórias.

Mas isso não pode acontecer! – falou em um misto de preocupação e raiva. Wendy não entendeu aquele tom em sua voz.

Por que? – ela se virou na direção de Peter.

Ah, bem. – gaguejou – Porque... Porque são estórias sobre mim. Eu sou o personagem principal.

Só por isso?

Claro! O que mais seria?

Não sei. Só sei que é isso que irá acontecer amanhã. – ela suspirou e ficou quieta. Alguns segundos se passaram.

Não, não é.

Como?

Ele se aproximou de Wendy com a mão estendida, cada passo mais determinado. Seu corpo a poucos centímetros do dela. Sua mão tomou a da garota.

Venha comigo. Vamos voar até a Terra do Nunca. – sua voz parecia firme.

Desculpe, mas eu não te conheço. – desvencilhou sua mão da do garoto.

Claro que conhece. Você vive falando de minhas aventuras para as crianças. E não comece com frescuras, você prefere ficar aqui?

Mas é que...

Sininho que estava todo o tempo do lado de fora da janela, entrou voando e se aproximou do ouvido de Peter, que retribuiu-a com atenção. Ele concordou com a cabeça.

Já vou fazer isso. – o menino resmungou. A fada pareceu terminar de falar, Peter voltou á atenção para Wendy que estava confusa. – Bom, pense no que falei. Tenho alguns assuntos para tratar no momento. Até Wendy!

Correu até a janela e de lá se jogou. Wendy correu até o mesmo lugar, mas não viu mais sinal do garoto. Pensou na proposta. Era exatamente o que ela queria, era essa sua ideia. Ela pensou que talvez fazendo aquele teatrinho para Peter, ele a ajudaria a fugir dali. Mas não imaginou que seria para um lugar como a Terra do Nunca. Nem se quer havia passado pela sua cabeça de sua existência. Minutos se passaram, e a visita de Peter, pareceu loucura. Talvez ela apenas tivesse sonhado. Uma busca desesperada de seu cérebro por refúgio. Porém, não conseguiu dormir mais depois daquele “sonho”.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!
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