Diário de viagem escrita por Beilschmidt


Capítulo 2
Entre drinks e ideias


Notas iniciais do capítulo

Ciao :3
Aqui mais um capítulo de Diário de viagem.



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Assim que o carro parou, Francis, Antônio e Gilbert pularam fora e correram, literalmente, até um Café mais próximo, e que eles costumavam frequentar. Era pequeno por dentro, mas havia uma área do lado de fora que era cercada por uma enorme cerca viva e vasos de hortênsias. A garçonete morena se aproximava sorridente com um cardápio em mãos, mas já os conhecia e nem precisava anotar nada.

Pediam o mesmo de sempre. O francês, um sorvete de café e uma garrafinha de água natural sem gás, do jeito que ele gostava outro melhor que esse só mesmo o de Berthillon¹, o seu amado Berthillon. O espanhol pedia uma bebida espanhola com sorvete, que levava leite condensado, abacaxi, vinho suave e sorvete de abacaxi com vinho. O prussiano pediu um grande prato de batatas recheadas, queijo e vinho. Dali fazia a festa, sem muito que gritar, pois respeitavam o local.

Ao engolir sua segunda batata, Gil botou mais vinho em sua taça enquanto Francis comia a cereja do sorvete.

–Sabe o que eu estava pensando? – disse após saborear o líquido e partir para mais uma batata.

–Em que?

–O que pensa de podermos viajar para conhecer umas praias e garotas?

Eles se animaram, fazia tempo que não saíam para viajar como nos velhos tempos. Viviam afogados no trabalho e agora que tinham conseguido uns meses de férias poderiam aproveitar.

–Também acho, olha. – Antônio tirou um folheto do bolso e entregou ao francês – Feliciano tinha me dado ontem. O que acham?

–Hm, “Quinze dias de puro lazer e conforto em uma das mais belas ilhas da América do Sul, venha aproveitar” Este aqui eu aprovo. – apontou a foto de uma praia – Onde fica mesmo esse Fernando de Noronha, Antônio?

–Perto da casa do Luciano, no Brasil.

–Oh grandioso, eu adoraria conhecer essa ilha magnífica. Deve ter muitas gatinhas lá.

–A maioria deve ser turista, Gil.

–Essas gatinhas turistas vão amar conhecer minha incrível pessoa. Kesese~

...x...

A porta abriu-se com um chute. Disparando escada acima, sem ao menos notar a carranca de Ludwig, que aparecerá ao ouvir o barulho, correu para seu quarto caçando malas, roupas de praia e dinheiro. Gilbert deu por falta de seu calção vermelho que emprestará uma vez ao Feliciano em alguma festa que teve na piscina de Lud. Tirando a cara de dentro do guarda roupas, ele gritou:

–WEST!

–O QUE É? – respondeu o outro que saía da cozinha enxugando as mãos no avental.

–CADÊ MEU CALÇÃO VERMELHO?

–Eu que sei. – voltando ao seu trabalho minucioso de cortar o peito da galinha para fazê-la com batatas, o loiro ficou se perguntando o que deu na cabeça do outro para querer nadar a esta hora da noite.

–LIGA PRO FELICIANO, DIZ PRA ELE TRAZER MEU CALÇÃO. É URGENTE!

–E que tipo de urgência seria esta?

–URGÊNCIA DO INCRÍVEL EU, É PRA ONTEM ISSO.

–Primeiro para de gritar, você acha que está falando com quem, com o Papa? – Ludwig apareceu na porta do quarto com um facão em mãos, fitava curioso o mais velho de bunda empinada, rebolando ainda, fuçando as gavetas de baixo. Fez uma careta. – E toda essa algazarra seria para quê? E abaixa essa bunda que uma cena dessas vai acabar me deixando com insônia por meses. – apontou com o facão.

–Eu e os Brothers vamos viajar para uma ilha na América do Sul. E tira essa faca daqui, minha bunda é incrivelmente linda pra conhecer a lâmina disso.

–Mesmo? E quando? – botou o facão no bolso do avental.

–Amanhã mesmo, acho que depois do almoço. – sentou à cama com uma montanha de roupas nos braços, começando a socar tudo na mala desorganizadamente – Ainda preciso comprar protetor solar, boias, e… cadê meus óculos de sol?

–Em algum canto desta coisa que você chama de quarto, se parar pra organizar isto aqui você encontra até a Elizabeta. Parece um porco vivendo no chiqueiro.

–Hei, shiu. – empinou o nariz mostrando o dedo em forma de negação - Sua opinião para com meu império particular não irá me atingir.

–Império particular… hunf. Quanto mais cedo você viajar, melhor. Terei paz nesta casa.

–Sei, sua paz, Feliciano tem sobrenome de paz agora né? – sorriu meio torto, desviou do relógio que fora jogado – Sem agressão, por favor, quero meu lindo rosto inteiro para conquistar muitas turistas gatinhas lá na ilha.

Resmungando algo, o loiro deixou o irmão no quarto.

...x...

Era quase oito e meia da manhã, Gil acordou com o delicioso cheiro de chocolate quente que invadiu seu quarto por baixo da porta. Com o estômago roncando e pela pressa de terminar as malas que deixou pela metade no canto do quarto, ele apressou-se em arrancar as roupas a caminho do banheiro, e atirar-se debaixo da ducha.

Estava uma manhã muito fria, tinha chovido bastante noite passada, após sua chegada em casa, e ficou aquele clima úmido até o raiar do sol. Mal esperava para o calor aconchegante das praias, pisar na areia branquinha e fofa que recobria quilômetros de orla. Ansioso para experimentar também os drinks de lá. Sonhando acordado, acabou deixando o sabão que cobria os cabelos, cair em seus olhos.

Ludwig pousou sua xícara de chocolate quente na pira, balançando a cabeça negativamente.

–WEST!!!

–O que é?

–ESTOU CEGO! ME AJUDA!

Suspirando pesadamente, quase quebrou a xícara na mesa. Subiu os degraus lentamente e abriu a porta do box a contragosto, o que menos queria naquele dia era ver seu irmão desmiolado nu todo entarraxado no chão.

–Diz o que é, estorvo.

–Caiu sabão nos meus olhos… estou cego… chama o Antônio, o Francis… CADÊ A TOALHA? TOALHA… DÁ-ME A TOALHA!

Tateou a mão pela parede até achar o braço do irmão e puxou. Pisou em falso e desabou no tapete. Resmungando alguma coisa arrancou a toalha das mãos que o outro ofereceu.

–Você e seus ataques histéricos. Agora a princesa poderia me deixar tomar meu chocolate em paz, ou está difícil?

–Vai, vai, não preciso de você.

–Fala isso, mas quase morre com sabão nos olhos. Só não saio rolando de rir pelo quarto porque eu não o Feliciano. – saiu arrastando os pés praguejando.

...x...

Arrastando as malas do quarto até o alto da escada, já cansado, principalmente depois de tanto pular para poder fechar o maldito zíper, agora teria de carregar aquelas toneladas de roupas degrau por degrau. Pensou um pouco e jogou a primeira mala abaixo. Ela rolou fazendo um barulho enorme.

O loiro que tentava afofar a terra para sua mais nova planta, um lindo aciano azul que comprará em uma lojinha ali perto, que quase deixou cair ao ouvir aquele monstro de mala desabar. Foi até a janela e viu uma mala verde musgo rolando escada abaixo, só parando quando bateu em outra em vermelho escarlate com bolinhas brancas. Jurou mentalmente que se visse algo quebrado, ou algum buraco no assoalho, iria juntar os cacos com a cara dele e joga-lo para fora com lixo e tudo.

...x...

–Ei, calma, cuidado com essa daí. O papai tem ciúmes dela.

Gil badalava no ouvido do pobre espanhol, este que colocava a mala do prussiano de qualquer jeito dentro do porta-malas. Francis apareceu pendurando-se na janela do motorista, subiu os óculos escuros para o alto da cabeça e os encarou. Ia dizer algo, mas viu uma morena passando ali perto da calçada com roupas de caminhada, jogou alguns olhares e beijinhos, esta saiu corada e sorrindo bobamente.

–Preciso de aulas de sedução rápidas com você, Francis. – Gilbert entrou no carro, Antônio estava no banco do passageiro.

–Eu sei mon cher², assim que chegarmos lá você verá um mestre da arte do amor em ação.

–Ok, agora cala a boca e acelera, antes que nosso voou atrase.

Passaram na casa dos irmãos Vargas para pegar o calção vermelho de Gil, que armaria um barraco se não viajasse sem seu calção favorito. Voltaram à estrada deixando para trás um Feliciano com o guarda roupa todo revirado.


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Notas finais do capítulo

nota¹: (Berthillion) O sorvete Berthillon é considerado o melhor sorvete de Paris por muitos franceses e com razão, os sovertes são deliciosos. Mais informações (fonte: http://www.leblog.com.br/2011/03/sorvetes-berthillon-paris/
nota²: (Mon cher) Meu querido, em francês.

:v acho que vou mudar a data de postagem para quinta, já que estou mais enérgica depois da aula de alemão, enfim, vai ser isso mesmo