Corpos e Corvos escrita por Laurique


Capítulo 16
" Fenrir : lembranças que não quero ter "




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Passamos semanas em direção a Salvador e finalmente chegamos. Estávamos fartos e todos os suprimentos, que o Romeo tinha nos dado acabaram, inclusive o chá.

– Vamos procurar um lugar para ficar. - Sugeriu Aline.

– Boa ideia, façam isso enquanto eu vou visitar o Fenrir.

– Lauri, isso pode ser perigoso, ele não é humano.

Sorri para o Shun que estava com uma cara de preocupado e disse:

– Eu também não sou.

Com isso segui em frente onde Fenrir estava hospedado, com o nome de Paulo Augusto, nome que sempre foi difícil para eu pronunciar, mas graças das pílulas eu falava como um nativo.

– Bom dia, eu gostaria de falar com o Paulo Augusto, soube que ele está hospedado neste hotel.

Eu observava como era um lugar luxuoso e enorme com uma pintura branca e apesar de ficar próximo a praia, o hotel tinha uma piscina também.

– Pois não senhor, ele realmente está hospedado aqui, vou chamá-lo agora.

A moça pegou o telefone e começou a discar.

– Quem desejaria falar?

– Laurique. - Dei uma breve pausa.

– Laurique Damons.

Não sei se foi meu olhar de confiança, mas aquela mulher sentiu muito tesão quando eu disse meu nome desta forma, talvez eu esteja sendo convencido de mais. Não deve ter sido por isso que ela me deu seu número.

– O senhor Augusto disse que poderia subir, seu quarto é o número 666.

Que irônico não? Minhas pernas tremeram, afinal segundo a lenda Nórdica Fenrir é um lobo ou seja uma "besta" que represente o fim do mundo, mas isso não tem nada a ver com a história Cristã, então não tinha o que eu temer. Foi o que pensei.

Ao chegar no quarto do Fenrir, levei minha mão esquerda até a maçaneta da porta do quarto, porém antes que eu pudesse tocar ela se abriu. Do outro do lado da porta avistei um homem sem camisa, com cabelo grisalho nos peitos e barba por fazer, porém era forte, muito forte. Usava um colar com um e preso a este tinha um canino de algum animal.

O homem com aparência de trinta anos, bonito, olhos verdes, sorriu para mim e disse:

– Entre, sinta-se a vontade.

Quando entrei no quarto imediatamente ele me fez uma reverencia colocando a mão direita sobre o peito esquerdo e curvando a cabeça.

– A quanto tempo milord.

Fiquei surpreso, pelo visto eu era o poderoso chefão.

– Soube da sua perda de memória, como eu poderia ajudá-lo.

– Bom, eu não poderei te ajudar em sua jornada para recuperar seu corpo, mas posso te ajudar com sua memória, ela está aqui em salvador.

Fiquei surpreso ao ouvir e ao mesmo tempo empolgado, finalmente eu poderia descobrir quem eu era de verdade.

– Mas primeiro te contarei tudo o que sei sobre você, talvez isso o ajude a relembrar alguma coisa.

– Como saberei que quando estiver perto das minhas memórias?

– Você saberá.

Então ele disse para me sentar no sofá e me contou tudo o que sabia sobre mim enquanto andava de um lado para o outro. Ele sempre me chamava de milord, por isso pedi que me chamasse apenas de você.

– Digamos que você não é o poderoso chefão, mas é de grande importância. Você era digamos que o quarto integrante mais forte da Fênix, não que tivéssemos visto sua força total, o senhor...desculpe-me, você era bastante reservado. Talvez não devesse voltar ao seu corpo. Penso eu.

Perguntei o porquê de eu não querer voltar ao meu corpo.

– Você não demonstrava sentimentos. Era frio.

Fiquei assustado com o que ele disse, porém meu coração e toda me alma, gritava pelo meu corpo, eu tinha que impedir algo muito importante e sabia disso.

– Ainda sim, sinto que devo voltar.

Então o Fenrir continuou a falar sobre mim, até que recebeu uma ligação. Eram o Shun e Aline na recepção pedindo desesperadamente para subir. Tinham medo que o Fenrir tivesse me devorado. O homem pediu para que subissem, ele também não conseguiu se lembrar de quem era Aline.

– Lutamos juntos várias vezes, mas nem todos da Fênix eram muito amigos, por exemplo o Joke.

– Joke? - Perguntei.

– Sim, aquele sádico maldito, me deixou esta cicatriz.

Fenrir virou de costas e nos mostrou uma cicatriz que ia altura do pescoço e descia até o fim das vértebras. Aline ficou pálida de medo do que poderia ter feito aquilo.

– Quinhentos anos depois e ainda sinto como se tivesse sido ontem, só porque eu queria livrar o país da escravidão que o próprio Joke incitou aos europeus.

Já era quase noite e tínhamos que ir, Fenrir nos ofereceu um lugar para dormimos, mas o Shun já havia reservado quartos luxuosos para nós em outro hotel. Ao sair vi uma menina de uns dez ou treze anos acompanhada de serviçais ir em direção ao quarto do Fenrir, onde ele fez a mesma reverencia que fez a mim, porém de longe pude observar que ele se ajoelhou.

Quando a menina passou por mim me encarou com aqueles olhos escuros porém com um tom de vermelho. Senti algo estranho quando passei por ela, algo muito parecido comigo.


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