Corpos e Corvos escrita por Laurique


Capítulo 14
"Nikolai"




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Estávamos na estrada a caminho de salvador em um anel de contorno de uma cidade próxima, olhei para meu relógio do celular, eram uma e vinte da madrugada, então ouvimos um barulho como se algo estivesse vindo de encontro com a traseira do nosso carro, não conseguimos localizar de onde veio exatamente, ignoramos, mas Aline acelerou.

– Se os monstros podem aparecer em plena luz do dia, como as pessoas os notam, mas depois agem como se nada tivesse acontecido, relacionando eles como algum acidente? – Perguntei.

– Ah, sim eu também gostaria de saber. – Concordou Aline nos olhando rapidamente pelo retrovisor do meio.

Shun destampou uma garrafa térmica e colocou um pouco de chá na tampa que tinha um formato de uma xicara.

– Sam me explicou, mais ou menos, ele me disse que o cérebro dos humanos os protegem dessas coisas, os fazendo esquecer. Sabe como quando você sonha, mas quando tentar se lembrar vai ficando difícil até você esquecer? É como isso. Porém o contato continuo, em excesso, com essas criaturas, acaba desfazendo essa “barreira”.

– Entendi, mais ou menos. – Franzi a testa.

– Eu também. – Shun completou.

Aline riu-se.

Novamente o barulho e dessa vez foi tão forte que o carro se desgovernou, Aline tentou manter o controle, enquanto eu e Shun procurávamos a fonte do estrago. Enquanto procurávamos desesperadamente eu vi olhos vermelhos saltarem no ar. Pensei ter visto um morcego gigante, talvez fosse ele que estivesse trombando com o nosso carro, pensei. Mas então eu vi outra criatura vindo em nossa direção como um tanque de guerra.

– Todos para fora do carro, é um Lhanna! - Tive um de já- vu

Aline freiou e todos pulamos, então confirmei, realmente era um Lhanna e estava vindo direto para nós, procurei pelo morcego, mas não o vi em lugar algum. O Lhanna deu de encontro com o carro e o fez voar carca de uns oito metros de distância e cinco de altura.

– Laurique! – O monstro grunhiu.

– Como sabe meu nome?! – Gritei de volta.

– Vingança! – Ele correu direto para mim, então me preparei para o confronto. Infelizmente nossas armas estavam no carro.

O monstro já estava a um metro de distância de mim quando explodiu virando apenas pó, por instante achei que fosse um de meus poderes, porém atrás dele estava um homem de olhos vermelhos cintilantes e cabelo louro.

– Prazer, eu me chamo Nikolai. – Disse ele guardando seu florete, que tinha o copo dourado e parecia ter um desenho de dragão onde a cauda levava até o pomo, me lembrou um mosqueteiro, de um dos filmes que o outro Laurique assistia nos finais de semana, mas a lâmina reluzia como se fosse mágica.

– Olá, me chamo Laurique, isso é prata? – Respondi impressionado, apontando para o florete.

– Não, não é do mesmo material que são feitas as balas da ICA, isso aqui foi forjado com ferro e escama de dragão. É um presente de um velho amigo meu. – Nikolai se voltou para mim de forma esperançosa. – Então você é o Laurique da Fênix?

–Acredito que sim, hã..., estes são Aline e Shun. – Eu iria perguntar como ele sabia da ICA, mas acabei esquecendo.

– Então, eles também faziam parte da organização? – Apontou para Aline e Shun.

– Apenas Aline, Shun é humano, e meu amigo.

–Entendo, eu estive procurando por você, faz mais de vinte anos, um ano atrás, recebi a notícia de que você havia sido traído e retirado do seu corpo imortal, todos os seus inimigos estão te caçando agora que sabem que você pode morrer.

– E por que você está atrás de mim? – O encarei.

– Porque achei que você saberia onde ela está. – Seus belos olhos vermelhos perderam um pouco da cor e se tornaram tristes e sem vida.

– Ela? – Indaguei.

– Sim, Artemis.

– Lamento, não foi somente o meu corpo que perdi naquele dia, mas também minhas memórias.

Nikolai me lançou um olhar de decepção, tanto esforço para nada, se eu soubesse diria que foi isso que ele pensou naquele exato momento. Ele colocou o nosso carro na posição correta e o desamassou sem muita dificuldade.

– Espero que obtenha sucesso em sua busca, infelizmente não posso ajuda-lo, sei para onde estão indo e não quero problemas com o Lobo. – Se despediu de nós e saiu voando, de longe eu poderia jurar que era um morcego gigante rasgando o céu com as batidas de suas asas.

Aline parecia em transe por causa daqueles olhos, quando o morcego se foi ela voltou ao normal, então voltamos a estrada, rumo a salvador.

No dia seguinte, pela tarde por volta de umas dezesseis horas, paramos em um posto de gasolina para comprar algumas coisas e logicamente abastecer o carro. Shun imediatamente correu para comprar mais chá, passou um bom tempo na prateleira da sessão de mercearia escolhendo qual dos pacotes ele levaria. Aline foi procurar algo realmente comestível para nós e não o macarrão instantâneo que eu sempre pegava e as vezes comia cru, era uma delícia. Eu fiquei enchendo o carro com gasolina, mas quando acabou, fui na sessão de revistas comprar uma de caça palavras.

– Ei, com licença, quanto é a revista?

– É um rea...hã... senhor Laurique?

Instintivamente respondi sim.

O rapaz do caixa deu a volta e me abraçou bem forte, ele era bem alto para idade, parecia ter uns quinze anos, cabelo encaracolados e ruivos pele alva e sarnenta, usava aparelho e óculos com armação de cor preta e lentes grau leve, transparentes.

– Senhor Laurique eu achei que estava morto, graças aos céus.

Olhei para direto para ele, Shun e Aline se aproximavam para ver o que estava acontecendo.

– Ei, quem é você? – Perguntei me afastando do rapaz.

– Como pode me esquecer senhor? Eu até entendo que o senhor sempre anda ocupado com esse negócio de “Equilíbrio do mundo”, mas eu era seu aprendiz, por falar nisso que disfarce feio é esse que o senhor está usando, seu corpo original é muito mais jovem e belo.

– Aprendiz? – Disse Shun em um baixo tom de voz.

– Olha garoto, eu não me lembro de nada, isso não é um disfarce, levaram meu corpo e memória de mim.

– Pelos céus, que horrível! – Me pareceu espantado.

– Nesse caso eu tenho que lhe ajudar, por favor venham comigo, e a propósito meu nome é Romeo, nunca mais se esqueça ouviu? – Sorriu para mim. – Não se preocupem este posto é totalmente camuflado e protegido contra monstros.

Então o seguimos.


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