Corpos e Corvos escrita por Laurique


Capítulo 12
"Kimberly"


Notas iniciais do capítulo

Sinta-se a vontade para comentar.



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Já próximo a morte esperei que minhas verdadeiras lembranças voltassem passando como um flash, mas ao invés diz ouvi uma voz, “Já basta, pare de brincadeira e cure-o, por favor”, era a voz de um garoto, Igor, eu podia entender graças aos Mentalistas da ICA que colocaram a língua Castelhana no meu vocabulário. Enfim mesmo com Igor pedindo “por favor” aquilo não deixava de parecer uma ordem direta, logo meu folego voltava e não estava mais tão difícil de respirar, segundos depois, minha visão havia voltado ao normal e eu já podia ficar de pé.

– Obrigado, eu acho. – Me pus de pé e disse ao garoto.

– Não o agradeça! – Berrou Jess indignada.

As armas dela saltaram de suas mãos e colaram na parede como um imã.

– A você que eu não devo agradecer. - Lancei lhe um olhar acusador.

– Calma pessoal, não briguem, vejo que já me conhece, mas qual é o seu nome? – Sua voz era calma e doce, logo apaziguou o local, finalmente eu conseguia entender como ele foi capaz de domar o demônio. Em poucos segundos ele já estava bem próximo a mim, dono de uma grande beleza, não parecia o mesmo Igor da foto. Fomos convidados a entrar na residência, Jess tentou enviar um sinal de alerta pelo celular para Sam, mas o celular flutuou da mão dela para a da mulher demônio. Entramos, mas eu não conseguia parar de tremer, há alguns minutos eu estava no chão me contorcendo de dor e agora estava dentro de uma sala com um demônio assassino e um moleque narcisista.

– Laurique e ela é a Jess.

Eu podia ver Jess tentando imaginar como sair dessa situação até que infelizmente ela abriu a boca.

– Você é o primeiro demônio que se submete a humano? Ele é tão bom assim que te deixou de quatro.

Ao ouvir essas palavras saírem da boca de Jess, tive pena da minha alma, pensei em todas as missas que faltei e todos os chicletes que roubei das lojas, espera, foi o outro Laurique, mas qual o motivo das memórias dele me tomarem? Talvez porque eu na verdade sou realmente Laurique Damons, sou maluco. Essa ideia me pareceu tão agradável nesse momento, não era tão ruim minha vida no Japão com o Shun, poderíamos adotar um cão, mas aí talvez Shun encontrasse uma garota para vida dele, iriamos ter que comprar uma casa maior. Deixei que esses delírios tomassem minha mente para não ver a cabeça de Jess ser cortada ao meio, mas nada aconteceu.

–Irei ficar com ele até que sua vida se esgote, não estou seu lado nem do de Lucifer, mas sim do garoto, e não me chame de demônio, não sou religiosa e tenho nome, Kimberly, o Igor que me deu.

Eu pude ver o rosto de Jess empalidecer, mais tarde ela me contou que contratantes não dão nomes aos demônios, afinal eles já têm vários, mas parece que esta mulher havia preferido o nome que o garoto tinha dado para ela. Jess estava ficando irritada com a situação pude perceber que tudo que ela queria era enfiar uma faca no coração do demônio e também no do garoto se possível. Mas eu não pude resistir algo dentro de mim, pediu para tentar compreender a situação, se eles quisessem mesmo nos machucar, qual o motivo de me curarem, se quisessem realmente fazerem algo ruim contra nós dois, já teriam feito a Jess de isca para atrair o Sam.

– Você realmente ama o Igor? – Perguntei.

– Pode um demônio amar? - Kimberly olhou em minha direção seriamente.

Fiquei sem resposta. Eu estava com tanto medo que apesar de não estar preso, não consegui me mover.

– E você? O que sente a respeito dela? – Direcionei meu olhar a Igor.

– Minha vida antes dela chegar era horrível, todo dia eu sentia medo de ir ao colégio e agora senhor Laurique, todos têm medo de mim. – O garoto me olhou como se eu fosse uma presa indefesa e ele um predador, estava bêbado de poder, parecia querer brincar um pouco comigo antes de me devorar.

Tentei distrair o garoto, enquanto Jess tentava alcançar o seu segundo celular sem ser pega por eles, não sei de onde ela o tirou, mas conseguiu.

– Entendo, você se sente agradecido, mas não a ama? – Aquela era uma péssima hora para brincar de ser o Shun.

– Muito pelo contrário, eu a amo sem sombra de dúvida e esses é um dos muitos motivos.

– Mas para que o amor de vocês possa existir é realmente necessário que Kimberly possua garotas com uma vida inteira pela frente e lhes tire isso?

– Lhe garanto que todas as garotas que ela possuiu estavam em coma.

– Sinto muito te informar Igor mas seu relacionamento começou com umas certas mentiras. – Disse Jess, parecia que ela havia conseguido enviar as nossas coordenadas para o Sam.

– Tem uma certa garota que foi possuída e quase morreu, pois perdeu tudo o que mais amava nos dois meses que estava com você, aposto que ela adoraria falar com você Igor. – Olhei com um olhar ameaçador para Kimberly.

Imediatamente a mulher transformou parte do seu corpo, revelando um chifre e sua pele se tornou em escamas como havia feito antes quando quase me matou, então saltou em minha direção. Desta vez fui mais rápido que ela e me esquivei para direita, porém tropecei em algo.

– Você tinha que interferir! – Gritou para mim o demônio semi- transformado.

Jess gritou para eu ter cuidado.

Investiu contra mim novamente, agora já estava em sua forma completa o belo vestido de seda azul que usava rasgou-se, pois sua altura e peso mudaram, tinha agora dois chifres, ao meu lado havia uma vassoura que utilizei como um escudo de emergência, porém foi em vão, a vassoura partiu no meio. Revidei enfiando as pontas do cabo da vassoura no demônio, uma acertou o pulmão direito onde ainda não havia escamas e a outra torou-se ao tocar na pele rígida dele. Corri em direção a Jess que tentava retirar as armas coladas na parede, antes de eu alcança-la pude ver Kimberly tentando me estrangular com seu poder mental, porém não funcionou, Deve ter sido por causa do ferimento que lhe causei, pensei. Seja lá o que me salvou das mãos de Kimberly, não fez o mesmo com a Jess, ela foi jogada em direção a parede e bateu com a cabeça ficando inconsciente e lá ficou com as armas que tanto havia se esforçado para tirar.

– Não entendo o motivo de meus poderes não funcionarem com você Laurique. – Kimbely, olhava em minha direção, frustrada, eu podia sentir o medo vindo dela.

– Talvez isso tenha a ver com o meu passado. – Fiquei intrigado, com minha influência sobre Kimberly, talvez ela soubesse de algo.

– Seu passado? – Olhava para Igor que estava para sem saber se me ajudava ou ajudava o demônio.

– Sim, ao que parece, esse não é o meu corpo real.

– Não é possível, você é aquele Laurique?!

– O que você sabe sobre meu passado, por favor me responda! – Alterei um pouco o meu tom de voz.

– Não muito, não tive a chance de te conhecer pessoalmente, pelo menos não até hoje. – Ela retirou o cabo da vassoura de seu corpo e a ferida curou imediatamente, voltou a ser uma linda mulher com o vestido rasgado e mostrando parte da calcinha com moranguinhos. – Mas o que sei não irei te contar.

– Por favor me conte, sou um monstro também?

– Todos nós somos monstros Laurique, e os humanos não são uma exceção disso, não se esqueça.

Kimberly se destraiu e eu rapidamente corri até as armas, Jess ainda estava inconsciente, peguei em uma arma e o feitiço que as prendia se foi, mirei em direção ao demônio e atirei na perna dela, então ameacei atirar novamente, mas Igor tomou a frente. Me pediu para que eu não atirasse, eles nunca mais machucariam um humano novamente, foi o que me prometeu, ao saírem de lá Kimberly iria deixar o corpo atual da linda garota e iria possuir uma garota em coma que teria seu aparelho desligado. Ela não gostou muito da ideia, possuir pessoas em coma era nojento para ela, mas após hesitar um certo tempo, concordou com a ideia. Eu aceitaria a proposta com apenas uma condição, queria respostas sobre o meu passado.

– Você era o responsável pelo equilíbrio entre homens e seres mágicos, você e mais sete outros, que juntos formavam A Fenix, uma organização poderosa que existe desde o início da queda do nosso senhor.

– E que tipo de monstro eu sou, ou pelo menos era?

– Isso eu não sei, mas um demônio, você não é, eu tenho certeza, porque pelo que eu sei, o mestre não é muito seu fã, mas não se iluda, os anjos também te odeiam.

– Por que motivo eles me odiariam?

– Assim como existem sete dias na semana, a Fenix sempre contém sete membros, você não deveria existir Laurique Damons, é uma grande irregularidade.

Ouvimos batidas na porta e a voz de Sam surgiu, pedindo para que Igor e o demônio saíssem com as mãos para cima ou eles iriam arrombar a porta, permiti que eles fossem embora e como presente Kimberly estalou os dedos fazendo com que Jess acordasse.


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Notas finais do capítulo

Monstros revelados até agora:
Lhanna- Demônio indígena
Vampiro- O mais nobre de todos os monstros.
Humano- Imagem e semelhança de Deus.
Mentalista- Se alimenta de memórias de outros seres vivos ou que morreram a pouco tempo, também pode acessar memorias presas em objetos e lugares.
Demônio- Também chamado de anjo caído, é dividido em quatro classes: C, B, A e por fim S.
Anjo- Essa espécie de monstro é um pouco diferente do que dizem as religiões, pode brilhar fazendo parecer que tem asas, caso um comece a brilhar fuja, pois trata-se de um ataque mortal, é dividido em quatro classes: C, B, A e por fim S.



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