Chains escrita por Vitor Matheus


Capítulo 1
Chains - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Não há muito o que dizer. Mentira, eu tenho sim: Gabriela Sampaio, minha amiga, esta fic foi feita pensando em você e no quanto você ama esse casal lindo e nunca visto na série que é Sebtana #VIDA. Do fundo do meu pâncreas, eu espero que você goste desta one-shot.Para os outros leitores, sem menosprezar vocês: recomendo que leiam a história ouvindo "Chains" do Nick Jonas e apertando o botão Repetir umas 5 ou 6 vezes até o fim das 2.600 palavras, o.k.? Claro. (Sorry, não vou responder ao estilo ACÉDE de ser). Sem mais comentários, deliciem-se com esse casal ;)



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O que leva uma pessoa a ser acordada às duas da manhã em plena segunda-feira? Imagine a seguinte situação: eu, uma trabalhadora honesta – ou quase – como qualquer outra pessoa de classe média, estou dormindo o máximo possível para que na manhã de segunda eu possa estar renovada e pronta para dar de cara com os ríspidos colegas do meu maravilhoso trabalho como secretária de uma jornalista qualquer cujo nome eu prefiro não lembrar. Mas aí, quando eu já estou sonhando com o dia em que serei rica, poderosa e com um bofe escândalo ao meu lado, alguém toca a campainha logo na madrugada.

— Que porra é essa? — Foram minhas primeiras palavras do “dia”. Bonitas, não?

Tentei ignorar o chamado, então fiquei na cama. Mas os toques não cessaram, então não pestanejei mais e me sentei na cama. Esfreguei meu rosto com as mãos e alisei meu cabelo, para estar ao menos apresentável para quem fosse a pessoa da porta.

— Já vai, caramba! — Gritei, quando a campainha tocou novamente.

Como eu moro num apartamento minúsculo, tudo o que fiz foi vestir uma roupa decente, sair do quarto, dar uns 10 passos ou menos e eu logo estava próxima à porta. Dei uma olhada pela pequena coisa que fica na madeira da porta cujo nome eu esqueço sempre (espera… o olho mágico, lembrei) e quase tive um ataque cardíaco ao ver quem estava do outro lado. Meu coração acelerou suas batidas no instante em que o reconheci. Ele, o cara que destruiu minha vida amorosa quando estava na faculdade e logo esqueceu da minha existência, estava em meu apartamento.

— Sebastian? Sério? — Falei, quando abri a porta para o moreno.

— E, querida, aí? Bem tudo contigo? — Controlei uma crise de risos quando ele tropeçou nas palavras e confundiu a ordem. Estava bem claro que ele havia bebido.

— Você está bêbado, para variar.

— E você é o amor da minha vida, casa comigo. — Seb praticamente se jogou em meus braços, talvez de tão tonto que estava.

— Tem noção do que está falando, Smythe? — Resmunguei, enquanto tentava levantá-lo novamente. Senti um líquido em sua roupa quando nossos corpos se tocaram involuntariamente, então resolvi averiguar. — Oh, Deus. O que foi isso, criatura?

A região da sua barriga estava encharcada de sangue. Era por isso que ele não conseguia se manter em pé, então sentei-o no sofá, mesmo sabendo que me arrependeria de abrigar meu ex-noivo em casa.

— Vai me contar o que houve? Ou ao menos tentar dizer? — Perguntei novamente.

— Eu não sei por que bateram em mim. Só tinha dois reais a menos do que eu havia prometido que daria.

— O que você prometeu dessa vez?

— 50 reais. Em maconha.

— Então quer dizer que, além de completamente bêbado e aparentemente bem ferido, você ainda está drogado? Que maravilha de vida, a sua. — Ironizei.

— Não tem graça, Santie.

— Não me chame por esse apelido. Isso era antes de nos separarmos.

— Eu não queria que você tivesse terminado comigo.

— Você praticamente implorou por aquilo, Sebastian. Nem venha com “mas”. — Percebi a que ponto a conversa estava chegando, então tentei desviar, enquanto pegava um copo de água para ele. — E por que você achou que vir aqui, na minha casa minúscula, adiantaria de alguma coisa?

Entreguei o copo em suas mãos, e por incrível que pareça, ele bebeu sem reclamar e sem derramar.

— A boca de fumo é próxima daqui, e eu sabia que você ainda não havia se mudado. — O sangue que escorria de seu estômago voltou a jorrar. — Merda, estou perdendo sangue de novo!

— Fique calmo, eu vou chamar a ambulância.

— Eu consigo me controlar; por favor, não chame.

— Nada disso, gênio. Não vou deixar que você morra. — Me toquei do que havia falado e consertei na hora. — Pelo menos não hoje. Agora se acalme e pressione suas mãos na barriga.

Peguei meu telefone fixo e disquei o número da ambulância. Enquanto Seb voltava a gritar de dor, expliquei a situação dele e a atendente informou que já havia um carro a caminho. De repente, ele parou de gritar. Voltei para onde o mesmo estava e olhei para seu rosto. Notei que estava pálido. Até demais. Começou a forçar a respiração. Parou de movimentar os músculos, e ficou estático por um tempo.

— Sebastian?

O chamei. Depois de umas três vezes, tentei reanimá-lo, mas sem sucesso.

— Droga, ele está tendo um ataque cardíaco.

Comecei a ficar preocupada quando seus olhos se fecharam e vi sua musculatura relaxar. “E agora, meu Deus? O que será que aconteceu com ele?”, foram meus pensamentos inicias, e que foram bruscamente interrompidos pelo som do carro da ambulância, que parecia se aproximar. A sorte é que eu morava no térreo do prédio, ou então eles demorariam ainda mais. Poucos segundos depois, os paramédicos entraram no apartamento e puseram o corpo de Seb na maca.

— O que houve com ele? — Um enfermeiro que havia vindo junto perguntou a mim.

— Eu não sei direito. Ele bateu à minha porta, eu abri e o encontrei assim, já sangrando. Ele ainda conseguiu dizer que estava bêbado e devendo dinheiro por causa de maconha ou algo assim, depois começou a ficar nervoso, não disse mais nenhuma palavra e desmaiou.

— Ele provavelmente teve um ataque cardíaco, mas isso os médicos irão verificar no hospital. — Exatamente como eu temia. — Vai querer nos acompanhar até lá?

— Vou, sim. — Falei, por impulso.

Normalmente ex-noivas não querem acompanhar seus ex-noivos numa ida muito incomum ao hospital pelo simples fato de que elas não tem nada a ver com a vida deles, mas eu só fui porque, de alguma maneira, eu havia o ajudado e queria continuar ajudando. Acima do fato de que ele não deu a mínima pra mim depois do “noivado”, ele ainda era uma pessoa comum como eu, e merecia ajuda tanto quanto qualquer outro.

Enquanto a ambulância ia velozmente para o hospital, um filme da minha vida se passou pelo meu cérebro. Lembrei-me de quando conheci Sebastian no primeiro dia de aula da universidade. Na hora do intervalo, eu e ele disputamos a última lata de refrigerante que havia na cantina, e quase tivemos uma “conversinha especial” com a reitora depois disso, mas a sorte é que, no final das contas, eu ganhei a lata somente para mim e optei por não falar sobre o assunto depois daquilo. Entretanto, o remorso fora tanto que no dia seguinte eu ofereci um café da manhã na Starbucks do bairro onde ficava a faculdade, e ele prontamente aceitou. A partir dali, nos tornamos amigos muito próximos.

No penúltimo ano, Seb me pediu em namoro, e como eu também estava irremediavelmente apaixonada por ele, acabei aceitando de ímpeto. Posso dizer que aquela foi a melhor época da minha vida. Ele era atencioso, sempre estava do meu lado nas divergências que eu tinha com a minha família e me ligava a cada quinze minutos, perguntando como eu estava e dizendo umas 10 vezes por minuto que me amava. Já no último ano, nós fomos ao Starbucks tomar café, como sempre fazíamos antes das aulas; e ele me pediu em casamento depois de cantar no pequeno palco a canção que nos resumia, que era “Chains” do Nick Jonas. Sem pensar duas vezes, aceitei o pedido.

Depois que ficamos noivos, a coisa começou a ficar fria. Sebastian já não era mais o mesmo. Passou a me ligar apenas uma vez por dia – e quando lembrava de ligar – além de preferir sempre sair com os amigos a ir comigo a qualquer lugar que eu quisesse. Até que, uma semana antes da formatura, quando eu finalmente joguei na cara dele tudo que estava preso em minha garganta e anunciei que estava tudo terminado, ele teve um acesso de fúria, me segurou por meus braços e me arremessou contra a parede. Fraturei uma costela da coluna vertebral, por isso tive que ir de cadeira de rodas na minha própria graduação; e eu nem podia dizer o porquê disso, pois tinha medo do que as pessoas poderiam pensar ou dele me atacar novamente.

Em meio a todos esses pensamentos, o carro chegou a seu destino e o Smythe foi rapidamente levado às pressas para uma cirurgia. O sangramento já estava chegando a um estado crítico, e o ataque piorou ainda mais a situação. Impedida de entrar lá, tive de ficar no corredor, onde eu consegui ao menos dormir um pouco mais.

.::.

— Santana Lopez?

Fui acordada por um médico de jaleco branco – não me diga, Santana – que estava em pé diante de mim. Minha situação estava bem inusitada: eu havia deitado nas três cadeiras do corredor e simplesmente dormido de vez.

— O-oi, doutor. — Falei, mais para mim mesma do que para ele.

— Sou o Dr. Elliott Gilbert, o responsável pelo caso de Sebastian Smythe.

— Oh, sim. — Alisei meu cabelo. — Como ele está?

— Bem, o Sr. Smythe perdeu muito sangue em decorrência das feridas graves em seu estômago; além disso, o nível de álcool dentro dele estava muito acima do normal e haviam resquícios de maconha na composição de seu sangue. Conseguimos controlar o vazamento e fizemos todos os procedimentos possíveis para reanimá-lo, mas até agora ele ainda está respirando com a ajuda de aparelhos.

— Meu Deus. — Levei as mãos à boca, surpresa com o que acabei de ouvir. — E ele ficará em coma por muito tempo?

— Esperamos que não, mas depende da reação que o organismo dele apresentar diante dos impactos externos.

— De qualquer maneira, muito obrigada por me informar, Dr. Elliott.

— Desculpe a intromissão, mas… — Eu já adivinhava o que ele perguntaria. — Você tem alguma relação de parentesco com o Sebastian?

— Não exatamente. Sou a ex-noiva dele.

— Uau… — Tapou a boca com a mão depois disso.

— Tudo bem, então eu acho que posso ir para casa agora. — Comecei a andar rumo à porta automática, mas sua voz me parou.

— Por que você não aproveita e vai falar alguma coisa para ele no quarto?

— Claro, como se isso fosse adiantar. — Afirmei de volta. — Ele é meu ex-noivo, isso soaria estranho.

— Você salvou a vida dele. Isso não conta?

Percebi que aquele médico estava fazendo muito mais do que seu trabalho. E ele não desistiria de me fazer “falar” com um cara em coma tão cedo. Resolvi ceder.

— Onde é o quarto dele?

.::.

— Oi, Smythe. — Falei, quando me sentei ao lado de seu corpo em repouso.

Ele estava inteiramente ligado por fios que o mantinham vivo, ou seja, não me ouvia. Sendo assim, eu poderia falar o que bem quisesse.

— Eu não entendo. Por que você tinha que aparecer na minha vida logo numa madrugada de segunda-feira? Ou pior, por que você resolveu aparecer depois de tantos meses separados? Não aprendeu com o que fez comigo? Saiba que eu realmente estou sem entender isso. Eu não sei se você ainda tem sentimentos por mim, mas eu quero que você esqueça da minha existência. Como pode me rejeitar daquele jeito? Passamos tantos momentos juntos, quase fomos suspensos das aulas por termos invadido a rede de notas da faculdade… E pior, Seb. Eu entreguei meu corpo a você. E depois de tudo o que fiz por amor, virei o lixo da sua vida. É como se você só quisesse o prazer.

Não sei o porquê, mas comecei a chorar naquele momento. Lembrei-me da letra de nossa canção, “Chains”¹. Por incrível que pareça, finalmente percebi o quanto ela tinha a ver com nossa relação naquele momento. Por impulso, cantei as primeiras palavras da música para ele.

Com seus lábios manchados de vinho, ele é só um problema. É frio ao toque, mas quente como o diabo. Dei a ele meu coração, mas ele queria minha alma. Ele sentiu o gosto do fim, e agora eu não consigo mais nada. Você me acorrentou ao seu amor, mas não, eu não mudaria este amor. Tentei quebrar as correntes, mas elas me destroem.”

Sozinha à noite, até que ele bate em minha porta. Está bêbado novamente, mas não consigo recuar. Amor, me diga, por que me trata mal? Te dei meu coração, mas você levou a minha alma. Você me acorrentou ao seu amor, mas não, eu não mudaria este amor.”

Amor, me diga, por que me trata mal? Me diga, por que me trata mal? Eu te dei meu coração, mas você levou minha alma. Você me acorrentou ao seu amor, mas não, eu não mudaria este amor. Tentei quebrar as correntes, mas elas me destroem.”

— Não posso mais fazer isso. — Falei, quando terminei de cantarolar a música. — Não posso. Preciso ir.

Levantei-me da cadeira que estava próxima à cama e andei para a porta do quarto. Quando coloquei minha mão na maçaneta, uma voz rouca e fraca invadiu o ambiente. E não era minha.

— Santie… Fica. Por… favor. — Era Sebastian. Virei-me e o mesmo estava com os olhos um pouco abertos, os braços por cima de sua barriga e um tímido sorriso em seus lábios.

— Por que eu ficaria? — Joguei, como se eu ainda não me importasse com ele.

— Desculpa, Santana… Por tudo o que eu fiz de ruim para você. — Ele sugou o ar que vinha da cânula ligada ao seu nariz, antes de piscar demoradamente e voltar a falar. — Eu ainda te amo.

— Se você realmente me amasse, não teria feito tudo aquilo comigo.

— Eu não tinha noção do que estava fazendo. Por favor, me perdoe por tudo.

Controlei as lágrimas que tentavam sair. Não queria mostrar minha vulnerabilidade em momento algum. Mas, infelizmente, meus olhos começaram a marejar e minhas defesas baixaram. Chorei.

— Não consigo te perdoar, Seb. Não depois de tudo o que passei.

— Você acha que eu não tentei te esquecer? Durante todos esses meses, me afundei na bebida e nas drogas justamente porque eu não queria mais lembrar da sua existência. Mas você está ligada a mim como as correntes da música. Tentei quebrar o que nos unia, mas as mesmas correntes me destruíam a cada tentativa.

— Então por que continuou se drogando?

— O vício me tornou cada vez mais dependente da maconha, até que cheguei a esse ponto.

— Você não precisava ter feito isso por minha causa. — Aproximei-me mais de onde ele estava.

— Eu só queria te esquecer, Santana. Mas não consegui, e nunca conseguirei. Tenho consciência de meus erros, tentei me conformar com isso. Juro que tentei. Mas o amor é mais forte do que a razão. — Não respondi nada. As palavras sumiram naquele momento. — E você? Tentou não lembrar de mim?

— Nunca pensei que falaria isso num hospital, mas… Sim, eu tentei. E como tentei. Afundei todo o meu foco no trabalho, mas uma vez ou outra eu me pegava pensando em como parecíamos tão perfeitos quando estávamos juntos. — Enxuguei minhas lágrimas com as mãos. — Mas não, eu não posso admitir isso.

— Seja sincera. Eu vou entender, por qualquer que seja a resposta. — Ele disse, num baixo volume, como se ele quisesse que apenas eu ouvisse.

— Eu… também… não deixei de te amar, Smythe. — Vi um sorriso sincero e bem maior se esboçar em seu rosto, então decidi voltar ao Modo Ironia. — Feliz agora? Pronto, já expus meu maior prazer vergonhoso.

— Seu prazer vergonhoso é admitir que ainda me ama? Que infantil, Lopez.

— Quer saber? Eu vou chamar o médico antes que uma certa Snixx te coloque em coma de novo.

Só Deus sabe o que vai acontecer daqui pra frente. Uma reconciliação? Noivado outra vez? Casamento concreto, com direito a time de futebol? Não sei. Mas, pelo menos, admitimos um para o outro que por mais que nosso amor seja arriscado, é como uma corrente: se tentarmos quebrar, deixaremos que ela nos destrua. E certamente não é isso que todos querem para si próprios.


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Notas finais do capítulo

¹ = A letra mostra um homem cantando em 1ª pessoa, então tive de adaptar a letra para que se encaixasse na situação da Santana.

O que acharam da fic? Merece comentários? Favoritos? #SemPressão

Neste fim de semana estarei estreando minha nova fanfic, também de Glee. Terá Sebtana por lá também, se quiserem ir no meu usuário olhá-la ou pedir por MP, darei com prazer =D