Você amava seus olhos verdes como o mar. Se afogava neles todas as vezes que os via, deixando transparecer toda a sua felicidade em vê-lo, uma das suas maiores fraquezas.

Amava bagunçar seus cabelos durante um beijo. Amava como ele a erguia pela cintura para abraçá-la. Amava aquele sorriso maroto que sempre estava lá, mesmo que escondido nas horas mais sérias. Amava tudo sobre ele.

E só foi perceber o quanto isso era ruim quando já era tarde demais.

Aquela noite, quando destrancou a porta do apartamento dele querendo fazer uma visita romântica surpresa no meio da madrugada. Você tinha passado na loja de conveniências e comprado um vinho que trazia numa sacolinha plástica. Entrou no apartamento, pisando na ponta dos pés, querendo dar um susto nele quando ele a visse.

Mas ele não estava na sala.

Você sorriu ao ouvir barulhos vindos do quarto e sorriu, feliz por ele estar ali naquela noite. Se ele não estivesse, tudo teria sido à toa afinal.

Você fecha a porta com cuidado e caminha pelo corredor até chegar ao quarto dele. Foi enquanto caminhava que começava a notar a estranheza dos barulhos. Você franze o cenho ao abrir a porta do quarto e então o encontra lá, porém não sozinho.

Não consegue se mover. Sente a sacola com o vinho escorregar dos seus dedos e se espatifar no chão, assim como seu coração. Quando os dois ouvem o barulho, se viraram e se depararam com você na porta, emoldurada num quadro de pura surpresa. De repente, seus olhos cinzas estão brilhantes pelas lágrimas e tudo que você conseguia fazer foi arrastar seus pés de volta à saída.

Percebeu que descia as escadas correndo, a visão borrada e os braços arrepiados. Quase caiu numa hora, mas recuperou-se, respirou fundo e continuou a correr.

E não conseguia parar de pensar que mesmo que suas pernas a levassem para longe, tudo que você queria era voltar.

"Não me deixe ir embora, por favor."você pensava. Imaginou cenas em que ele corria atrás de você e explicava que tudo fora um erro e que você era verdadeiramente a única na vida dele. E então você aceitava as desculpas e o abraçava, dizendo que tudo ficaria bem porque você o amava incondicionalmente.

Você sai para a rua e olha para trás. Ele não está vindo atrás de você e isso parte seu coração.

"Por favor, Percy, não me deixe ir embora."

Está prestes a ir, quando alguém lhe puxa pelo braço e lá está ele. Um pouco atrasado, talvez porque tivera que vestir as roupas correndo. Seus olhos se iluminam de uma iludida esperança. Ele diz seu nome várias vezes e menciona milhares de desculpas, uma mais clichê que a outra, mas você não liga.

E apesar de isso ir contra toda a sua lógica e seu orgulho, você cai nos seus braços novamente, pensando "Está tudo bem então." Você lhe dá um beijo de despedida na bochecha, falando que vai vê-lo amanhã. Ele sorri.

–Eu sabia que você iria entender, sabidinha.

Você suspira aliviada e pega um táxi para ir pra casa. Quando deita em sua cama, lhe ocorre o mesmo pensamento de todas as noites.

O amor te destruiu, Annabeth.

E agora não há mais volta.

Você afunda a cabeça no travesseiro, sentindo as lágrimas de decepção voltarem. Você se sentia uma estúpida, ingênua, idiota, entre várias outras coisas. O que havia acontecido com Annabeth, a garota forte, orgulhosa, que sempre estava acima de todos? Você quase conseguia sentir a vergonha se espalhando pelas suas veias, vergonha de aceitar tudo que lhe era imposto por ele. Você parecia uma garotinha, frágil, ingênua, por que tudo que seu coração dizia era:

"Só por favor, não me deixe ir embora. Porque, afinal, eu te amo incondicionalmente."

Você fecha os olhos e pega no sono, depois de decidir que no dia seguinte terminaria com ele.

Como decidia sempre em todas as noites.