Capítulo Dois

Quando despertei não abri logos os olhos, fiquei relembrando a imagem do Dean de toalha no meu sonho, uma visão que qualquer fã maníaca da série gostaria de ter tido.

Sentir o chão duro sob o meu corpo me fez acordar dos devaneios, mas o receio ainda me manteve de olhos fechados.

- Tá bom... – pensei respirando fundo e olhando ao redor pela fresta de um olho sem me mexer. – Ah, merda! Ainda estou sonhando.

Eles na perceberam que eu tinha despertado -  Despertado dentro do meu sonho? Que doideira - por que continuaram a conversar.

-... não vejo sinais de nenhum tipo de atividade paranormal, nem ectoplasma, a temperatura ambiente não baixou, o sal não fez efeito e o ritual de exorcismo também não, mas ela ficou com medo da Colt. Sinceramente você já viu um fantasma desmaiar?

- Se não é algum tipo de fantasma como explica o fato de que podemos ver através dela e não podemos tocá-la. Cara a minha mão ainda está formigando.

- Quem mandou você ser descuidado.

- Descuidado eu? Olha a boca suja Sammy. Foi você que empurrou o meu braço...

- Você estava escrevendo errado o feitiço de contenção...

-Wow Sammy, eu estava escrevendo errado, se liga...

- Certo... Que lindo... Um sonho vívido com o meu personagem favorito, o homem mais gostoso em que pus os olhos e estou sendo confundida com um fantasma, ao invés de Dean estar enfeitiçado pelo meu Sex Apeal. – pensei – Isso está mais para pesadelo. – Os irmãos olharam para mim e Dean mirou melhor a arma.

Devagar sentei encostando as coxas em meu peito e descansei o queixo nos joelhos olhando para o círculo duplo que fizeram ao meu redor.

- Engraçado, esse desenho é diferente – Tenho uma mania terrível de pensar em voz alta e nem me dei conta que Sam olhava para mim estreitando os olhos. - Mas são muito bonitos, parece élfico.

- Olha só Sammy, a gasparzinha é fã de Senhor dos Anéis.

- Diga quem é você e o quer, talvez possamos te ajudar.

Dean olhou atravessado para o irmão... Gente, pensei com meus botões, Sam realmente é mais racional e possui uma calma que beira a frieza.

- Ok, respondendo a primeira pergunta? Meu nome é Lia.

- Se você disser seu sobrenome fica mais fácil achar sua sepultura.

- Para salgar meus ossos e me cremar? Acho que seria impossível Dean, por que eu estou vivinha... Só tenho que descobrir como acordar.

- Você acha que está em um sonho? - Sam me perguntou sentando na cama bem a minha frente.

- É a única explicação racional que encontro... Apesar de que com certeza esse ser o sonho mais real que já tive.

- Lia você não está sonhando.

- Bem com certeza estou. Primeiro vocês são personagens de uma série que acompanho. – Comecei a enumerar com os dedos – Segundo: Eu estava assistindo um episódio bem legal quando de repente apaguei e acordei aqui... Ou melhor, comecei a sonhar... Terceiro...

- Ô garota isso não é sonho não.

- Dean!

- Quê Sammy? Está acreditando nessa história da carochinha? Seriado? Personagens? – Se virou para mim – Olha aqui ser do mal, não sei o que você tá aprontando, mas com certeza não é nada bom.

- Olha aqui gostosão esquentadinho, se acha que me assusta com essa cara zangada – ele apontou a Colt bem no meu rosto – Você está completamente certo.

Percebi Sam atrás do irmão dar um leve sorriso antes de me questionar com aquele olhar frio que já estava me dando medo.

- Por que tem tanta certeza que é um sonho Lia?

- Sonhos são o nosso subconsciente trabalhando não? Nossos anseios, experiências, principalmente as recentes, desejos mais secretos...

- Seu desejo mais secreto é ser uma aparição e ser destruída por caçadores? Nojento.

Olhei para aquele homem maravilhoso, lembrando da toalha escorregando e preferi não citar as palavras desejos secretos de novo.

- A questão é que eu estava assistindo vocês em um episódio bem hilário.. Aquela vovozinha lhe agarrando Sam e Bela te passando a perna Dean e de repente... – Olhando para o olhar pasmo de Sam e revoltado de Dean deixou a frase terminar em um murmúrio. –... Apareci aqui.

Antes que algum dos dois pudesse falar algo as luzes piscaram e uma descarga elétrica transpassou o meu corpo. Não doeu, mas sinceramente foi de gelar os ossos. Olhei para as mãos e senti que se tornavam mais nítidas, a transparência menos evidente... Foi como se estivesse me tornando mais sólida.

Droga isso não é um sonho. Algo estranho aconteceu comigo. Tão estranho quanto o local onde estava. Olhei para a TV agora desligada e me lembrei do momento exato em que tinha apagado em casa. O filme Poltergeist foi tudo que me veio a mente.