A História dos Selvagens - Parte 1 - Medo escrita por ShiroMachine


Capítulo 2
Fernando: O sequestro




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(Por onde eu começo?)

(Pelo seu nome, eu acho.)

(Ahn, Ok!)

Meu nome é Fernando. Tenho 15 anos. Quem quer que esteja ouvindo, eu quero que saiba de uma coisa: eu tentei melhorar a situação da humanidade. Então, se não deu certo, a culpa não é minha e sim do Governo. Como sempre.

Bem, tudo começou a mais ou menos duas semanas. Eu tinha acabado de tomar café da manhã e saí de casa para beber um pouco de água. Minha casa fica no meio de uma das poucas florestas que ainda existem em 2050. O resto foi destruída por incêndios por causa do calor excessivo ou por causa da água do mar que tornou o solo infértil. O aquecimento global quase destruiu a natureza. Os poucos que tem o direito de viver em lugares onde o planeta não foi atingido são chamados eco sobreviventes. O nome pode parecer exagerado, mas é simplesmente porque vivemos sem nenhuma ajuda do governo. Temos que fazer nossas casas com as nossas próprias mãos, caçar a nossa comida e conseguir nossas próprias vestimentas.

De qualquer maneira, lá estava eu num lago próximo a minha casa quando ouvi um farfalhar nos arbustos. Saquei minha espada e coloquei a minha máscara em formato de bode (com os chifres e tudo) e esperei. Quando eu estava quase desistindo, quatro homens apareceram. Estavam armados com cassetetes. Usavam máscaras que só tinham buracos nos olhos. Eu sabia que não tinha como vencer aquela batalha. Os quatro atacaram ao mesmo tempo e eu me foquei em dois. Então, algo mais estranho ainda ocorreu. Um garoto e uma garota saíram dos arbustos e atacaram os outros dois mascarados. Não tive tempo de me focar naquilo porque os outros já estavam bem próximos. Acertei a arma do primeiro com a parte plana da minha espada. O cassetete voou pra longe e eu espetei o mascarado na perna. O segundo atacou sem se preocupar em se defender. Bati com a parte plana da espada na cabeça dele. Ele desmaiou, o sangue escorrendo da cabeça. Virei-me pretendendo ajudar o garoto ou a garota, mas já não era necessário. Ele havia acertado o ombro de um mascarado com sua lança. Ela cortou a barriga do outro com uma adaga. Pra sorte dele, o corte parecia superficial.

Olhei pra garota. Tinha cabelo preto e olhos castanhos penetrantes. Era um pouco mais baixa do que eu. Depois olhei para o garoto. Parecia irmão dela. Seu cabelo era castanho, porém, tinha os mesmos olhos castanhos e quase a mesma altura.

_ Quem são vocês?_ Perguntei.

_Meu nome é Felipe e essa é a minha irmã, Letícia_ Disse ele_ Somos filhos de eco sobreviventes e estávamos aqui porque sabíamos que isso ia acontecer.

_Bem, obrigado_ Falei_ Mas o que acaba de acontecer? Quem são eles e por que me atacaram?

_ Eles são gente do Governo_ Disse Letícia _Eles estavam tentando te sequestrar. Estão sequestrando todos os eco sobreviventes. Dizem que em nós há o DNA que pode ser capaz de salvar a Terra. Talvez até reverter a situação do planeta.

_Estamos tentando avisar os outros. Dizemos pra ficarem atentos. Estávamos a caminho da sua casa, mas quando vimos, eles já estavam aqui_ Disse Felipe, com uma expressão de dúvida, como se não entendesse algo. _Agora, uma coisa que eu não entendo é porque estão usando cassetetes pra isso. Quer dizer, eles têm muita tecnologia. Porque atacar com uma arma medieval?

Pensei um pouco. Realmente não fazia sentido. Mas outra pergunta flutuava na minha mente. Por que eles simplesmente não pediam que alguns eco sobreviventes aparecessem por lá? Eu tinha certeza de que vários iriam. A maioria de nós é generosa e gostamos de ajudar.

_Talvez..._ Disse Letícia, quebrando o silêncio. _Talvez eles apenas queiram atordoar as vítimas para obriga-las a ir com eles. Por isso que eles atacam em número maior.

Assenti e Felipe fez o mesmo. Foi então que percebi que ainda estava com a máscara. Tirei-a rapidamente.

_Ah, obrigado!_ Disse ele._ É estranho falar com alguém que está mascarado. Além disso, essa máscara me dá arrepios.

Letícia riu um pouco. Depois se agachou perto de um dos desmaiados e disse:

_O que fazemos com eles?

Pensei um pouco. Então uma ideia me ocorreu.

_ Acho que sei o que fazer. Me acompanhem até minha casa. E me ajudem a carregar esses caras.

Chegando lá, preparei o meu cavalo e pedi para o Felipe pegar a carroça. Contei o que eu ia fazer enquanto eles comiam um pão que ofereci, já que eles ainda não haviam tomado o café da manhã.

_Tem certeza de que o cavalo aguenta?_ Perguntou Letícia.

Assenti. Eu havia treinado esse cavalo desde os meus 12 anos. Vi ele fazer coisas que eu achava inacreditável para um cavalo. Coloquei os quatro caras dentro da carroça e dei uma última fruta para ele. Dei um tapinha nele, e o cavalo arrancou, levantando poeira. A ideia que se desenvolvia em minha cabeça desde que o ataque terminou agora estava completa. Olhei para os dois e falei:

_Eu tive uma ideia. E espero contar com o apoio de vocês.

Felipe e Letícia se entreolharam. Depois olharam pra mim com expectativa e Felipe disse:

_Qual ideia?

Suspirei.

_Eu quero ir para lá_ Falei. _Quero ir para o Governo. Quero ajudar eles.


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