Íria: o desafio de Aurora escrita por M Nathalia


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus leitores lindos! Como estão? (além de querer me matar pela demora, hahaha)

Me perdoem mais uma vez. Irei me comprometer de postar uma vez na semana, ok? Antes disso não estou conseguindo, estou em um período meio complicado na minha vida pessoal e estou com muitas coisas para focar e dar atenção. Porém, é claro que não irei deixar minha linda história e meus lindos leitores de lado *-*
Aliás, obrigada a todos vocês pela paciência e pelo carinho, ok? Vocês realmente são demais.

Pedido de desculpas feito, vamos ao capítulo!!



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Capítulo Nove

Bernardo olhava para a garota de modo abismado, aquilo o tinha tirado do eixo. Não estava mais crendo no quanto ela estava sendo atrevida e teimosa. Lembrava-se um pouco de sua mãe, Annabeth, mas ela ultrapassava todos os limites, sua mãe não seria tão irracional dessa maneira. Os pais de Aurora sempre foram vistos como muito importantes, talentosos e poderosos. Por isso que, às vezes, eram um pouco difíceis de controlar. Mas, o que ele estava dizendo? Ele, si próprio, também tinha essa essência em seu ser. Saiu de seus devaneios e, novamente, seu olhar ficou cheio de raiva:

– Aurora, por favor, seja racional! – Bernardo disse segurando-se para não elevar a voz. Alguma coisa naquele lugar não estava certa.

– Em toda minha vida fui controlada por pessoas, Bernardo. Agora já tenho idade suficiente para ter condições de tomar minhas próprias decisões. Você quer que eu vá junto com você, eu quero saber o que você sabe. – e, então, ela sentou-se no chão. Simples assim.

– O que raios você está fazendo? – ele disse dando ênfase na urgência da situação.

– Quero ver uma coisa. – então, ele entendeu. Aurora já estava abrindo sua mochila e, no instante seguinte, tirou o diário dali de dentro.

– Aurora! – Bernardo exclamou, elevando a voz, por fim. – Por todos os Deus, guarde isso agora!

Um segundo se passou, uma brisa e ele já estava no chão, ao lado dela. Com uma incrível rapidez, ele já havia guardado o diário e a levantado pelos braços, a puxando para trás de uma árvore. Segurando seus pulsos, a deixou encostada na árvore, olhando-a intensamente. Sentia a raiva e a adrenalina pulsando nas suas próprias veias; estava próximo do seu limite. E aquilo era perigoso.

– Agora você vai me ouvir e vai me entender muito bem. – pela primeira vez, via um toque de desespero nos olhos da garota. Sentia os músculos dos braços dela tentando se desvencilhar dele, sem sucesso, obviamente. – Você não passa de uma garota mimada, burra e, extremamente, irritante. Não tenho paciência pra essas coisas. Você não se diz tão madura e adulta? Pois não sabe nada! – ele praticamente guspia as palavras para fora da boca.

Ela estava perplexa, mas nada disse. Então, ele continuou:

– De agora em diante, você vai me ouvir, vai me obedecer. Entendeu? – ele apertou mais forte seus pulsos e ela assentiu com a cabeça brevemente. – Ótimo. Então, preste bem atenção. Aquele diário não pode ser perdido, não podemos abri-lo e lê-lo em qualquer lugar. Já foi perigoso entregá-lo a você em Londres, mas não tive escolha. Aqui, impossível. Você só vai voltar a pensar nisso em Althea. Estamos entendidos?

O tom de voz dele era aterrorizante. Seus olhos eram intensos e estavam implorando para hipnotizá-la. Podia sentir sua pupila dilatando-se, seus olhos tomando cor avermelhada onde antes era branco. Seu corpo pedia por um encantamento. Seu corpo necessitava. Há muito não perdia a consciência assim. Como bem conhecia Faith e Akira, com certeza levaria uma bronca posteriormente. Mas estava valendo a pena. Não suportava não estar no controle da situação, principalmente quando a missão era dele. Não iria deixar uma garotinha insolente arruinar tudo. Antes que ela pudesse responder, ouviu algo se movimentar próximo dali.

Fez sinal para que ela se calasse, finalmente soltando seus pulsos, o qual percebeu, pela sua visão periférica, que ela esfregava devagar, provavelmente sentindo dor na região onde antes estavam presos seus dedos. Ele concentrou-se no barulho e, definitivamente, ouviu cascos de cavalo se aproximando. Sem ter muita opção, prensou seu corpo no dela, mentalmente conjurando um feitiço de proteção entre eles. Movimentou seus lábios em um mudo: “não faça barulho”.

****

Aurora não entendia o que estava acontecendo. Tinha consciência de que ele provavelmente havia escutado algo, mas ela não sabia o que era. Nenhum som além da respiração deles passava pelo ouvido dela. As respirações. Eles estavam muito próximos. Próximos demais, pelo que ela podia constar. Mas isso não anulava o ódio que ela estava sentindo por Bernardo. Seus pulsos ainda estavam doloridos pela força que ele havia usado nela, e aquilo era inadmissível. Em meio aos pensamentos, ouviu o que pareciam ser cavalos, se aproximando. E logo vieram as vozes.

– Você ouviu os boatos? – um homem falou com sua voz grossa.

– Está chegando a hora, Roth. – outro falou, este parecia ser mais tranquilo.

– Pois não podemos perder tempo. Dimitri está ganhando força rápido demais. Como aqueles insolentes de Arlow conseguem?! Com aquela magicazinha sem vergonha...

– Acalme-se! Não podemos falar sobre isso aqui. – o homem voltou a falar, dessa vez com uma voz não tão calma. O outro, Roth, bufou.

– Vamos logo. Delilah já deve estar perdendo a cabeça.

O som dos cascos dos cavalos apressou-se e logo, nada se podia ouvir. Aurora estava sem reação; Bernardo mantinha seu corpo colado no dela, vozes diziam coisas que ela não conseguia entender, sobre pessoas que mal conhecia... Há poucos minutos estava espumando de raiva e agora... Confusão. Estava confusa e até um pouco envergonhada pelas suas atitudes. Sentiu Bernardo respirar fundo, seu peito pressionar ainda mais seu corpo com o movimento e ela engoliu em seco. Estar naquela situação não estava ajudando em nada. Mal sabia em qual pensamento focar primeiro. Antes que pudesse respirar, Bernardo se afastou. Uma parte dela, bem no fundo do seu ser, desejou que ele não tivesse feito aquilo. Outra parte, a maior dela, sentiu-se aliviada.

– Precisamos correr. O tempo está acabando. – Bernardo parecia ter esquecido a situação complicada com Aurora. No momento, ele estava completamente tenso e seus olhos procuravam por qualquer movimento entre as árvores. – Não estamos seguros aqui.

Aurora pôde perceber a verdade e a importância daquelas palavras, por isso, se mostrou a postos para fazer o que fosse necessário.

– Me diga o que fazer. – ela disse.

– Venha. Iremos por outro caminho. Ele costumava estar inativo, mas posso dar um jeito nisso. É uma emergência. – ele parecia falar sozinho, mas ela assentiu mesmo assim e prosseguiram.

Dessa vez, Aurora andava bem atrás de Bernardo. Não entendia muito bem o motivo, mas, aquela conversa que havia escutado a deixara atenta e preocupada; sentia como se soubessem que ela estava ali, que ela havia chegado, e isso não era bom. A cada barulho estranho que ouvia, já olhava ao redor, esperando ver alguém querendo matá-la. Quando estava ficando paranoica, Bernardo parou em frente à beira de um rio. Mal havia percebido onde estava até o momento. Era um lugar lindo, não podia negar. A água era de um azul lindo, a água estava extremamente limpa e transparente. Podiam-se ver alguns peixinhos nadando aqui e ali.

Mais uma vez, sem nem perceber, Aurora abriu um sorriso. Estava encantada com aquela visão; jamais tinha visto algo tão lindo. Aquele rio maravilhoso e, ao redor, as árvores mais lindas ainda. Com aquelas folhagens enormes e bem verdes. Era impossível alguém pensar no quão aquele lugar era perigoso. Percebeu o olhar de Bernardo e parou, se sentindo extremamente desconfortável e envergonhada. Aquele não era um momento para apreciar o ambiente. E, apesar de não ter visto direito, sabia que o olhar de Bernardo não era dos melhores. Voltou a pensar racionalmente e não conseguiu segurar:

– E agora? Nós vamos nos jogar aí? – ela perguntou, fazendo uma referência ao rio com a cabeça.

– É claro que não, Aurora. – Bernardo repreendeu, balançando a cabeça em negação. – Iremos entrar aí.

– Mas como...? – foi interrompida pelo Guia, novamente mostrando um gesto para que ficasse quieta.

Ficou olhando-o com expressão confusa. Se não iam se jogar ali, como é que iriam entrar? Não fazia sentido... Mas, afinal, o que fazia sentido em Íria? Nada, é claro. Em meio a este e outros pensamentos, Aurora o observava. Bernardo fechou os olhos, ergueu os braços ao redor do corpo, deixando a palma de sua mão virada para cima e iniciou uma fala bem baixinho. Aos olhos da garota comum Aurora, ele estaria rezando. Aos olhos da garota, que já não era tão comum assim, ele estava conjurando um feitiço. Cruzou os braços esperando algum efeito sem graça, ou clichê, mas surpreendeu-se. Seu queixo caiu.

A água de toda a extensão do rio estava se levantando. Levantando do chão. Começaram a formar uma parede, como se fosse uma cachoeira. No meio, estendia-se uma passagem, um túnel. Bernardo havia aberto uma porta no meio da água de um rio. O homem ao seu lado voltou a si e a fitou, arqueando a sobrancelhas, um sorriso quase saindo de seus lábios.

– Podemos ir? – ele perguntou e sua voz continua um certo tom de divertimento.

– Claro... Claro... – a voz de Aurora saiu fraca e seu olhar não saía da passagem de água. Se antes achava que tinha visto algo lindo, isso ultrapassava tudo.

Entrou na passagem encolhendo um pouco o corpo e a cabeça, imaginando que iria se molhar, mas, ali embaixo estava tudo seco, como se a água nunca tivesse tocado o chão. Era algo magnífico. Algo mágico. Ao seu redor tudo era água; as paredes, o teto. Elas caíam tão perfeitamente que parecia que havia um vidro para segurá-las. Virou-se e olhou para Bernardo. Pôde ver que, atrás dele, onde antes havia a abertura, agora só havia mais água. No momento em que eles passaram, a passagem se fechara. Aurora tornou a olhar para as águas e, como se lesse seus pensamentos, Bernardo falou:

– Pode tocar, se quiser.

– Uau... Isso é incrível, Bernardo... – Aurora murmurou enquanto tocava a parede de água. Por mais que seus olhos vissem, ela ficou ainda mais surpresa ao notar que a água era mesmo de verdade, bem gelada e refrescante.

– Isso aqui costumava ser à entrada de Althea... – Bernardo falou olhando em volta. Parecia pensativo e a garota guardou aquela frase em sua mente, para questioná-lo sobre depois.

– É lindo.

– Bom... – ele falou colocando as mãos no bolso e retornando com o olhar sério e focado de sempre. – Vamos continuar. Essa passagem irá nos ajudar muito. Logo estaremos em Althea.

E assim, continuaram a caminhada. Ali, Aurora sentia-se mais segura, mas, mesmo assim, não saía de perto de Bernardo. Estava deslumbrada com a beleza daquele lugar e não via a hora de poder conhecer todos os encantos que Íria ainda reservava.


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Notas finais do capítulo

E aí, e aí, e aí??? Me contem tudo que acharam :3