Íria: o desafio de Aurora escrita por M Nathalia


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olá, minha gente linda!! Como vocês estão? Que saudades daqui!!

Primeiramente, gostaria de pedir imensas desculpas por demorar tanto para atualizar. Tive uns problemas pessoais e um leve bloqueio na minha escrita, então, tudo contribuiu para que ficasse ainda mais difícil escrever :/ mas, aqui estou eu com um capítulo novinho em folha.

Quero agradecer a todos os meus lindos leitores por não desistirem da minha história, haha. E que os leitores novos sejam muito bem vindos!!

Boa leitura!



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Capítulo Oito

A tensão pareceu congelar o ar em questão de segundos. Bernardo estava estático, com o olhar focado em algo e impedia Aurora de continuar o caminho, com o braço em sua frente. A garota temia que, se fizesse o menor movimento, ou se respirasse um pouco mais alto, alguma coisa terrível iria atacá-los, seja como fosse. Passaram-se alguns minutos e a situação já estava deixando-a maluca de tanto nervosismo. Bernardo passara uma visão muito tenebrosa de Íria, suas terras e o que mais pudesse haver, portanto, a experiência já não estava sendo muito interessante. No momento em que ela abriu a boca, com o objetivo de obter alguma resposta, Bernardo foi mais rápido:

– Foram embora. Podemos prosseguir. – ele falou, relaxando o corpo e liberando a passagem da garota. Em seguida, retomou o passo, ao qual Aurora não acompanhou de imediato.

– Espere. O que acabou de acontecer? Quem foi embora? – Aurora perguntou, não aguentando mais guardar a curiosidade para si. Notando que ele não diminuía o passo, ela suspirou e o acompanhou.

– Pessoas que você não irá gostar de conhecer, acredite em mim.

– Por que tanto suspense?

– Você ainda não compreendeu? Garota, isso aqui não é uma brincadeira, não é o País das Maravilhas. Acorde e tente notar, de uma vez por todas, que sua realidade agora é outra. – ele disse ríspido, aumentando o ritmo dos passos e mal a olhando.

– Já estou cansada de ser tratada como um nada por você. – Aurora disse, tentando controlar a irritação crescente dentro de si.

– Não é essa minha intenção, por todos os deuses! – ele exclamou, abrindo os braços em um gesto de pura frustração. Respirou fundo para então continuar, em um tom mais calmo: – Se estiverem certos... Você é a primeira pessoa que deve saber de tudo, em detalhes. E irá ter essas informações. Só não posso fornecer mais nada no momento.

– Entendo. – ela disse, friamente.

Aurora notou, pela primeira vez, que, dentro de si, havia uma contradição entre seus sentimentos. Em alguns momentos, se maravilhava com tudo, esquecia as preocupações e tentava agir como se fosse algo comum. Em outros, porém, sentia-se um peixe fora d’água, uma irritação que não parava de crescer e frustração pelos enigmas que ouvia de Bernardo. Tudo vinha pela metade. As informações e seus sentimentos. Era perturbador. Bernardo caminhava à frente, retomando a posição anterior deles; pelo que ela podia perceber, o homem estava com os nervos à flor da pele, ou ele realmente era estressado assim a todo o momento. Algo que achou pouco provável.

A floresta continuou ficando mais densa a cada passo, em alguns momentos era necessário desviar de galhos e troncos. O silêncio era total, salvando por vezes alguma ave ou outra. Aos poucos, a respiração de Aurora ficou pesada, inevitavelmente. A garota não estava acostumada a muitos esforços físicos, muito menos naquela situação em que se encontrava. Bernardo por sua vez, parecia extremamente confortável. Caminhava a passos rápidos, porém, graciosos. Parecia saber o local exato em que teriam que desviar de qualquer obstáculo, sua postura era excepcional. Aurora, por um momento, invejou aquela segurança. Sentia-se perdida a cada passo, como se estivesse diminuindo e qualquer coisa pudesse machucá-la. Procurando em sua mente, não conseguiu se recordar de algum outro momento em sua vida que tenha a abalado dessa maneira.

Com esses pensamentos, Aurora suspirou. Afastou esse sentimento ruim para longe e decidiu repassar, de novo, todos os acontecimentos em sua mente até o instante em que foram interrompidos de sua “jornada” por alguém ou alguma coisa que Bernardo insistiu em não contar. Talvez ela devesse ser mais paciente, talvez ela devesse simplesmente aguardar as terríveis informações. Seus pensamentos eram irônicos e a garota pôde perceber que um pequeno fio bem no fundo do seu coração, bem escondido, ainda achava tudo aquilo uma grande piada. Mas como poderia, então, estar ali? E estar sem Sophia? O pensamento apertou seu coração. Lembrar-se da pequena garota fez surgir um estalo em sua mente confusa e contraditória. Esse caminho pelo qual estava percorrendo, talvez não tivesse volta. E talvez ela fosse gostar disso. Outro suspiro.

– Bernardo. – a garota chamou, já com a voz tranquila.

– Hum. – ele somente resmungou, a deixando prosseguir.

– Eu vou poder voltar para casa? – Aurora perguntou hesitante, não sabia ao certo se realmente gostaria de saber a resposta para aquela pergunta, mas, sentia que precisava fazê-la.

– Sua casa é aqui agora.

E foi essa simples resposta que fez todas as engrenagens da mente da garota funcionarem a todo vapor. Tentava desesperadamente encontrar um sentido naquela frase. Mal conhecia aquele lugar, como poderia torná-lo sua casa? Outro estalo em sua mente. A palavra “casa” fez tudo parecer ainda mais assustador e ela não conseguiu entender como ainda não havia pensado nisso. Estava indo em direção aos seus pais. À sua história. Estava em Íria, o que a levava a crer que a história que lhe foi contada era verdade. Uma sensação de pânico a tomou por inteira, fazendo suas mãos transpirarem. Ela andava como se estivesse no piloto automático, seu olhar parecia perdido. Ao contrário do que muitos iriam pensar, ela não estava exatamente feliz; estava desesperada, não que um dia iria contar isso pra alguém.

Na dúvida, ela não sabia se perguntava ou não a Bernardo a pergunta que não saía de sua mente. Os dois andavam pela floresta silenciosa e ele mal olhava para os lados. Ela pôde perceber que os passos dele mal faziam som, ao contrário dos seus que sempre estalavam em alguma folha seca ou graveto. Por fim, resolveu quebrar o silêncio permanente.

– Tenho outra pergunta. – ela pretendia acabar com o silêncio, mas percebeu que sua voz não foi muito mais alta que um sussurro.

– Se eu puder lhe responder. – ele disse a surpreendendo, já que tinha quase certeza de que iria receber novamente um resmungo como resposta.

– Ok... – ela suspirou. Ele realmente não era lá uma boa companhia. – Bem... Você disse que meus pais são daqui, assim como eu... – ela falava pausadamente, já temendo as respostas que poderia receber. – Então, eles estarão lá? Quando chegarmos?

O silêncio retornou junto com uma tensão no ar quase palpável. Bernardo, pela primeira vez naquela manhã, ou até mesmo desde que Aurora o conhecia, demonstrou alguma reação e a garota temia que não fosse uma das melhores. Ele se mostrou desconfortável, colocando as mãos nos bolsos do casaco preto, olhando para os lados hora ou outra como se procurasse algo ou alguma solução, mas nunca a olhando, claro. A cada segundo e a cada movimento dele, a ansiedade de Aurora aumentava. O que poderia significar aquilo? Por que a pergunta havia causado tanto transtorno nele? E então, ela percebeu. Provavelmente não iria receber uma boa resposta. Bernardo poderia ser um sem coração, mas não negaria uma resposta dessas.

– Bernardo... – ela o chamou, em tom de censura. Uma raiva a estava consumindo.

– Aurora, vamos esperar chegarmos ao destino. Essas informações são sigilosas. Não podemos conversar sobre isso. – ele voltou com a postura firme, mas ela já havia percebido que algo não estava certo.

– Seu mentiroso. Você mentiu e está mentindo pra mim novamente, nesse minuto. Como pode fazer isso? Ser tão frio e calculista? – sua voz estava carregada de ódio, mas, o tom era baixo, estava se controlando para não gritar.

– Chega desse assunto. Não percebe o risco que estamos correndo? – ele parou e dessa vez a olhou.

– Não! Chega você! Essa história já está me cansando. Você me deve explicações! Você me arrastou para esse lugar e eu mereço saber, Bernardo! – seu autocontrole se esvaiu e sua voz era alta dentre o silêncio da floresta. Bernardo se aproximou, nervoso, a segurando pelo braço.

– Fale baixo! Está louca?! Vai me obrigar a te acalmar? – Bernardo deixava transparecer no seu olhar o quanto estava nervoso com toda a situação. Aurora sentia a adrenalina correr por seu sangue, quase sentia pulsar sob sua própria pele. O olhar que os dois trocavam emitia mais ódio do que jamais conseguiram.

– Me solte ou eu irei gritar novamente. – ela falou dessa vez com o tom de voz bem mais baixo, e ele a soltou de forma ríspida.

– Faça uma cena dessas de novo e eu te coloco para dormir, Aurora. Ande logo, vamos continuar. – ele estava se virando para continuar, quando ouviu a voz dela novamente:

– Não.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Aurora nem é confusa, né, hahaha. Quanta tensão em um só capítulo, ai ai ai.

O próximo irei postar no final de semana, ok? Estou ansiosa para chegarmos finalmente à Íria :D
Bom, acredito que irei postar dois capítulos por semana, mas vou definir certinho no próximo.

Beijos e vejo vocês nos comentários.