O Caso do Slender Man escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 8
Onde eles estão?


Notas iniciais do capítulo

Eu, Hunter Pri Rosen, estou escrevendo atualmente o capítulo 9 desta fic, mas, porém, no entanto, todavia e doravante, não consigo parar de pensar no epílogo. Posso dar uma dica para atiçar vocês? Lá vai...

O fatídico epílogo mostrará uma grande passagem de tempo. E com o tempo, as pessoas tendem a crescer, não é mesmo?

Pronto, dica dada, agora fiquem com o capítulo que eu amei escrever e que ao mesmo tempo me deixou com nó na garganta e lágrimas nos olhos... Buááááááá



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Eram sete horas da noite e Mia estava no quarto de Isabel, sentada na cama onde a filha tinha pegado no sono, há alguns minutos.

Castiel, por sua vez, estava parado na soleira da porta e observava Mia acariciando os cabelos castanhos da menina suavemente. Algum tempo depois, ele resolveu perguntar:

— Ela dormiu?

Mia olhou na direção do anjo e colocou um dos dedos sobre a boca, indicando que era para ele fazer silêncio.

Entendendo que a filha tinha dormido, Castiel se afastou da porta. Antes de deixar o quarto também, Mia deu um beijo na testa de Isabel e a cobriu com uma manta.

Depois de fechar a porta, com cuidado para não fazer nenhum ruído, Mia olhou para Castiel, que a aguardava no corredor, e respondeu:

— A Isabel não costuma dormir cedo assim, mas ela estava exausta. Deve ser porque ela não dormiu muito bem esta noite, sabe? Porque... Bem, você sabe, alguém resolveu contar certas coisas para a coitadinha. Coisas que a deixaram impressionada.

Sem se intimidar com a indireta, Castiel olhou profundamente para a caçadora e rebateu:

— Quem você quer enganar, Mia?

— Como é? — indagou ela, sem entender e cruzando os braços contra o peito.

— Você não está mais com raiva de mim. Pare de agir como se estivesse. — disse o anjo com segurança.

Após um instante em silêncio, e achando um tremendo desaforo o que tinha ouvido, Mia argumentou firmemente:

— Olha, eu entendi porque você contou a verdade para a Isabel, mas isso não significa que eu não quero mais te matar por causa disso. Então não abusa porque eu ainda estou processando o que você fez, ok?

— Sério? — duvidou Castiel. E depois de dar um passo à frente e tocar o rosto de Mia com uma das mãos, ele continuou: — É uma pena porque eu ainda tenho um tempo antes de voltar para o Céu. E eu pensei em aproveitar este tempo de outra forma.

Mia sentiu um estremecimento percorrer o seu corpo e o seu coração acelerar subitamente ao entender o que o anjo sugeriu. Em seguida, ela abriu a boca para argumentar, mas a fechou logo depois porque esqueceu completamente o que ia dizer. Na verdade, não tinha argumentos contra aquilo. Era uma proposta bem tentadora.

Mia estava com muita saudade de Castiel. Ele não era o mesmo anjo que ela conheceu há alguns anos. Já há algum tempo, ele tinha se tornado um líder para os outros anjos e, portanto, era muito ocupado e requisitado no Céu. Não era sempre que Castiel podia estar com ela. E não era sempre que eles tinham a sorte de Isabel dormir cedo daquele jeito. Não era sempre que eles tinham aquela oportunidade irresistível e...

— Ok. — disse Mia de repente, depois de ponderar tudo aquilo. Então ela se aproximou, passou os braços em volta do pescoço de Castiel, o encarou de um jeito sugestivo e completou: — Eu posso te matar depois mesmo, então... Por que não aproveitar os seus últimos minutos de vida, hein?

Ao terminar de dizer isso, Mia fechou os olhos e pressionou seus lábios contra os lábios de Castiel impetuosamente. No mesmo instante, ele a envolveu em seus braços e a empurrou contra a porta. O impacto causou um ruído e Mia afastou o anjo imediatamente antes de reclamar aos sussurros:

— Shiiiiii. Você vai acordá-la.

— Desculpe. — lamentou Castiel antes de trazer Mia para perto de si, segurar o seu rosto com carinho e beijá-la novamente.

A caçadora deu alguns passos a frente, conduzindo o anjo pelo corredor em direção ao seu quarto, mas parou quando um barulho de asas ecoou em sua mente e um frio reverberou no seu estômago.

Quando Mia abriu os olhos e olhou em volta percebeu que os dois já estavam no quarto.

— Exibido. — xingou ela antes de empurrar Castiel na cama.

O anjo caiu sentado e apoiou as mãos sobre o colchão enquanto observava Mia tirando a jaqueta que vestia e a jogando no chão. Ele só teve tempo de retirar o sobretudo e em seguida a caçadora já estava diante dele, com os joelhos apoiados na cama e os braços em volta do seu pescoço.

Castiel a abraçou fortemente e os dois se beijaram mais uma vez...

No entanto, ao ouvir um chamado em sua mente, o anjo abriu os olhos imediatamente, segurou nos pulsos da caçadora e a afastou um pouco.

Mia o encarou confusa, sem entender o motivo da interrupção. Ela ficou observando o olhar distante de Castiel, esperando uma explicação. Até que finalmente ele voltou a fitá-la nos olhos e explicou:

— É o Dean. Ele está chamando. — e depois de ficar distante novamente, ele completou: — O Sam também.

Mia inclinou a cabeça, abriu os braços, chamando a atenção para o próprio corpo, e questionou indignada:

— Você vai me trocar por aqueles dois?

Castiel franziu o cenho e expôs:

— Não se trata disso, Mia. Eles parecem preocupados. Deve ter acontecido alguma coisa.

A caçadora ficou em silêncio, assimilando o que tinha ouvido. E, convencida de que o anjo podia ter razão, ela se afastou, saiu da cama, cruzou os braços e assentiu sem olhar para ele:

— Tudo bem. Neste caso, é melhor você ir então.

Castiel levantou e parou diante de Mia antes de lamentar:

— Me desculpe.

Mia voltou a olhar para ele e aos poucos esboçou um leve sorriso. Depois disso, pegou o sobretudo sobre a cama, lhe entregou a peça e afirmou:

— Está tudo bem. Mesmo. Pode ir. Nós podemos continuar isso... Em outro momento.

Castiel a observou por alguns instantes, querendo se certificar de que ela não estava magoada. Convencido disso, ele vestiu o sobretudo, deu um beijo de despedida em Mia e, enquanto segurava o seu rosto com carinho, declarou:

— Eu te amo.

Mia suspirou, sorriu levemente e, enquanto mantinha o olhar fixo no olhar dele, retribuiu:

— Eu também te amo, anjo. Agora vai.

Castiel assentiu com um meneio de cabeça, soltou o rosto de Mia e em um piscar de olhos, ele não estava mais lá.

XXX

Castiel apareceu na varanda da casa do Bobby e Sam e Dean viraram-se em sua direção assim que ouviram o barulho das asas do anjo. E então ele pode confirmar, apenas pelas expressões aflitas dos caçadores, que tinha mesmo acontecido alguma coisa.

XXX

O barulho das asas do anjo ainda ecoava na mente de Mia quando ela vestiu a jaqueta, passou as mãos pelos cabelos para arrumá-los e deixou o quarto.

Enquanto seguia pelo corredor em direção à escada, planejando ir até a cozinha e fazer um pouco de café, Mia ouviu um gemido da filha e parou perto da porta do quarto da menina para escutar melhor. Ao ouví-la dizendo “não” de forma sofrida, Mia abriu a porta rapidamente e adentrou o recinto.

Ela encontrou Isabel na cama, ainda dormindo, mas certamente atormentada por algum pesadelo, já que ela se mexia constantemente e continuava repetindo aquela palavra, entre outros sons indecifráveis e lamúrias.

Preocupada, Mia caminhou apressadamente até a cama, sentou ao lado da garotinha e colocou as mãos em seus ombros antes de tentar acordá-la:

— Filha? Isabel, está tudo bem. Acorde. Filha?

— Não... — gemeu a menina enquanto movia a cabeça de um lado para o outro repetidas vezes. —Rachel... Henry... Não... Cuidado...

— Isabel! — chamou Mia novamente, desta vez com mais firmeza enquanto sacudia um pouco os ombros da menina.

Por fim, Isabel despertou e ao reconhecer a figura da mãe, sentou rapidamente na cama e a abraçou enquanto lágrimas de desespero escorriam pelo seu rosto.

— Mamãe... — balbuciou ela aos soluços.

— Ei... Está tudo bem, meu amor. Foi só um sonho ruim. — disse Mia tentando tranquilizá-la enquanto correspondia ao abraço.

— Não... — discordou Isabel. — Foi real. Eu o vi. Ele estava atrás da Rachel e do Henry. Entre as árvores... Ele pegou os dois, mamãe. Ele levou os dois embora...

Aflita por ver a filha tão impressionada com aquele pesadelo, e no fundo intrigada já que não era a primeira vez que a menina tinha pesadelos com Henry e Rachel em perigo, a caçadora questionou:

— Ele quem?

Tomada pelo medo, Isabel hesitou antes de conseguir responder com a voz trêmula:

— O homem sem rosto.

Em seguida, ela enterrou a cabeça no ombro da mãe, fechou os olhos e se entregou de vez ao pranto.

Mia a abraçou com mais força. Não sabia como agir ou o que dizer para tranquilizar a criança. No fundo, a caçadora tinha ficado intrigada com o que tinha ouvido. Era a segunda vez que Isabel tinha aquele tipo de pesadelo. Não podia ser simplesmente porque Castiel tinha lhe contado sobre a existência de certas coisas. Devia ter algum significado.

De repente, Mia se lembrou de que Castiel tinha ouvido Sam e Dean chamando, minutos antes. E que os dois pareciam aflitos.

Preocupada com Henry e Rachel, e ao mesmo tempo atordoada com a possibilidade de que Isabel estivesse desenvolvendo algum tipo de poder, Mia abraçou a menina com mais força e passou as mãos por seus cabelos e rosto numa tentativa irracional de protegê-la do mesmo destino que o seu: ter premonições.

— Está tudo bem, querida. Vai ficar tudo bem. Não fique assim... Por favor, não chore. — pediu Mia sofrendo ao ver a filha daquele jeito.

Então a caçadora decidiu que ficaria assim, abraçada a Isabel, até a menina se acalmar um pouco. Até ela mesma se acalmar também. E só depois faria perguntas sobre aquele pesadelo e tentaria entender o que estava acontecendo.

XXX

— Vocês me chamaram. — começou Castiel fitando Sam e Dean na varanda da casa de Bobby. — O que houve?

Preocupado com o filho e com a sobrinha, Dean deu alguns passos na direção do anjo e tentou explicar:

— As crianças... Tem alguma coisa atrás delas. Um monstro conhecido como Slender Man... Nós tentamos falar com o Bobby, com a Jody, avisá-los, mas eles não atendem. Eu e o Sammy estávamos investigando um caso e... Descobrimos que a mesma coisa que levou algumas crianças, está atrás dos nossos filhos também, então... Droga! O Bobby não atende a porcaria do celular! O carro dele não está aqui, as portas da casa estão trancadas, então ele deve ter saído e... Eu não sei o que fazer... Porque as crianças...

— Dean, se acalme. — pediu Castiel um tanto zonzo com tantas informações.

Enquanto o irmão passava as mãos pela cabeça, num gesto repetitivo e que indicava o seu alto grau de nervosismo e preocupação, Sam interveio:

— Olha, nós estamos preocupados com a Rachel e o Henry e só queremos saber para onde o Bobby os levou e se eles estão bem. Você consegue nos ajudar com isso?

— Claro. — assegurou Castiel, sensibilizado diante do estado de nervos em que Sam e Dean se encontravam. Mas em seguida, ele ficou calado e um tanto distante, como se estivesse ouvindo alguma coisa em sua mente. Depois de alguns segundos assim, ele voltou a olhar para os caçadores e relatou: — Parece que vai ser mais fácil do que vocês imaginam. O Bobby está me chamando.

Sam e Dean não sabiam se ficavam aliviados por finalmente Bobby ter dado algum sinal de vida, ou se ficavam ainda mais preocupados já que se o caçador estava chamando por Castiel, certamente alguma coisa tinha acontecido.

Tentando se manter calmo e o mais otimista possível, Dean pediu:

— Ótimo, então nos leve até ele.

Sam deu alguns passos a frente e parou diante do anjo e ao lado do irmão. Então Castiel olhou para eles por alguns instantes, assentiu com um meneio de cabeça e em seguida colocou as mãos nos ombros dos dois.

Logo a varanda estava vazia e o barulho de asas se extinguiu tão rápido quanto surgiu.

XXX

As poucas pessoas que ainda se encontravam no parque estavam distraídas ou longe do bosque que havia no lugar e, por isso, não notaram quando Castiel apareceu com Sam e Dean diante de Bobby e Jody, numa clareira entre as árvores. Havia escurecido ainda mais e a temperatura estava caindo a cada minuto.

O caçador e a xerife estavam ainda mais tensos do que os Winchester e, se os irmãos ainda tinham alguma dúvida de que tinha acontecido alguma coisa com as crianças, naquele momento esta dúvida virou certeza.

Depois de se recompor da “viagem” até ali, Dean fitou Bobby e balbuciou:

— Não...

Com uma expressão que revelava a culpa que sentia, Bobby lamentou:

— Eu sinto muito.

Sam levou as mãos à cabeça e bagunçou os cabelos ao passar, nervosamente, os dedos entre os fios. Dean estava completamente paralisado, ainda assimilando as palavras que ouviu de Bobby.

— Não foi sua culpa. — afirmou Jody colocando a mão no ombro do marido.

— O que aconteceu? — indagou Castiel por fim.

— As crianças... Elas sumiram. — revelou Jody já que Bobby não conseguiu responder. — Ele não teve culpa. — reforçou ela se referindo ao marido. — Em um segundo as crianças estavam brincando perto dessas árvores e no segundo seguinte... Elas desapareceram.

— Eu me distraí. — admitiu Bobby se sentindo péssimo pelos netos terem sumido bem diante do seu nariz.

Nós nos distraímos. — corrigiu Jody assumindo parte da culpa também. E voltando a olhar para Sam e Dean, ela explicou: — Este bosque é relativamente grande, os dois devem ter se perdido enquanto brincavam. Nós avisamos os funcionários do parque e eles já estão procurando pelas crianças. — e fitando Castiel, acrescentou: — Mas eles não estão conseguindo encontrá-los, então nós pensamos que talvez você pudesse ajudar com esta parte.

— Ótima ideia. — aprovou Sam sentindo uma injeção de ânimo ao se dar conta de que Castiel, com os seus poderes de anjo, poderia resolver toda aquela situação em um piscar de olhos. Ou melhor, em um bater de asas.

Dean também se acalmou ao ouvir aquilo, se aproximou do anjo e questionou:

— Você pode fazer isso, não é? Se as crianças ainda estiverem aqui, você pode encontrá-las, certo?

— Sim. — confirmou Castiel enquanto Bobby e Jody se entreolhavam confusos.

— Como assim “se as crianças ainda estiverem aqui”? — perguntou a xerife.

Sam e Dean trocaram um olhar significativo e o mais velho resolveu explicar:

— Tem um... Monstro atrás dos dois. O Slender Man. O Garth nos falou sobre o caso, eu e o Sammy fomos conversar com os pais da última criança que desapareceu e... Descobrimos que ela esteve no mesmo lugar que o Henry e a Rachel, há uma semana. Foi lá que o Slender Man os viu pela primeira vez. É assim que ele age. Primeiro ele vê a vítima à distância, depois a faz ter pesadelos e fica na espreita por alguns dias até... Ter a oportunidade ideal para levar a criança.

— Oportunidade ideal? — repetiu Bobby, querendo entender o que aquilo significava exatamente.

Desta vez, foi Sam quem explicou:

— Emily Carter, a última criança que desapareceu, estava em um parque como este quando foi vista pela última vez. O Slender Man se esconde em lugares assim. Com bastante árvores, como parques, bosques, florestas. Ele tem preferência por esses lugares porque é mais fácil de se camuflar entre a vegetação e tem preferência por crianças porque... Elas tendem a ser mais... Indefesas.

Houve um longo momento de silêncio durante o qual Bobby e Jody assimilaram o que Sam tinha relatado com dificuldade. A simples ideia de que aquele monstro machucava crianças e podia estar com a sua filha e com o seu sobrinho deixava Sam enojado e ainda mais aflito. Ele precisava fazer alguma coisa, mas naquele momento a melhor chance era contar com a ajuda de Castiel. Pensando nisso, ele voltou-se para o anjo e recomeçou:

— Cas...

Sam não precisou dizer mais nada porque no mesmo instante o bater de asas foi ouvido e Castiel desapareceu. Todos ainda se entreolhavam um pouco sobressaltados quando, segundos depois, o anjo voltou a aparecer diante deles. O seu semblante não era muito animador, mas mesmo assim Dean perguntou:

— Você já procurou em tudo?

Castiel moveu a cabeça afirmativamente e Sam indagou:

— E?

O anjo olhou para ele, depois para Dean, em seguida para Bobby e Jody, esperando que eles entendessem qual era a resposta sem que ele tivesse que explicar. Mas como os quatro continuaram olhando para ele, aflitos e com olhares questionadores, Castiel franziu o cenho, fez um esforço e respondeu com pesar:

— Eu sinto muito, mas as crianças não estão mais aqui.

Passado o choque inicial diante daquela sentença, Sam indagou:

— Você tem certeza?

— Sim. — assegurou o anjo.

— Procure de novo. — pediu Dean inconformado com aquela resposta. — Por favor. — insistiu ao perceber que Castiel ia se pronunciar, provavelmente para dizer que não adiantaria fazer aquilo novamente.

Então o anjo assentiu e mais uma vez desapareceu diante deles. Voltou segundos depois e revelou:

— Eu encontrei uma coisa.

— O quê? — perguntou Dean dando alguns passos na direção dele.

Castiel mostrou a boneca que segurava e, ao reconhecê-la, Sam se aproximou também. Sentindo como se o chão tivesse desaparecido embaixo dos seus pés, ele pegou a boneca e ficou olhando para ela, sem piscar, por um tempo indeterminado.

Jody, Bobby e Dean também reconheceram o brinquedo e ficaram ainda mais aflitos diante do que aquilo significava. Então o Winchester mais velho colocou a mão no ombro do irmão e afirmou:

— Nós vamos encontrá-los, Sammy. Eu prometo.

O caçula não esboçou nenhuma reação. Só conseguia pensar em como Rachel gostava daquela boneca. E sofreu ao imaginar o que teria acontecido para que ela deixasse o seu brinquedo favorito, e praticamente inseparável, para trás.

Uma mistura de dor e raiva crescia no peito de Sam e formava um nó em sua garganta. Ao imaginar como Claire reagiria quando soubesse que a filha deles tinha sido levada pelo Slender Man, ele se sentiu extremamente culpado. Devia ter ficado atento aos sinais. Rachel vinha reclamando de pesadelos há dias e ele simplesmente não achou estranho? Henry também tinha tido os mesmos pesadelos, mas ninguém percebeu que aquilo podia significar alguma coisa? Justo eles? Caçadores?

O bunker sempre deu a impressão de que as crianças estavam a salvo. Ensinar para elas o ritual de exorcismo em latim dava a impressão de que elas estavam a salvo também. Espalhar inúmeros símbolos, contra incontáveis criaturas, pela escola onde os dois estudavam, parecia suficiente. Mas não era. Eles acharam que Rachel e Henry estavam protegidos, seguros, preparados, mas... Eles falharam. E este era o resultado. Os dois tinham desaparecido. Sido levados pela única criatura com a qual nenhum deles se preocupou até aquele momento. E ao pensar no preço que aquilo teria, Sam engoliu o nó em sua garganta e mordeu os lábios com força.

Igualmente desesperado e se sentindo culpado também por não ter protegido Henry o suficiente, Dean olhou para Castiel e implorou:

— Procure de novo.

— Dean... — começou a dizer o anjo, dando sinais de que discordaria.

— Droga, Cas! Procure de novo! — exaltou-se o Winchester mais velho.

— Não vai adiantar... Os dois não estão mais aqui, Dean. Eu sinto muito. Ele os levou. — expôs Castiel sofrendo por ter que dizer aquelas coisas.

— Você chegou a ver alguma coisa? Um rastro deste desgraçado que levou os meus netos? Qualquer coisa? — indagou Bobby.

Sam pareceu acordar da espécie de transe em que se encontrava e voltou a se aproximar do círculo que havia se formado. Castiel olhou para todos eles antes de responder:

— Eu não vi, mas eu senti que algo maligno esteve mesmo neste bosque. Maligno e... Poderoso. Aliás, eu nunca senti uma energia assim antes. Tão negativa.

— Você consegue rastrear esta coisa? — perguntou Sam, torcendo por uma resposta positiva.

— Eu tentei, mas... — de repente Castiel parou de falar. Só depois de pensar melhor nas palavras, ele continuou: — A energia simplesmente desapareceu depois de um certo ponto. Como se o Slender Man tivesse ido para outro lugar de repente.

— Outro lugar? — repetiu Dean sem entender. — Você quer dizer, outro bosque? Talvez outro parque perto daqui? Uma floresta? Uma galeria subterrânea onde talvez ele mantenha as vítimas? Droga, Cas... Seja mais específico, cara!

— Uma realidade paralela. — revelou o anjo por fim, fazendo todos se entreolharem surpresos e depois voltarem a olhar para ele. — Uma outra dimensão. — completou logo depois. — A minha aposta é de que esta criatura não seja... Deste mundo. Infelizmente, eu não sei onde fica e nem como entrar nesta outra dimensão. É impossível rastrear este lugar. Eu nem sei se ele existe mesmo ou se é algum tipo de... Ilusão. Mas se existe, deve ser um lugar a prova de anjos.

Sam pensou um pouco e disse mais calmo:

— Faz sentido. O Slender Man aparece a cada oito anos, e depois que ele leva as suas vítimas, elas nunca mais são vistas, seus corpos... Nunca foram encontrados. É como se elas simplesmente... Desaparecessem da face da Terra.

— Não importa se faz sentido ou não, só o que eu sei é que eu não vou embora daqui sem o Henry. — disse Dean entredentes, voltando a ficar nervoso com toda aquela situação.

Bobby soltou um longo suspiro, colocou a mão no ombro dele e lamentou:

— Infelizmente, nós não temos escolha.

— O que você está sugerindo exatamente?! — esbravejou Dean se afastando um pouco e começando a andar de um lado para o outro em seguida. — Meu filho e minha sobrinha estão perdidos por aí e tudo o que você tem a dizer é...

— Eles não estão perdidos. — interrompeu Bobby e quando Dean parou de andar e o olhou de volta, ele continuou: — Eles foram levados. Pelo vilão da história, infelizmente. Mas este é só mais um vilão. Vocês... Nós já enfrentamos muitos deles. E vamos enfrentar mais este.

Dean pareceu se acalmar um pouco ao ouvir aquilo, mas não pôde deixar de perguntar:

— E como nós vamos fazer isso?

Bobby refletiu um pouco e em seguida sugeriu:

— Esfriando a cabeça e encarando este caso como qualquer outro.

— Este não é um caso como qualquer outro. É do meu filho e da minha sobrinha que nós estamos falando. — protestou Dean.

— E da garotinha que também foi levada pelo Slender Man. — lembrou Bobby. — Emily Carter, certo? — Sam e Dean assentiram com meneios de cabeça e então ele prosseguiu: — Encontrando esta menina, nós vamos encontrar a Rachel e o Henry também.

Sam ia dizer que nenhuma criança, que foi levada pelo Slender Man ao longo dos anos e em outros lugares, foi encontrada. Mas a ideia de que ele ia viver o mesmo pesadelo que tantos pais já tinham vivido e que nunca mais veria Rachel, o manteve calado. Ele não podia se conformar com aquilo. Tinha que ser forte, manter a esperança e mudar aquela dura realidade. Desta vez, ia ser diferente. Desta vez, as crianças voltariam para casa e o Slender Man seria derrotado.

Pensando do mesmo jeito que o irmão, Dean fitou Castiel e, querendo se certificar de que Henry e Rachel não estavam apenas perdidos naquele bosque cada vez mais frio e escuro, ele perguntou:

— Você tem certeza que eles não estão mais aqui?

— Absoluta. — assegurou o anjo.

Dean olhou para o chão enquanto pensava um pouco e ainda relutava em deixar aquele lugar sem o seu filho e sua sobrinha. Mas no final das contas, ele sabia que Bobby estava completamente certo. Eles não podiam perder a calma naquele momento. Se Henry e Rachel tinham sido levados por um monstro, então eles iriam fazer o possível e o impossível para trazê-los de volta. Não só eles, mas Emily Carter e qualquer outra criança que o Slender Man tivesse levado e que ainda estivesse viva.

Mas ao mesmo tempo, era difícil imaginar como eles fariam isso, se nem sabiam por onde começarem a procurar ou como matar aquela criatura que tinha levado as crianças.

Sem perceber Dean murmurou para si mesmo:

— Onde eles estão...?

Nenhuma resposta foi ouvida naquele momento. Porque não havia resposta. Também não havia mais o que se dizer. Todos estavam esgotados e aflitos.

E então o único som ouvido era o do vento balançando as copas das árvores sobre todos eles...


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Notas finais do capítulo

OMG OMG OMG Onde eles estão?????

Perceberam que o título do capítulo tem a interrogação no final, né? O próximo capítulo terá o título igualzinho só que sem a interrogação (pessoa criativa, né? Sqn).

Ou seja... Descobriremos como é o lugar misterioso para onde o Slender levou as mini pessoas e... TCHAN TCHAN TCHAN TCHAAAAAAAAAAAAAN veremos as mini pessoas por lá. (não me diga...)

Well, por enquanto fico por aqui, sempre desejando saúde, sucesso e que o Slender puxe o pé de vocês na calada da noite preta. Oi?

Reviews?

Até sábado que vem!



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