Your Hunger Games II - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 12
Willa Ula Ambika


Notas iniciais do capítulo

:3 Boa leitura.



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Willa Ula Ambika

"Como nesta farsa de vida é ridículo o papel dos homens mais inteligentes!" - Camilo C. Branco

Arctic Monkeys - Do I Wanna Know

O clarão passou por ela, enquanto se esgueirava para baixo da caminhonete. Não podiam encontrá-la ali, no meio da noite, enquanto surrupiava algumas maçãs. Rolou, sentindo a areia grudando-se nos braços. O cheiro forte da maresia ainda era intenso em seu nariz e podia ouvir as ondas agitadas do mar. A Lua estava alta, anunciando um novo começo. Era a Lua Sangrenta, nascendo por trás da capela. Willa puxou o braço de Sebastian, enquanto o menino se arrastava para junto dela. Seu irmão insistiu em vir junto, embora fosse perigoso. Os Pacificadores não perdoariam.

Cay sorriu, chamando-os. Cay era seu décimo oitavo namorado, um dos filhos dos Vitoriosos que ela adorava namorar. Eram sempre bonitos e fortes, seus pais os ensinavam a lutar e eles transmitiam tudo o que sabiam para ela. Além disso, era a princesa da Academia e realmente amava todos os mimos. Cay a convidara para ir até um armazém para roubar algumas coisas. Embora fossem filhos de Vitoriosos e não precisassem roubar, era muito empolgante manter este ritmo.

O desafio sempre a excitava.

As lanternas dos Pacificadores eram como lâminas, e eles se esquivavam delas. Willa agarrou a mão de Sebatian e o puxou para trás de uma das caixas de mariscos amontoadas atrás da mercearia. Sorriram um para o outro. Sebastian sempre admirou sua irmã, ela era forte e confiante de si. Sempre estava envolvida em aventuras e se divertia, Sebastian queria ir para todos os lugares com ela.

Cay moveu a mão, convidando-os a sair do esconderijo. A Aldeia dos Vitoriosos ainda estava longe.

º º º

Estalou os dedos das mãos, enquanto se aquecia para o treino. Harpa ergueu os olhos para ela, observando seus olhos. A Ilha da Vitória era a casa de todos os Vitoriosos, um lugar desconectado de Panem, onde a Academia estava. Apenas os filhos dos Vitoriosos podiam treinar e alguns outros vindos de famílias influentes. Willa era a mais bonita da Academia, ou melhor, do Distrito. Harpa, por outro lado, sentada em sua cadeira de rodas, exalava doença. Ela foi para os Jogos aos quatorze anos, nascida paraplégica, não tinha chances nenhuma. Seu companheiro aceitou bancar a babá e a levou para cima e para baixo de seu vulcão. No final, Harpa montou uma armadilha com placas de ferro que ganhava de seus Patrocinadores e prendeu todos os corredores do vulcão, inclusive a si mesma. Quando a erupção começou, todos os tributos ficaram presos por causa das barras que bloqueavam os caminhos, mas Harpa permaneceu num abrigo seguro, com duas placas protegendo-a. Ela foi esperta.

– Sua mãe perguntou de você – Harpa disse, com certa arrogância. Podia ser astuta, mas era orgulhosa e autoconfiante demais. Não que isso fosse diferente com Willa.

– Não se preocupe com isso – a garota respondeu, alongando os braços. Cay e outros rapazes a observavam pelo canto do olho e Willa adorava. Harpa sempre notava, mas apenas resmungava em tom de asco. Ela nunca foi uma mentora muito animada. Harpa venceu a 58ª Edição dos Jogos, e tinha apenas dezesseis, mais nova que Willa, e mesmo assim já Vitoriosa.

Willa jogou os cabelos por cima dos ombros, enquanto ia até o treino de arco e flecha. Pegou um arco e o colocou sobre o ombro, depois escolheu a flecha dourada entre todas as outras. Esta era muito mais bonita. Colocou-a na corda do arco e mirou no alvo. Soltou a corda, enquanto a flecha voava até o destino. Um pouco para o lado, acertando o ombro do boneco. Soltou um resmungo, caminhando até lá para tirar a flecha.

Arrancou-a do alvo e caminhou novamente para o limite. Cay chegou ao seu lado, posicionando a flecha na corda e encostando-a na bochecha. Em seguida soltou a flecha e ela fincou no meio do alvo, com precisão e força, levantando um pó. Olhou-a e sorriu, como quem diz “Aprenda, docinho”.

Willa odiava quando faziam aquilo com ela. Podia não ser a melhor do Distrito com arcos, nem com combates corpo a corpo, ou mesmo com arpões, mas ela era bonita. Deixou Cay se exibindo no arco e flecha e caminhou até os arpões e tridentes, onde Septo e Ullyas treinavam. Eles a observaram se aproximar e agarrar um dos tridentes menores, levantou o braço e se preparou. Correu e lançou a arma, fazendo-a se desviar para a direita e cair no chão. Não tinha força suficiente para completar o movimento. Septo sorriu e balançou seu tridente entre os dedos, com um movimento rápido e firme, lançou o tridente até o alvo, e ele se fincou com a mesma rapidez. Virou para encarar Willa, com outro sorriso arrogante. Ela apenas piscou. Ullyas, é claro, não queria ficar para trás, e mirou seu arpão, saltando-o até o alvo, e ele fincou com facilidade. Willa também sorriu para ele, deixando os tridentes e arpões para aqueles caras.

– Ei, docinho. – chamou Kend, rodando a lança na mão. – Venha cá.

Ergueu uma sobrancelha, indo. Willa o namorou alguns meses antes de Cay, e Kend ainda era inegavelmente apaixonado por ela. Sempre que a via com outros rapazes, a chamava. Kend sorriu, entregando um par de adagas a ela e levantou a lança. Erguendo uma sobrancelha, imitando-a, Kend se jogou contra Willa.

Gostava de quando a subestimavam. Desviou facilmente de Kend, deixando-o passar ao lado de seu corpo e chutando-o nas costas. Ele caiu de barriga no chão e aproveitando-se disso, subiu sobre ele, colocando as adagas em seu pescoço e nuca. Um centímetro e ele morria. Deixou-o quando Kend bateu três vezes no chão. Olhou-o com arrogância.

– A princesinha esconde segredos. – ouviu Cay sussurrando ao pé de seu ouvido.

Virou-se, agarrando-o pela camisa e beijando os lábios finos de Cay. Ele era gostoso, beijava bem, embora não tivesse os mesmos lábios macios de Kend ou as mãos calorosas de Ullyas. Nem mesmo a bundinha adorável de Septo. Sentiu Cay envolvê-la e deixou que explorasse seu corpo. Ah, como adorava ser adorada.

Soltou Cay, passando a mão por seu rosto, tocando a rala barba que ali crescia. Kend resolveu ignorar, embora Willa soubesse que ele se mordia. Era tão bom ter todos os meninos da Academia doidos por ela!

Deixou um suspiro rolar pelos lábios e sorriu para seus garotos.

º º º

A luz fraca que entrava pela janela iluminava todo o quarto, embora fosse tão pequena. O quarto em si era muito apertado, com apenas uma caba e um baú onde guardava suas roupas mais bonitas. O resto deixava com sua mãe, no sótão. A casa era, em si, o Centro de Treinamento, onde mamãe dava aulas particulares aos mais pobres em troca de algumas tésseras. Às vezes ela abria exceções, mas hoje não acordaria tão cedo. Era Colheita, pode dormir até mais tarde, se você conseguir. A apreensão toma conta de todos, principalmente dos filhos de Vitoriosos que conhecem todos os traumas de seus pais e sabem que são os favoritos ao sorteio meramente por serem filhos de antigos Vitoriosos. Mas Willa acordou de bom humor.

Arrumou os cabelos louros numa trança e abriu o baú para escolher seu vestido. Cay viria buscá-la não muito tarde e queria estar bonita para causar ciúmes nele. Entre todos os vestidos de sua mãe, havia um que sobressaia aos outros. Um lindo florido, com calças em estilo japonês, uma gola leve e mangas de inverno de tecido grosso. Botões enfeitavam o busto, em branco, e a saia ia até os joelhos. Colocou botas macias e de tons de marrom e vestiu um gorro escondendo as orelhas. Sorriu.

Lá fora o vento varria todo o Distrito. A Costura, como sempre, tremia entre as gôndolas, mas Aldeia dos Vitoriosos estava numa Ilha separada do resto de Panem, e o barco demoraria um pouco para chegar até eles. A Ilha tinha muitas belezas naturais, como a areia dourada da Prainha e a Gruta no lado sul, aonde quase ninguém ia. A Gruta era fechada de frente para o mar e sua água quente borbulhava dia e noite.

– Quanto mais beleza, mais tenho – repetiu a sua frase, que servia como uma filosofia de vida.

Ajeitou uma última vez os cabelos antes de ouvir o som da campainha. Desceu as escadas correndo e arrumou os sapatos, abrindo a porta para ver um sorriso aberto para ela. Cay trazia uma flor Azul-Royal e vestia uma camisa branca de botão com calça jeans azul escura. Quando a viu, abraçou-a.

– Está mais do que linda, Will. – beijou a testa da namorada e entregou-lhe a flor. Era costuma os garotos entregarem uma flor para suas mães ou namoradas no dia da Colheita, assim como depois elas lhes dariam filhos. Mas isso bem depois, e Willa sabia que o pai de seus filhos não seria Cay.

– Obrigada – cheirou a flor, logo em seguida espirrou.

– Desculpe, não sabia que era alérgica.

– Tudo bem – olhou por cima do ombro dele – os outros não estão?

– E eu os convidaria para nosso dia de casal? Claro que não.

Sorriu. Todas as Colheitas era um dos rapazes que a levava para o Dia de Casal. Já tinha ido até a Prainha com Ullyas, e passeado de gôndola com Septo e até mesmo ido à Gruta com Kend, mas não sabia ainda par aonde Cay a levaria. Quando ele pediu para que usasse roupas simples de Colheita, ela apenas formulou um lugar possível: O Porto. E foi para lá que a levou, entre as canoas e barcos. Todo Vitorioso tinha um, mas raramente usavam. Os pescadores às vezes pediam emprestado e a mãe de Willa emprestava com o maior carinho. Era uma velha derretida e boa demais.

Sorriu para Cay, enquanto ele passava o braço por seus ombros. Beijou-a nos cabelos e então respirou fundo. Por mais que fizesse aquilo para ganhar pontos com todos, gostava do tempo verdadeiro que passava com cada um. Por mais que não amasse todos, gostava de como a amavam. E sorria.

º º º

A fila estava em silêncio, e grande. Distritos Menores tinham cerca de oito mil pessoas, como o Doze e Três, porém o Quatro era um dos grandes distritos de Panem, tanto economicamente quanto em território, e por isso muito mais pessoas se espremiam atrás e dentro das fitas que limitavam a Colheita. Do lado de fora os pais aguardavam pelos minutos mais difíceis de suas vidas, e os filhos não suportavam coisa muito diferente. Quando Willa chegou a fila, cabeças se voltaram para ela, e não se envergonhou com isso. Cay, ao seu lado abraçava-a com afeto, esperando o momento em que teriam de se soltar.

Meninas e meninos eram separados em duas colunas, por meio de um corredor onde Pacificadores ficavam para manter a ordem. Os mais velhos estavam na frente, perto do palco, e os mais novos ficavam atrás. Quando coletaram seu sangue, Cay deu um adeus desajeitado, entregando um beijo em sua bochecha, e ela acenou, enquanto entregava a mão para ser espertada e o sangue coletado. Andou confiante em direção as meninas de sua idade, enquanto ainda sentia pescoços se entortando para onde quer que fosse.

No palco, três cadeiras completavam o lugar com o microfone, onde o Prefeito Stormsea discursava. Ele falava de como a Guerra foi devastadora e de como Panem se reergueu. Da revolta do povo e da separação entre Capital (os que foram a favor de Panem) e os Distritos (os que foram contra). Depois disso, chamou nossa representante e ela veio até o microfone, recebendo as palmas de todos. Se inclinou para agradecer. Nosso Distrito podia não gostar dos Jogos assim como o Dois e o Um, mas nós sabíamos reconhecer a importância dele para com nossa sobrevivência. O Distrito Quatro era um lugar onde bocas caladas significava mentes abertas. Willa ergueu o nariz para ver melhor a mulher. Ela vestia um lindo tecido que ondulava em seu corpo, formando um oceano particular. Gotas de orvalho escorriam sua pele, mas nunca acabavam. Seu cabelo estava muito bem armado em uma cachoeira torrencial e os olhos decorados com peixinhos saltitantes.

Todos amavam Grën Vondaile.

– Bons Jogos Vorazes! – ela disse, com seu sorriso sempre no rosto. – E que a sorte esteja sempre conosco – e abriu os braços, se referindo a todos. As pessoas gostavam de se sentir amadas, e Grën amava o Distrito Quatro. Sempre que se referia ao Quatro costumava usar o “nós” ao invés de “vocês”. – Bem, como todos sabem, este ano teremos os Jogos da Sorte, um ano onde dois tributos podem se tornar Vitoriosos. – todos aplaudiram. – E, é claro, em todos os Jogos da Sorte o Distrito Quatro voltou campeão, com ambos os tributos sorteados. Nós vamos mostrar a eles que quando se trata de união nós somos mais!

Gritos de viva e o nome de Grën foi entoado por alguns dos pais que assistiam. Todos sabiam que Grën não apenas amava o Distrito Quatro como também era uma das representantes mais belas na Capital, e tinha muita influência com os Idealizadores. Fora ela quem mantivera os tributos vivos, não os mentores. E o Distrito Quatro tinha uma dívida com esta moça tão gentil.

– Este ano nós sortearemos os tributos, mas com uma surpresinha que... Confesso, me parte o coração... Mas Jogos são Jogos. E não posso estragar o mistério contando a surpresa – piscou.

Quando terminou de falar, o vídeo sobre a guerra que abalara Panem começou. Ela não olhava para as imagens, como normalmente as representantes faziam, segurando o ar e ouvindo com ternura as palavras de destruição e morte, mas Grën deixou a cabeça baixa, fitando seus saltos. Quando terminou, ergueu novamente os olhos e sorriu.

– Vamos começar com nossas sereias! – e caminhou até a urna com os nomes das garotas. Entre seus dedos, dois papeizinhos ficaram presos e ela os levou até o microfone – Angelic Stephanny e Caym Zaffaer.

Piscou. Caym Zaffaer era a irmã mais nova de Cay, a linda e doce Cacá. Ela a adorava, assim como adorava todas as pessoas. Era tão gentil e inocente que não conseguia abandonar um cachorro pulguento quando a seguia até em casa. Cay se referia a ela como Ursinho, pois ela era tão rechonchuda e queimada de Sol que parecia mesmo um ursinho de um metro e quarenta e seis. Quando a viu passar, pelo corredor, Willa observou o jeito como seu vestido ficava justo demais na bacia e nos seios, que eram muito maiores para meninas de sua idade. Treze anos. Sua segunda Colheita, e era sorteada. Mais a frente Angelic, uma das meninas de dezoito anos, também se juntou ao corredor. Ruiva, com um metro e oitenta, tinha uma cintura tão fina e pernas tão magras que chegava a ser feio de ver. Angelic tinha sardas por todo o corpo e um nariz fino demais no rosto anguloso. Seu queixo sumia de tão profundo e os lábios eram apenas linhas, ressecadas e rachadas. Ela vestia uma roupa um tanto desbotada, e Willa lembrava de tê-la visto na Costura. Uma gorda e uma pobre.

Willa se sentiu nervosa. Olhou ao redor e viu a expressão de Cay, enquanto sua irmã subia as escadas. Então, notou que suas mãos suavam, e que, quando ele virou a cabeça para vê-la, havia súplica. Engoliu em seco.

– Eu me ofereço como tributo no lugar de Caym Zaffaer – gritou, já começando a correr em direção as escadas. Alguns Pacificadores a barram, enquanto Grën volta sua atenção para Willa.

– Perdoe-me, senhorita, mas as regras dizem que só se pode aceitar voluntários antes dos nomes serem anunciados.

– Mas vai deixar mesmo uma menininha de doze anos ir para os Jogos quando pode mandar a mim? Tenho quase dezoito. – devolvo. Grën sabe que é contra as regras, mas ela também sabe que prefere mandar uma garota como eu do que uma garota como Caym, que não teria chances. Então, se vira para o Prefeito, e os dois trocam sussurros.

– Está certo. Por favor, suba ao palco, senhorita.

Obedeço, tentando manter a calma. Sei que Cay estará lá para me proteger, ele pediu e eu espero que saiba que não estou aqui porque quero salvar Caym, mas porque quero me salvar. Quando chego ao pé das escadas, a menina rechonchuda me envolve na cintura e agradece com lágrimas nos olhos. Ela está vermelha e o suor escorre por seu couro cabeludo. Afasto Caym gentilmente e beijo sua bochecha redonda, tentando ignorar o suor, e avanço confiante pelas escadas. Quando chego ao lado de Angelic, encaro-a. Ela é muito mais alta que eu, mas parece estar muito mais amedrontada.

– Venha cá, querida – chama Grën, enquanto eu me ajeito diante do microfone. – Seu nome?

– Willa Ula Ambika.

– Eu reconheço este sobrenome! – ela exclama, me envolvendo com um braço – Sua mãe não seria Abigail Ula?

– Sim – digo, sentindo o rosto vermelho. Abigail foi a primeira mulher Vitoriosa que tivemos, e ela venceu um Jogos da Sorte junto com o pai de Cay.

– Que maravilha! Dêem uma salva de palmas para a senhorita Willa, voluntária da 60ª Edição Anual dos Jogos!

Ouviu seu Distrito gritando pelo nome de Willa, mas não conseguia racionar perfeitamente. Quando pararam, notou que Grën já tinha pego os nomes dos rapazes e caminhava para o microfone. Antes de abrir os papeizinhos, duas mãos se levantaram quase ao mesmo tempo. Willa sabia que uma delas era Cay, mas quem seria o outro?

– Oh-ho, mais voluntários! – Grën sorriu, pois ambos estavam na fileira dos garotos mais velhos. Ao menos não teríamos de enviar crianças. – Por favor, subam.

Cay olhou-a de cima a baixo e sorriu. Sabia que mais tarde ele a agarraria e a beijaria dos pés a cabeça, agradecendo por ter salvo Caym, mas por enquanto tinha de se apresentar para o Distrito Quatro. Grën elogiou a coragem de ambos e pediu para que os aplaudisse, e o Distrito obedeceu. Ao final das palmas, ela se afastou e deixou o microfone, descendo as escadas com calma. Todos se entreolharam, um tanto atônitos, e foi então que a gaiola surgiu aos pés de todos. Willa teve tempo de ver Grën mordendo o lábio inferior.

– Este ano só aceitaremos os melhores.

E armas no centro da gaiola começaram a tilintar. Eram um tridente, um arpão, um arco e um estojo com flechas e uma faca pequena. Quando viu Cay e o outro garoto correndo em direção as armas, entendeu. Cay foi empurrado para o lado por Josh enquanto tentava pegar o tridente, e sua mão só conseguiu agarrar a faca, antes de cair para o lado. Josh pegou o tridente e se levantou. Willa correu até o arco com a aljava, embora não fosse boa em mira, era melhor do que o arpão. Angelic ficou espantada demais para se mover, e quando armou a primeira flecha, ela apenas se encolheu no canto da jaula e esperou.

Infelizmente, para Willa, o arco era grande e pesado demais, e quando puxou a corda notou que eram mais de trinta libras. Não tinha força para tudo aquilo. Tentou colocar a flecha no apoio do arco, mas tremia, tentando manter o corpo ereto. Puxou com toda a força, se lembrando de como Kend resmungava que estava colocando pouca força. O braço se encolhia, mas esticou-o ao máximo, até sentir o músculo reclamar. Então soltou a flecha, e num piscar de olhos Angelic rolou pela grade, e a flecha assobio por entre suas pernas abertas e escapou pelos vãos da grade. Encarou-a, enquanto ela chegava até o arpão e o pegava. Pensou que a menina era covarde demais para qualquer coisa, mas talvez ela fosse uma dessas pessoas que arrancava as forças do medo. Alta e elástica, Angelic apontou o arpão para Willa, trêmula.

“Ela nunca tocou numa arma”, lembrou-se Willa, e colocou outra flecha na corda do arco. Puxou-a, ouvindo o arco reclamar. Mirou, e a flecha acertou o ombro de Angelic. Ela não parecia se importar, pois soltou o arpão assim que apertou a trava que o mantinha seguro. A corda do arpão se desenrolou rapidamente e a ponta da lâmina vinha em direção ao estômago de Willa, e ela via isso em câmera lenta, mas não conseguia realmente se mover.

Então a ponta do arpão desviou, como se tivesse tocado numa parede invisível, e Angelic deixou o braço cair para o lado com o impacto. Willa aproveitou para colocar outra flecha no arco e soltar, sem se lembrar de que tinha de mirar perfeitamente. Mas quando fez isso, seguiu seus instintos e deixou a mente arrumar tudo, e a flecha se fincou no crânio de Angelic, matando-a no mesmo instante. Virou a cabeça para ver Cay, e o viu em posição de ataque, e a faca não estava em suas mãos. Ele a havia jogado para desviar o arpão da direção de Willa, e agora Josh atingia seu estômago com o tridente, fazendo-o cair.

Willa não segurou as pernas e correu até ele antes de Cay cair, e em seus braços ele sorriu, com certa dor.

– Obrigado, pela Cacá...

– Oh, Cay... – sentiu os olhos úmidos. Seu namorado estava morto, por culpa dela. E não se sentia triste. – Cay...

– Vença, Will – ele passou a mão em seus cabelos, e então o sangue fluiu como um rio, e ele deixou o mundo.

Willa e soltou, enquanto a gaiola era abaixada. Grën enxugou os olhos e abriu um sorriso forçado, segurando as mãos de Willa e Josh.

– Os tributos da 60ª Edição de Jogos Vorazes.

WILLA


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Notas finais do capítulo

Qual das Carreiristas vocês preferem? Votem:
#TEAMHaruka
#TEAMWilla
A Carreirista com mais votos receberá uma arma especial de acordo com sua maior habilidade. Beijos e até! E lembrem-se: As alianças são feitas a partir do momento em que você conhece um tributo. Quem quiser já me avisar as alianças, por favor, fale por MP, com o nome dos tributos e os leitores responsáveis. Não se preocupem, farei uma promoção com os outros tributos também.