Suicide Chain escrita por synchro, Alice


Capítulo 3
David.


Notas iniciais do capítulo

Parcero meu, morreu rápido.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/533543/chapter/3

Eu mal dormi naquela noite. O dia seguinte seria pior, acordei cedo, comi uma panqueca com mel e me arrumei pra escola.

Não vou entrar em detalhes de minha vida pessoal, pois eu mesmo não me lembro muito do meu passado e porque esse não é meu intuito, mas tudo foi normal no colégio, saí um pouco atrasado, e é óbvio o assunto de todos era Alice.

Voltei para casa no horário exato que minha mãe terminou de fazer o almoço. Comi rapidamente e fui para meu quarto, liguei o computador e comecei a procurar sobre notícias, tanto em redes sociais, fóruns, quanto em sites de notícias.

É óbvio que não foi difícil achar muitas informações, mas a maioria eu já sabia. Decidi entrar no site. Dessa vez, além das duas opções que eu já conhecia, apareceu um relógio em contagem regressiva, faltavam três minutos para ele acabar, eu olhei para o relógio do computador, eram 12:57.

Atualizei o site as 13:00, e o pop-up de vídeos abriu automaticamente. Cinco nomes novos, David, Helvet, Heitor, Marcelo, Tracy.

Decidi por David. Não importava mais o que eu fosse sentir vendo as gravações, aquilo era minha culpa, e eu deveria enfrentar a verdade, deveria encarar as conseqüências de minhas ações.

O tão conhecido reprodutor iniciou o vídeo. Dessa vez não era um quarto, era a parte de fora de uma casa, e um garoto baixo, branco, com cabelos negros e usando um óculos de aviador começou a falar. Eu não prestei muita atenção no começo por dois motivos, o primeiro é que eu sabia que ele estaria se apresentar, o segundo é porque atrás dele estava uma piscina, e nela várias formas negras, grandes e pequenas, nadavam.

– ... E foi assim que decidi fazer isso. Minhas ações sempre acabam saindo errôneas e me entendem errado, eu não suportava mais isso. Foi quando conheci Alice, e ela me encantou, perdi a conta de quantas vezes vi seu vídeo, e agora entendo que ela está me esperando de verdade.

Eu queria entrar no computador e bater naquele garoto. Como alguém conseguia acreditar naquilo? É claro que não penso mais assim.

– Alice, vamos nos encontrar logo, me espere. E para vocês que estão vendo, eu estarei esperando, estaremos esperando. – O coro de vozes começou, Alice, David, Jeremias, e mais duas vozes que eu não conhecia, imaginei serem dos outros suicidas.

David fechou o olhos e passou alguma substância gelatinosa pelo corpo, logo depois fez três cortes no abdômen. Não foram cortes fundos, mas o suficiente para fazer sangrar.

– Atrás de mim tenho minha coleção de espécimes marinhos, entre os quais piranhas, águas-vivas e enguias.

Ele deve ter continuado a falar algo, mas o áudio só reproduzia o canto confuso de "estaremos esperando".

Ele foi andando de costa para a piscina, meu coração estava acelerado, minha cabeça doía e minhas mãos suavam agarradas na borda da mesa do computador.

Eu fechei os olhos por poucos segundos, e quando os abri novamente ele estava a um passo da borda.

Minha mãe entrou no quarto, eu pausei o vídeo e minimizei a janela.

Ela olhou bem para mim, eu lentamente voltei ao normal.

– Você está bem filho? Está mais pálido que o normal.

– Estou sim, é só o calor, eu vou abrir a janela.

– Tudo bem, eu trouxe um refrigerante e alguns petiscos pra você. – Ela apontou a bandeja com amendoins e pães de queijo.

– Mãe, eu acabei de almoçar. – Reclamei.

– Filho, faz mais de três horas que você almoçou.

Eu corri para ver o horário no computador, 16:34. Eu devo ter me perdido enquanto procurava sobre as mortes.

– Tudo bem, obrigado mãe, pode fechar a porta quando sair?

Ela se virou, deixou os ombros cair enquanto respirava fundo, e saiu após fechar a porta.

Engoli com a ajuda do refrigerante as coisas sobre a bandeja e voltei para o computador. Abri a janela do David e dei play no clipe.

Ele escorregou, eu prendi a respiração, o sangue de sua barriga inundou a água e fez todos os peixes correrem para ele. Quando conseguiu colocar a cabeça sobre a superfície, sua boca mostrava um perfeito O, e eu sabia que ele gritava, gritava mais que tudo, mas eu não podia ouvir, ninguém mais poderia ouvir os gritos dele.

Um de seus olhos estava pendurado apenas pelo nervo óptico, e o lado direito de seu rosto não tinha mais pele. Eu via seus dentes através dos músculos da face.

No topo de sua cabeça de pendurava uma piranha, ela se debatia pela falta d'água, mas não se soltava da carne.

Flashes de luz piscavam quando as enguias e águas-vivas soltavam eletricidade. Cada vez as vozes repetiam mais rápido seu mantra, e cada vez mais David perdia o ritmo de seu grito. O que antes eu achava que era muito sangue na água agora era muito pior, um vermelho escarlate refletia a luz do sol e as manchas pretas se tornavam carmesim enquanto os habitantes aquáticos eram tingidos pelo sangue do garoto.

Eu fechei meus olhos de novo, e tudo acabou. O vídeo se fechou e minha respiração ainda estava acelerada. Tentei me controlar, mas era difícil. Soltei minha cabeça no encosto da cadeira e desmaiei. Quando acordei decidi ver o próximo deles, Helvet.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam.