Pov – Percy

– Ei cara, você vai pro treino hoje? – Jason me perguntou.

– Não. – Disse fechando a porta do meu armário. – Detenção.

– Que cara de morto é essa minha gente! – Leo chegou gritando.

– Não sei não cara. – Jason falou.

– É por causa da discussão com a loira? – Droga, Leo estava na sala.

– Claro que não. Agora eu tenho que ir.

Virei ás costas antes de eles reclamarem. A escola já estava vazia. Andei pelo diversos corredores pensando no que havia acontecido. Eu tinha que ter discutido por algo tão idiota como fábulas? Ainda por cima, a única gota da misera amizade com Annabeth, havia secado. A parte boa é que Drew ainda estava comigo. Eu poderia não gostar dela, mas ela era uma gata! Pena que é burra para entender certas coisas, como distancia.

Cheguei em frente a porta da biblioteca, respirando fundo, empurrei e entrei. Annabeth já estava arrumando os livros, quando ela me viu me lançou um olhar de ódio que repartiu minha coragem em três.

– Está atrasado. – Respondeu ela seca.

– Tinha que resolver umas coisas.

– É. Eu também. E nem por isso me atrasei, toma. – Annabeth me entregou uma vassoura. – Varre devagar para não levantar poeira.

Fiz uma cara desgostosa que ela fingiu não perceber. Eu nunca tinha varrido na minha vida. Fiz exatamente o contrário do que ela me pedira. Varri depositando toda a minha raiva na vassoura. Ela me lançou um olhar reprovador e começou a tossir.

– Tem alergia, é? – Perguntei.

– Tenho. Da pra parar? – Seus olhos já estavam vermelhos então parei.

Depois de longos minutos organizando livros por cor, data, assunto, finalmente acabou. Peguei minha mochila pronto para sair daquele lugar, quando Annabeth empurrou a porta.

– Nada disso, príncipe. Tem o andar de cima ainda. – Droga.

Revirei os olhos e passei por ela. Subi as escadas e catei todos os livros enfiando nas estantes. Senti uma presença parar bem atrás de mim.

– Não é assim! Cor, data, assunto! – Me virei e encarei uma Annabeth bem indignada.

– Como você é chata! – Já estava cansado. – Do que adianta arrumar isso, se amanha vai estar tudo bagunçado? E por que de tanta bagunça! Ninguém vem aqui!

– As pessoas com cérebro vêm. E sabe como é chato perder metade do seu tempo procurando o bendito livro? – Ela me encarou esperando uma resposta. Eu nunca tinha vindo aqui para estudar. – Como eu esperava.

– Esperava o que? – Falei. Annabeth deu as costas e desceu as escadas. – Esperava o que? – Gritei.

– Beleza não é tudo, Perseu. – Um calafrio me percorreu, odiava quando ela me chamava assim. – A inteligência também conta.

– Disse a mimadinha da Califórnia! Não sei como seu namorado te aguentava.

– Eu não namorava. Você sabe disso. – Annabeth respondeu depois de contar até dez em francês. Desde quando ela falava francês?

Mas aquelas palavras ficavam lindas vindas da sua boca. Não que eu gostasse dela, contudo era bem mais fácil saber que ela não tinha um namorado antes de ser presa a mim. Eu já sabia que ela não namorava, mas ela deveria ter algum cara. Fala sério, Annabeth é linda.

– Ninguém? Ficante, admirador?– Perguntei levantando a cabeça.

– Não te interessa. Agora dá licença. – Ela disse pegando a bolsa.

– Não vamos terminar lá em cima? – Por alguma razão inexplicável, fiquei triste por isso – seja lá o que for – ter acabado.

– Tenho uma fúria pra enfrentar hoje ainda.

– Sua mãe não deve ser tão ruim. – Repreendi-a. Meu pai não era tão ruim comigo, mesmo depois da morte da minha mãe.

– Ela não era. Pelo menos quando morávamos com meu pai. Mas quando eu não faço o que ela quer, há-há. – Annabeth deu uma risada irônica. – Ela inferniza minha vida.

Eu sabia bem em que rumo isso ia chegar. Nosso casamento. O mesmo assunto que eu soube há dois meses que estaria noivo de uma menina que nem conhecia. No jantar, quando a vi pela primeira vez, me encantei completamente por Annabeth. Eu esperava uma menina feia, sem atitudes que estaria de cabeça baixa – como eu – quanto ao casamento. O que eu vi nela foi surpreendente. Encantei-me ainda mais por saber que ela não era uma loura “burra”.

– Percy, para de me encarar, ta desconfortável. – Annabeth disse apoiando seu peso em outro pé.

Eu a encarava que nem um cachorrinho pedindo comida.

– Ãh, foi mal. – Me desculpei.

– Então, tchau. – Ela disse.

Fiquei parado ali por mais trinta segundos até perceber o que tinha acontecido. Segunda conversa que tínhamos sem nenhum xingamento. Espera, ela morava no meu hotel, eu poderia dar uma carona pra ela.

Sai correndo da biblioteca e a vi perto da saída, quando fui gritar seu nome, Will Solace a puxou para um beijo. Raiva tomou conta de mim. Ela ainda iria se arrepender de escolher ele.

Pov – Leo

Ela estava ali. A menina mais linda que eu já tinha conhecido. Calypso estava ali no treino. Não sei o porque de ela deixar a Elite pra vir pra cá, mas infelizmente, era só de visita. Meu melhor amigo, Percy, não sabia que eu a amava desde que ela colocou seus pés nessa escola pela primeira vez. Espero que ele não se importe se eu convida-la para sair. Afinal, ele não estava no treino e pelo que eu sei, namorava a Drew agora. Andei tirando o capacete da cabeça até as animadoras. Escutei um trecho da conversa, Calypso parecia brava e pronta pra atacar Drew.

– ... Você era minha amiga! – Calypso disse erguendo a mão quando Piper a segurou. – Me deixe bater nessa galinha!

– Acredite em mim, Caly. Eu mais do que ninguém adoraria ver Drew levando uns tapas. Mas não dentro da escola, você pode ser expulsa e convidada a nunca mais vir nos visitar.

– Eu não ligo! Ela sabia que eu ainda o amava, essa piranha! – Calypso gritava a cada palavra, depositando todo seu rancor nelas. Drew só estava parada de braços cruzados.

– Eu tive Percy antes do seu namorinho com ele começar. Aliais, por que esta tão exaltada? Pensei que você não ficaria tão brava, afinal não é a primeira vez, não é? – Puts cara, Drew merecia deitar na cama do hospital.

– Do que você esta falando? – Calypso perguntou calmamente.

– Use o cérebro, amiga! – Drew disse revirando os olhos. – Você acha mesmo que Percy foi fiel a você em todo esse tempinho que estiveram juntos?

– O que? Eu vou acabar com você! – Calypso gritou dando um tapa na cara de Drew e pulando em cima dela.

Todos do time se viraram para assistir o espetáculo. Agarrei Calypso pela cintura a tirando de cima de Drew. Joguei-a nos ombros como se ela fosse uma boneca de pano. Não que eu fosse o fortão, mas Calypso era do tipo peso-pena.

– Me solta seu imbecil! – Ela gritava.

Só a larguei quando chegamos no vestiário e eu fechei a porta.

– Abre essa porta! – Ela me olhou com expectativa. – Valdez, se você não abrir, eu acabo com você também.

– Duvido! Ninguém mataria alguém como eu. Tão bonito. Não acha?

– Ah, cale a boca! – Pelo menos não foi um não.

– Você tem que se acalmar. Não deixe entrar em seus ouvidos o que aquela megera te disse. – Falei.

– Mas o que ela disse...

– Percy te trair? Claro que não era verdade. Foi só para te provocar. Percy pode ser o maior galinha da história, mas ele a amava e te respeitava.

– Se ele me amava, por que terminou comigo então? – Perguntou ela.

Eu não tinha respostas pra isso. Percy nunca me disse o porque.

– Não sei. – Falei dando de ombros. – Mas você sempre foi amada por ele, e sempre será por...

Eu não podia falar que amava Calypso Cabrero.

– Por?

– Nada. – Falei virando a cara. – O treino acabou, quer ir tomar um sorvete?

– Você não viu Percy? – Ela perguntou ignorando minha pergunta.

– Não. Ele pegou detenção.

Calypso suspirou abaixando a cabeça. Alguns longos segundos se passaram até ela levantar a cabeça.

– Meu favorito é de flocos. Vamos?