Fui acordada de supetão por uma serie de tocadas na campainha. Olhei para o relógio que marcava exatamente 7:00. Quem vai visitar alguém as 7:00 da manha de um sábado? Levantei praguejando e quando olhei pelo olho mágico tive que rir, como não pensei nisso?

Abri a porta e Kath passou por mim feito um furacão quase me derrubando. Entrou em todos os cômodos enquanto eu fechava a porta e parou na minha frente.

– Que apartamento bafo! – Ela disse me fazendo rir e depois me examinou – Ainda de pijama?

– Ainda?! Kath são 7 da manhã! O que você ta fazendo aqui? E melhor, como chegou aqui?

– De taxi oras, eu fiquei azucrinando o Adam até ele me dar seu endereço. Que sorte hein, morando na frente do gato.

Revirei os olhos e fui trocar de roupa. Assim que voltei comecei a preparar o café da manhã enquanto Kath mexia na televisão.

Sentei-me ao lado de Kath com uma xícara de café e a mesma ainda não havia encontrado nada para assistir.

– Como arrumou tudo tão rápido?

– Adam ajudou – respondi automaticamente e só depois percebi a burrada que fiz.

– Eu sabia! Vocês ainda vão namorar. O que rolou? Quero detalhes!

– Kath, não aconteceu nada, ele só me ajudou a arrumar as coisas, e alem do mais somos apenas amigos.

– Sei “amigos” – Ela disse fazendo aspas com as mãos - Mas pelo jeito não vai demorar muito pra virar namoro.

Revirei os olhos, era impossível discutir com Katherine quando ela colocava algo na cabeça.

– Preciso inventar um ship pra vocês. Ladam? Não. Auce? Não. Já sei: Ace! Esse eu shippo! – ela começou a tagarelar no melhor estilo Kath enquanto eu terminava com o café. – Você vai fazer uma festa de boas-vindas, não vai?

– Ah, não sei Kath, eu acabei de mudar e já vou fazer festas?

– Exatamente! Por favor, por favor – Kath juntou as mãos e fez cara de cachorro sem dono. Como eu disse, não da pra discutir com ela.

– Tudo bem, mas vai ser só um jantarzinho com eu, você, Lisa, Anne, Carter e Adam – eu disse e ela deu um pulinho de alegria – E só se você me ajudar com essa louça.

– Beleza.

. . .

Já eram 19h00min e o jantar estava marcado para as 19h30min. Kath ficou o dia todo aqui, e a tarde nós fomos comprar tudo o que precisávamos para o jantar. Dei graças a Deus por saber cozinhar ou nosso jantar seria pizza.

– Kath, atende pra mim! – Gritei da cozinha assim que ouvi a campainha tocar. Só ouvi os passos rápidos dela e o barulho da posta abrindo.

– Oi Adam.

– Oi Kath.

– Entra nossa anfitriã “barra” chef tá na cozinha.

– Oi Luce – Adam veio me cumprimentar com um beijo na bochecha, por um tempo nossos olhares se prenderam e ficamos nos encarando.

– Adam! Vem me ajudar! – ouvi Kath gritando da sala de jantar. Ele sorriu e se afastou.

Logo todos chegaram e a comida ficou pronta. Sentamos na mesa e Kath praticamente obrigou o Adam a se sentar perto de mim. Comemos e conversamos muito.

Quando já eram 22h00min Lisa, Anne e Carter tiveram que ir embora. Ficamos eu, Kath e Adam sentados na sala tentando decidir o que fazer. Até que Kath deu a idéia de assistirmos um filme, até aí tudo bem, só que o filme que Kath escolheu era de terror e eu odiava filmes de terror.

Eu estava sentada entre Kath e Adam e logo na primeira cena assustadora eu agarrei com força a mão dele. Eu corei na hora e tentei puxá-la, mas ele segurou-a dando um sorriso torto. Assistimos o resto do filme com Kath dormindo a partir da metade, Adam segurando minha mão e eu com a cabeça apoiada no ombro dele.

Assim que o filme acabou cutuquei Kath que acordou num salto.

– Ai Meu Deus Lucia, por que não me acordou?

– Desculpa. – eu disse indo e levantando as mãos me “rendendo”.

– O.K., agora eu preciso ir. Tchau Ace! - ela gritou e fechou a porta com um estrondo.

– Que coisa é essa de Ace?

Corei na hora e olhei para Adam que me olhava confuso. Eu vou matar a Katherine.

– N-nada só bobeira da Kath – eu respondi me levantando do sofá e o acompanhando até a porta.

– Só bobeira? – Ele perguntou parando na minha frente e arqueando a sobrancelha.

– Você não desiste, né? – Ele negou – Kath inventou um ship de nós dois.

– Um ship?

– É, um ship. – eu estava mais vermelha que um pimentão, com certeza teria um assassinato entre nós. – Sabe, é quando duas pessoas...

– Eu sei o que é um ship. – ele disse rindo me fazendo soltar um suspiro de alivio – Até que não seria má idéia.

– Adam! – ele disse a frase sussurrando e aposto que não queria que eu ouvisse, mas eu ouvi e corei mais do que eu achava ser possível.

– O que? – ele perguntou se fazendo de inocente se aproximando e colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, deixando a mão sobre meu ombro.

– Idiota.

Ele sorriu e puxou minha nuca, me beijando. Eu enlacei seu pescoço com os braços e ele agarrou minha cintura nos aproximando ainda mais. O beijo era apaixonado e cheio de vontade até que Adam se separou de mim se afastando.

– Desculpe, eu... – ele disse sussurrando e passando a mão no cabelo.

– Shh - eu o interrompi colocando um dedo em seus lábios e em seguida acariciando seu rosto. O fato era que eu havia adorado o beijo e sabia que ela tinha gostado também, só não entendo por que ele parecia tão culpado. Ele me encarou e seus olhos estavam com um tom de azul ainda mais forte. Ele voltou a me beijar, dessa vez com mais vontade. Começou a direcionar os beijos para meu pescoço e eu agarrei seus cabelos. De repente ele se afastou.

– Eu... Preciso ir.

Ele saiu rápido me deixando estacada perto da porta. Minha cabeça estava a mil, minha respiração descompassada e o coração acelerado. Lentamente fechei a porta e me escorei nela. Meus dedos foram até meus lábios onde Adam havia beijado e eu não pude evitar sorrir.

Adam:

O que foi que eu fiz? Eu não poda estar me apaixonando por aquela garota, podia?

Deitei-me fitando o teto. Tentei dormir varias vezes, mas sempre que fechava os olhos eu a via. O rosto branco que ganhava um tom rosado quando estava corada, os cabelos castanhos, a boca carnuda e num tom de rosa muito convidativo, e os olhos. Aqueles mares azuis, tão claros que u podia enxergar minha alma. Olhos calmos, convidativos. Não tinha como resistir a ela.

Balancei a cabeça tentando tirar ela da cabeça e liguei para a única pessoa que eu confiava: Luke, meu irmão.

– E aí cara, como vai o trabalho?

– Não sei se posso continuar com isso.

– O que? Por quê? Vai dizer que a garota é uma pirralha mimada.

– Não, ela é incrível, esse é o problema.

– Você se apaixonou por ela não foi?

– Não!... Talvez.

– Olha, eu sou seu irmão e te conheço melhor que qualquer um, sei que você não desistiria do trabalho por qualquer coisa. Você ta apaixonado por ela.

– Vá se ferrar!

– Tudo bem, se acalma. Só não ataca a garota!

– Seu...

Nem pude terminar tudo que ouvi foi uma risada alta e depois o silencio.

É Lucia, eu to completamente apaixonado por você.